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Tecendo a manhã
Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito que um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma tela tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
João Cabral de Melo Neto
TEXTO 2
Constituições Brasileiras
Na História do Brasil, desde sua Independência, em 1822, o país passa a ser representado por um
dos documentos mais importantes de uma nação, denominado de “Constituição”.
Esse documento composto de títulos (parágrafos e artigos), que apresenta as relações políticas e
jurídicas de um país, expõe os direitos e deveres dos cidadãos e do Estado.
O Dia da Constituição Brasileira é comemorado em 25 de março, em homenagem à data em que D.
Pedro I assinou a primeira Constituição do país, em 1824.
1. Constituição de 1824
Após a Proclamação da Independência por Dom Pedro I (1798-1834), em 1822, o país passa por um
importante processo de consolidação da independência, que no entanto foi melhor desenvolvida
com o surgimento da Constituição de 1824, outorgada por Dom Pedro I em 25 de março de 1824,
entrando em vigor no mesmo ano.
Esse documento elaborado por um Conselho de Estado representa a primeira e única Constituição
do período denominado “Brasil Império”, visto que as próximas Constituições foram outorgadas
após a Proclamação da República, ou seja, depois de 1889.
Composta de 179 artigos, a primeira Constituição do Brasil, a mais longa do país (duração de 65
anos) possuía como principal característica o poder pessoal do Imperador, considerada o chefe
supremo, denominada de "Poder Moderador", o qual estava acima dos outros três poderes:
Executivo, Legislativo e Judiciário.
Já no Capítulo I do documento, nos artigos 98 e 99, observamos esse poder concedido ao
Imperador:
“Art. 98. O Poder Moderador é a chave de toda a organização Política, e é delegado
privativamente ao Imperador, como Chefe Supremo da Nação, e seu Primeiro
Representante, para que incessantemente vele sobre a manutenção da Independência,
equilíbrio, e harmonia dos mais Poderes Políticos. Art. 99. A Pessoa do Imperador é
inviolável, e Sagrada: Elle não está sujeito a responsabilidade alguma.”
Além dessa característica marcante, a primeira Constituição do país, concedeu o direito ao voto aos
homens livres e proprietários, sendo que os os eleitos somente poderiam ser ricos, mediante
comprovação de renda. A pena de morte foi incluída no documento.
Veja também: Constituição de 1824
2. Constituição de 1891
A segunda Constituição do Brasil e a primeira do período do Brasil República, foi outorgada em 24
de fevereiro de 1891, no governo de Deodoro da Fonseca (1827-1892), dois anos após a
Proclamação da República no país.
Influenciada pelo Positivismo, esse documento foi essencial para consolidar a nova forma de
governo republicano (federalismo), em detrimento do anterior: monárquico.
Em outras palavras, o modelo parlamentarista e centralizador da primeira Constituição (baseada na
Constituição franco-britânico), foi substituído pelo modelo presidencialista e descentralizador,
fundamentada na Constituição norte-americana, da Argentina e da Suíça.
Por isso, foi retirado da Constituição o "Poder Moderador", característico do sistema monárquico,
de forma que estabeleceu as atribuições de cada um dos poderes: executivo, legislativo e judiciário.
Além disso, retirou-se a pena de morte, aprovada pela Constituição anterior.
No tocante ao direito de votar, a Constituição de 1891 ampliou o campo de atuação dos brasileiros,
ainda que excluísse os analfabetos e as mulheres. Assim, mediante o documento, podiam votar
(voto aberto) os homens alfabetizados e maiores de 21 anos de idade.
Assim, o Presidente da República, considerado chefe do Poder Executivo, era eleito num período de
quatro anos, sem possibilidade de reeleição.
Outra importante característica desse documento foi a separação entre a Igreja e o Estado (Estado
laico), onde a religião católica deixa de ser a religião oficial do país.
Veja também: Voto Feminino no Brasil
3. Constituição de 1934
A terceira Constituição do Brasil e a segunda do período republicano foi a constituição que vigorou
durante menos tempo no país, ou seja, até 1937, quando começa o período denominado Estado
Novo.
Foi outorgada em 16 de julho de 1934 no governo do presidente Getúlio Vargas (1882-1954),
inspirada sobretudo na Constituição alemã da República de Weimar.
Surgiu logo após a Revolução Constitucionalista de 1932, em São Paulo, que por sua vez nasceu da
insatisfação de muitos fazendeiros paulistas contra o governo de Getúlio Vargas, após a Revolução
de 30, golpe de Estado que depôs o presidente Washington Luís e levou Vargas ao poder.
Uma das mais marcantes particularidades da Carta de 1934, de cunho autoritário e liberal, foi a
concessão do direito ao voto às mulheres, sendo de caráter obrigatório e secreto a partir dos 18 anos
(exceto mendigos e analfabetos), deixando assim, uma das caraterísticas da Constituição anterior,
baseada no voto aberto concedido somente aos homens.
Focou em questões sociais e questões trabalhistas, estabelecendo assim, o salário mínimo, a jornada
de oito horas de trabalho, repouso semanal e férias remuneradas. Proibiu o trabalho infantil e a
diferença de salário entre homens e mulheres. A partir disso, além de criar a Justiça eleitoral, criou a
Justiça Trabalhista.
4. Constituição de 1937
A quarta Constituição do Brasil e a terceira do período republicano também foi assinada pelo
presidente Getúlio Vargas. A Constituição de 1937 foi a primeira Constituição autoritária do país, de
forma que focou nos interesses de determinados grupos políticos.
Foi outorgada em 10 de Novembro de 1937, representando o documentou que funda a ditadura do
Estado Novo no país (Carta Constitucional do Estado Novo).
Após dissolver o Congresso, Vargas apresentou a “Carta de 1937”, documento de cunho
centralizador, demostrando um certo fascismo e autoritarismo da figura do Presidente da República.
Segundo a Constituição de 1937, o Presidente seria eleito por meio da eleição indireta, com
mandato de seis anos. Sofreram supressão os partidos políticos e os Poderes Legislativo e Judiciário
foram unidos, cujo maior poder estava concentrado nas mãos do chefe do poder executivo, ou seja,
o Presidente.
Dessa maneira, foi estabelecido a prisão e o exílio de opositores do governo, sendo restringida a
liberdade de imprensa, dando início ao período marcado pela censura.
Inspirada na Constituição da Polônia, a Constituição de 1937 ficou conhecida como “Constituição
Polaca”. Uma das características que retornou para o documento foi a pena de morte, instituída pela
primeira Constituição e abandonada pela segunda. Além disso, foi vetado o direito de realizar
greves trabalhistas.
1. Constituição de 1824
Após a Proclamação da Independência por Dom Pedro I (1798-1834), em 1822, o país passa por um
importante processo de consolidação da independência, que no entanto foi melhor desenvolvida
com o surgimento da Constituição de 1824, outorgada por Dom Pedro I em 25 de março de 1824,
entrando em vigor no mesmo ano.
Esse documento elaborado por um Conselho de Estado representa a primeira e única Constituição
do período denominado “Brasil Império”, visto que as próximas Constituições foram outorgadas
após a Proclamação da República, ou seja, depois de 1889.
Composta de 179 artigos, a primeira Constituição do Brasil, a mais longa do país (duração de 65
anos) possuía como principal característica o poder pessoal do Imperador, considerada o chefe
supremo, denominada de "Poder Moderador", o qual estava acima dos outros três poderes:
Executivo, Legislativo e Judiciário.
Já no Capítulo I do documento, nos artigos 98 e 99, observamos esse poder concedido ao
Imperador:
“Art. 98. O Poder Moderador é a chave de toda a organização Política, e é delegado
privativamente ao Imperador, como Chefe Supremo da Nação, e seu Primeiro
Representante, para que incessantemente vele sobre a manutenção da Independência,
equilíbrio, e harmonia dos mais Poderes Políticos. Art. 99. A Pessoa do Imperador é
inviolável, e Sagrada: Elle não está sujeito a responsabilidade alguma.”
Além dessa característica marcante, a primeira Constituição do país, concedeu o direito ao voto aos
homens livres e proprietários, sendo que os os eleitos somente poderiam ser ricos, mediante
comprovação de renda. A pena de morte foi incluída no documento.
Veja também: Constituição de 1824
2. Constituição de 1891
A segunda Constituição do Brasil e a primeira do período do Brasil República, foi outorgada em 24
de fevereiro de 1891, no governo de Deodoro da Fonseca (1827-1892), dois anos após a
Proclamação da República no país.
Influenciada pelo Positivismo, esse documento foi essencial para consolidar a nova forma de
governo republicano (federalismo), em detrimento do anterior: monárquico.
Em outras palavras, o modelo parlamentarista e centralizador da primeira Constituição (baseada na
Constituição franco-britânico), foi substituído pelo modelo presidencialista e descentralizador,
fundamentada na Constituição norte-americana, da Argentina e da Suíça.
Por isso, foi retirado da Constituição o "Poder Moderador", característico do sistema monárquico,
de forma que estabeleceu as atribuições de cada um dos poderes: executivo, legislativo e judiciário.
Além disso, retirou-se a pena de morte, aprovada pela Constituição anterior.
No tocante ao direito de votar, a Constituição de 1891 ampliou o campo de atuação dos brasileiros,
ainda que excluísse os analfabetos e as mulheres. Assim, mediante o documento, podiam votar
(voto aberto) os homens alfabetizados e maiores de 21 anos de idade.
Assim, o Presidente da República, considerado chefe do Poder Executivo, era eleito num período de
quatro anos, sem possibilidade de reeleição.
Outra importante característica desse documento foi a separação entre a Igreja e o Estado (Estado
laico), onde a religião católica deixa de ser a religião oficial do país.
Veja também: Voto Feminino no Brasil
3. Constituição de 1934
A terceira Constituição do Brasil e a segunda do período republicano foi a constituição que vigorou
durante menos tempo no país, ou seja, até 1937, quando começa o período denominado Estado
Novo.
Foi outorgada em 16 de julho de 1934 no governo do presidente Getúlio Vargas (1882-1954),
inspirada sobretudo na Constituição alemã da República de Weimar.
Surgiu logo após a Revolução Constitucionalista de 1932, em São Paulo, que por sua vez nasceu da
insatisfação de muitos fazendeiros paulistas contra o governo de Getúlio Vargas, após a Revolução
de 30, golpe de Estado que depôs o presidente Washington Luís e levou Vargas ao poder.
Uma das mais marcantes particularidades da Carta de 1934, de cunho autoritário e liberal, foi a
concessão do direito ao voto às mulheres, sendo de caráter obrigatório e secreto a partir dos 18 anos
(exceto mendigos e analfabetos), deixando assim, uma das caraterísticas da Constituição anterior,
baseada no voto aberto concedido somente aos homens.
Focou em questões sociais e questões trabalhistas, estabelecendo assim, o salário mínimo, a jornada
de oito horas de trabalho, repouso semanal e férias remuneradas. Proibiu o trabalho infantil e a
diferença de salário entre homens e mulheres. A partir disso, além de criar a Justiça eleitoral, criou a
Justiça Trabalhista.
4. Constituição de 1937
A quarta Constituição do Brasil e a terceira do período republicano também foi assinada pelo
presidente Getúlio Vargas. A Constituição de 1937 foi a primeira Constituição autoritária do país, de
forma que focou nos interesses de determinados grupos políticos.
Foi outorgada em 10 de Novembro de 1937, representando o documentou que funda a ditadura do
Estado Novo no país (Carta Constitucional do Estado Novo).
Após dissolver o Congresso, Vargas apresentou a “Carta de 1937”, documento de cunho
centralizador, demostrando um certo fascismo e autoritarismo da figura do Presidente da República.
Segundo a Constituição de 1937, o Presidente seria eleito por meio da eleição indireta, com
mandato de seis anos. Sofreram supressão os partidos políticos e os Poderes Legislativo e Judiciário
foram unidos, cujo maior poder estava concentrado nas mãos do chefe do poder executivo, ou seja,
o Presidente.
Dessa maneira, foi estabelecido a prisão e o exílio de opositores do governo, sendo restringida a
liberdade de imprensa, dando início ao período marcado pela censura.
Inspirada na Constituição da Polônia, a Constituição de 1937 ficou conhecida como “Constituição
Polaca”. Uma das características que retornou para o documento foi a pena de morte, instituída pela
primeira Constituição e abandonada pela segunda. Além disso, foi vetado o direito de realizar
greves trabalhistas.