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Resumo

João Ubaldo Ribeiro Política

Quem manda? Por que manda? Como manda?

O que é política….
Quem geralmente detém o poder…

O texto nos promove um momento de reflexão sobre o conceito de política e sua


relação com poder. Evidencia que “Toda maneira pela qual o poder é exercido se
reveste de grande complexidade, às vezes não aparente à primeira vista”[pág 4].
O autor menciona também a inter-relação entre “a fonte do poder” e os submetidos
a esse poder, visto que, quando o poder é exercido alguém toma a decisão e
alguém é afetado e submetido a essa decisão, isso ocorre frequentemente com os
governantes da nossa sociedade.
O significado de “ter poder” também é abordado no texto, pois, quando pensamos
em quem detém o pode ligeiramente pensamos em governantes ou pessoas que
possuam um alto poder executivo, mas, ter poder não pode se resumir em quem
simplesmente esta investido em algum cargo, pois é comum que ocupantes de um
cargo se submetam a vontade de outras pessoas não ocupantes de cargo algum. As
chamadas “eminências pardas”. [pág 4] p2. O autor também afirma que “O poder só
pode ser visto, sentido, avaliado, ao exercer-se”[pág 4] p2, ou seja, antes de
exercido o poder é somente uma expectativa, uma presunção de algo que se acha
que vai acontecer. Portanto é na ação que se analisa o poder.
O ato política possui dois aspectos, um interesse e uma decisão. “A Política
passa, neste caso, a ser entendida como um processo através do qual interesses
são transformados em objetivos e os objetivos são conduzidos à formulação e
tomada de decisões efetivas, decisões que “vinguem”.” [pág 5] p3. É nítido que o
autor deixa bem claro que o poder em si não resume o conceito de política como um
todo, pois o que interessa mesmo é “ interessa é o processo de formulação e
tomada de decisões.” [pág 6].
“ Alguém, de alguma forma, manda em outrem, normalmente uma minoria
mandando na maioria. Este fato está no centro da coisa política.” [pág 6], essa
afirmação de Ribeiro nos remete a como se configura a nossa sociedade. Promove
uma reflexão sobre quem está ocupando os cargos que exercem grande influência
na nossa sociedade, tomando as maiores decisões e de certa forma controlando as
massas populares. Os mais afetados sempre são as classes mais baixas da
sociedade e isso ocorre porque quem está na posição de controle e tomada de
decisões ou como diz Ribeiro “Quem manda” em sua grande maioria não é quem
detém poder não só de influência, mas quem possui capital, seja ele, social,
simbólico, cultural e o mais importante, talento, a política requer um talento especial,
como uma espécie de arte.
Ribeiro conclui por fim , que “A Política fica então vista como o estudo e a prática
da canalização de interesses com a finalidade de conseguir decisões.”
Já sobre as formas de exercício do poder, Ribeiro problematiza a forma como
somos influenciados com as decisões políticas, não somente nas questões que de
certa forma organizam a nossa sociedade, as leis, a constituição os códigos etc..
mas sim, como “estamos imersos num processo político que penetra todas as
nossas atitudes, toda a nossa maneira de ser e agir, até mesmo porque a educação,
tanto a doméstica quanto a pública, é também uma formação política.” [pág 8]
sabemos que nem todos de importam com questões políticas, muitos pensam no
seus projetos de vida, num futuro farto no qual só irá gozar a vida, mas, sabemos
que para isso seria necessário possuir uma ocupação rendosa, é necessário ter
oportunidade. Oportunidades estás, que nem todos possuem e só é possível mudar
esse cenário através de um processo político. Já que é por meio da política que
decidimos como aplicar o dinheiro público da melhor forma garantindo o
atendimento das políticas públicas que visam efetivar o cumprimento dos direitos
fundamentais previstos na nossa constituição. Portanto, até para os que dizem que
não ligam para a política, estão usufruindo de um direito previsto no sistema político
em que vive.
Ribeiro citou as primeiras civilizações e argumentou sobre os seus governantes e
líderes, os mesmos que possuam poder naquela época. Afirmando que as
condições para possuir poder mudam constantemente, por exemplo, para os
homens das cavernas primeiramente ter força era o bastante para assumir a
liderança da tribo, mas com as evoluções tecnológicas da época, como surgimento
das armas, já mudavam a perspectiva do que seria possuir poder. Uma vez que,
quem possuía a arma, também possuía poder, e já não bastava mais ser o mais
forte para ser o líder. “[…] existe um papel social e político a ser cumprido,
independente da pessoa que o desempenhe.” [pág 19]. Ou seja o papel de
liderança/ chefia é atemporal e acontece independente de quem governa, pois
sempre haverá alguém apto para assumir o cargo.
A institucionalização também é um processo natural da nossa sociedade, visto que,
hoje o Brasil possui diversas instituições, “[…] A esse conjunto de instituições —
quer as do Brasil de hoje, quer as de Ugh-Ugh — dá-se o nome de Estado.” [pág 20]
“[…]toda coletividade tem alguma espécie de “governo”[pág 15], essa afirmação diz
respeito ao fato de que toda coletividade se organiza de determinado jeito e de
acordo com as normas pré estabelecidas. Portanto, a organização se torna algo que
se diferencia a coletividade humana da animalesca. Assim como o Governo, Estado,
Nação e País, também possuem significados diferentes dependendo do contexto
em que for utilizada. Por exemplo: num estado qualquer pode existir duas nações,
pois nação nada mais é do que “[…] uma língua comum, uma história comum,
tradições comuns, valores comuns, hábitos comuns, arte comum” [pág 22].
Já no capítulo 5, João fala sobre a Soberania dos Estados mais enfraquecidos e
dos mais fortalecidos, e como os que estão em posição de vantagem conseguem de
certa forma, influenciar as decisões dos menos favorecidos. Não explicitamente,
mas por outros canais fáceis de identificar.
“[…] o Estado representa sempre o interesse público, o do bem-estar da
coletividade” [pág 28], afirmação presente no capítulo 6, denominado “Estado e
violência”, de acordo com o autor, o Estado representa o coletivo respeitando
sempre o ordenamento jurídico. A ordem jurídica para Ribeiro: “[…] subordina povo,
governantes e instituições, existindo mesmo certos princípios básicos inalteráveis.”
[pág 28]. Pode-se concluir então, que até para alterar a lei é né necessário seguir a
lei, pois é assim que funciona a norma jurídica. Ainda nesse contexto, o estado teria
o “monopólio de violência”, pois ele teria autonomia para utilizar de meios
coercitivos para se fazer cumprir a lei. E a coerção é uma forma de violência. Então
somente o Estado teria o chamado monopólio de violência.
No capítulo 7, são citadas as formas que o estado utiliza para organizar a
sociedade e se fazer cumprir e lei.
No decorrer do texto o autor também explica a relação entre o estado e o Indivíduo
com todas as suas variantes e complexidades. A democracia também é abordada
de um ponto de vista diferente no qual Ribeiro explica que não basta o Estado
utilizar o termo “democracia” para ser democrático. E para isso utiliza como exemplo
o Regime militar de 1964 no Brasil.
A democracia e a ditadura são grandes protagonistas quando o assunto é Estado,
como já dito antes por Ribeiro, não adianta apenas autodenominar-se democrata,
visto que, isso não tem muita importância, o que realmente tem peso ao avaliar o
regime de um Estado é a não unilateridade. É quando o povo faz parte da tomada
de decisão, quando participa diretamente ou indiretamente, seja votando ou se
candidatando a ser votado, expressando suas opiniões sem censura alguma. Já
sobre a Ditadura, “[…]podemos dizer que a ditadura se caracteriza não só pela sua
visível unilateralidade (as decisões vêm “de cima para baixo” e são impostas aos
governados), como pelo fechamento do processo decisório público”[pág 52].

O texto de João Ubaldo Ribeiro aborda diferentes aspectos da escolha de


governantes em diferentes contextos políticos. O autor menciona que, mesmo em
ditaduras, os governantes não são eternos e há sempre um processo de escolha,
seja imposta ao povo ou através de outros mecanismos. Ele destaca que alguns
governantes são escolhidos por hereditariedade, mas esse processo tem perdido
importância atualmente, especialmente nas monarquias que tendem a adotar
regimes parlamentaristas, onde o poder decisório está concentrado no Parlamento.

O texto também discute a escolha de governantes por meio da força, seja em


Estados conquistados militarmente, colônias ou através de golpes de Estado, onde
há a tomada violenta do poder por facções descontentes com a situação política. O
autor faz uma distinção entre golpes de Estado e revoluções, onde as últimas são
caracterizadas por alterações mais profundas na sociedade e economia.
Sobre os partidos políticos e suas características, ele destaca que os partidos
políticos organizados, como conhecemos hoje, são um fenômeno relativamente
recente, provavelmente relacionado ao surgimento dos parlamentos. Além disso,
menciona a classificação dos partidos políticos em "reivindicatórios", "reformistas" e
"revolucionários", com base nas mudanças que pretendem trazer à sociedade e às
instituições. O texto também discute diferentes sistemas de partidos, como o
unipartidarismo, o bipartidismo e o pluripartidismo, bem como os métodos de
escolha de candidatos, como as primárias.
O trecho aborda a existência de ideologias no cotidiano das pessoas, destacando
que todos possuímos uma forma de pensamento ideológico. A ideologia é uma
maneira de ver o mundo, moldando nossa percepção e explicação dos fatos. Ela
está relacionada com a existência de classes sociais, sendo influenciada pelas
circunstâncias concretas de nossa existência, como ocupação profissional e posição
socioeconômica. Além disso, o texto menciona a relação entre ideologia e teoria,
enfatizando que a política se faz na ação concreta numa sociedade, e uma teoria
posta em ação assume caráter ideológico. O exemplo ilustrativo dado é o da
comunidade fictícia de Ugh-Ugh, onde as diferentes posições na estrutura
socioeconômica geram ideologias conservadoras e reivindicatórias/revolucionárias,
respectivamente, para os dominantes e os escravos.
O trecho aborda a complexidade da assunção de uma ideologia, destacando que
não é um processo mecânico ou simples. A educação tem caráter ideológico, pois
transmite valores politicamente significativos, mas nem sempre é consciente ou
intencional. A classe social não determina automaticamente nossa forma de pensar
e agir politicamente, pois outros fatores podem influenciar nossa consciência. A
ideologia básica, normalmente vista em termos de Esquerda e Direita, pode assumir
várias formas e variações, não sendo uma distinção clara. As posições de Esquerda
tendem a acreditar na aperfeiçoabilidade do homem e na possibilidade de resolver
os problemas sociais, enquanto as posições de Direita consideram certas
características do homem como imutáveis e buscam soluções adequadas a essa
natureza. O texto enfatiza que os rótulos são enganosos e que devemos procurar as
fontes diretas para entender uma ideologia, não aceitando os rótulos sem questionar
e pensar criticamente. A conscientização ideológica pode gerar paixões e nos
permite agir com consciência de nossos interesses e identidade.
Ribeiro finaliza destacando que quem manda é aquele que leva vantagem, e essa
vantagem pode ser percebida em vários níveis. Aqueles que se sentem no poder
podem, na verdade, estar apenas satisfeitos com alguns desejos pessoais. A noção
de poder é relativa, e a chave está em levar vantagem sobre os outros, não
importando se formalmente ocupam posições de autoridade. A diferença entre quem
detém a autoridade e quem detém o conhecimento necessário para tomar decisões
pode ameaçar a representatividade popular nas democracias. O fenômeno da
tecnocracia, com governantes sendo especialistas e técnicos, pode levar à
submissão total à ciência e tecnologia, que também possuem aspectos ideológicos
e precisam ser supervisionadas pela coletividade. A dominação ideológica ocorre
através de diversos mecanismos, como linguagem, hábitos, tradições e aspirações
que aprendemos a desenvolver como se fossem nossas, quando, na verdade,
podem ser imposições culturais e econômicas. A resistência a essa dominação só é
possível através da consciência política e da produção cultural livre e autônoma.

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