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CLASSES SOCIAIS,

ESTRATIFICAÇÃO
E DESIGUALDADE:
MAX WEBER
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CLASSES SOCIAIS, ESTRATIFICAÇÃO E


DESIGUALDADE: MAX WEBER
AS CLASSES SOCIAIS DE ACORDO COM WEBER
Contrapondo a análise marxista da sociedade, Max Weber via nas classes elementos impor-
tantes de compreensão da realidade social, mas não centrais, como afirmava Marx.
Para Weber, outros fatores eram tão relevantes quanto a situação de classe para a organização
da sociedade, tais como a posição dentro do partido político e o status que um indivíduo adquire
dentro da sociedade ou de um grupo social.
Ao contrário de Marx, Weber considerava que a esfera política não era necessariamente subor-
dinada à esfera econômica, mas poderia influenciá-la. Segundo Weber, cada esfera da atividade
social se constitui por relações de poder distintas que podem ou não ser vinculadas entre si; daí a
participação dentro de um partido político pode valer o controle sobre o Estado nacional ou sobre
alguns de seus aspectos, dando certo poder e status ao indivíduo.
Esse poder não é inconteste, visto que o político profissional não é o único a ocupar e con-
trolar importantes aspectos do Estado, tendo de dividir parte dessas funções com o funcionário
público de carreira, cuja profissão está atrelada à manutenção e ao funcionamento desse conjunto
de instituições.
Por outro, status é um fator de fácil compreensão na sociedade atual, uma vez que todo indi-
víduo busca uma condição, uma posição privilegiada e um reconhecimento legítimo da parte dos
demais membros participantes da sociedade, já que todos indivíduos ocupam um nível na estrutura
social, seja privilegiada ou não.
O status não é um elemento criado pela sociedade meritocrática do século XIX, mas ele passa
a ter maior liberdade de manifestação dentro dela em relação ao que teve no período anterior, com
a sociedade nobiliárquica e clerical do período feudal, quando se manifesta de forma engessada,
associado ao direito de nascimento que acompanhava o indivíduo ao longo de toda sua existência.
Na sociedade europeia meritocrática, o direito de nascimento é abolido e substituído pelo
merecimento, ou seja, pelo esforço pessoal em que o indivíduo deve se dedicar a ascender social-
mente, seja incorporando melhores rendimentos, seja destacando-se por um estilo de vida ou pelo
consumo de bens valorizados pela sociedade.
Assim, ostentar um carro importado de última geração ou qualquer outra novidade tecnoló-
gica que o destaque diante da multidão gera certo status à pessoa; um médico possui muito mais
chances de ser homenageado pela sociedade pelos serviços prestados do que um gari.
O status pode interferir na ocupação profissional da pessoa e no modo como os indivíduos
observam os outros, o que tem um significado enorme em nossa sociedade de massas, em que os
meios de comunicação exercem influência decisiva sobre as escolhas individuais.

AS DESIGUALDADES SOCIAIS E A ESTRATIFICAÇÃO


Ainda de acordo com Weber, a sociedade se assenta sobre três dimensões distintas: a eco-
nômica, a social e a política. A dimensão econômica estratifica a sociedade através dos critérios
pautados na riqueza, na posse e na renda. A dimensão social funda uma maneira de estratificação
baseada no status. O seu elemento definidor é a honra e o prestígio que as pessoas e/ou grupos
desfrutam, ou não desfrutam, a posição que ocupam na sua profissão, em seu estilo de vida, entre
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outros. A dimensão política funda um modo de estratificação baseado no poder. Quanto mais poder
os indivíduos e/ou grupos ostentarem, melhor eles se posicionarão na escala de reconhecimento no
interior dessas relações de poder e de dominação. A abordagem multidimensional de Max Weber
parte do pressuposto de que os indivíduos podem se situar na escala de estratificação de modo
diferente nessas três dimensões.
Partindo dessas três dimensões, ele afirma que muitas pessoas podem ter renda e posses,
mas não prestígio, nem status, nem posição de dominação. Um indivíduo que recebe uma fortuna
inesperada, por exemplo, não conquistará, necessariamente, prestígio ou poder.
Outras podem ter poder e não ter riqueza correspondente à dominação que exercem. Exem-
plos disso são pessoas ou grupos que se instalam nas estruturas de poder estatal e burocráticos e
ali permanecem durante muito tempo.
Outras pessoas, ainda, podem ter certo status e prestígio na sociedade, mas não possuir riqueza
nem poder. Por exemplo, certos artistas da televisão ou intelectuais consagrados. Weber concebe,
assim, hierarquias sociais baseadas em fatores econômicos (as classes), em prestígio e honra (os
grupos de status) e em poder político (os grupos de poder).
Para ele, classe é todo grupo humano que se encontra em igual situação de classe, isto é, os
membros de uma classe têm as mesmas oportunidades de acesso a bens, a posição social e a um
destino comum. Essas oportunidades são derivadas, de acordo com determinada ordem econômica,
das possibilidades de dispor de bens e serviços.
O pensador também escreve sobre as lutas de classes, afirmando que elas ocorrem também
no interior de uma mesma classe. Se houver perda de prestígio, de poder ou até de renda no
interior de uma classe ou entre classes, poderão ocorrer movimentos de grupos que lutarão para
mantê-los e, assim, resistirão às mudanças. Ele não vê a luta de classes como o motor da história,
mas como uma das manifestações para a manutenção de poder, renda ou prestígio em uma situa-
ção histórica específica. Essa perspectiva permite entender muitos movimentos que aconteceram
desde a Antiguidade até hoje.

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