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A relação saber-poder na sociedade disciplinar:

Uma contribuição de Michel Foucault

Gabriela Kossmani
Geovanna Fernandesii
Marcia Braiaiii
Sheila Souzaiv

Resumo
O presente artigo tem por objetivo apresentar as relações de poder e saber em
Foucault, salientar que a partir do embate dessas relações produz conhecimento.
Entendendo a diferença entre o poder em suas malhas para Foucault e uma
ideologia de poder para Marx. O desenvolvimento dos dispositivos de poder, para a
subjetivação do sujeito, o processo adotado em instituições sociais para o controle,
disciplinando cada ser humano, ao mesmo tempo em que criam uma ilusão de
liberdade para as pessoas, mesmo que sejam controladas, inclusive em sua
privacidade.
Palavras-chave: Poder. Saber. Ideologia. Disciplina.

Resumen

El presente artículo tiene como objetivo presentar las relaciones de poder y saber
em Foucault, mostrar que el contraste de estas relaciones produce conocimiento.
Una comprensión entre el poder en sus mallas para Foucaul e una ideologia de
poder para Marx. El desarollo de los dispositivos de poder, para la subjetividad del
sujeto, el proceso adoptado en las instituciones sociales para el control,
disciplinando a cada ser humano, que al mismo tiempo crea una ilusión de libertad
para las personas y a la par son controladas, incluso en su espacio de privacidad.

Palabras-clave: Poder. Saber. Ideologia. Disciplina.


Introdução

No primeiro tópico deste artigo pretende-se fazer uma breve abordagem de


caráter introdutório sobre um tema amplo e complexo, abordando o filósofo e
pensador francês Michel Foucault, sobre como o poder exerce a disciplina sobre o
sujeito e, ao mesmo tempo produz uma forma de conhecimento. Ou seja, tendem a
ampliar infinitamente, surgindo novos elementos que tendem a se integrar:
Produção, afetos, subjetividades e comportamentos.
O poder está diluído em várias estruturas e agrupamentos sociais,
que formam um estado e toda estrutura de uma sociedade, mostrando o quão ele é
mais sentido do que visto. Sendo um controle constante em vários níveis, mas, nem
sempre percebemos este controle. os comportamentos sociais, as lutas, as relações
que irão dar origem ao conhecimento. Ou seja, o poder em si só não existe, mas as
relações de poder expostas em todos os âmbitos e esferas é que originam o
conhecimento. A construção do sujeito e suas verdades, o conjunto de enunciados que
vão regularizar o que pode ou não ser dito, sendo a verdade influenciada pelo poder,
assim sendo o poder um produtor de saber e gerador de um molde da verdade.
Em seguida vamos acometer o que acreditava Foucault sobre a definição de
poder, ele acreditava que o poder não é um recurso que algumas pessoas e ou
instituições possuem para controlar outras pessoas, mas sim uma força que atravessa
todas as relações sociais, senso exercida e resistiva. E expondo uma diferente
perspectiva, como a do Filosofo Karl Marx, que acredita que o poder reside naquele que
possui os meios materiais de produção de capital. Por meio da posso dos meios de
produção, o proprietário submete seus empregados ao seu poder.
E no segundo tópico, vamos exibir o que compreendia Foucault sobre
disciplina, vamos entender como uma sociedade pode ser embasada para introduzir no
corpo das pessoas e no intelecto das mesmas a disciplina. Sendo uma obediência, uma
espécie de educação para um determinado fim e, este fim está muito atrelado ao
capitalismo e toda cultura criada. A ideia dessa sociedade disciplinar é criar corpos
doceis e produtivos, que trabalhem muito. Para isso, foi criado os dispositivos de
vigilância.

Relação entre saber-poder


A relação entre saber e poder ao indivíduo moderno de Michel Foucault,
não existindo a provalência de um sobre o outro, mas amarração, duplo
nascimento e existência conjunta. Neste sentido, ambos convalidam seus objetivos,
instituidos, por sua vez, como pontas de apoio, sob o horizonte dos discursos de verdade,
os escorrando em Deus, na natureza ou nas ciências. (FOUCAULT, 1999, p.31)
o poder é um instrumento de análise capaz de explicar a produção de saber
e de subjetividade. A concepção de poder em Foucault não é edificada somente no
aspecto repressivo, mas, essencialmente, na sua dimensão produtiva e/ou de
adestramento. É melhor vigiar do que punir. É por isso que ele polemiza com as
noções que simplificam o poder, analisando-o somente no aspecto negativo,
consequentemente, em torno da força e da repressão:

Ora, me parece que a noção de repressão é totalmente inadequada para


dar conta do que existe justamente de produtor no poder. Quando se define
os efeitos do poder pela repressão; tem-se uma concepção puramente
jurídica desse mesmo poder; identifica-se o poder a uma lei que diz não.
Fundamental seria a força e a repressão. Ora, creio ser esta uma noção
negativa, estreita e esquelética do poder, que curiosamente todo mundo
aceitou. Se o poder fosse somente repressivo, se não fizesse outra coisa a
não ser dizer não, você acredita que seria obedecido? O que faz com que o
poder se mantenha e que seja aceito é simplesmente que ele permeia,
produz coisas, induz ao prazer, forma saber, produz discurso.
(FOUCAULT: 1999, pag.7 e 8).

Trata-se, de captar o poder nas formas cada vez menos jurídicas, que
possam ser expressas fora do âmbito das normalizações, ultrapassando os aparatos
e os esquemas repressivos. A rede tentacular que ocupa a esfera do mundo vivido é
o espaço que leva à tona as análises de Foucault, retirando o poder do seu centro,
entendendo-o como realmente é, a forma como é exercido, seu modo de atuação e
a maneira de transformar os indivíduos e produzir conhecimento.
Para Foucault o discurso tem uma ordem própria, uma organização
imanente, um sistema de regras através das quais seus elementos constitutivos se
relacionam; “A ordem é ao mesmo tempo aquilo que se oferece nas coisas como
sua lei interior, a rede secreta segundo a qual elas, de uma certa forma, se olham
entre si e que só existe através do crivo de um olhar de atenção, de uma linguagem”
(FOUCAULT, 1999, p.16). Trata-se tanto da ordem interna ao discurso, quanto da
ordem externada pelo discurso: O discurso é uma palavra da ordem e de ordem.
O objetivo do filosofo com este eixo, é revelar que o saber tanto efetiva uma
ordem no campo social, quanto é produzida por essa mesma necessidade de
organizar, disciplinar e controlar aquilo que pode ser dito e visto dentro de uma
sociedade. Procedimento relacionado a uma série de enunciados que permitem, por
exemplo, que determinada sociedade possa selecionar, induzir, derivar, ampliar,
limitar ou até mesmo excluir “bons discursos” dos maus.
O conhecimento, como instância discursiva produz se na diástole entre dito
e não dito entre a interdição e a licença da palavra. Tal dinâmica revela como o
saber é indissociável de uma luta política constante que há uma vontade um desejo
que pulsa de uma muda na história do saber. O saber não é apenas dominação,
depois a palavra poder não traz em si uma conotação exclusivamente negativa.
A linguagem torna-se algo capaz de dizer a verdade e não de fazê-la, ou
produzir. Ela perde então seu caráter persuasivo e sua dimensão retórica essencial
para se tornar neutra e capaz de espelhar plenamente o mundo. Mas questiona-se
Foucault, o que se diz nesta transformação entre a função da verdade se não uma
vontade de saber. O filósofo sustenta a possibilidade de diferentes abordagens para
situar o sujeito em sua relação com a verdade. (WEIZENMANN: 2013, p.33).

É preciso se livrar do sujeito constituinte, livrar-se do próprio sujeito, isto é,


chegar a uma análise que possa dar conta da constituição do sujeito na
trama histórica. [..] uma forma histórica de constituição de saberes, dos
discursos, dos domínios de objeto etc., sem ter que se referir a um sujeito,
seja ele transcendente com relação ao campo de acontecimentos
(FOUCAULT: 2003, p.7)

Foucault diz que a verdade não existe fora do poder ou sem poder. A
verdade é deste mundo; ela é produzida nele, graças a múltiplas coerções e nele
produz efeitos regulamentados de poder. Cada sociedade tem seu regime de
verdade, sua “política geral” de verdade: isto é, os tipos de discurso que ela acolhe e
faz funcionar como verdadeiros; os mecanismos e as instancias que permitem
distinguir os enunciados verdadeiros dos falsos, a maneira como se sanciona uns e
outros; as técnicas e os procedimentos que são valorizados para a obtenção da
verdade; o estatuto daqueles que têm o encargo de dizer o que funciona como
verdadeiro.
O estudo dessa relação entre saber e poder é que estrutura
esquematicamente toda a análise de Foucault. Seus escritos são baseados
principalmente nesses dois processos que se completam: uma arqueologia do saber
e uma genealogia do poder. Seu primeiro procedimento e denominado arqueológico,
porque procura as camadas fundamentais, configuradoras do saber ocidental
contemporâneo. Essas camadas não são, contudo, uniformes e contínuas; segundo
Foucault, a análise dessas regularidades discursivas presentes nos saberes
formadores de uma determinada época traz à tona uma descontinuidade, que
apresentam os discursos relacionando-se de forma dinâmica.
Ao afirmar a relação poder e saber, Foucault cria uma definição nova que
garante que o poder do discurso pode funcionar negativamente, distorcendo a
verdade e garantindo a dominação do poder opressor. Essa forma de “ameaça” se
dá através do saber. Mas, qual o perigo que a liberdade do discurso pode trazer? É
nessa dúvida que a teoria do filósofo aposta e vai se desenvolver. Para começarmos
uma compreensão faz-se necessário um olhar sobre a questão do saber e o
conceito de vontade de verdade.
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