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Revista de

ATUALIDADES
F
2023

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não autorizada previamente e dos os direitos reservados.
Sumário

Atualidades Mundo
China x EUA: o caso do balão espião .............................................................................................................. 2

Caso Taiwan: risco de Guerra x escudo de silício .......................................................................................... 9

Atualidades Brasil
A questão Yanomami ..................................................................................................................................... 14

Encontro Brasil X EUA e o Fundo Amazônia ................................................................................................... 7

Referências...................................................................................................................................................... 12
Atualidades Mundo

China x EUA: o caso do balão espião

Caso
A relação diplomática entre China e Estados Unidos não é uma das melhores nos últimos anos e
ganhou mais um capítulo, no início de 2023, com o balão chinês que sobrevoou parte do território
estadunidense. O incidente ocorreu em um momento de tentativa de reaproximação entre os países,
com a iminente visita do Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, à capital chinesa.

Balão chinês que estava voando no espaço aéreo dos Estados Unidos. Disponível em:
https://oglobo.globo.com/mundo/noticia/2023/02/balao-espiao-chines-abatido-nos-eua-integra-programa-de-monitoramento-
desenvolvido-por-pequim.ghtml

Em um início de ano com várias derrubadas de OVNIs (Objetos Voadores Não Identificados), o balão
chinês foi visto voando no espaço aéreo norte-americano, na altura do estado de Montana, mas já
estaria há alguns dias sobrevoando o território dos Estados Unidos e sendo monitorado. O objeto
voador foi derrubado pelo governo estadunidense, que acusou a China de ter enviado um balão
espião para uma região estrategicamente militar do país, que possui base de lançamento de mísseis
nucleares.
Apesar de as autoridades do país afirmarem que não existe ameaça iminente, os destroços do balão
estão sendo recolhidos e analisados pelo governo estadunidense com a intenção de tentar entender
qual era a sua finalidade e se ele conseguiu coletar algum tipo de dado.

Os chineses reconheceram que o objeto pertencia ao país, mas informaram que se tratava de um
artefato de caráter civil, utilizado principalmente para fins meteorológicos, que se desviou da sua
rota original devido a fortes ventos. Contudo, a repercussão do caso e a resposta dos Estados
Unidos causou incômodo no governo da China, que afirmou que os EUA já haviam violado mais de
10 vezes, desde janeiro de 2022, o espaço aéreo chinês com balões de alta atitude.

Se já se vinha falando de uma possibilidade de Guerra Fria entre China e Estados Unidos, as duas
maiores economias do mundo, esse incidente com o balão acaba alimentando ainda mais os
rumores de uma possível reedição do conflito entre os dois países.

Relembrar é viver:
O período da Guerra Fria (1947 -1991) foi um momento de intensa disputa ideológica, política, social,
militar e econômica entre o boco socialista, liderado pela União Soviética, e o bloco capitalista,
liderado pelos Estados Unidos. A corrida armamentista e espacial entre as duas potências levou à
descoberta de uma série de tecnologias que passaram a ser aplicadas tanto no mundo científico,
bélico e informacional, quanto no dia a dia da população.

Mas balões?
Antes de ser identificado, o balão chinês foi taxado como um OVNI (“Objeto voador não
identificado”), que é a sigla para se referir a objetos que não são reconhecidos, não sendo, portanto,
um conceito exclusivamente aplicado para possibilidade de uma aparição alienígena. O balão
chinês sobrevoou o espaço aéreo estadunidense em um contexto de uma série de ações de
derrubada de objetos não identificados, o que pode ter causado certa confusão.

Os balões de alta altitude, também conhecidos como estratosféricos, são utilizados para fins de
pesquisas científicas desde o final do século XIX e são alternativas mais baratas e seguras de
produzir estudos ou promover experimentos. Segundo a Agência Espacial Canadense (CSA):

“Balões estratosféricos são balões de alta altitude que são lançados na estratosfera. São o único
tipo de balão que pode ser operado nessa região da atmosfera (15 a 45 km de altitude), que é muito
baixa para satélites, muito alta para aeronaves e superada rapidamente por foguetes. (...)

Os balões estratosféricos são normalmente feitos de plástico ultrafino cheio de hélio e podem se
esticar em uma forma gigantesca de "lágrima" invertida, com mais da metade da altura da Torre CN,
ou aproximadamente a altura da Torre Eiffel. Eles são equipados com várias gôndolas suspensas
na cadeia de voo. As gôndolas podem transportar ciência, astronomia, química atmosférica,
previsão do tempo e cargas de demonstração tecnológica pesando até 1,1 toneladas no total.
Esses balões não requerem motor nem combustível e são totalmente recuperados após cada voo.
Eles podem atingir altitudes de até 42 km, mantendo seus pacotes de instrumentos no ar por várias
horas. Alguns balões podem até realizar voos de longa duração, durando dias, semanas e até
meses.

Os balões estratosféricos são uma plataforma de escolha para cientistas e engenheiros, pois
podem ser usados para testar e avançar a ciência espacial por muito menos do que o custo de um
satélite (até 40 vezes menos) e oferecem uma oportunidade para realizar experimentos científicos
concretos em um curto período de tempo e obter resultados rapidamente.”
Disponível em: https://www.asc-csa.gc.ca/eng/sciences/balloons/about-stratospheric-balloons.asp

Como nem só de pesquisas científicas vive o homem, os balões de alta altitude também foram, e
são, utilizados para espionagem, ainda que em menor grau. Existem registros da sua utilização para
tal fim desde o final do século XVIII, na Europa. Com a tecnologia atual, esses balões podem
capturar boas imagens, rastrear e coletar informações de forma mais barata e eficiente dependendo
do contexto.

Ilustração da capacidade do balão estratosférico em comparação com outros tipos de transportes e fenômenos naturais. Disponível
em https://www.asc-csa.gc.ca/eng/sciences/balloons/about-stratospheric-balloons.asp
Só os curiosos ON: durante a Guerra Fria, especialmente na década de 1950, os Estados Unidos
enviaram uma série de balões espiões para a União Soviética no chamado Projeto Moby Dick. O uso
do artefato para a espionagem era algo comum em ambos os lados.

Tensões EUA x China


Como falamos lá em cima, o caso alimentou ainda mais as tensões entre os dois países, que após
a conturbada Era Trump estão tentando uma reaproximação diplomática. A rivalidade entre eles
não é nem de longe uma questão meramente ideológica. Esse processo se formou como fruto da
própria Guerra Fria e do seu fim, que apontou para o surgimento de um mundo multipolar e de uma
geopolítica com novos atores fortes, como a China.

Em pouquíssimo tempo, os chineses se tornaram a segunda economia do mundo, atrás apenas do


próprio Estados Unidos, mas já existe previsão de que vá virar a primeira economia do mundo ainda
na década de 2020. O fortalecimento econômico da China começou com as reformas econômicas
promovidas no regime socialista no final de década de 1970. Tais reformas, além de outros fatores
importantes, são consideradas um dos grandes impulsionadores da economia chinesa no final do
século XX e início do século XXI.

É dentro desse contexto de crescimento econômico a jato e fortalecimento do país no cenário


internacional que os Estados Unidos assistem à China se impondo dentro da política externa e
ameaçando a sua posição de potência hegemônica. Ademais, os chineses vêm adentrando um
outro campo bem importante para uma potência mundial, o militar. Cada vez mais investindo em
tecnologia bélica e modernização, o governo chinês vem aumentando significativamente os
investimentos militares, tornando-se o segundo país no ranking mundial.

Para especialistas em relações internacionais, a ideia de “Nova Guerra Fria” pode ser mobilizada
pelos próprios Estados Unidos dentro do contexto de alteração na geopolítica mundial e na
hegemonia do país no mundo. Capitanear um discurso moral em prol dos valores ocidentais, em
que os Estados Unidos seriam os grandes defensores, pode ser uma alternativa para barrar o
crescimento da influência chinesa pelo mundo.

Fato é que essa disputa entre China e Estados Unidos ainda está bem longe do fim. Aguardemos os
próximos capítulos!
Presidente chinês, Xi Jinping, e o presidente estadunidense, Joe Biden. Disponível em:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Rela%C3%A7%C3%B5es_entre_China_e_Estados_Unidos#/media/Ficheiro:President_Biden_met_with_Xi_
Jinping_before_the_2022_G20_Bali_Summit.jpg

Como contextualizar essas informações na redação?

Referências ao cenário geopolítico atual são super bem-vistas pelas bancas de vestibulares, já que
mostram que o candidato está atualizado e consegue ter uma posição crítica sobre os fatos em
relação ao tema proposto pela banca. Outro elemento que chama bastante atenção na dissertação
são as alusões históricas. Nesse sentido, a problemática relação diplomática entre a China e os
Estados Unidos, assim como o contexto histórico que envolve essas duas potências, acaba se
tornando uma referência forte em alguns temas.
Vamos, então, ver um tema em que a questão “China x EUA” poderia servir de base para
argumentação? Levemos em consideração que, para entender o que está acontecendo agora, é
imprescindível conhecer o passado entre esses dois países.

(Fuvest 2019) Tema: De que maneira o passado contribui para a compreensão do presente?
Leia os textos para fazer sua redação.
O progresso, longe de consistir em mudança, depende da capacidade de retenção. Quando a
mudança é absoluta, não permanece coisa alguma a ser melhorada e nenhuma direção é
estabelecida para um possível aperfeiçoamento; e quando a experiência não é retida, a infância é
perpétua.
George Santayana, A vida da razão, 1905, Vol. I, Cap. XII. Adaptado

O Historiador
Veio para ressuscitar o tempo
e escalpelar os mortos,
as condecorações, as liturgias, as espadas,
o espectro das fazendas submergidas,
o muro de pedra entre membros da família,
o ardido queixume das solteironas,
os negócios de trapaça, as ilusões jamais confirmadas
nem desfeitas.
Veio para contar
o que não faz jus a ser glorificado
e se deposita, grânulo,
no poço vazio da memória.
É importuno,
sabese importuno e insiste,
rancoroso, fiel
Carlos Drummond de Andrade, A paixão medida, 1981

Essa escultura de um garoto negro foi esculpida no tamanho real de uma criança, com seus cabelos
crespos, seu nariz largo, sua boca marcada. A criança segura uma lata por sobre sua cabeça, de
onde escorre uma tinta branca sobre seu corpo feito de bronze.
Nexo Jornal, 13/07/201
A minha vontade, com a raiva que todos estamos sentindo, é deixar aquela ruína [o Museu Nacional
depois do incêndio] como memento mori, como memória dos mortos, das coisas mortas, dos povos
mortos, dos arquivos mortos, destruídos nesse incêndio. Eu não construiria nada naquele lugar. E,
sobretudo, não tentaria esconder, apagar esse evento, fingindo que nada aconteceu e tentando
colocar ali um prédio moderno, um museu digital, um museu da Internet – não duvido nada que
surjam com essa ideia. Gostaria que aquilo permanecesse em cinzas, em ruínas, apenas com a
fachada de pé, para que todos vissem e se lembrassem. Um memorial.
Eduardo Viveiros de Castro, Público.pt, 04/09/2018

Articular historicamente o passado não significa conhece-lo ‘como ele de fato foi’. Significa
apropriar-se de uma reminiscência, tal como ela relampeja no momento de um perigo.
Walter Benjamin, Sobre o conceito de história,1940

Considerando as ideias apresentadas nos textos e também outras informações que julgar
pertinentes, redija uma dissertação em prosa, na qual você exponha seu ponto de vista sobre o
tema: De que maneira o passado contribui para a compreensão do presente?
Caso Taiwan: risco de Guerra x escudo de silício

Imagem: AFP

Nos últimos anos, as tensões entre Estados Unidos e China ganharam novas camadas cada vez
mais delicadas, e termos como “nova Guerra Fria” estão sendo cada vez mais mobilizados pela
imprensa internacional para compreender essa rivalidade que vem se construindo. Durante o
governo de Donald Trump e no período de pandemia, a tensão se tornou ainda mais evidente,
sobretudo através dos discursos agressivos do presidente norte-americano contra o país asiático e
as acusações infundadas de que ele teria disseminado o coronavírus de forma proposital.

A derrota de Trump e o fim da pandemia chegaram a esboçar uma possibilidade de apaziguamento


nas tensões entre as duas potências, mas as mudanças também trouxeram novos problemas e
reviveram antigas disputas entre os dois países, que alimentam ainda mais os discursos que
defendem a existência de uma “nova Guerra Fria”. Se a antiga tensão entre capitalistas e socialistas,
no século XX, foi marcada pela espionagem, a recente descoberta de balões supostamente espiões
tem aproximado a nova disputa da antiga, mas, além disso, a forte retomada da crise geopolítica
em Taiwan também tem cumprido seu papel ao dar continuidade a um marcante debate do século
XX.

Taiwan, ou “República da China”, é um país de reconhecimento limitado, formado em 1949 por


opositores do regime socialista da República Popular da China, que se refugiaram na Ilha de
Formosa e defendem que são os verdadeiros representantes do governo chinês. Desde então, o
governo revolucionário da RPC não reconhece a autonomia de Taiwan e a trata como uma província
rebelde que deve ser reanexada. Em 2005, Pequim chegou a aprovar uma lei antissecessão, que
autoriza o governo chinês a intervir militarmente caso Taiwan tente declarar independência e se
emancipar da China continental.

Imagem: CNN. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/autoridades-estrangeiras-reagem-a-visita-de-nancy-


pelosi-a-taiwan/ Acessado em fevereiro de 2023.

Além das ameaças militares, o governo socialista chinês também usa do seu prestígio internacional
para sufocar Taiwan. Com a sua “Política de uma China” defende que a China Popular, o Tibete,
Hong Kong, Macau, Xinjiang e Taiwan fazem parte, todos, de uma mesma China; logo, os países que
decidirem ter relações diplomáticas com a RPC devem reconhecer esse princípio. Conforme a China
Popular cresceu política e economicamente entre 1970 e os dias atuais, tornou-se cada vez mais
difícil para outros países ignorarem o poder do gigante asiático, o que consequentemente isolou
ainda mais essas províncias.

Apesar da gigantesca pressão de Pequim e da falta de prestígio nas relações internacionais, diante
de uma RPC que cresce cada vez mais (representante oficial da China na ONU desde 1971), Taiwan
conquistou um importante aliado, os EUA, um dos poucos países que ainda reconhecem
oficialmente o país (Taiwan conta com o reconhecimento diplomático de apenas 15 países).

Os EUA, entretanto, historicamente se posicionaram ao lado de Taiwan, em defesa dos princípios


democráticos e capitalistas, em um contexto de Guerra Fria. Os princípios ideológicos garantiram o
apoio do bloco ocidental, e até hoje a autonomia de Taiwan e a possível retomada chinesa tem sido
um tema delicado entre EUA e China. No entanto, vale destacar que apesar do suporte norte-
americano, ele não foi o suficiente para evitar possíveis invasões chinesas; logo, o governo de
Taiwan passou a depender de outras estratégicas, sobretudo econômicas, para se defender, sendo
uma das principais a que ficou conhecida como “barreira de silício”.

O termo tem sido usado pela imprensa e estudiosos para definir uma estratégia econômica de
Taiwan que torna a poderosa China economicamente dependente da pequena ilha. Ao longo dos
anos, Taiwan se tornou um dos maiores fabricantes de microchips à base de silício do mundo,
sendo essa indústria fundamental para a fabricação de milhares de tecnologias, como carros,
videogames, celulares, robôs e até armas. Recentemente, uma crise na produção de chips em
Taiwan chegou a afetar a fabricação de produtos tecnológicos em escala global, visto que a falta
de microchips impediu que muitas tecnologias fossem produzidas.

A curto e médio prazo, os chineses não conseguirão superar a eficiência de Taiwan e continuam
dependendo desses microchips; ou seja, uma guerra contra o país poderia afetar a própria economia
chinesa. Contudo, a longo prazo, a China Popular visa a investir nesse setor para superar Taiwan e
não continuar mais presa nessa “arma”. Dessa forma, o chamado “escudo de silício” tem protegido
Taiwan de possíveis ofensivas militares.

Como contextualizar essas informações na redação?

A pandemia da Covid-19 causou impactos em diversos setores da sociedade. Por mais que, hoje,
muitos desses setores estejam se recuperando, há reflexos que permanecem na sociedade,
principalmente em relação à tecnologia. O isolamento social evidenciou que conseguimos realizar
muitas atividades com o apoio tecnológico, mas evidenciou que estamos dependentes desses
recursos, de modo que a ausência deles pode dificultar, também, a realização de práticas
cotidianas. Vamos entender mais isso? Veja a manchete abaixo:

Falta de chips afeta o mundo todo - e Brasil importa 90% do que consome

A falta de chip pode afetar a vida? Sim! Com a pandemia, muitas fábricas enfrentaram a falta de
matérias-primas e produtos. Consequentemente, tanto o Brasil quanto outros países tiveram falta
de chips, que são semicondutores responsáveis por conduzir correntes elétricas, o que prejudicou
a produção de smartphones, carros e até videogames. Mas por que o Brasil seria tão prejudicado?
Exatamente pelo título da manchete, 90% dos chips que utilizamos são importados, advindos da
Ásia, principalmente de Taiwan e Coreia do Sul. Quer ler mais sobre isso? Clique aqui.

Por mais que essa questão da atualidade pareça distante dos temas de redação, é importante
treinarmos para qualquer tipo de proposta que as bancas venham nos oferecer. Sendo assim, dá
uma olhada nesse tema da PUC-Campinas.
PUC-Campinas (2023)

TEXTO I
O geneticista sueco Svante Pääbo, diretor do departamento de genética do Instituto Max-Planck
para Antropologia Evolutiva em Leipzig, Alemanha, teve reconhecido com o Prêmio Nobel seu
trabalho comparando genomas de humanos modernos e neandertais.
Pääbo sequenciou o DNA de ossos fossilizados de várias formas humanas. Minha descoberta
favorita dentre suas contribuições é a demonstração de combinação genética entre humanos
modernos e neandertais, evidência de que, por definição, éramos apenas variedades da mesma
espécie.
Com mais tecnologia acumulada na forma de cultura, a variedade sapiens da espécie humana
invadiu a Europa e dizimou a variedade neandertal residente; cerca de 60 mil anos mais tarde, a
variedade europeia de sapiens invadiu as Américas e dizimou as variedades indígenas residentes.
Ambas invasões em massa deixaram evidências no genoma das populações restantes.
Uma era mais evoluída do que a outra? Neandertais e sapiens, europeus e povos indígenas
americanos coexistiram no planeta enquanto a geografia os manteve separados, cada um vivendo
perfeitamente bem em seu canto. Por uma soma de contingências, o progresso tecnológico de cada
um seguiu caminhos diferentes; mas quando as barreiras caem, quem tem mais tecnologia por
definição sai ganhando em caso de confronto, como continua acontecendo o tempo todo no mundo
moderno.
O que também não quer dizer que vence o melhor. "Melhor" depende de referência: melhor para
quem? Isso é lógica circular, tal como "sobrevivência dos mais aptos", quando "apto" é por definição
quem sobreviveu. Melhor por qual critério? Concordância com os valores da vez?
Eu adoraria que vingassem os comportamentos inteligentes: aqueles que mantêm portas abertas e
possibilidades futuras. Aqueles que mantêm todos, e não apenas os ricos, saudáveis, instruídos e
capazes de fazer seu próprio futuro.
Adaptado de Susana Herculano-Houzel, bióloga e neurocientista da Universidade Vanderbilt-EUA. Disponível em:
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/suzanaherculanohouzel/2022/10/evolucao-nao-e-progresso-e-progresso-nao-e-
melhora.shtml

TEXTO II

Disponível em: https://www.umsabadoqualquer.com/tira-do-leitor-pescaria-2/


TEXTO III
Pelo menos 7% dos genes humanos mudaram nos últimos 5 mil anos. Sempre que possível, porém,
usamos a cabeça para nos esquivar da luta pela vida descrita por Darwin. A morte ainda impera
onde há desigualdade: países pobres sofrem com a desnutrição e com doenças infecciosas. Mas
conforme o acesso a vacinas, saneamento básico e tratamento médico se universalizarem, a
tendência é a seleção natural sair de cena cada vez mais.
Disponível em: super.abril.com.br. Adaptado.

Considerando as ideias apresentadas em I, II e III, redija um texto dissertativo-argumentativo sobre


o tema: A evolução humana implica progresso técnico e social?

Nesse texto, é importante que o autor apresente uma tese que evidencie o ponto de vista em relação
ao tema. Como é uma pergunta, é importante que a resposta seja o posicionamento que será
discutido ao longo do texto, o qual pode ser afirmativo ou negativo acerca do questionamento
proposto pela banca. Em relação à argumentação, aqui podemos explorar a questão da
dependência tecnológica que comentamos neste material. Será que ela pode impactar a nossa
evolução? De que maneira? Assim, relacionando com os textos motivadores e com outros
repertórios, é possível argumentar acerca disso.
Atualidades Brasil

A questão Yanomami

A diversidade dos povos indígenas


Mesmo no século XXI, a maior parte da população brasileira desconhece ou ignora a gigantesca
diversidade de povos indígenas que vive no nosso país. Segundo estimativas de pesquisadores, no
século XVIII, esse mosaico somava mais de mil povos indígenas, composto por uma população de
entre dois e quatro milhões de pessoas. Atualmente, encontramos no território brasileiro 256 povos,
falantes de mais de 150 línguas diferentes. A maior parte dessa população se distribui por milhares
de aldeias, situadas no interior de 726 terras indígenas pelo território brasileiro. Segundo dados do
último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2010, existem mais de 300
povos indígenas no Brasil, que somam, juntos, quase 900 mil pessoas, conforme é possível observar
no gráfico a seguir:

Fonte: https://educa.ibge.gov.br/jovens/conheca-o-brasil/populacao/20506-indigenas.html. Acessado em 11/02/2023.


Obviamente, esses dados estão defasados devido ao tempo decorrido, mas são extremamente
importantes para pautarmos discussões essenciais sobre a situação dos indígenas no país e
lembrar que, apesar do processo de genocídio a que esses povos estiveram submetidos – e ainda
estão em alguma medida –, eles não foram exterminados e continuam resistindo à invasão de seus
territórios e a tentativa de acabar com seus povos. Em 2022, o Censo Demográfico avançou no
mapeamento desses territórios e população, porém os dados ainda não foram concluídos e
disponibilizados. Portanto, fique atento, pois eles serão publicados ainda este ano, 2023, e poderão
fornecer um embasamento gigantesco para sua redação.

No site da ONG Povos Indígenas no Brasil, você conhece um pouco mais sobre a história de cada
povo e suas principais demandas nos dias de hoje, além de diversos outros dados. Nesse sentido,
dada a complexidade do tema, os desenvolvedores do site construíram um roteiro importantíssimo
para que o público possa entender algumas questões – e que pode, inclusive, ajudar na sua redação
e em questões de vestibular. Então,, não deixe de acessar o site e conferir o texto a seguir:

Falar, hoje, em povos indígenas no Brasil significa reconhecer, basicamente, seis coisas:

● Nestas terras colonizadas por portugueses, onde viria a se formar um país chamado Brasil, já
havia populações humanas que ocupavam territórios específicos;
● Não sabemos exatamente de onde vieram; dizemos que são "originárias" ou "nativas" porque
estavam por aqui antes da ocupação europeia;
● Certos grupos de pessoas que vivem atualmente no território brasileiro estão historicamente
vinculados a esses primeiros povos;
● Os índios que estão hoje no Brasil têm uma longa história, que começou a se diferenciar
daquela da civilização ocidental ainda na chamada "pré-história" (com fluxos migratórios do
"Velho Mundo" para a América ocorridos há dezenas de milhares de anos); a história "deles"
voltou a se aproximar da "nossa" há cerca de, apenas, 500 anos (com a chegada dos
portugueses);
● Como todo grupo humano, os povos indígenas têm culturas que resultam da história de
relações que se dão entre os próprios homens e entre estes e o meio ambiente; uma história
que, no seu caso, foi (e continua sendo) drasticamente alterada pela realidade da colonização;
● A divisão territorial em países (Brasil, Venezuela, Bolívia etc.) não coincide, necessariamente,
com a ocupação indígena do espaço; em muitos casos, os povos que hoje vivem em uma região
de fronteiras internacionais já ocupavam essa área antes da criação das divisões entre os
países; é por isso que faz mais sentido dizer povos indígenas no Brasil do que do Brasil.
Fonte: https://pib.socioambiental.org/pt/Quem_s%C3%A3o. Acesso em: 12/02/2023

Também é importante destacar a importância de procurar lideranças indígenas como fonte de


informação, pois nada mais justo do que quem vive para falar sobre, não é mesmo?! Então, se liga
nas seguintes sugestões de pessoas que você pode acompanhar nas redes sociais ou pesquisar na
internet:
● Sônia Guajajara ● Ailton Krenak
● Daiara Tukano ● Raoni Metuktire
● Renata Machado Tupinambá ● Davi Kopenawa Yanomami
Quem são os Yanomami?
Dentro dessa diversidade de povos comentada anteriormente, existe o povo Yanomami, que vive
majoritariamente na parte norte do país e em territórios vizinhos próximos, como a Venezuela. Os
Yanomami vivem relativamente isolados, e se estima que sua população seja de 39 mil pessoas, a
nível geral. Atualmente, acredita-se que o número de pessoas que vive na Terra Indígena (TI)
Yanomami destinada a esse povo alcance chegue a 30,4 mil, espalhadas por 386 comunidades. No
gráfico a seguir, é possível visualizar a localização dessa TI, que foi demarcada em 1992 e é
considerada uma das maiores demarcações indígenas no Brasil, ocupando cerca de 98,3km²; além
disso, ela é responsável por uma das principais áreas de preservação da biodiversidade da
Amazônia.

Fonte: https://g1.globo.com/rr/roraima/noticia/2023/01/24/raio-x-conheca-a-terra-yanomami-maior-reserva-indigena-do-brasil-em-
emergencia-por-casos-de-desnutricao-e-malaria.ghtml. Acessado em 12/02/2023.

Caso tenha surgido dúvida do que são as terras indígenas, vamos relembrar um pouquinho o
conceito. A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) define a terra indígena como um
espaço necessário para a sobrevivência e manutenção da vida desses grupos. A demarcação
dessas terras é definida pela Constituição de 1988 e envolve pelo menos cinco passos:

● Estudo: é feito para analisar se realmente aquele grupo indígena possui uma íntima relação de
sobrevivência com a terra;
● Delimitação: após o estudo, é necessário encaminhar o texto para a análise do Ministério da
Justiça, a fim de que esse emita a documentação de posse;
● Declaração: com a documentação, é possível iniciar o georreferenciamento, que fará a
delimitação precisa das terras, estabelecendo por satélite a área ocupada;
● Homologação: com a precisão das informações, o pedido deve ser homologado por decreto
presidencial;
● Regularização: após a homologação, as terras são registradas em nome da União.

Segundo o Estatuto dos Povos Indígenas e a Funai, em 2021, as terras indígenas correspondem a
13,8% do território brasileiro, e a maior parte delas fica na região Norte.

Fonte: https://www.nexojornal.com.br.

A demarcação do território Yanomami foi reconhecida pelo Governo Federal em 1992, durante o
mandato de Fernando Collor, e se consagrou como uma vitória para o movimento indígena, que
vinha pleiteando tal ação há alguns anos. Tal decisão foi amparada pelo Artigo 231 da Constituição
Federal de 1988, que dispõe sobre a proteção e os direitos dos indígenas:

Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e
tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à
União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.
§ 1º São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por eles habitadas em caráter
permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à preservação dos
recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias a sua reprodução física e
cultural, segundo seus usos, costumes e tradições.
§ 2º As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se a sua posse permanente,
cabendo-lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes.
§ 3º O aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos os potenciais energéticos, a pesquisa e a
lavra das riquezas minerais em terras indígenas só podem ser efetivados com autorização do
Congresso Nacional, ouvidas as comunidades afetadas, ficando-lhes assegurada participação nos
resultados da lavra, na forma da lei.
Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.

Retomando a questão Yanomami, esse povo é formado por uma sociedade de caçadores e
agricultores, que compreendem que a natureza não é apenas uma fonte de sobrevivência para o ser
humano, mas um organismo vivo que é parte essencial das suas crenças religiosas, sociais e
culturais. Como povos isolados, segundo antropólogos e historiadores, seu contato com o homem
branco se deu apenas no final do século XIX, ainda de forma esporádica – especialmente a partir
de 1910, no caso brasileiro. Teria sido a partir de 1940, com a instalação de postos do extinto
Serviço de Proteção ao Índio (SPI) – substituído mais tarde pela Funai – e a chegada de missões
religiosas, que esse contato começou a ganhar um caráter permanente.

Genocídio, garimpo ilegal e a “corrida do ouro”


Essa aproximação mais intensa, assim como a criação de projetos de desenvolvimento para a
localidade, foi uma das causas do aumento da mortalidade entre os Yanomami. Nas décadas de
1970 e 1980, a ocupação da região aumentou significativamente, após a disponibilização do
levantamento do Radar da Amazônia (Radam). Esse projeto buscou fazer um mapeamento dos
recursos naturais da Amazônia na década de 1970. Ele deu tão certo do ponto de vista técnico que
foi expandido para todo o Brasil, sendo chamado de Radambrasil. É interessante conectar essa
informação à ação da ditadura militar, que olhava para a Amazônia apenas como um recurso natural
que deveria ser apropriado e utilizado para o desenvolvimento econômico da nação. Nesse
contexto, os governos militares iniciaram todo um processo de integração nacional com a
exploração e ocupação de áreas na Amazônia a partir da construção de estradas e hidrelétricas e a
implantação de indústrias, sem se preocupar com as demandas e questões sociais da região.

O relatório do Radam publicado em 1975 destacou que a atual TI Yanomami tinha um potencial
gigantesco para a extração do ouro e da cassiterita, o que deu início a um processo de migração
dos garimpeiros para a região. Nos anos 1980, vieram ainda mais, no que se tornou, a partir de 1987,
uma intensa “corrida do ouro”. Com o aumento da presença dos garimpeiros, a situação tornava-se
rapidamente cada vez mais conflituosa devido aos desrespeitos constantes aos povos originais.
Vale ressaltar que a própria construção da Rodovia Perimetral Norte por parte do Estado, dentro do
território Yanomami, contribuiu para esse processo de invasão cada vez maior do local. Um dos
maiores símbolos da invasão ao território e da tentativa de extermínio dos Yanomami foi o
Massacre de Haximu, em 1993, que ocorreu na Amazônia venezuelana. Um grupo de garimpeiros
brasileiros, composto por cerca de 22 homens, invadiu o território e matou cerca de 16 indígenas –
entre eles, mulheres, idosos e bebês.

Existem alguns apontamentos por parte dos Yanomami de que o número de mortos, na realidade,
seria bem maior, entretanto não é possível comprovar por conta de práticas culturais próprias desse
povo com relação ao sepultamento. Embora a tentativa de extermínio a essa aldeia tenha ganhado
visibilidade, os garimpeiros continuaram invadindo as terras demarcadas e levando uma série de
problemas a esses locais. Um ponto interessante é que, para muitos pesquisadores, o próprio
Estado é responsável por esse processo de exploração das terras Yanomami, em decorrência da
criação de leis que regulamentam a exploração dos recursos minerais em terras indígenas.

Mais de 20 anos depois, nada mudou. O relatório “Yanomami sob ataque: garimpo ilegal na Terra
Indígena Yanomami e propostas para combatê-lo.” aponta que, entre 2016 e 2020, a atividade ilegal,
também chamada de “narcogarimpo”, aumentou cerca de 3.350%, o que mostra que a região,
mesmo após a demarcação da TI, ainda sofre com o garimpo ilegal, agora vinculado à atividade do
narcotráfico. Em outras palavras, além da extração ilegal de ouro, há o tráfico de armas e drogas.
No mapa a seguir, é possível observar as principais áreas degradadas pelo garimpo, a localização
das comunidades e a TI Yanomami.

Fonte: Relatório “Yanomami sob ataque: garimpo ilegal na terra indígena yanomami e propostas para combatê-lo.”.
Entre os principais problemas causados pelo garimpo ilegal nas Terras Indígenas Yanomami, estão:
● Aumento do desmatamento;
● Destruição da biodiversidade;
● Contaminação dos rios com mercúrio;
● Exploração e abuso sexual;
● Entrada de bebidas e outras drogas;
● Aumento da violência no geral;
● Fragilização da saúde da comunidade;
● Exploração da mão de obra indígena;
● Desestruturação social e econômica (que
leva a questões como a desnutrição
infantil, por exemplo).
Notícias recentes

Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/05/invasao-em-terra-indigena-chega-a-20-mil-garimpeiros-diz-lider-
ianomami.shtml.

Fonte: https://www.unicef.org/brazil/comunicados-de-imprensa/unicef-alerta-sobre-desnutricao-cronica-de-criancas-ianomamis.

Contextualizando a partir de algumas reportagens mais antigas, em 2019, estimava-se que até 20
mil garimpeiros ilegais estavam localizados na Terra Indígena. Segundo lideranças indígenas locais,
os garimpeiros se espalharam por quatro rios da região e até construíram uma vila com casas de
madeira, balsas e pistas de pouso na região de Auaris. O problema só foi aumentando durante os
anos seguintes, com cada vez mais garimpeiros invadindo a região. As lideranças passaram a
cobrar o governo Bolsonaro e o Exército para que atuassem na questão. No mesmo ano, a Fundação
Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) fizeram um alerta
sobre desnutrição crônica na região: a pesquisa informou que 81,2% das crianças até os cinco anos
tinham baixa estatura para a idade (desnutrição crônica), 48,5% tinham baixo peso para a idade
(desnutrição aguda) e 67,8% estavam anêmicas. Mesmo assim, nada foi feito. Esses e muitos
outros dados têm servido de base para acusações de genocídio por omissão sobre governo
Bolsonaro, segundo a Lei n.º 2889 de 1956:
Art. 1. Quem, com a intenção de destruir, no todo ou em parte, grupo nacional, étnico, racial ou
religioso, como tal:
a) matar membros do grupo;
b) causar lesão grave à integridade física ou mental de membros do grupo;
c) submeter intencionalmente o grupo a condições de existência capazes de ocasionar-lhe a
destruição física total ou parcial;
d) adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo;
e) efetuar a transferência forçada de crianças do grupo para outro grupo;
Fonte:
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l2889.htm#:~:text=L2889&text=LEI%20Nº%202.889%2C%20DE%201º%20DE%20OUTUBRO%20
DE%201956.&text=Define%20e%20pune%20o%20crime%20de%20genocídio.&text=Pena%3A%20Metade%20da%20cominada
%20aos%20crimes%20ali%20previstos.

Com o atual governo Lula, a Terra Indígena Yanomami vê novas esperanças para a sua existência,
pois recentemente o Ministério da Saúde decretou emergência de saúde nas terras Yanomami, e
diversas frentes já atuam para solucionar os problemas de desnutrição ao mesmo tempo que novas
operações do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), Funai e Forças Armadas foram
deflagradas para combater a logística do garimpo na região.

Fonte: https://g1.globo.com/rr/roraima/noticia/2023/02/10/pf-da-inicio-a-operacao-libertacao-para-combater-garimpo-ilegal-em-
terras-yanomami.ghtml.
Como contextualizar essas informações na redação?
A discussão acerca dos Yanomami e a crise humanitária em questão é de extrema importância. No
entanto, nota-se que não se trata de um assunto recente: em 1979, o poeta Carlos Drummond de
Andrade, em uma coluna para a Folha de São Paulo, já sinalizava aos leitores sobre a marginalização
que assolava esse povo. Veja o seguinte trecho:

Fonte: https://twitter.com/rubensvalente/status/1619692548867633154/photo/1.

Perceba que, no texto, Drummond menciona a necessidade de se proteger os Yanomami.


Tal temática poderia ser abordada na redação do Enem 2022, cujo tema foi “Desafios para a
valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil”. Antes de ter acesso aos textos
motivadores desse tema, veja e reflita sobre os dois textos a seguir, que colocam a temática da
exploração em evidência (sob perspectivas distintas).
TEXTO I

Erro de português
Quando o português chegou
Debaixo de uma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português.
Andrade, Oswald. In: Faraco & Moura. Língua e literatura. V. 3, São Paulo: Ática, 1995. p. 146-147.

TEXTO II
A ideia de que os brancos europeus podiam sair colonizando o resto do mundo estava sustentada
na premissa de que havia uma humanidade esclarecida que precisava ir ao encontro da humanidade
obscurecida, trazendo-a para essa luz incrível. Esse chamado para o seio da civilização sempre foi
justificado pela noção de que existe um jeito de estar aqui na Terra, uma certa verdade, ou uma
concepção de verdade, que guiou muitas das escolhas feitas em diferentes períodos da história.
Agora, no começo do século XXI, algumas colaborações entre pensadores com visões distintas
originadas em diferentes culturas possibilitam uma crítica dessa ideia. Somos mesmo uma
humanidade?
Ailton Krenak. “Ideias para adiar o fim do mundo”.

Textos motivadores da redação do Enem 2022:

TEXTO I

Você sabe quais são as comunidades e os povos tradicionais brasileiros? Talvez indígenas e
quilombolas sejam os primeiros que passam pela cabeça, mas, na verdade, além deles, existem 26
reconhecidos oficialmente e muitos outros que ainda não foram incluídos na legislação.
São pescadores artesanais, quebradeiras de coco babaçu, apanhadores de flores sempre-vivas,
caatingueiros, extrativistas, para citar alguns, todos considerados culturalmente diferenciados,
capazes de se reconhecerem entre si.
Para uma pesquisadora da UnB, essas populações consideram a terra como uma mãe, e há uma
relação de reciprocidade com a natureza. Nessa troca, a natureza fornece “alimento, um lugar
saudável para habitar, para ter água. E elas se responsabilizam por cuidar dela, por tirar dela apenas
o suficiente para viver bem e respeitam o tempo de regeneração da própria natureza”, diz.
Disponível em: https://g1.globo.com. Acesso em: 17 jun. 2022 (adaptado).
TEXTO II

Disponível em: https://g1.globo.com. Acesso em: 17 jun. 2022 (adaptado).

TEXTO III

Povos e comunidades tradicionais


O Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) preside, desde 2007, a Comissão Nacional de
Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais (CNPCT), criada em 2006.
Fruto dos trabalhos da CNPCT, foi instituída, por meio do Decreto nº 6.040, de 7 de fevereiro de
2017, a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais
(PNPCT). A PNPCT foi criada em um contexto de busca de reconhecimento e preservação de outras
formas de organização social por parte do Estado.
Disponível em: http://mds.gov.br. Acesso em: 17 jun. 2022 (adaptado).

TEXTO IV

Carta da Amazônia 2021


Aos participantes da 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26)

Não podia ser mais estratégico para nós, Povos Indígenas, Populações e Comunidades Tradicionais
brasileiras, reafirmarmos a defesa da sociobiodiversidade amazônica neste momento em que o
mundo volta a debater a crise climática na COP26. Uma crise que atinge, em todos os contextos, os
viventes da Terra!
Nossos territórios protegidos e direitos respeitados são as reivindicações dos movimentos sociais
e ambientais brasileiros.
Não compactuamos com qualquer tentativa e estratégia baseada somente na lógica do mercado,
com empresas que apoiam legislações ambientais que ameaçam nossos direitos e com
mecanismos de financiamento que não condizem com a realidade dos nossos territórios.
Propomos o que temos de melhor: a experiência das nossas sociedades e culturas históricas,
construídas com base em nossos saberes tradicionais e ancestrais, além de nosso profundo
conhecimento da natureza.
Inovação, para nós, não pode resultar em processos que venham a ameaçar nossos territórios,
nossas formas tradicionais e harmônicas de viver e produzir.
Amazônia, Brasil, 20 de outubro de 2021.
Entidades signatárias: CNS; Coiab; Conaq; MIQCB; Coica; ANA Amazônia e Confrem
Disponível em: https://s3.amazonaws.com. Acesso em: 17 jun. 2022 (adaptado).

A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de
sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua
portuguesa sobre o tema “Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no
Brasil”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione,
organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para a defesa de seu ponto de
vista.
Encontro Brasil X EUA e o Fundo Amazônia

Fundo Amazônia
O Fundo Amazônia é uma espécie de conta corrente ou poupança criada pelo governo brasileiro em
2008 com o objetivo de que países ou empresas depositassem ali seu dinheiro, e o Brasil usasse a
verba para conservar a Floresta Amazônica e criar projetos de desenvolvimento sustentável na
região, a fim de reduzir a emissão de gases do efeito estufa.

Importante lembrar que a Amazônia é um bioma que tem cerca de 5.500.000km² e não está
localizada apenas no Brasil, estendendo-se por outros nove países. Dada a complexidade desse
bioma e sua extensão, uma vez que a floresta não respeita os limites territoriais criados pelo
homem, o Brasil, em 1953, decidiu criar a delimitação político-administrativa denominada Amazônia
Legal, área que abrange nove estados brasileiros e corresponde a cerca de 60% do território
nacional. Essa definição é importante, pois as ações do Fundo Amazônia no território brasileiro se
concentram nessa área – que abrange, inclusive, outros biomas, como o Cerrado. Por fim, cabe
destacar que o Fundo Amazônia também pode atuar com investimentos em projetos e em outros
países devido a essa extensão da floresta.

Extensão da Amazônia

Disponível em: http://amazoniaprotege.mpf.mp.br/o-projeto/por-que. Acessado em: 25/09/2021.

As doações para o Fundo fomentam investimentos em diversos tipos de ações, como prevenção,
monitoramento e combate ao desmatamento, além da promoção da conservação e do uso
sustentável da Amazônia Legal, como dito anteriormente. Todo o dinheiro doado é administrado
pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e gerido por um comitê, isto
é, um grupo de pessoas (representantes do governo, da sociedade civil e do setor empresarial) que
aprova ou não os projetos que devem receber esse montante bilionário. Esse grupo é denominado
Comitê Orientador do Fundo Amazônia (COFA). Até seu encerramento, em julho de 2020, o COFA
aprovou mais de 103 projetos em diversas áreas, como: conservação e manejo florestal, ações de
combate ao desmatamento e às mudanças climáticas, gestão territorial e ambiental da Amazônia
Legal, regularização fundiária (atividades agrícolas e pecuárias na região), projetos de
fortalecimento de povos e comunidades tradicionais, além do desenvolvimento de cadeias
produtivas sustentáveis. No gráfico a seguir, é possível visualizar quais foram essas ações por valor
de investimento.

Adaptado de: https://www.nexojornal.com.br/grafico/2019/09/17/Qual-a-origem-e-o-destino-dos-recursos-do-Fundo-


Amaz%C3%B4nia. Acessado em 18/02/2023.

Muita coisa positiva já foi aprovada por esse fundo, que recebeu até 2020 aproximadamente R$ 4
bilhões. Mas de onde vem esse dinheiro? Foi doado pelo Brasil? Ele poderia ser aplicado em educação
ou algum outro projeto? Respondendo às perguntas: a maior parte desse dinheiro veio da Noruega
e da Alemanha, uma ínfima parcela foi doada pela Petrobras (como demonstra o gráfico a seguir).
E, não, não pode ser aplicado em outros projetos.

Adaptado de: https://www.nexojornal.com.br/grafico/2019/09/17/Qual-a-origem-e-o-destino-dos-recursos-do-Fundo-


Amaz%C3%B4nia. Acessado em 18/02/2023.
Inspirações do Fundo Amazônia
O Fundo Amazônia não é uma iniciativa exatamente nova e teve sua construção fundamentada em
projetos antigos, como o Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais do Brasil (PPG7),
lançado em 1992 com financiamento do Banco Alemão de Desenvolvimento (KfW) e do Banco
Mundial. Além disso, foi inspirado no Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF) e no Fundo para o
Meio Ambiente Mundial (FMAM), criados e geridos, de certa forma, pela ONU.

É comum ouvirmos dizer que a Organização das Nações Unidas (ONU) não “serve para nada” ou
coisa do tipo. Ela tem, de fato, suas dificuldades em resolver problemas, especificamente quando
envolve os membros permanentes de seu Conselho de Segurança. Por outro lado, a ONU é
fundamental em ações de preservação ambiental no mundo. Aqui vai uma informação muito
interessante que diversas vezes passa direto por nós: ela é responsável GEF, que é administrado
pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), enquanto o FMAM transfere
dinheiro do Banco Mundial (órgão também vinculado à ONU) para ações de sustentabilidade e
preservação a nível global.

Fundo, crédito de carbono e sustentabilidade


Esses fundos e programas serviram de inspiração para o Fundo Amazônia, que buscava apoiar
iniciativas de conservação e desenvolvimento sustentável na Amazônia Legal. Alguns afirmam que
o Fundo Amazônia é o maior projeto de crédito de carbono no mundo. Lembrando que crédito de
carbono é um mecanismo financeiro para tentar diminuir a emissão de poluentes, segundo o qual,
os créditos são cotas de emissão de gases do efeito estufa. Alguns dizem que ele é uma espécie
de “permissão para poluir”, para emitir gases de efeito estufa. Entretanto, deve-se ter muito cuidado
com esse discurso, pois, para emitir um crédito de carbono, é necessário adotar medidas que
reduzam a poluição. Assim, aquela quantidade de poluentes que deixaram de ser emitidos vira um
crédito. Exemplo: cada unidade de crédito corresponde a uma tonelada de gás carbônico (CO2) que
deixou de ser emitida.

Esse crédito vira uma “moeda verde” que outros países podem comprar como forma de
compensação pela poluição que eles geraram. Imagine, hipoteticamente, uma empresa que explora
petróleo. Não há como ela não emitir gases do efeito estufa. Com isso, ela compra 50 mil créditos
de carbono. Por um lado, pode-se dizer que a empresa “comprou o direito de poluir”. Todavia, ao
comprar 50 mil créditos, ela repassou milhões de dólares para quem vendeu. Assim, ao emitir
créditos de carbono, o Fundo Amazônia também consegue captar dinheiro, que volta a ser investido
em medidas de desmatamento e redução de emissão dos gases, podendo gerar mais créditos. É
um ciclo de créditos de carbono e sustentabilidade. Lembre-se de que a sustentabilidade não vem
de graça, e o crédito é uma forma de financiar isso.
Paralisação, notícias recentes do Fundo e o encontro Brasil x EUA
O Fundo Amazônia virou foco de crise em 2019, quando Ricardo Salles, então ministro do Meio
Ambiente do governo de Jair Bolsonaro, afirmou que havia encontrado irregularidades em contratos
de ONGs e que mudaria os critérios de escolha dos projetos beneficiados. O Fundo é auditado pelo
BNDES a partir de auditoria contábil, externa ao banco, acompanhada de perto pela Noruega e a
Alemanha, além de ser uma auditoria de cumprimento, que verifica a aplicação dos recursos
recebidos. Essas irregularidades apontadas por Salles acabaram gerando a paralisação dos
repasses; pois, segundo o ex-ministro, haveria indícios de problemas nos investimentos. Noruega e
Alemanha – que acompanham esses investimentos de perto, uma vez que são os principais
investidores e, portanto, os mais interessados em saber se o dinheiro está sendo aplicado
corretamente – disseram estar satisfeitas com as auditorias. Afirmaram também que qualquer
mudança nessas auditorias poderia significar alguma tentativa de desviar ou mascarar os repasses
que feitos pelos dois países. Por fim, informaram que, caso as mudanças prosseguissem, tanto a
Alemanha como a Noruega paralisariam suas doações. E não aconteceu diferente, uma vez que as
propostas de Salles para o Fundo Amazônia concentraram-se na regularização fundiária de terras
florestais invadidas por grileiros, garimpeiros ilegais, traficantes, madeireiras e outras atividades
que intensificam o desmatamento na região. Assim, para Noruega e Alemanha, passou a não fazer
mais sentido doar dinheiro para a regularização de terras com esses tipos de atividades, que
destroem a floresta e, consequentemente, paralisaram a utilização da verba doadas.

No ano passado, após a confirmação da eleição de Luís Inácio “Lula” da Silva, e este ano, com o fim
do governo Bolsonaro, representantes da Noruega e da Alemanha anunciaram que pretendem
desbloquear as verbas do Fundo Amazônia e repassar novos aportes, com a restituição do Comitê
e das auditorias, processo que o governo brasileiro instituiu logo no primeiro dia de 2023. Lula
confirmou a reabertura da iniciativa com os noruegueses na COP-27, conferência do clima da ONU
que aconteceu no Egito. Além disso, o encontro de Lula com Joe Biden, presidente dos Estados
Unidos da América (EUA), serviu para que o presidente brasileiro convidasse os estadunidenses a
fazer parte do Fundo. O governo americano sinalizou o interesse com um repasse de US$ 50
milhões (R$ 270 milhões). O valor do aporte foi noticiado pela Folha de São Paulo e não animou
muito, porém há uma expectativa de que os repasses possam aumentar.

Mais um ponto discutido no encontro entre Lula e Biden foi a postura isenta do Brasil em relação à
guerra da Rússia e Ucrânia. Comentou-se, inclusive, o pedido de envio de munições do Brasil para a
Ucrânia, que foi negado pelo governo brasileiro. No século XXI, o país se aproximou
significativamente da Ásia, em especial de China e Rússia, no contexto dos BRICS. Assim, adota
uma postura mais isenta, pois seria complicado aplicar sanções à Rússia, uma vez que o Brasil é
um grande importador de fertilizantes para o agronegócio russo e de e sua aliada, Bielorrússia.

Outro assunto discutido foram as similaridades entre a invasão do Capitólio, nos Estados Unidos,
em 6 de janeiro de 2021, e a invasão ao Congresso brasileiro, em 08 de janeiro de 2023, por
terroristas bolsonaristas. Os dois países vivenciaram o mesmo tipo de crise, envolvendo ameaças
internas aos regimes democráticos, bem como enfrentam o crescimento da extrema-direita e do
negacionismo.
Como contextualizar essas informações na redação?

A temática da preservação ambiental, principalmente dos nossos biomas naturais, é pauta


recorrente de diversas provas – desde os vestibulares até outros concursos públicos. Isso ocorre
pelo fato de que essas provas buscam avaliar os estudantes não só em relação à escrita de um
texto e a organização das ideias, mas também avaliar o senso crítico dos candidatos em relação a
problemas presentes do nosso dia a dia e, ainda, abordar temáticas da atualidade. Dito isso, as
relações entre Brasil e Estados Unidos, atreladas ao Fundo Amazônia, poderiam ser utilizadas em
uma produção textual? É claro que sim! Veja o seguinte exemplo.

Unioeste (2020)

Redija um ARTIGO DE OPINIÃO para ser publicado no site https://exame.abril.com.br, manifestando


o seu posicionamento sobre o tema:

DESMATAMENTO NA AMAZÔNIA

Desmatamento na Amazônia do Brasil subiu 91% nos primeiros 7 meses de 2019. Foram 6.404,4
km² desmatados, frente aos 3.336,7 km² no mesmo período de 2018, segundo dados oficiais
provisórios divulgados em meio à polêmica internacional envolvendo a preservação da maior
floresta tropical do planeta. Apenas em agosto, 1700,8 km² foram desmatados, de acordo com o
sistema Deter de alertas de satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Especialistas avaliam que, este ano, o desmatamento poderia chegar, pela primeira vez desde 2008,
a 10.000km². Segundo ambientalistas, a escalada se explica pela pressão de madeireiros e
criadores de gado estimulados pela abertura de reservas indígenas e áreas protegidas para estas
atividades e a mineração.
Adaptado de: https://exame.abril.com.br/brasil/desmatamento-na-amazonia-brasileira-aumento-91-entre-janeiro-e-agosto/ Acesso
em 08.09.19.

Para escrever este artigo de opinião, a estrutura do texto é similar àquela que você já conhece: a
dissertação-argumentativa. Na introdução, é importante trazer a questão do desmatamento na
Amazônia e apresentar a sua tese em relação ao tema (Aqui está liberado usar a primeira pessoa do
singular, ok? O “acredito que”, “acho que” são bem-vindos nesses textos, desde que essa opinião seja
fundamentada por fatos, exemplos, etc.). Já no desenvolvimento é o momento em que a
argumentação deve ser utilizada para justificar o seu posicionamento inicial. Nessa parte, pode-se
utilizar os dados deste material e falar do período em que a Amazônia foi negligenciada de modo
que os países participantes do Fundo Amazônia deixaram de contribuir com esse bioma. Por fim,
vamos à conclusão, também diferente do modelo Enem, pois aqui não é necessário apresentar uma
proposta de intervenção, mas, sim, a apresentação de uma síntese, ou seja, reforçar o seu
posicionamento divulgado no texto e resumir os argumentos mencionados.
Referências

• https://www.nexojornal.com.br/extra/2023/02/10/Nova-opera%C3%A7%C3%A3o-na-terra-Yanomami-
mira-log%C3%ADstica-do-garimpo

• https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/05/invasao-em-terra-indigena-chega-a-20-mil-garimpeiros-
diz-lider-ianomami.shtml

• https://www.unicef.org/brazil/comunicados-de-imprensa/unicef-alerta-sobre-desnutricao-cronica-de-
criancas-ianomamis

• https://pib.socioambiental.org/pt/Povo:Yanomami

• https://conexaoplaneta.com.br/blog/fora-garimpo-povos-yanomami-e-yekwana-se-unem-e-redigem-
carta-para-denunciar-risco-de-massacre-e-exigir-protecao-do-governo/

• https://survivalbrasil.org/povos/yanomami

• https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/populacao/9662-censo-demografico-
2010.html?edicao=9677&t=destaques

• https://terrasindigenas.org.br/pt-br/terras-
indigenas/4016?_ga=2.124451402.1579289616.1652621231-1545604644.1652621231

• https://g1.globo.com/rr/roraima/noticia/2022/05/08/associacao-afirma-que-servidores-do-icmbio-e-
ibama-nao-fiscalizam-terra-yanomami-ha-5-meses.ghtml

• https://www.ufmg.br/espacodoconhecimento/pelos-mundos-indigenas-yanomami/

• http://mapadeconflitos.ensp.fiocruz.br/conflito/rr-invasao-de-posseiros-e-garimpeiros-em-terra-
yanomami/

• http://hutukara.org/index.php/noticias/especial-20-anos/353-terra-indigena-yanomami-comemora-20-
anos-de-homologacao

• https://acervo.socioambiental.org/acervo/documentos/yanomami-sob-ataque-garimpo-ilegal-na-terra-
indigena-yanomami-e-propostas-para

• https://www.survivalbrasil.org/ultimas-noticias/9466

• https://www.nexojornal.com.br/expresso/2022/11/26/O-que-o-Fundo-Amaz%C3%B4nia-fez.-E-o-que-
pode-fazer-agora

• https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2023/02/eua-vao-anunciar-entrada-no-fundo-amazonia-em-
comunicado-de-encontro-de-biden-e-lula.shtml

• https://www.nexojornal.com.br/expresso/2022/11/26/O-que-o-Fundo-Amaz%C3%B4nia-fez.-E-o-que-
pode-fazer-agora

• https://g1.globo.com/politica/blog/julia-duailibi/post/2023/02/10/aporte-de-us-50-milhoes-dos-eua-ao-
fundo-amazonia-decepciona-mas-itamaraty-acredita-que-valor-ira-aumentar.ghtml
• https://g1.globo.com/mundo/noticia/2023/01/08/lideres-politicos-internacionais-invasao-de-
terroristas-bolsonaristas-em-brasilia.ghtml

• https://g1.globo.com/politica/noticia/2023/01/11/invasao-do-stf-congresso-e-planalto-terroristas-
miraram-locais-que-foram-alvo-de-ataques-de-bolsonaro-durante-o-mandato.ghtml

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