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COLÉGIO ESTADUAL JOSEFA SOARES DE OLIVEIRA

COMPONENTE CURRICULAR: SOCIOLOGIA ÁREA DE CONHECIMENTO:

DATA: SÉRIE: 2ª TURNO: Vespertino ETAPA DE ENSINO: MÉDIO


PROFESSOR (A): ISABELA MARINHO
ALUNO (A):

Formas de poder e sua influência no cotidiano

Instituições de poder
A fim de que se possa avançar no debate, é importante compreender as três formas básicas de poder
social.

Poder econômico: aquele que se serve de bens economicamente necessários para a legitimação de
interesses de classe e de projetos políticos. Os usos políticos do poder econômico, rotineiramente,
pretendem influenciar desejos de compra e de consumo.

Poder ideológico: aquele forjado por instituições de saber, por grupos comerciais; educacionais;
religiosos, bem como por veículos de informação, que pretendem incutir determinadas ideias, valores e
perspectivas doutrinárias. Os usos políticos da ideologia pretendem influenciar a conduta, a moral, os
costumes, os modos de ser e de estar no mundo.

Poder político: aquele identificado com instituições políticas, as quais definem o ordenamento jurídico que
rege a vida em sociedade, que delibera e diferencia o legal do ilegal e, mais que isso, determina a ordem
de punições. O Estado é a principal instituição que detém o poder político. O termo Estado deriva do latim
status (estar firme) e significa o equilíbrio das relações de força mantido pelo exercício político.

Para Max Weber, o Estado é uma instituição política dirigida por um governo soberano que reivindica o
monopólio da autoridade para o uso da força disciplinadora, a fim de que possa submeter os membros da
sociedade às regras morais e ao ordenamento jurídico vigente.

Para o funcionamento do Estado, o exercício do poder é fundamental, haja vista que essa organização
exige permanente hierarquização, a qual se define pelas diferentes habilidades dos grupos sociais que
ambicionam o exercício da autoridade e do poder. De acordo com algumas correntes de pensamento, o
Estado é apenas mediador de conflitos e promotor do bem-estar social. Sua função é definir condições
para a conquista da harmonia e a preservação dos interesses comuns. Outras correntes de pensamento,
no entanto, compreendem que o Estado não é mediador de conflitos sociais, mas, sim, uma estrutura de
poder que interfere no modo como esses conflitos são forjados. Isso acontece, pois, para tais correntes, o
Estado é um instrumento de classe mantido sob o domínio da burguesia industrial.

As perspectivas de abordagens sociológicas contemporâneas tendem a estabelecer a contraposição entre


sociedade civil e Estado. A sociedade civil é vista como um corpo onde as relações sociais se estruturam
de forma móvel, e as relações de poder são ordenadas de forma complexa e multirreferencial. A
sociedade civil, uma vez organizada em partidos, sindicatos, agremiações de classe, movimentos
populares e associações culturais, age de modo a conter as ações dominadoras e de autoridade do
Estado.

Cotidiano e poder

Para além de Max Weber, três outros importantes intelectuais dedicaram-se a estudar o poder e, por
derivação, as formas como as relações de poder se estruturam. Dessa forma, o italiano Antonio Gramsci,
o norte-americano Talcott Parsons e o francês Michel Foucault concentraram suas análises sobre as
estratégias e as técnicas de poder e, apesar de divergirem em aspectos teóricos, consideraram que o
poder está difundido na sociedade, e não concentrado em organizações e instituições de saber. O poder,
para Gramsci, Parsons e Foucault é uma entidade coletiva, um fato social que somente se estrutura nos
sistemas sociais, quando ato- res distintos se relacionam e definem as regras do relacionamento.
Apesar da relevância dos trabalhos desenvolvidos por Gramsci e Parsons, o filósofo Michel Foucault foi o
que mais se destacou, principalmente por ter considerado que o poder somente encontra meios de
autolegitimação quando intermediado pela "formação discursiva", ou seja, quando o discurso que enuncia
interesses de poder produz efeitos disciplinadores e define rotinas sociais. Para Foucault, além de sua
face disciplinadora e coercitiva, o poder somente se realiza quando convertido em discurso de verdade,
quando os atores sociais, mais que disciplinados, passam a ser agentes disciplinadores, moralizado- res
de práticas e de costumes.

Para o francês Michel Foucault, poder e conhecimento estão intimamente interligados e, de forma
sincrônica, um legitima o outro. Em termos simples, Foucault considera que o poder é uma estrutura
fabricada e, exatamente por isso, historicamente datada. Enquanto resultado das ações do homem, o
poder carece de um discurso de verdade que seja capaz de justificá-lo e torná-lo aceito pela sociedade.
Por exemplo, o que torna uma situação de crise econômica relativamente aceitável é o discurso de prova
de um agente de saber que, uma vez autorizado pelo conhecimento técnico, anuncia que a situação
nacional é passageira e que a condição econômica do povo irá se restabelecer no curto e médio prazo.
Por outro lado, o que justifica o uso de determinado medicamento, quando em casos de doença, é o
discurso médico que, autorizado, enuncia um discurso de poder e, em alguns casos, tem caráter
disciplinar, principalmente, quando orienta para a importância de práticas higiênicas e profiláticas.

Ao ponderar tais questões, Michel Foucault problematizou as propostas suscitadas pelos teóricos que
percebiam as relações de poder por uma perspectiva maniqueísta, dicotômica, posto serem expressas
pela resultante da autoridade e das forças coercitivas. Para Foucault, não existe poder que se hegemonize
harmoniosamente sem que, antes, seja mediado pelo discurso ou sem que, da mesma forma, seja
confrontado com estruturas de micropoderes.

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