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O que foi a Corrida Espacial?


Conheça o legado desta época!
Por Danielle Cassita | Editado por Patricia Gnipper
| 23 de Dezembro de 2021 às 12h15

Imagem: Onur Ömer Yavuz/Pixabay

A Corrida Espacial foi um período marcado


por várias demonstrações de tecnologia,
realizadas pelos Estados Unidos e a antiga
União Soviética (URSS). Na época, as duas
potências tentavam demonstrar a
superioridade nos voos espaciais como um
desdobramento da Guerra Fria, conflito
geopolítico que polarizou o mundo. Nesta
matéria, você entende o que foi a Corrida
Espacial e conhece o que ela proporcional
para a ciência!

Essas são as naves espaciais que vêm


levando humanos ao espaço há seis
décadas

Foguetes: quando foram criados e como


funcionam?

Em 1945, a Segunda Guerra Mundial chegou


ao fim, com países devastados pelo conflito.
Não demorou muito até que norte-
americanos e a soviéticos se envolvessem
em novas tensões — estas, que constituem o
que ficou conhecido como Guerra Fria. De
um lado, estavam os Estados Unidos; do
outro, a União Soviética. No centro, entre
ambos, estava um conflito que colocava o
capitalismo contra o comunismo.

Cada lado investiu em novas tecnologias,


armamentos e, claro, propagandas, para
tentar mostrar ao mundo que o modelo
econômico adotado por um era superior ao
do outro. Entretanto, foi a partir de 1950 que
a disputa já não ocorria somente em solo e
se estendeu para outra arena: os dois blocos
queriam provar a superioridade tecnológica
e militar e, para isso, levaram o conflito ao
espaço. A época foi marcada por uma
enorme tensão, mas também por grandes
conquistas na tecnologia, ciência e
exploração espacial.

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Como começou a Corrida


Espacial
Durante a década de 1950, os Estados
Unidos e a União Soviética estavam
trabalhando a todo vapor no
desenvolvimento de novas tecnologias.
Assim, foi no dia 4 de outubro de 1957 que a
URSS deu a largada na corrida espacial.
Naquele dia, o bloco lançou o Sputnik I, o
primeiro satélite artificial do mundo. O
dispositivo foi monitorado por cientistas
durante 21 dias, até que ficou sem baterias
e parou de funcionar.

Réplica do satélite Sputnik I, formado por uma esfera metálica


e quatro antenas externas de rádio (Imagem: Domínio público)

O satélite queimou na atmosfera da Terra


em janeiro, mas o sucesso soviético já havia
incomodado os norte-americanos. Afinal,
eles temiam que estivessem atrás nas
inovações tecnológicas. As tensões já
estavam intensificadas e, antes mesmo do
fim do Sputnik I, os soviéticos conseguiram
outro grande feito: em 3 de novembro
daquele ano, a cachorrinha Laika foi
lançada à órbita com a missão Sputnik II.

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Entre cinco e sete horas após o lançamento,


a cadela morreu devido ao estresse causado
pelo superaquecimento da cabine da nave,
após entrar em órbita — algo bem diferente
da versão divulgada pelas autoridades na
época, que afirmaram que ela morreu cerca
de uma semana após o lançamento, sem
traumas. Já em janeiro de 1958, os Estados
Unidos lançaram o satélite Explorer I, o
primeiro do país a orbitar a Terra.

Foi também naquele ano que os EUA


fundaram a National Aeronautics and Space
Administration (NASA) e lançaram o satélite
SCORE, o primeiro satélite de comunicação
do mundo. No ano seguinte, a USSR não
ficou para trás e lançou a missão Luna 1, o
primeiro foguete a deixar a órbita terrestre;
ainda em 1959, o bloco lançou as missões
Luna 2 e 3, que orbitaram a Lua e até
fizeram fotos do lado afastado do nosso
satélite natural.

Laika foi a "tripulante" escolhida por ser dócil e ter porte


adequado (Imagem: Reprodução/akg-images/Sputnik)

Após o lançamento de missões norte-


americanas e soviéticas de vários seres
vivos à órbita, trazendo-os de volta vivos, a
URSS conseguiu mais um grande triunfo: em
12 de abril de 1961, o cosmonauta Yuri
Gagarin se tornou o primeiro homem a ir ao
espaço, completando uma órbita ao redor
da Terra. Uma semana depois, os EUA
levaram o astronauta Alan Shepard a 186
km de altitude, sem orbitar a Terra.

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Apenas dois anos depois, a cosmonauta


Valentina Tereshkova se tornou a primeira
mulher e a primeira civil a ir ao espaço,
completando 48 órbitas ao redor da Terra.
Em 1965, foi a vez de o cosmonauta Alexei
Leonov fazer história ao realizar o primeiro
spacewalk do mundo. Naquele mesmo ano,
os Estados Unidos lançaram o satélite
Mariner 54, que conseguiu chegar a Marte e
enviou as primeiras imagens do Planeta
Vermelho.

Dali em diante, os objetivos das duas


potências começaram a mudar.

Começa então a corrida


lunar
O voo de Gagarin representou uma vitória
soviética espetacular, acompanhada de
grande apreço público — ao voltar para a
Terra, ele foi recebido como um herói
internacional. Isso afetou tanto os ânimos
na Casa Branca que o vice-presidente
Lyndon Johnson fez um alerta ao presidente
John F. Kennedy: o país não estava fazendo
os esforços máximos e nem alcançando os
resultados necessários para liderarem a
corrida.

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Inicialmente, Kennedy estava pouco


interessado em voos espaciais, mas mudou
de ideia quando viu a recepção de Gagarin
e Shepard. Assim, ele perguntou a sua
equipe o que seria necessário para vencer
os soviéticos. A resposta? Uma missão
tripulada na Lua. Em 25 de maio de 1961, ele
deu à NASA a tarefa de “cumprir, até o fim
da década, o objetivo de levar um homem à
Lua e trazê-lo de volta em segurança”.

Astronautas do grupo Mercury 7 do Projeto Mercury, o primeiro


programa espacial tripulado da NASA (Imagem:
Reprodução/NASA)

Com as conquistas dos projetos Mercury e


Gemini, os primeiros de exploração espacial
da NASA, os engenheiros da agência
espacial norte-americana começaram a
trabalhar para levar humanos à Lua. Eis que
nascia o programa Apollo, um dos maiores
eventos da corrida espacial, marcado por
um início trágico: em 27 de janeiro de 1967,
os astronautas a bordo da cápsula Apollo 1
Ad
morreram em um incêndio.

Cerca de um mês depois, o cosmonauta


Vladimir Komarov morreu após uma falha
no paraquedas de sua cápsula Soyuz. O
incidente da Apollo 1 fez com que a NASA
repensasse aspectos técnicos, e em 1968, a
agência espacial levou os primeiros
astronautas do programa ao espaço com a
missão Apollo 7. No mesmo ano, os
tripulantes da Apollo 8 orbitaram a Lua por
alguns dias e retornaram.

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Enquanto isso, os soviéticos tentavam


avançar em seus recursos de voos espaciais,
mas alguns desastres impediram que
avançassem. A corrida espacial chegou ao
seu auge em 20 de julho de 1969, dia em que
Neil Armstrong e Buzz Aldrin, astronautas da
Apollo 11, caminharam na Lua. Já em abril
de 1971, os soviéticos lançaram a estação
espacial Salyut I, a primeira do mundo. Os
EUA seguiram com as missões do programa
até a Apollo 17, lançada em dezembro de
1972.

Foto do astronauta Deke Slayton e o cosmonauta Alexey A.


Leonov feita após a acoplagem das naves Soyuz e Apollo
(Imagem: Reprodução/NASA)

Em meados da década de 1970, as tensões


entre os Estados Unidos e a União Soviética
começaram a dar sinais de trégua. Assim,
em julho de 1975, as nações lançaram a
Apollo-Soyuz (ou Soyuz-Apollo, na
nomenclatura soviética). Aquela foi uma
missão cooperativa em voos separados, na
qual uma nave Apollo e uma Soyuz se
acoplaram no espaço. Depois, seus
respectivos comandantes Tom Sta"ord e
Alexei Leonov fizeram o primeiro aperto de
mãos internacional, que é considerado por
alguns historiadores como um fim simbólico
à corrida espacial.

O legado deixado pela


Corrida Espacial
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Hoje, é inegável que o espaço é um lugar


bem diferente daquele que foi o palco da
Guerra Fria. Além de o nosso planeta estar
cercado por uma rede vasta de satélites,
que fornecem internet de alta velocidade,
dados para previsão do tempo e muito
mais, há ainda naves espaciais lançadas
para dar suporte a objetivos científicos e
militares. E, se hoje podemos falar de
décadas da presença humana contínua no
espaço na Estação Espacial Internacional, é
graças ao arrefecimento das tensões do
passado.

Algumas das tecnologias desenvolvidas


durante aquele período são, hoje, parte da
nossa vida cotidiana. Apelidadas de “spin
o"” pela NASA, um dos exemplos mais
comuns disso é o sistema de
posicionamento global (GPS), que foi
desenvolvido originalmente por militares
para garantir navegação precisa de armas.
Eles provavelmente não esperavam que esta
tecnologia pudesse mudar a vida da Terra,
mas aconteceu — e isso deverá ficar ainda
mais evidente com carros autônomos e
entregas de delivery feitas por drones.

Mais de 60 anos após o lançamento do Sputnik 1, a órbita da


Terra já conta com milhares de satélites, que vão de serviços de
comunicação a observações do clima(Imagem:
Reprodução/NASA)

Os detectores de incêndio também


nasceram da necessidade de garantir a
segurança dos astronautas em cenários
onde não pode haver erros na identificação
de um possível princípio de incêndio.
Durante a década de 1970, a NASA
investigou um detector de fumaça que
poderia ser ajustado para diferentes níveis
de sensibilidade, evitando assim alarmes
falsos — e os detectores de baixo custo
usados hoje vêm deste desenvolvimento.

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Até mesmo os pneus que equipam veículos


hoje têm influência da corrida espacial:
também durante a década de 1970, a NASA
trabalhou com a Goodyear Tire and Rubber
para produzir um material fibroso, que seria
cinco vezes mais forte que o ferro. O
material foi usado para ajudar a amortecer
o pouso do lander Viking em Marte, em 1976,
mas a Goodyear continuou trabalhando
com o composto.

O resultado foi a criação de um novo tipo de


pneu, formado por uma estrutura que
permitia rodar mais de 16 mil km que
aqueles do tipo convencional. Os limites da
tecnologia continuam sendo explorados por
instituições na atualidade para os mais
diversos fins — e, obviamente, isso inclui
também a exploração espacial. Isso se
demonstra, por exemplo, no telescópio
espacial James Webb, nascido de uma
colaboração de décadas que poderá
revolucionar a astronomia.

Novos tempos, novas


corridas
É inegável que, hoje, vivemos em um mundo
bem mais complexo que aquele que abrigou
a Guerra Fria, onde duas grandes potências
estavam em uma disputa por dominância.
Entretanto, isso não significa que não haja
mais nenhum processo envolvendo
geopolítica e a exploração espacial
acontecendo. Há analistas considerando
que, hoje, os Estados Unidos estão em outra
corrida com novos rivais.

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Representação da futura estação lunar de pesquisa


International Scientific Lunar Station, um futuro projeto da
China e Rússia (Imagem: Reprodução/CNSA/CLEP)

Desta vez, o “outro lado” seria formado não


somente pela Rússia, mas também pela
China. Mesmo com um programa espacial
marcado por tropeços causados por
obsolescência, corrupção e falta de
recursos, a Rússia se manteve firme como
uma grande potência espacial mesmo após
a dissolução da União Soviética. Em
paralelo, temos a China, país que se tornou
uma potência espacial com grandes trunfos
em seu histórico.

Após anos de discussões, ambos os países


se uniram para planejar missões espaciais
ambiciosas, e outras nações planejam
projetos espaciais próprios. Por outro lado,
temos também um cenário de
comercialização do espaço, impulsionado
por empresas privadas. A Blue Origin e
Virgin Galactic, instituições fundadas por
alguns dos homens mais ricos do mundo,
oferecem hoje voos turísticos que levam
passageiros para sentir o “gostinho” do
espaço suborbital — isto, claro, para quem
puder pagar pelo passeio.

A atuação das empresas privadas não vale


somente para voos espaciais turísticos, mas
também para serviços inovadores. Hoje, a
SpaceX, empresa fundada por Elon Musk,
vem trabalhando em uma megaconstelação
de satélites que, quando finalizada, poderá
oferecer internet de alta velocidade e baixa
latência a usuários em todo o mundo. Mas
claro que a empresa não está sozinha e tem
concorrentes na jogada, como a Amazon e a
OneWeb, que também estão trabalhando
em suas respectivas constelações.

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A SpaceX participa da corrida dos satélites com um


cronograma agressivo de lançamentos e já passa das 1.800
unidades em órbita (Imagem: Reprodução/Divulgação/SpaceX)

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