A GUERRA FRIA
Definição: consistiu num conflito
permanente entre os Estados Unidos e a
União Soviética, no qual os dois lados
evitavam um confronto militar direto,
temendo que o uso de armas nucleares
levasse à destruição de ambos. Mas, para
defender seus interesses, ajudar seus aliados
e expandir sua área de influência, os dois
lados usaram a propaganda, a espionagem e
a violência. A Guerra Fria durou de 1946
até 1991.
Origens
O fim da II Guerra mundial tornava
praticamente inevitável o início da Guerra
Fria. A aliança entre a URSS comunista e
democracias capitalistas como Reino Unido
e EUA se dera em torno do medo contra o
inimigo em comum: o nazifascismo. O fim
da Alemanha nazista resultaria no fim da
união entre aliados com visões de mundo
tão opostas entre si.
A URSS desconfiava dos EUA, tão rico e
com a novíssima e poderosa bomba
atômica. Ela também sabia da hostilidade
tradicional que o comunismo despertava na
opinião pública dos EUA. Já os EUA
desconfiavam do poder do Exército
Vermelho soviético e da popularidade que
os partidos comunistas da Europa tinham
obtido em sua luta contra o nazismo e sua
atrativa mensagem que prometia uma
sociedade justa e sem opressão para os
operários e mulheres.
Em 1946, o líder britânico Churchill faz um
discurso alertando que era necessário
impedir o avanço soviético para além dos
países do Leste Europeu que, na visão de
Churchill, estavam sob o jugo de uma
“cortina de ferro” imposta pela presença
militar do Exército Vermelho nestes países.
No ano seguinte, o presidente dos EUA,
Harry Truman se posiciona contra a URSS
e lança a Doutrina Truman.
Doutrina Truman- afirma que os EUA
dariam total apoio militar e financeiro a
qualquer a luta dos povos contra o
comunismo em qualquer parte do planeta.
O mundo se dividiu em dois polos: o
capitalista e o comunista ou socialista. Isso
é chamado de Ordem Bipolar.
O Plano Marshall e o Bloqueio de Berlim
Os EUA perceberam a força política dos
partidos comunistas na França e Itália. Para
ajudar a recuperar a economia dos países
europeus afetados pela II Guerra, os norte-
americanos criaram o Plano Marshall. O
plano consistiu num vasto programa de
empréstimos a longo prazo com juros
reduzidos, concessão de tecnologia e
investimentos volumosos. Em
contrapartida, os países que entrassem no
plano deveriam aceitar manter o
pluripartidarismo e a economia de mercado.
Isso evidentemente deixava fora da ajuda
todos os países já controlados por partidos
comunistas no Leste Europeu.
A iniciativa ianque sem dúvida ajudou
muito a recuperação da Europa Ocidental,
por outro lado, ajudou mais ainda os
Estados Unidos. Isso porque a rápida
recuperação da Europa Ocidental estimulou
as exportações dos EUA para Europa,
fortaleceu a liderança ianque no continente
e criou um elo econômico e diplomático
entre a superpotência americana e seus
principais concorrentes europeus: a
Inglaterra, a França e, principalmente, a ex-
inimiga e principal motor econômico da
Europa: a Alemanha( até hoje depende da
proteção das bases militares dos EUA em
seu território).
Ainda em 1949, os soviéticos criaram um
programa de ajuda econômica conhecido
como Comecon (Conselho de Assistência
Econômica Mútua), de alcance muito
menor que o Plano Marshall.
Berlim ficou no território da Alemanha
Oriental que se tornou comunista e
dependente da URSS. No entanto, os
acordos estabeleceram a divisão da cidade
em quatro zonas administradas pela França,
Inglaterra, EUA e URSS. O ditador Stalin
determinou o bloqueio da cidade impedindo
a chegada de alimentos e produtos
essenciais na zona capitalista da cidade.
Os EUA e seus aliados montaram uma
ponte aérea e abasteceram a cidade. A
imprensa deu ampla cobertura ao fato e
logo os soviéticos tiveram que suspender o
bloqueio. A partir de 1961, com suporte da
URSS, a Alemanha Oriental construiu o
marco mais famoso da Guerra Fria: o Muro
de Berlim que separou a cidade em dois
lados. O objetivo do Muro era impedir a
fuga de alemães do leste para o lado
ocidental. Mais de meio milhão de
germânicos passaram para o lado capitalista
em busca de melhores condições de vida e
temendo o regime ditatorial em que viviam.
OTAN e Pacto de Varsóvia
Em 1949, os EUA criaram a OTAN
(Organização do Tratado do Atlântico
Norte) uma aliança militar defensiva que
reunia os países da Europa Ocidental e,
posteriormente, incorporou a Turquia e a
Grécia.
Os soviéticos responderam criando o Pacto
de Varsóvia que incluía todos os países
comunistas da Europa.
Os confrontos bélicos da Guerra
Fria
 Guerra da Coréia
 Guerra do Vietnã
 Crise dos misseis em Cuba
Guerra da Coreia
Na II Guerra Mundial os japoneses
dominavam a Coreia. O fim da guerra levou
a divisão do território em duas áreas de
influência: A Coréia do Sul sob controle
dos EUA e a Coreia do Norte sob regime
soviético influenciado pela URSS.
Em 1950, os norte coreanos invadem a
Coréia do Sul com objetivo de reunificar o
país. A guerra se prolongou até 1953. Uma
sessão extraordinária da ONU autorizou a
entrada de tropas dos EUA no conflito. Os
soviéticos não participaram da reunião pois
a boicotaram em protesto pela presença da
China Nacionalista (Taiwan) na ONU,
ocupando a cadeira que caberia à China
Popular.
Os comunistas recuaram e a China envia
seus soldados para contra atacar os
militares dos EUA. O equilíbrio militar
resultante leva os dois lados a assinar um
cessar-fogo que manteve a divisão coreana
em dois estados rivais e independentes.
A Guerra da Coreia deixou claro que as
duas superpotências mundiais não
desejavam uma guerra direta. No máximo,
realizariam guerras convencionais na
periferia do planeta.
A Guerra do Vietnã
Em 1954 os franceses são derrotados pelas
forças comunistas da Indochina e os
acordos de paz celebrados posteriormente
estabelecem a criação do Laos, do Camboja
e a divisão do Vietnã em duas partes: o
norte comunista e o sul capitalista.
No Vietnã do Sul era grande a insatisfação
com a ditadura que governava com apoio
dos EUA. Os revolucionários do Vietnã do
Norte recebem treinamento e armas da
URSS e da China e formam a Frente para a
Libertação do Vietnã do Sul. Seus membros
eram chamados de vietcongues
(guerrilheiros comunistas). Sua missão era
expulsar a intervenção norte-americana e
reunificar o Vietnã sob regime socialista.
A intervenção dos EUA nesta guerra se
deu entre 1961 e 1973 e foi no sentido de
prestar suporte aos anticomunistas do
Vietnã do Sul. Junto com australianos e sul
coreanos eles enviam milhares de soldados
e toneladas de armamentos para combater
os vietcongues. Um produto chamado
napalm despejado pela aviação dos EUA
desfolhava a vegetação e causada terríveis
queimaduras nos guerrilheiros. Apesar
disso, as táticas de guerrilha dos comunistas
permitiam que eles resistissem com grande
sucesso e persistência.
Os cerca de 500 mil soldados dos EUA e
700 mil combatentes sul vietnamitas eram
incapazes de vencer os vietcongues. Diante
das pressões de sua opinião pública interna
e dos protestos contra a guerra e ao suporte
que os EUA davam a uma ditadura
corrupta, o governo dos EUA reduziu sua
presença militar, mas intensificou os
bombardeios aéreos.
Os Estados Unidos permaneceram muito
tempo nesta guerra caríssima e impopular
por vários motivos: o primeiro era a
manutenção da Doutrina Truman de
combate ao comunismo em qualquer parte
do globo; a outra era a teoria do efeito
domino, se uma peça cai as demais
desabam também, eles usavam esta logica
para explicar que se o Vietnã virasse
totalmente comunista todos os vizinhos
seriam transformados em comunistas a
seguir; mas a razão principal era a
tentativa de isolar a China no
continente asiático (algo tão
impraticável como isolar a Alemanha do
resto da Europa ou isolar o Brasil da
América do Sul fazendo com que nossos
vizinhos cortassem qualquer contato
conosco), e finalmente, era difícil
admitir que a maior potência
militar existente, tão vitoriosa
na II Guerra Mundial era incapaz
de vencer os raquíticos
guerrilheiros do Vietnã.
No princípio dos anos 1970, para sair do
conflito e tentar enfraquecer a URSS, os
EUA decidem se reaproximar da China e
passam a negociar um acordo de paz com o
Vietnã do Norte.
A guerra acaba em 1975, os EUA saem do
Vietnã e logo os comunistas ocupam a
capital sulista: Saigon. As rivalidades
históricas e seculares entre vietnamitas e
chineses também ajudaram os ianques.
Em 1979, o Vietnã tem uma breve luta com
a China e, nas décadas seguintes se
reaproxima dos EUA.
A Crise dos misseis em Cuba (1962)
Até a década de 1950, Cuba era vista como
um quintal dos Estados Unidos. Desde sua
independência que a ilha esteve sob tutela
de Washington. Uma lei chamada emenda
Platt assegurava ao gigante norte americano
intervir na ilha. A emenda somente foi
revogada em 1934.
Em 1952, Fulgêncio Batista liderou um
golpe de Estado que suspendeu a lei e
impôs uma ditadura corrupta e brutal. Um
grupo de guerrilheiros rebeldes liderados
por Fidel Castro, seu irmão Raul e o
argentino Ernesto Che Guevara, instalaram-
se em Sierra Maestra e dali lançavam
ataques de guerrilha.
No início de 1959, os guerrilheiros cubanos
derrubam Batista. Fidel, proclamado 1°
ministro prometeu realizar eleições livres
tão logo se normalizasse a situação de
Cuba- as eleições não foram realizadas- e
fuzilou seguidores de Batista e demais
opositores políticos e ideológicos do novo
regime. Em contrapartida, o regime teve
algumas realizações positivas: acabou com
o analfabetismo, promoveu uma reforma
agrária. As empresas estrangeiras foram
nacionalizadas.
Em 1961, os exilados cubanos treinados
pelos EUA tentaram derrubar Fidel numa
fracassada invasão pela Baia dos Porcos.
Isso causou um grande desgaste na imagem
dos EUA e fez com que os cubanos se
aproximassem do bloco socialista e
rompessem relações diplomáticas com
Washington.
O presidente dos EUA na época, John
Kenedy, preocupado com a expansão do
exemplo cubano resolveu criar a Aliança
para o Progresso- uma espécie de Plano
Marshall em menor escala para a
América Latina. Eles buscaram isolar a
ilha revolucionária.
Em 1962, os Estados Unidos decretaram o
bloqueio econômico de Cuba que foi
expulsa da Organização dos Estados
Americanos (OEA). A maioria dos Estados
latino americanos seguiu seu exemplo. No
mesmo ano, a instalação de misseis
nucleares da URSS em solo cubano levou
o presidente ianque a decretar o bloqueio
marítimo de Cuba. Após tensas
negociações, os misseis foram retirados.
Este é considerado o momento de maior
tensão da guerra fria e a maior parte do
mundo assistiu com temor as negociações
entre soviéticos e estadunidenses.