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Análise Institucional

Michel Foucault e as relações de saber e


poder

Bárbara Dana Lima


barbara.lima@universidadedevassouras.edu.br

03/11/2020 Livro:
(Aula remota)

Microfísica do Poder, Michel Foucault


Vista de prova:
Avaliação com 4 questões, valendo 8,0 (cada questão valendo 2,0)

1) O termo análise, em seu significado clássico, corresponde à decomposição de um sistema em suas partes
menores, de modo tal que as partes desse sistema possam ser reconhecidas pelos seus efeitos. Já na ciências
humanas, a ideia de análise está associada, também, à noção de interpretação. Sobre isso, é correto afirmar que
(2,0):

a) Nas ciências humanas a prática da análise relaciona-se, também, com aquilo que está oculto-ocultado em
um fenômeno.
b) Nas ciências humanas a prática da análise volta-se exclusivamente para o que está dado em um fenômeno,
não importando as possíveis relações de poder e saber que ele carrega em nível inconsciente.
c) A prática da postura analítica é idêntica em qualquer campo de saber, seja ele o das ciências humanas ou das
ciências exatas.
d) A análise é sempre a prática de decompor um sistema em suas partes menores, não importando se existem ou
não elementos ocultos nesse sistema.
2) “As instituições formam a trama social que une e atravessa os indivíduos, os quais, por meio de sua práxis,
mantêm ditas instituições e criam outras novas”. Sobre a ideia de instituição conversada em aula, podemos
afirmar (2,0):

a) A ideia de instituição só se refere às práticas sociais que são legitimadas pelos grupos de poder de uma
determinada sociedade.
b) Instituição só se refere às relações de poder e saber que estão ocultas em um sistema de grupos. Nada do que
está aparente importa para a prática da análise institucional.
c) As instituições não são somente os objetos ou as regras visíveis na superfície das relações sociais. Têm uma
face escondida, que é justamente aquilo que a Análise Institucional tenta iluminar. Essa face escondida
manifesta-se, principalmente, no não-dito, formando aquilo que alguns autores chamaram de “inconsciente
das instituições”.
d) Nenhuma das afirmações está correta.
3) Aquilo que está oculto em uma instituição pode se revelar através daquilo que chamamos de analisadores. Os
analisadores, geralmente, são experimentados como uma crise em relação às leis que estão instituídas, visto que
eles trazer à tona justamente aquilo que estava oculto em um sistema de práticas sociais. Sobre os analisadores,
podemos dizer (2,0):

a) É o analisador que possibilita a análise, visto que é ele que permite que venha à tona aquilo que foi
reprimido e ocultado pela voz dominante.
b) Analisadores são as partes menores nas quais decompomos um sistema para que possamos estudá-lo.
c) Os analisadores só tem valor para a análise institucional quando promovem crises.
d) Quando estão presentes os analisadores, falamos em Análise Institucional. Sem os analisadores, o que realiza-
se é apenas a análise clássica.
4) “Hoje em dia já não é possível conceber as instituições como um estrato, uma instância ou um nível de uma
formação social determinada. Pelo contrário, é necessário definir a instituição como um cruzamento de
instâncias (econômica, política e ideológica)”. Em complemento a essa passagem, podemos dizer (2,0):

a) O termo instituição não cabe em um significado preciso e determinado. Não podemos considerar a
instituição como um nível, porque ela se encontra presente também em todos os outros. Trata-se de uma
dimensão fundamental que atravessa e funde todos os níveis da estrutura social.
b) O termo instituição atravessa várias instâncias de um sistema social, mais sua prevalência está na dimensão
econômica das relações sociais.
c) O termo instituição diz respeito ao embate que existe entre aqueles códigos sociais que estão instituídos e
aqueles que são instituintes. A instituição encontra-se somente no nível do instituído, sendo o instituinte uma
força que desconstrói as instituições sociais.
d) A instituição só se realiza na dimensão ideológica, apenas estando refletida nos níveis econômicos e políticos
de uma sociedade.
Michel Foucault

Poitiers, 15 de outubro de 1926 – Paris, 25 de junho de 1984.


Foucault é conhecido pelas suas críticas às instituições sociais,
especialmente à psiquiatria, à medicina, às prisões, e por suas ideias sobre
a evolução da história da sexualidade, suas teorias gerais relativas
ao poder e à complexa relação entre poder e conhecimento, bem como
por estudar a expressão do discurso em relação à história do
pensamento ocidental.
Michel Foucault
Hoje, ampliaremos a ideia de poder e a
relação que esta guarda com as produções
da verdade...

Link para download das obras de Foucault:

https://farofafilosofica.com/2016/11/14/michel-foucault-26-livros-em-pdf-para-
download-livros-ensaios-artigos-conferencias-e-cursos/
Ampliando a ideia de Poder a partir de Michel Foucault
É importante dessubstantivar a noção de poder
para mergulharmos no pensamento
foucaultiano.

Aqui existe uma prática de poder


que se afirma como superior...

Mas aqui existe um


investimento de poder
por parte de quem
assimila essa relação.
Nós fortalecemos as relações
de poder na medida em que as
reproduzimos sem crítica.
O poder não existe. Existem
práticas e relações de poder...
Ou seja, o
poder produz.

Os discursos (sejam textos ou imagens)


carregados de poder disseminam
padrões que formatam pensamentos,
desejos e práticas dentro de uma
cultura.
Conseguiram fazer
mulheres virarem
bruxas...

Através da dominação dos discursos e da


invenção da verdade, as mais abomináveis
práticas sociais se tornam justificadas e
aceitas coletivamente.
Todo saber carrega intenção e potência para
legitimar práticas sociais.
Pensemos, então, nos discursos
científicos e sobre o quanto eles são
investidos de poder e verdade na
nossa cultura ocidental-capitalista-
neoliberal.
Nos ditam o que é normal, o que é saúde, o que é certo, o
que é bom, o que é bonito, o que é agradável...

No ínterim desses ditames se expandem os debates


das minorias sociais atuais: racialização dos
debates, feminismos, levante da cultura indígena,
medicalização da vida, construção dos fracassos
escolares... Em todos esses nichos, a psicologia
pode cumprir um papel crítico importante.
Um dos mecanismos de controle dos discursos e
práticas é a “ridicularização”. O riso, ele também,
carrega poder.
Prestar atenção naquilo que dizemos, pensamos, daquilo que rimos, as
figuras que admiramos e as cobranças que nos fazemos quando nos
sentimos inadequados ou inferiores... Em cada um desses espaços existe
práticas e relações de investimentos de poder que precisamos descortinar
para podermos avaliar-criticar o que eles intencionam e afirmam.

Essa observação autodirigida é o “dever de casa” da nossa semana...

Dúvidas?

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