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Estratificação Social e Direito a partir das abordagens de Marx e Weber

Artigo elaborado por Paulo Henryque Correia da Silva

Definição e Conceito de Estratificação: o conceito de estratificação se dá pela divisão da


sociedade em camadas ou estratos sociais na qual os ocupantes de cada classe possuem
acesso desigual a oportunidades sociais e recompensas. A definição da palavra: estrato é um
conjunto de pessoas que detém o mesmo status ou posição social. Sociedades estratificadas
são organizadas em castas, estamentos ou classes sócias.

A igualdade entre indivíduos é utópica, pois existem diferenças individuais que se


desenvolvem com o tempo baseadas em habilidades inatas e específicas. Leva a estratificação
social a divisão do trabalho, especialização, competição, diferenças biológicas (cor, sexo, idade,
etnia), esforço, sorte, e oportunidades.

Na perspectiva funcionalista a desigualdade é parte de uma ordem social natural, portanto,


nesse caso a estratificação não é problemática. Já a perspectiva do conflito preocupa-se com
processos de exploração adotando um paradigma relacional, nessa perspectiva há divisões e
conflitos dentro da sociedade.

Não é possível dar igualdade a todos os cidadãos (comunismo), o que é possível é a igualdade
de direitos, como é previsto na constituição federal brasileira (igualdade de direitos
independentemente de condição social, raça, etnia, altura, peso etc.).

No entanto há as diferenças de indivíduo para indivíduo, assim como a diferença de


oportunidades na vida de cada um. As diferenças entre os indivíduos se dão pela beleza,
inteligência, acuidade visual e auditiva, sexo, idade, cor, força, diligência e esforço. A igualdade
para ser possível precisa acontecer no âmbito da equidade social, ou seja, no direito de
participar da vida econômica, atividades políticas e de contar com acessos aos recursos
públicos que provém manter um nível adequado de vida.

O papel do Estado é lidar com uma questão ética, lidar com os conflitos entre políticas
universais e políticas especifica focadas e amenizar a desigualdade inerente ao sistema
capitalista (bem estar social) e rearticular o sistema social como um todo.

Weber

Weber afirmava que as classes sociais se estratificavam em função não só de suas relações de
produção, mas também de prestígio (status), poder político (fator político) e aquisição de bens
(fator econômico). O pensador avalia o individuo como elemento mínimo (individualismo
metodológico)

Weber acredita que a diferenciação de classes se dá pelos rendimentos, bens e serviços


possuídos, e a oportunidade de acesso que os indivíduos de uma certa classe tem de possuir
esses bens. A posição do mercado do indivíduo exerce forte influencia sobre suas
“oportunidade de vida”

Grupos de status são reconhecidos segundo seu padrão de vida: costumes, instrução, prestígio
do nascimento ou da profissão, lugares que frequentas, forma de falar, de gastar de ler,
comprar e se comportar na sociedade.

Na visão política de Weber os partidos políticos visam assegurar o poder à um grupo de


dirigentes a fim de obter vantagens materiais para seus membros

Diferentemente de Marx Weber não usa tanto a palavra “classe social”, o pensados fala em
“status”social. Ele diz que pode haver várias dimensões e muitas fases.

Para Weber a renda não é o essencial, ela é muito importante, mas não é o que te define, tudo
depende do seu estilo de vida que a pessoa leva, e as oportunidades que aparecem pra ela.

Para o intelectual por exemplo, a informação vale mais do que o dinheiro, efetivamente. O
intelectual dedica a vida para conhecer, e aprender sempre mais e não para ganhar dinheiro

É possível também utilizar o exemplo do religioso, cada um tem sua religião e a segue de
acordo com que acredita, por exemplo há judeus, católicos, mulçumanos e também as castas,
por exemplo se você é de uma casta inferior, não importa o quão rico você for, não poderá se
casar com uma pessoa de uma casta superior, pois o seu status não lhe permite.

Weber admite a possibilidade das pessoas escolherem o que querem ser. Para Weber o
universitário não é mais uma criança, mas ao mesmo tempo ainda não está no Mercado de
trabalho, portanto na concepção dele o universitário está indo escolher o status de vida que
quer levar. Weber entende isso como um status

Para ele há coisas que diferenciam as pessoas, coisas que ele considera importante para o
preconceito, ou a diferença entre as pessoas:
- Gênero (ex. Mulheres são minoria no congresso no Brasil.)

- Cor (Negros estão menos ingressados no Mercado de trabalho que os brancos)

- Idade (ex. Idosos perdem o emprego e tentam arranjar um novo, mas eles não conseguem
pois aquele que acabou de sair da faculdade é o escolhido, e portanto é acreditável que tenha
mais potencial, por esse motivo há a aposentadoria)

- Saúde (ex. Em um mundo capitalista pessoas com incapacidade mental são prejudicadas)

Sociedade de estratificação: Aberta e Fechada

Weber acredita que há 2 tipos de sociedades de estratificação, a aberta e a fechada.

Na fechada por exemplo, é possível citar o exemplo das castas na Índia, onde um
homem/mulher não podem se casa com outros homens ou mulheres de outras castas, não
importa o montante de riquezas que cada família tenha.

A aberta por outro lado é uma sociedade capitalista moderna, onde não há estratificação
social, os ricos podem empobrecer e os pobres podem enriquecer.

As abertas são mais amplas que as fechadas, nelas há 2 tipos de modalidades, a vertical, e a
horizontal.

A vertical é quando, por exemplo, uma pessoa miserável se transforma num rico/a
empresário/a.

A horizontal é aquela em que a pessoa acha que mudou de vida e de padrão social, mas na
verdade ela permaneceu no mesmo, por exemplo, um homem de classe baixa, que veio do
nordeste para são Paulo, e no nordeste ele ganhava 600 reais, ele chega em são Paulo e passa
a ganhar 1400 reais, ele pensa que ele ascendeu de classe social mas na verdade ele
permanece na mesma classe social, o nível de vida ficou melhor mas ele não ascendeu de
classe social esporadicamente.

Os extratos sociais são significativos em sociedades muito desiguais como o Brasil. Foi feito um
estudo 98% dos acusados de crimes não tem condições de pagar um advogado.
O Professor Sérgio Adorno fez uma pesquisa na qual ele acompanhou 280 processos de roubo
qualificado feito por brancos entre 1984 – 1988, e depois acompanhou o mesmo numero de
processos com réus negros. Em sua pesquisa ele percebeu que 59% dos brancos foram
condenados pelo tribunal, enquanto 72% dos negros haviam sido condenados pelo mesmo
crime. Ele termina o estudo e conclui que o tribunal do júri é racista – os estratos sociais são
prova disso.

Conclusão: o Direito as vezes precisa tomar atitudes para trazer uma modificação na
estratificação tradicional do pais, ou seja, se o direito percebe a quantidade de alunos da
escola pública que ingressam na faculdade é baixa, ele procuram providenciar algo para
remanejar essa situação, por exemplo as cotas, se eles entendem que 80% dos alunos de
escola pública são negros e que não há um numero elevados de negros nas universidades eles
aplicam as cotas, o direito tenta mexer para melhorar as condições (ex. Vagas privilegiadas no
vestibular para alunos de escolas publicas)

Marx

Para Marx o extrato social está diretamente vinculado ao modo de produção daquela
sociedade, por exemplo se se tem um sistema de escravos é evidente que a mão de obra é
gratuita e que o lucro gerado pelo seu trabalho irá para seu senhor, pois o escravo era
considerado um objeto, no modo de produção escravista um escravo não pode possuir
objetos, pois na mentalidade de seus senhores, ele é um.

Por outro lado os servos eles recebem um pouco de sua produção, ao invés de estar preso ao
senhor e ser considerado um objeto, ele pode possuir objetos e obter lucro, mas ele está preso
à terra.

A modernidade trouxe a possibilidade do trabalhador trabalhar para um capitalista, ela trouxe


a possibilidade da mudança estamental. Na modernidade o trabalhador recebe um salário, que
é uma medida dentro da lógica do modo de produção industrial.

Marx define a estratificação social através da luta de classes, para ele há a classe alta e baixa,
uma sempre subordinada à outra.

A classe alta para ele a classe alta se define pelo buegues, enquanto a classe baixa se define
pelos proletariados, para ele, ou você é um ou o outro.

Para Marx a estratificação está ligada à dimensão econômica, a desigualdade se estabelece nas
relações de produção entre os que exploram e os que são explorados. Marx considera o mais-
valia como uma fonte de desigualdade.
Ele vê algumas classes como classes fundamentais: burguesia (proprietários dos meios de
produção), proletariados (não dispõe dos meios de produção e portanto tem que vender ao
mercado sua força de trabalho).

Marx reconhece a existência de outras classes sócias em outro períodos distintos da história
como (patrícios, vassalos, plebeus, servos, escravos, camponeses) mas segundo ele essas
classes estavam condenadas ao desaparecimento. Ele reconhece a classe média como o
pequeno comerciante, pequenos fabricantes, artesão e camponês.

Bibliografia:

http://www.ssc.wisc.edu/~jmuniz/08_Classe,%20estratificacao%20e%20desigualdade%20soci
al.pdf

http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad98/saúde/an
alise.shtm

Livro: WEBER, Max. A ética protestante e o espírito do capitalismo. Editora: Companhia das
Letras.

http://www.professores.uff.br/seleneherculano/images/stories/CLASSES_SOCIAIS.pdf

http://estratificacaosocial.blogspot.com.br/

Artigo elaborado por Paulo Henryque Correia da Silva

https://paulohenryque77.jusbrasil.com.br/artigos/319965742/estratificacao-social-e-direito-a-
partir-das-abordagens-de-marx-e-weber

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