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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO,CIÊNCIAS
CONTÁBEIS E CIÊNCIAS ECONÔMICAS

ANÁLISE E COMPARAÇÃO DOS TEXTOS

Professor: Cleito Pereira Dos Santos


Aluna: Lyssandra Ferreira Borges 202103314

Os textos analisados se referem à maneira como são estruturadas as organizações dentro


do modelo capitalista de produção. Com valorização à burocracia e ao capital, esse modelo é o
responsável por promover a necessidade de objetivos específicos em uma organização, e ao
longo deste trabalho, vamos comparar e discorrer sobre como são instituídos e promovidos os
valores de alguns tipos de organizações.

Nas palavras de Nildo Viana, ‘As organizações são formas pelas quais os seres humanos
se associam visando realizar determinadas atividades e concretizar determinados objetivos’. Os
objetivos das organizações em uma sociedade capitalista, refletem os interesses e desejos
ocultos da organização que se manifestam no que podemos chamar de valores e princípios
organizacionais. Por vezes os verdadeiros interesses da organização – em grande parte
individuais e egoístas – permanecem ocultos para a maioria de seus integrantes, que seguem
pensando fazer parte de algo revolucionário, voltado para a coletividade. Quando legitimados,
esses interesses passam a compor o quadro de valores da organização, sendo defendidos e
aceitos por todos os seus integrantes.

Toda e qualquer organização – capitalista ou não – possui princípios e pontos de partida,


oriundos dos fins que planejam alcançar. A construção desses princípios não segue um padrão
específico, podendo ser fruto de influências externas, como interesses coletivos e sociais, ou
preocupações internas, voltadas ao cerne e aos desejos da organização. De acordo com seus
moldes esses princípios podem ser nomeados e catalogados, classificando empresas privadas
ou estatais com base em suas perspectivas, teorias e métodos de dominação.

Os princípios fundamentais (Viana, 2019) podem ser classificados em três: técnico,


onde o conhecimento é valorizado na tomada de decisão; democrático, que prioriza a igualdade
formal e a decisão da maioria; e o estratégico, em que, grosso modo, “os fins justificam os
meios”. Todos esses princípios têm sua importância de acordo com as necessidades e formas
de gestão da organização, e podem frequentemente ser encontrados juntos, não sendo
obrigatória sua divisão.

A garantia da execução desses princípios, no entanto, se dá através do que Weber


classifica como dominação. “Por dominação deve ser entendida a probabilidade de encontrar
obediência a um mando de conteúdo entre dadas pessoas” (Weber, 1974). Nesse contexto,
podemos descrever os três tipos de dominação propostos pelo sociólogo. Dominação legal,
como o próprio nome diz, se baseia na promulgação e regulamentação das leis e sua forma mais
pura é a burocracia. A Dominação Tradicional por sua vez, preza pela ordem e santidade social,
ou seja, a hierarquia existente desde os primórdios. O terceiro e último tipo é a Dominação
Carismática, na qual o indivíduo se devota a quem o domina por considerá-lo um herói ou
guerreiro poderoso.

Para Weber a Dominação (criação de regras e a promoção da obediência) é a melhor


forma de conduzir uma organização, entretanto seus integrantes podem apresentar visões
conflitantes quanto ao tipo de dominação responsável pela escolha e execução dos princípios
fundamentais, por questões de diferentes expressões ideológicas e políticas entre as classes
sociais. Geralmente os movimentos coletivistas tendem a preferir os modelos mais
democráticos, ao passo que o bloco dominante, ou seja, aquele que detém o poder, se apega aos
modelos mais técnicos e burocráticos.

Fato é que as organizações se apoderam dos modelos que mais lhe convém, de modo a
alcançar por todos os meios disponíveis, dentro de suas crenças e preferências, os objetivos por
ela propostos. Analisar o contexto e o desenvolvimento da sociedade é um ponto indispensável
para a tomada de decisão de cada organização específica, e é geralmente nesse momento que o
conflito se instaura (Viana, 2019), pois cada instância tende a jogar com as peças que têm,
julgando as escolhas alheias, como errôneas e fracas a partir de seu próprio ponto de vista.

Embora a escolha do modelo seja intrínseca a cada organização, Weber defende que o
a Dominação Burocrática é a melhor na execução de seu papel, pois propõe elementos eficientes
de controle e regulamentação, que garantem a legitimação do poder. A impessoalidade contrasta
com as emoções que não são importantes e podem ser inclusive obstáculos para o bom
funcionamento da organização. Viana por sua vez, alerta para a cristalização e supervalorização
desses princípios, que cega e impede que outros elementos valiosos sejam considerados.
Os perigos dessa cegueira, ademais, vão além das relações conflitantes entre
organizações, porque geram contradições que podem ser facilmente manipuladas e distorcidas
para convencer as massas. Tal qual na antiguidade, o pão e o circo podem manter distrações
espetaculares o suficiente para garantir a execução de uma ideia com pouco ou nenhum ruído,
tornando-se imperceptível àqueles ocupados com seus próprios interesses.

Ao analisar e comparar os textos, é possível enxergar com clareza a maneira pela qual
são construídos os valores de todas as organizações, e alertar para os desejos e objetivos ocultos
que quase sempre se passam despercebidos. O tipo de dominação exercido pode esclarecer
informações sobre o presente e ajudar em algumas previsões do futuro, evitando surpresas
quando os reais motivos de uma entidade se manifestam. De igual modo, é indispensável
equilibrar as teorias e os princípios organizacionais, para que os indivíduos não venham a ser
meros instrumentos manipuláveis nas mãos dos detentores do poder, e possam desse o princípio
fazer suas próprias escolhas no que tange à organização.

Referências bibliográficas

Faria, José Henrique. Weber e a Sociologia das Organizações. Revista de


Administração. V.18(2). Abril/junho – 83.
Viana, Nildo. Organizações, Valores e Princípios. Revista Espaço Livre. V.14, nº 27,
jan./jun. 2019.

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