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“O louco voo de Gary Powers”

Bom dia a todos, eu vou-vos falar sobre algo que já abordámos nesta sala de aula: o
voo de Gary Powers. Não sei se todos se lembram com clareza, mas já conhecemos a
história de Gary Powers: vimo-la no filme “A Ponte dos Espiões”.
Começando por inserir o acontecimento no contexto da Guerra Fria. O caso Gary
Powers ocorreu no ano de 1960, ano do período de coexistência pacífica, que
corresponde mais ou menos ao tempo em que Nikita Kruchtchev era o líder soviético.
Como já estudámos este líder discordava com alguns dos princípios do estalinismo,
principalmente com o exacerbado culto ao chefe que era feito e com a pesada
burocracia existente. Bom, este período de coexistência pacífica caracteriza-se pela
retoma do diálogo entre as duas superpotências, mas também pela constante
competição entre as mesmas. E é nesta recorrente competição em que se insere a
operação “Grand Slam”, do qual Gary Powers fazia parte, como espião norte-
americano.
Gary Powers pilotava um avião Lockhedd U2, instalado com grandes câmaras
fotográficas. Os chefes de Powers contavam em receber destas câmaras imagens das
rampas de lançamento de mísseis intercontinentais de Baikanur e de Krasnovska,
imagens do Cosmódromo de Peltsek e das fábricas de plutónio de Chelyabinsk. Essa era
a missão do espião: sobrevoar o espaço aéreo soviético, sem ser apanhado claramente,
e recolher informações confidenciais sobre o armamento soviético.
Mas a 1 de maio de 1960 o avião que Gary Powers pilotava acabou por ser atingido por
um míssil terra-ar de longo alcance. Este acontecimento acabou por ser o motivo que
levou ao cancelamento de uma conferência importante que reuniria o líder soviético,
Kruchtchev e o presidente Norte-Americano, Eisenhower. No entanto, Kruchtchev
ficou plenamente satisfeito porque e passo a citar “desvendou um segredo americano”,
visto que os destroços do avião foram analisados por peritos russos, que poderam
averiguar a construção aeronaútica americana, colocando a Rússia Soviética numa
posição bastante favorável na competição com os EUA.
Este acontecimento acabou por ser considerado quase que um antecedente da Crise
dos Mísseis de Cuba, tendo provocado uma grande tensão entre as duas
superpotências. Apesar de ter descoberto alguns segredos norte-americanos,
Kruchtchev enfrentava uma situação delicada na URSS: o afastamento com a China
comunista, que via com maus olhos as tentativas do lídes soviético de estabelecer
contacto com o Ocidente e o descontentamento russo
perante a desestalinização que empreendia. Acabou por ser afastado do poder em
1964, apenas 4 anos depois do voo de Gary Powers e dois da Crise dos Mísseis de
Cuba.
E quanto ao piloto, sabemos o que aconteceu: foi libertado numa troca na ponte de
Glienicke, em Berlim, por “Abel”, um espião russo que tinha sido capturado pelos
americanos.

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