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CURSO DE ADMINISTRAÇÃO
Resenha
Valença – Bahia
2016
MAURÍCIO OLIVEIRA DA SILVA
Valença – Bahia
2016
DOIS ENSAIOS SOBRE O SUJEITO E O PODER
Foucault em seu trabalho “Dois ensaios sobre o sujeito e o poder”, deixa claro inicialmente
para o leigo leitor que o seu objetivo quando se trata de questões relacionadas ao poder não é
o de implantar métodos e teorias sobre o poder no sentido de governar, mas sim o de analisar
o outro lado da história, ou seja, mostrar os motivos e objetivos que levam o ser humano a se
tornarem sujeitos por conta do poder.“Não é portando o poder, mas o sujeito, que constitui o
tema geral das minhas investigações” (FOUCAULT, Michel. Dois ensaios sobre o sujeito e o
poder. Paris, 1984, p.232).
Ele considera a seguinte questão sobre relações de poder com base no que acontece no
cotidiano de muitas pessoas. Para ele se o ser humano se encontra com condições necessárias
para produzir e para manter relações de sentido, então essa é a mesma razão em proporção
direta de ele está inserido numa relação de poder de grande complexidade. Ressalta ainda que
referente às relações de poder não existiu nenhum instrumento adequado, diferentemente das
outras ciências acadêmicas, necessário para explicar em teoria uma definição sobre aquilo que
é relação de poder fugindo obviamente de padrões que todos conhecem como os modelos
jurídicos e modelos institucionais; estes não veem ao caso.
Foucault tomou como base para ampliar o conhecimento sobre as relações de poder, alguns
exemplos clássicos e cotidianos que para ele nos últimos anos vieram adquirindo um
desenvolvimento retrógrado, se comparado com anos anteriores, são eles: o poder dos homens
sobre as mulheres, dos pais sobre os filhos, psiquiatria sobre os doentes mentais, da medicina
sobre a população, da administração sobre a maneira como as pessoas vivem. Segundo ele, o
que interessa na análise de casos sobre poder e subjetivação não está no fato de qualificar e
optar qual forma de poder é melhor ou pior, mas sim na questão de criticar a existência das
subjetivações por causa das suas relações. “Há dois significados para a palavra sujeito: sujeito
a alguém pelo controle e dependência e preso à sua própria identidade por uma consciência ou
autoconhecimento. Ambos sugerem uma forma de poder que subjuga e submete”
(FOUCAULT, Michel. Dois ensaios sobre o sujeito e o poder. Paris, 1984, p.235).
Ele salienta que existe de uma forma geral três tipos de lutas no sentido de submissão do
sujeito: as lutas referentes às formas de dominação (étnicas, sociais, religiosas), as referentes
ás formas de exploração que separam o indivíduo daquilo que ele produz e as referentes a
todas as formas que estão ligadas ao combate do indivíduo à sua própria submissão. Para ele o
surgimento do Estado, com as suas características controladoras e interesseiras, como nova
forma de governo político em meados do século XVI, foi à razão para que as lutas ligadas à
submissão se tornassem presentes na sociedade contemporânea. Mediante a isso a situação se
tornou tão grave que o objetivo mais importante hoje não é o de viver procurando descobrir
aquilo que somos, pois isso o Estado já nos alienou o suficiente, mas descobrir aquilo que não
somos.
1."Como" não no sentido de "Como se manifesta?"; mas "Como se exerce?", “Como acontece
quando os indivíduos exercem como se diz. seu poder sobre os outros?"
Com relação ao exercício do poder, mediante a forma de como ele se exerce, Foucault lembra
que é preciso distinguir antes de tudo a interpretação de qual poder está se falando, já que
“poder” pode está relacionado ao exercício sobre as coisas e que permite a capacidade de às
modificar, de ás utilizar, de ás possuir e de ás destruir, como também pode está relacionado a
relações humanas de controle e subjetivação, que é o caso que está se analisando. Seguindo a
mesma lógica em relação á separação da área do exercício do poder, segundo ele, é necessário
distinguir as relações de poder de outros aspectos que em sua atividade implicam poder sobre
o outro, que são as relações de comunicação e capacidades objetivas. Referente a isso, ele
lembra que se trata de três tipos de relação que realmente estão sempre imbricados uns nos
outros, apoiando-se reciprocamente e servindo-se mutuamente de instrumento. As
capacidades objetivas se exercem no sentido de transmitir a comunicação por meio de
informações que estão ligadas às relações de poder quando se trata de atividades obrigatórias,
subdivisões ou repartições no trabalho. Já as relações de comunicação se exercem no sentido
de transmitirem a mensagem por meio de uma língua, sistema simbólico, que ao permitirem
ampliar o campo informativo do indivíduo o induz a sofrer efeitos do poder. E as relações de
poder propriamente dita se exercem por meio da troca de signos que permitem realizar
atividades de dominação, mando e obediência, divisão de trabalho, hierarquia.