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PREFÁCIO

Rev. Christopher Vicente

O presente texto que você tem em mãos é um banquete historiográfico. O Rev.


Ewerton B. Tokashiki, um dos maiores apoiadores da Editora Nadere
Reformatie, nos apresentou a obra “Uma Breve História da Assembleia de
Westminster”, de William Beveridge — a qual publicamos em português e está
disponível em formato físico e kindle. Então, solicitamente atendeu ao nosso
convite de nos preparar um prefácio especial para a obra — o que,
posteriormente, se tornou o posfácio dela. Aqui, ele faz uma apresentação
concisa e objetiva, porém, rica e precisa, dos eventos que antecederam a
Assembleia de Westminster; nos dá recomendações de obras (fontes primárias
e secundárias) para aqueles que querem avançar nas pesquisas sobre a
Assembleia e nos apresenta uma mina de ouro em suas notas de rodapé.
Aqueles que adquiriram a obra de Beveridge, caindo de paraquedas nessa
história, terão grande proveito em ler antes este texto. E, por sua altíssima
qualidade, decidi (na condição de editor) torná-lo acessível à parte da edição
completa. Compreender a nossa história é um importante elemento de
amadurecimento para a doutrina e para nossa identidade, então, aproveite essa
rica ferramenta pela pena do Rev. Ewerton B. Tokashiki. Que Deus lhe abençoe
por meio deste material.

Rev. Christopher Vicente, Editor.

Ministro do Evangelho na Igreja Presbiteriana Manancial do Natal,

Bacharel em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

05 de julho de 2023, Natal-RN.

ANTECEDENTES HISTÓRICOS DA
ASSEMBLEIA DE WESTMINSTER
Rev. Ewerton B. Tokashiki

A providência divina conduz todos os eventos cooperando para cumprir o Seu


propósito soberano. Os acontecimentos nunca são aleatórios. É possível ver na
História como cada circunstância coincidiu resultando em algo maior. A
Assembleia de Westminster é a convergência de diversos eventos sociais,
políticos e eclesiásticos, que culminaram em um avanço teológico de uma
segunda reforma na Grã-Bretanha, em seu estágio amadurecido após o Sínodo
de Dordt. Certamente, o movimento puritano contribuiu como elemento essencial
para a realização da Assembleia de Westminster. O concílio de eruditos e
piedosos teólogos convocados pelo Parlamento Longo, a fim de definir a religião
do Reino Unido, produziu documentos confessionais com complexas, intensas,
refinadas e precisas sentenças teológicas.
Os documentos da Assembleia de Westminster precisam ser lidos dentro do seu
contexto histórico. J. V. Fesko observa que

as pessoas nos bancos da igreja que pegam a Confissão e começam a lê-la,


provavelmente, não percebem que estão entrando em um período da História
em que os autores, às vezes, ouviam tiros de canhão ao fundo, enquanto
debatiam a doutrina; eles estavam escrevendo suas confissões e catecismos em
meio a uma guerra civil. O contexto histórico é vital, portanto, para termos uma
compreensão mais completa dos Padrões.[1]

A relação da política e a religião é um elemento presente no nascimento e


desdobramento da reforma inglesa. Assim, a cada monarca que se assentava
no trono inglês, o direcionamento da identidade da Igreja Anglicana sofria alguma
intervenção. A necessidade de equilíbrio entre a coroa, o parlamento e o prelado,
evitava ou promovia tensões diplomáticas entre estes três poderes.[2] Eventos
como os divórcios de Henry VIII (1491–1547), a derrota da Armada Espanhola,
a Conspiração da Pólvora, a política antipuritano do arcebispo William Laud, a
influência puritana no parlamento inglês e a consolidação dos pactuantes
escoceses (os covenanters), estavam latentes nas mentes dos contemporâneos
da Assembleia de Westminster. Além disso, os conflitos entre protestantes e
papistas aumentaram a hostilidade entre os governantes civis e eclesiásticos na
Inglaterra.

A reforma incompleta
A reforma da Igreja da Inglaterra sofreu várias falhas.[3] Desde Henry VIII ao rei
Charles I (1600–1649), os ingleses não tiveram uma reforma como os
continentais alemães, suíços e holandeses.[4] As intervenções dos monarcas e
a política da via media[5] para a religião britânica impediram mudanças efetivas
na igreja inglesa que resultassem na implantação de uma reforma distintamente
protestante.

É questionável se Henry VIII intencionava uma reforma religiosa.[6] Os


historiadores que o descrevem como reformador, indicam como evidência o
rompimento com o papado como chefe supremo da igreja, o fechamento dos
monastérios, a abolição da missa e a realização da liturgia em inglês, bem como
a autorização de uma tradução da Bíblia.[7] No entanto, a sua maior contribuição
teológica para a reforma inglesa foi nomear Thomas Cranmer como arcebispo
da Cantuária.[8]

Uma efetiva reforma da religião inglesa somente ocorreu sob o reinado de


Edward VI (1537–1553).[9] As mudanças significativas para redirecionar a
teologia, o culto e clero inglês vieram com as propostas por Cranmer. O
arcebispo da Cantuária e os bispos Hugh Latimer (1487–1555) e Nicholas Ridley
(1500–1555) coordenaram a reforma nas paróquias e a produção de
documentos doutrinários e litúrgicos.[10] Mas uma de suas mais significativas
decisões para a reforma da Igreja da Inglaterra foi a contratação de Martin Bucer
(1491–1551) e de Peter Martyr Vermigli[11] (1499–1562), que vieram de
Estrasburgo para lecionarem as universidades de Oxford e de Cambridge; bem
como a vinda de Johannes à Lasco (1499–1560) para a supervisão das igrejas
estrangeiras em Londres.[12]

Martin Bucer foi nomeado docenti regius na Universidade de Cambridge.[13] Em


abril de 1549, Bucer deixou o pastorado da Igreja de Estrasburgo e foi para o
exílio após a cidade ser obrigada a submeter-se ao Interim de Augsburgo.[14]
Bucer conheceu o jovem rei em maio do mesmo ano, logo após sua chegada.
No entanto, a reforma inglesa, além de lenta, revelava não ter o consenso do
prelado. Aproximadamente um ano depois, Bucer relatou em uma carta a
Calvino, que

a causa de Cristo também é conduzida da mesma forma neste país, e a menos


que o Senhor olhe com Sua misericórdia especial para nosso mui inocente e
religioso rei e alguns outros indivíduos piedosos, é de grande temor que a terrível
ira de Deus, muito em breve, também resplandecerá contra este reino. Os bispos
ainda não conseguiram chegar a um acordo quanto à doutrina cristã, muito
menos quanto à disciplina, e pouquíssimas paróquias têm pastores qualificados
para o cargo. […] Você está bem ciente de quão pouco pode ser feito para a
restauração do Reino de Cristo por meras decisões legais e a remoção dos
instrumentos de superstição. [15]

A reforma inglesa sofreria um terrível golpe com a prematura morte de Edward


VI.[16]

A reforma interrompida
Após o falecimento do jovem rei, o trono inglês seria ocupado por uma rainha
católica. O reinado de Maria Tudor (1553–1558) foi marcado por uma política de
intolerância aos protestantes.[17] Ela estava determinada a restaurar a Inglaterra
à Igreja Católica Romana. Milhares de pessoas fugiram, especialmente da
Inglaterra, buscando refúgio em cidades do antigo continente que aderiram à
Reforma protestante; por isso, as famílias perseguidas foram para a Holanda,
Alemanha, França, Itália, Polônia e Suíça. Elas ficaram conhecidas como “os
exilados marianos”, devido aos riscos e danos que sofreram por causa de sua
fé.[18] A política opressiva de Maria causou descontentamento inclusive entre os
seus súditos que permaneceram na Inglaterra.

O casamento de Maria com o príncipe católico Filipe II da Espanha (1527–1598)


aumentou a tensão na política inglesa.[19] Muitos temiam que a Inglaterra fosse
absorvida pelo rico e poderoso império espanhol. A Reforma e os sentimentos
do nacionalismo inglês estavam se entrelaçando, e uma reação era inevitável.
No entanto, toda essa indesejável catástrofe cessaria, pois Maria faleceria sem
deixar um herdeiro.

A reforma revigorada
A Genebra de Calvino acolheu muitas famílias inglesas. Algumas famílias, dentre
os exilados marianos, foram para a Suíça. Em Genebra organizou-se a
congregação inglesa com 212 membros, sendo registrados nos arquivos da
Igreja Genebra, de 1555 a 1559.[20] Durante a estada nessa cidade, todos os
estrangeiros subscreviam basicamente dois documentos do reformador. Como
decisão do Pequeno Conselho de Genebra, os ingleses receberam a instrução
do Catecismo da Igreja de Genebra escrito por Calvino.[21] Igualmente,
submeteram-se às decisões do Pequeno Conselho quanto à ordem do culto,
especialmente o princípio regulador, e, também, tiveram permissão de produzir
textos doutrinários e litúrgicos para uso da congregação inglesa em Genebra.[22]

É indiscutível que o calvinismo modelou o entendimento de reforma religiosa dos


refugiados ingleses. Eles conheceram a fé reformada em seu convívio com os
genebrinos, conforme praticada em Genebra.[23] Em seu lar provisório, a
congregação inglesa produziu os seus diretórios de culto, doutrina e disciplina.
Além desses documentos, também prepararam uma tradução da Bíblia. A Bíblia
de Genebra se tornou num poderoso instrumento para a disseminação do
calvinismo entre as famílias inglesas.[24]

Os refugiados retornaram para a Inglaterra a partir de 1558, após a morte da


rainha Maria. As famílias, durante o exílio, viveram em países onde a reforma
havia causado importantes transformações na sociedade, na cultura e na
religião. Os exilados ingleses, especialmente os residentes em Genebra,
conheceram o calvinismo aplicado à ética, à política, ao governo eclesiástico, à
liturgia, ao comércio etc. e o desejo de retornar para o lar era tão forte quanto o
firme compromisso de implantar tal calvinismo em sua terra natal. Os ingleses
voltariam planejando reformar o seu país, especialmente, a partir da experiência
genebrina. O movimento puritano na Inglaterra surgiria principalmente a partir
dos exilados influenciados por Calvino.[25]

A reforma retomada
Elizabeth (1558–1603) havia, em meio aos conflitos de interesses políticos, se
tornado rainha da Inglaterra. O governo dos prelados tinha sido reinstalado, isto
é, o sistema eclesiástico dos bispos sob a autoridade da monarca, como chefe
da Igreja Anglicana, bem como adotada a via media como parte da identidade
litúrgica e teológica.[26] A Inglaterra ainda não estava preparada para uma
completa reforma.

Os exilados marianos começaram a migração para a Grã-Bretanha a partir de


1558. Os últimos membros da congregação inglesa em Genebra, finalmente,
retornaram em 1560.[27] As famílias que residiram em Genebra ansiavam por
pureza na teologia, no culto, na vida cristã e em todas as esferas da sociedade.
Por causa de sua insistência em uma apaixonada pureza, foram
depreciativamente rotulados de puritanos e sofreram acirrada oposição.[28] A
maioria dos bispos anglicanos se indispuseram com as propostas de reforma
dos exilados marianos.[29] O Ato de Uniformidade havia sido aprovado em maio
de 1559, estabelecendo um padrão da ornamentação de utensílios das igrejas e
a liturgia dos cultos. O Livro de Oração Comum, de Cranmer, foi restabelecido;
e, em 1563, os 39 Artigos da Religião foram adotados.[30] No entanto, apesar
das perseguições, a partir de 1570, os presbiterianos se tornaram numa influente
minoria no parlamento inglês.

Os galeses foram substituídos pelos escoceses no trono inglês. Após o


falecimento de Elizabeth, o rei escocês, James VI (1566–1625), ascendeu ao
trono da Inglaterra.[31] A linhagem Tudor cessou e os Stuart assumiram o
governo dos reinos. Os puritanos continuaram insistindo em uma reforma mais
completa da Igreja Anglicana.[32] Apesar de ter sido criado como católico, o rei
adotou uma política simpatizante aos protestantes ingleses. Uma das principais
ações do monarca foi promover uma nova tradução da Bíblia que fosse
autorizada pela coroa inglesa.[33] Os partidários do tradicionalismo católico
romano reagiram ao que julgaram ser uma traição da parte do rei.[34] A
Conspiração da Pólvora, em 1605, fortaleceu o sentimento antipapista dos
ingleses, tornando-os mais simpatizantes ao movimento puritano.[35]

O ato terrorista dos católicos motivou o Parlamento a apoiar os puritanos.


Entretanto, James I sofria a suspeita dos puritanos, por negociar a paz com a
Espanha — e isso prejudicava as relações fraternas com países que adotavam
a Reforma.[36] O interesse de James pelo absolutismo político, a sua
irresponsabilidade financeira, a escolha de figuras políticas impopulares e a sua
desgastada relação com o Parlamento prepararam o cenário para uma guerra
civil.[37]

Os puritanos criaram boa expectativa com a coroação de Charles I.[38] Eles


esperavam que o novo rei favorecesse o movimento de reforma protestante. No
entanto, as ações de Charles revelaram-se uma amarga decepção para os
puritanos e um desastre político.[39] As propostas religiosas do rei, aliadas ao
seu casamento com uma papista, geraram antipatia e desconfiança dos
puritanos ingleses e dos pactuantes escoceses.

A Casa dos Comuns alarmada com o exercício arbitrário do poder real, em 1628,
apresentou a Charles I a Petição de Direito, exigindo a restauração de suas
liberdades. Embora tenha aceitado a petição, posteriormente, o rei dissolveu o
Parlamento e governou monocraticamente por onze anos. Foi somente após o
desastre financeiro das Guerras dos Bispos Escoceses,[40] de 1639 a 1640, que
a necessidade de arrecadação forçou o rei a revogar o Parlamento inglês para
que autorizasse novos impostos. Isso resultou na convocação das assembleias
conhecidas historicamente como Breve Parlamento, de 1640, e o Parlamento
Longo, que perdurou de 1640 a 1660.

O arcebispo William Laud (1573–1645) opôs-se ao movimento de reforma dos


puritanos.[41] Ele foi escolhido por Charles I a fim de inibir as ideias puritanas e
tê-lo como aliado político.[42] Ele perseguiu os puritanos ingleses, resistiu o
movimento pactuante escocês [os covenanters] e agiu para fortalecer o
anglicanismo tradicional entre os irlandeses. Todavia, o enfraquecimento político
de Charles I implicou na instabilidade do poder do prelado. O Breve Parlamento
se recusou a fornecer os recursos financeiros de que o rei precisava para reprimir
a revolta escocesa, Charles dissolveu o concílio e insistiu lutar contra seus
súditos do norte. Mais uma vez foi derrotado, o que o obrigou a convocar novas
eleições para o que ficou conhecido como Parlamento Longo.
O desequilíbrio entre a coroa, o parlamento e o prelado, causou perigosas
tensões entre estes três poderes.[43] Alguns membros do Parlamento
apresentaram um documento em 1641 chamado a Grande Remonstrância. O
texto continha acusações abrangentes que listava todas as falhas do rei contra
a igreja e no seu governo, desde o início de seu reinado. Mas, em vez de culpar
o monarca, o texto enfatizava a ação dos papistas, bispos e ministros, e
conselheiros “perversos”, que supostamente provocaram deliberadamente
discórdia e divisão entre o Charles e o Parlamento. Os membros do Parlamento
pretendiam assumir definitivamente o controle das forças armadas, minando a
confiança no rei e dos seus ministros.

O Parlamento Longo, fortalecendo-se, firmou um pacto político com a


Escócia.[44] Os pactuantes escoceses eram irmãos gêmeos dos puritanos
ingleses.[45] O sentimento antipapista inglês havia sido despertado para uma
resistência ao rei.[46] Os contínuos desafetos entre os puritanos e o rei
contribuiriam para a eclosão das Guerras Civis Inglesas (1642–1651). O
Parlamento Longo, amplamente presbiteriano, destituiu o sistema episcopal da
Igreja da Inglaterra, convocou os melhores teólogos puritanos para redefinir a
religião que unificaria a Inglaterra, Escócia e Irlanda. Assim, a Assembleia de
Westminster surge no contexto do conflito civil da Inglaterra.[47]

A reforma documental
A Assembleia de Westminster se reuniu, de 1643 a 1649, produzindo vários
documentos para a unidade e reforma dos reinos da Inglaterra, Escócia e Irlanda.
Dentre os mais importantes o Diretório do Governo Eclesiástico,[48] o Diretório
do Culto Público e o Diretório do Culto Familiar,[49]a Confissão de Fé, o
Catecismo Maior e o Breve Catecismo.[50] Este foi o período áureo do
movimento puritano no Reino Unido. O puritanismo, em seu estágio áureo, tem
sua essência objetivamente registrada nos documentos produzidos pela
Assembleia de Westminster.

Os escritores dos documentos da Assembleia de Westminster eram homens


experimentados.[51] Eles possuíam excelente formação acadêmica, eram
comprovadamente piedosos. Cada um dos textos preparados pelos teólogos da
Assembleia visava oferecer com fidelidade e precisão teológica a doutrina bíblica
para a edificação da igreja. A intencionalidade dos autores é o que determinará
o significado das declarações dos documentos produzidos nesse concílio.[52]
Os Padrões de Westminster contêm o melhor da piedade puritana, a mais
madura produção da teologia calvinista e a mais refinada forma da
confessionalidade reformada. Eles nos legaram um firme fundamento
confessional.

O livro que você tem em mãos é um breve relato de uma grande história!
Convido-o a continuar conhecendo a riqueza produzida pelos nossos pais
puritanos. Há um vasto recurso bibliográfico para o estudo do contexto político,
econômico, social e teológico da Assembleia de Westminster. Permita-me
sugerir algumas fontes de pesquisa indispensáveis aos interessados na área.
1. A. Craig Troxel, “Divine Right” Presbyterianism and Church Power (Diss. PhD.,
Westminster Theological Seminary, 1998).

2. Acts of the General Assembly of the Church Scotland 1632–1842 — Reprinted


from the original edition, under the superintendence of The Church Law Society
(Edinburgh, The Edinburgh Printing and Publishing Company, 1898).

3. Alexander Mitchell, The Westminster Assembly: Its History and Standards


(Puritan Publications, 2012).

4. B.B. Warfield, The Westminster Assembly and its work in: The Works of B.B.
Warfield (Grand Rapids, Baker Book, 2003), vol. 6.

5. Chad van Dixhoorn, The Minutes and Papers of Westminster Assembly 1643–
1652 (Oxford, Oxford University Press, 2012), 5 vols.

6. ______, John Lightfoot’s Journals of the Westminster Assembly (London, OUP


Oxford, 2023).

7. David R. Ehalt, The Development of Early Congregational Theory of the


Church, with Special Reference to the Five “Dissenting Brethren” at the
Westminster Assembly (Diss. PhD., Claremont Graduate School and University
Center, 1969).

8. Ethyn Williams Kirby, “The English Presbyterians in the Westminster


Assembly” in: Church History, vol. 33, no. 4 (Cambridge University Press on
behalf of the American Society of Church History, Dec., 1964), pp. 418–428.

9. George Gillespie, The Works of George Gillespie (AB Canada: Still Waters
Revival Books, 1991), 2 vols.

10. Guilherme Kerr, A Assembleia de Westminster (São José dos Campos,


Editora Fiel, 1992).

11. J. Ligon Duncan, III, ed., The Westminster Confession into the 21st Century
(Ross-shire, Mentor Imprint, 2005), 3 vols.

12. J.V. Fesko, The Theology of the Westminster Standards (Crossway, 2014).

13. James Kevin Culberson, For Reformation and Uniformity”: George Gillespie
(1613–1648) and the Scottish Covenanter Revolution (Diss. PhD., University of
North Texas, 2003).

14. John H. Leith, Assembly at Westminster — Reformed Theology in the Making


(Atlanta, John Knox Press, 1978).

15. John Rogers, ed., The Journal of the Proceedings of the Assembly of Divines:
From January 1, 1643, to December 31, 1644 in: The Whole Works of the Rev.
John Lightfoot, D. D., vol. 13.
16. John R.H. Corbett, The Churches in England and Scotland, 1603–1649: A
Study in Church Union (Thes. S.T.M., McGill University, 1970).

17. Larry Jackson Hglley, The Divines of the Westminster Assembly — A Study
of Puritanism and Parliament (Diss. PhD., Yale University, 1979).

18. Paul Joseph Smith, The Debates on Church Government at the Westminster
Assembly of Divines, 1643–1646 (Diss. PhD., Boston University Graduate
School, 1975).

19. Robert Baillie, The Letters and Journals of Robert Baillie (Edinburgh, A.
Laurie Publisher, 1842) 3 vols.

20. Robert Letham, The Westminster Assembly — Reading its Theology in


Historical Context (Phillipsburg, P&R Publishing, 2009).

21. Robert S. Paul, Assembly of the Lord: Politics and Religion in the Westminster
Assembly: Politics and Religion in the Westminster Assembly and the “Grand
Debate” (T. & T. Clark, 1985)

22. Rowland S. Ward, A Short Introduction to the Westminster Assembly and Its
Work (Tulip Publishing, 2º ed., 2019).

23. Samuel R. Gardiner, ed., Constitutional Documents of the Puritan Revolution


of from 1628–1660 (Oxford, Oxford University Press, The Clarendon Press,
1889).

24. Wayne R. Spear, Covenanted Uniformity in Religion: The Influence of the


Scottish Commissioners upon the Ecclesiology Assembly of the Westminster
(Pittsburgh, University of Pittsburgh, Diss. Ph.D., 1976).

25. William M. Hetherington, History of the Westminster Assembly of Divines


(Elgin, Puritan Publications, 2006).

BIBLIOGRAFIA AD FONTES DOS TEÓLOGOS DA ASSEMBLEIA DE


WESTMINSTER

1. www.westminsterconfession.org [monografias, biografias, documentos e as


obras dos membros da Assembleia de Westminster].

2. www.prdl.org [as obras dos teólogos e os documentos da Assembleia de


Westminster e diversos outros]

Registro das Atas da Assembleia da Igreja da Escócia

1. www.british-history.ac.uk/church-scotland-records/acts/1638-1842

Registro das decisões da Casa dos Lordes


1. www.british-history.ac.uk/lords-jrnl/vol5 [Journal of the House of Lords: vol. 5,
1642–1643].

2. www.british-history.ac.uk/lords-jrnl/vol6 [Journal of the House of Lords: vol. 6,


1643].

3. www.british-history.ac.uk/lords-jrnl/vol7 [Journal of the House of Lords: vol. 7,


1644].

4. www.british-history.ac.uk/lords-jrnl/vol8 [o Journal of the House of Lords: vol.


8, 1645–1647].

5. www.british-history.ac.uk/lords-jrnl/vol9 [Journal of the House of Lords: vol. 9,


1646].

6. www.british-history.ac.uk/lords-jrnl/vol10/p651 [Journal of the House of Lords:


vol. 10, 1648–1649].

7. www.british-history.ac.uk/lords-jrnl/vol11 [Journal of the House of Lords: vol.


11, 1660–1666].

Registro das decisões da Casa dos Comuns

1. www.british-history.ac.uk/commons-jrnl/vol3 [Journal of the House of


Commons: vol. 3, 1643–1644].

2. www.british-history.ac.uk/commons-jrnl/vol4/pp113-115 [Journal of the House


of Commons: Volume 4, 1644–1646].

3. www.british-history.ac.uk/commons-jrnl/vol5 [Journal of the House of


Commons: vol. 5, 1646–1648].

4. www.british-history.ac.uk/commons-jrnl/vol6 [Journal of the House of


Commons: vol. 6, 1648–1651].

[1] J. V. Fesko, The Theology of the Westminster Standards (Wheaton,


Crossway, 2014), p. 33.

[2] A história documental da Reforma inglesa soma uma enorme quantidade de


éditos reais, parlamentares e episcopais.

[3] Entre os ingleses algumas vozes reformistas se faziam ouvir entre os lolardos,
tendo como seu precursor John Wycliffe, um proeminente teólogo da
Universidade de Oxford, demitido em 1381. O movimento político e religioso dos
lolardos origina-se em meados do século XIV e continua até a reforma inglesa
no século XVI. No entanto, o lolardismo também obteve adeptos na Escócia. O
historiador escocês William Marshall observa que o movimento lolardo “não era
nativo na Escócia, como era na Inglaterra. Era uma espécie estranha nesta parte
norte da ilha; mas, logo foi trazido do sul e, rapidamente, criou raízes em nosso
solo e cresceu atrativamente. Wycliffe morreu em 1384, e o protomártir do
lolardismo na Escócia foi queimado em Perth, por volta de 1407. Essa honra não
coube a um nativo, mas a um inglês, chamado James Resby”. William Marshall,
Wycliffe and the Lollards (Edinburgh, Oliphant, Anderson & Ferrier, 1884), p. 87.

[4] J. G. A. Pocock sugere que a reforma de Henry VIII teve uma natureza
ambigua, e as suas tensões criaram grande parte do conflito na política inglesa
durante o período de 1530 a 1688. Veja J. G. A. Pocock, “A discourse of
sovereignty: observations on the work in progress”, in: Nicholas Phillipson and
Quentin Skinner, eds., Political Discourse in Early Modern Britain (Cambridge,
Cambridge University Press, 1993), pp. 377–428.

[5] A via media é o conceito anglicano de que as mudanças eclesiásticas


ocorreram não como um programa da reforma, mas como moderação dela.
Nesse caso foi adotada a noção clássica de moderação como um meio entre
dois extremos. Assim, a via anglicana é o caminho do meio porque alega
desfrutar do melhor tanto do catolicismo quanto do protestantismo. O
anglicanismo é uma via de comunicação entre o catolicismo e o protestantismo,
não sendo hostil a nenhum deles. Embora, inicialmente, isso não fosse verdade,
pois o rei Henry VIII perseguia a qualquer um que se opusesse a ele, como
monarca ou chefe da Igreja Anglicana.

[6] Henry VIII promoveu a perseguição aos adeptos da teologia luterana,


zwingliana, calvinista ou anabatista e católicos romanos que se opusessem aos
seus interesses. Alec Ryrie documenta uma lista de reformadores ingleses que
foram presos ou executados durante os anos de 1540 a 1546. Veja, “Appendix
I: Reformers executed or exiled between the passage of the Act of Six Articles
and the death of Henry VIII” in: Alec Ryrie, The Gospel and Henry VIII —
Evangelicals in the Early English Reformation (Cambridge, Cambridge University
Press, 2003), p. 261–270. E, Peter Marshall oferece uma lista de católicos que
foram exilados sob o reinado de Henry VIII. Veja, “Appendix: List of Henrician
Catholic Exiles” in: Peter Marshall, Religious Identities in Henry VIII’s England
(Aldershot, Ashgate Publishing, 2006), pp. 263–276. Diarmaid MacCulloch
resume a reforma de Henry VIII descrevendo-a como “catolicismo sem o papa e
uma Reforma sem reformadores”. Diarmaid MacCulloch, “Henry VIII and the
Reform of the Church” in: Diarmaid MacCulloch, ed., Henry VIII and the Reform
of the Church — Politics, Policy and Piety (London, MacMillan Press, 1995), p.
162.

[7] D. G. Newcombe, Henry VIII and the English Reformation (New York &
London, Routledge, 1995). No entanto, J.H. Merle d’Aubigne não compartilha da
mesma opinião que Newcombe. J.H. Merle d’Aubigne, The Reformation in
England (Edinburgh, The Banner of Truth, 1994), vol. 2. É aceitável a lúcida
opinião de Richard Rex, ao afirmar que “apesar das intenções do rei, essas
mudanças contribuíram para a ascensão do protestantismo inglês. Em quase
todos os estágios de seu desenvolvimento, a sorte do protestantismo inglês
dependeu das atitudes do rei e seus conselheiros próximos. A aliança entre a
coroa e os reformadores forjada durante a polêmica do divórcio foi decisiva para
a sobrevivência do movimento evangélico”. Richard Rex, Henry VIII and the
English Reformation — Second Edition (New York, Palgrave Macmillan, 2006),
p. 161.
[8] Robert Letham observa que Cranmer “tinha como objetivo final o alinhamento
da Igreja da Inglaterra com as igrejas reformadas do continente”. Robert Letham,
The Westminster Assembly — Reading its theology in historical context
(Phillipsburg, P&R Publishing, 2009), p. 12. Quanto a outras ações do arcebispo
da Cantuária, veja Theodore Maynard, The Life of Thomas Cranmer (Chicago,
Henry Regnery Company, 1956).

[9] Fesko observa que “sob o reinado de Edward, a reforma da Inglaterra


floresceu. A reforma da Igreja da Inglaterra foi muito além das reformas nominais
de Henry, em grande parte devido aos conselheiros teológicos que cercavam
Edward, que, na época da ascensão, tinha apenas nove anos de idade”. J. V.
Fesko, The Theology of the Westminster Standards, p. 35. Stephen Alford afirma
que “a Reforma definiu o reinado de Edward e vice-versa. A relação entre os dois
era complexa. Os pregadores e escritores edwardianos apresentavam
regularmente seu rei como o filho piedoso de um pai piedoso, passando pessoal
e corajosamente para um segundo estágio natural da Reforma iniciada por Henry
VIII. Esta apresentação tinha tanto a dizer sobre a natureza da realeza Tudor
intermediária quanto sobre a teologia edwardiana. Na coroação do rei, o
arcebispo Cranmer esboçou um modelo de poder real absoluto e o vinculou
explicitamente ao papel de Edward como um segundo Josias. Durante o curso
de seu reinado, Edward abraçou a projeção de si mesmo como o principal agente
no resgate de seu reino da corrupção do catolicismo romano”. Stephen Alford,
Kingship and Politics in the Reign of Edward VI (Cambridge, Cambridge
University Press, 2004), p. 100.

[10] John Edmund Cox, Miscellaneous Writings and Letters of Thomas Cranmer
(Vancouver, Regent College Publishing, 1846).

[11] Há importantes pesquisas recentes acerca do trabalho pastoral e teológico


de Peter Martyr Vermigli. Durante o seu período como docenti regius na
Universidade de Oxford, sabe-se que ele “apoiou a supremacia real inglesa,
consentiu com a legitimidade dos bispos na esfera eclesiástica, bem como na
Casa dos Lordes; e tinha a mesma opinião de Bullinger e outros em vários pontos
de disputa doutrinária e eclesiástica, incluindo notavelmente a Controvérsia das
Vestimentas”. Jordan J. Ballor, “Church discipline and excommunication: Peter
Martyr Vermigli among the disciplinarians and the magistraticals” in: Reformation
& Renaissance Review, vol. 15 №1, abril, 2013, p. 103. Uma pesquisa mais
ampla sobre este assunto encontra-se em W.J. Torrance Kirby, The Zurich
Connection and Tudor Political Theology (Leiden, Brill, 2007). Assim, quanto à
relação entre igreja e estado, Vermigli estaria mais próximo de ideias erastianas
e, consequentemente, identificando-se com a política eclesiástica de Zurique do
que com Genebra. No entanto, ele concordava com a soteriologia, teologia do
pacto e a doutrina sacramental de Calvino. Quanto à sua influência como
educador teológico, veja Jason Zuidema, “The primacy of Scripture in Peter
Martyr Vermigli’s understanding of theological education” in: Herman J.
Selderhuis, ed., Konfession, Migration und Elitenbildung (Leiden, Brill, 2007), pp.
99–108. Em relação à liturgia, Torrance Kirby observa que “de significado
especial para a medida da influência de Vermigli na igreja inglesa é o fato de que
o Livro de Oração de 1552 estabelece o padrão para todas as revisões
subsequentes autorizadas da liturgia, incluindo as duas revisões mais
importantes do Acordo Elizabethano (1559) e o Acordo de Restauração (1662)”.
Torrance Kirby, “From Florence to Zurich via Strasbourg and Oxford: The
International Career of Peter Martyr Vermigli (1499–1562)” in: Christian Moser &
Peter Opitz, eds., Bewegung und Beharrung Aspekte des reformierten
Protestantismus, 1520–1650 (Leiden, Brill, 2009), p. 138. A obra mais completa
do pensamento de Vermigli foi organizada por Torrance Kirby, Emidio Campi,
and Frank A. James III, eds., A Companion to Peter Martyr Vermigli (Leiden, Brill,
2009).

[12] Michael S. Springer afirma que Johannes à Lasco “foi um dos mais
dinâmicos organizadores de igrejas durante o período: ele liderou igrejas
reformadas na Frísia Oriental, Londres, Frankfurt e Polônia, e influenciou as
congregações de refugiados franceses e holandeses em terras alemãs e suíças.
A contribuição mais importante de à Lasco para a organização eclesiástica foi
sua ordenança — a Forma ac ratio — que ele escreveu entre 1550 e 1553,
descrevendo a administração, ritos e disciplina usados em sua igreja de
estrangeiros em Londres”. Michael S. Springer, Church building and the Forma
ac ratio: The influence of John à Lasco’s ordinance in sixteenth-century Europe
(Thesis PhD to University of St. Andrews, 2004), p. 2. Diarmaid MacCulloch
escreveu que “juntamente com a monumental declaração doutrinária de Calvino,
as Institutas, ela [a Forma ac ratio] forneceu um importante texto para o futuro
do cristianismo reformado em toda a Europa”. Diarmaid MacCulIoch, “The
importance of Jan Laski in the English Reformation” in: Johannes à Lasco (1499–
1560): Christoph Strohm, ed., Polnischer Baron. Humanist und europâischer
Reformater (Tübingen, JCB Mohr, 2005), p. 331. A ordenança Forma ac ratio de
à Lasco evidencia ter recebido influência da Ordonnances ecclèsiastiques de
Calvino e, que “essa dupla influência de Calvino sobre à Lasco também pode ser
vista em outras partes da ordenança. Eles adotaram muitos salmos franceses e
o catecismo do reformador de Genebra”. Michael Stephen Springer, Restoring
Christ’s church: John à Lasco and the Forma ac ratio (Aldershot, Ashgate
Publishing Company, 2007), p. 129. Veja também, Min Kang, John Calvin and
John à Lasco on Church Order: A Comparative Study with Special Attention to
Church Offices (Kampen, A Thesis of MTh to Protestant Theological University,
2011); e, Dirk Wayne Rodgers, John à Lasco in England (Dissertation PhD to
Drew University, 1991).

[13] Cranmer em uma carta para Bucer, em 2 de outubro de 1548, onde escreveu
“vinde, pois, a nós, e entregue-se a nós como trabalhador na seara do Senhor;
entre nós, você não será menos útil para a igreja católica de Deus do que
mantendo-se em seu atual ofício. Você também pode, enquanto ausente, ser
capaz de fazer mais para curar as feridas de seu país aflito do que estando
presente. Não demore, mas venha até nós o mais rápido possível. Deixe-nos
mostrar que nada pode nos ser mais grato ou agradável do que a presença de
Bucer. Mas tome cuidado para não incorrer em perigo em sua jornada. Você
sabe que existem aqueles que ameaçam sua vida — não confie a si mesmo nas
mãos deles. Você tem consigo um comerciante inglês chamado Richard Hill, um
homem piedoso e mui fiel, com quem desejo que você converse sobre todo o
plano de sua jornada”. Writings of the Rev. Dr. Thomas Cranmer (London, The
Religious Tract Society, 1830), p. 267–268. Além da docência, as opiniões
teológicas de Bucer foram solicitadas em várias decisões de reforma da religião
inglesa. A primeira versão do Livro de Orações de Edward VI recebeu suas
sugestões, sendo aproveitadas na revisão da segunda edição. O resultado gerou
insatisfação, pois não o suficiente para os reformadores radicais, mas ofendeu
aos conservadores católicos.

[14] O Interim de Augsburgo é um decreto imperial de 15 de maio de 1548,


elaborado a pedido do imperador Carlos V. Após a sua vitória sobre os príncipes
luteranos, isto é, a Liga de Esmalcalda, durante a batalha de Muehlberg, ele
editou um decreto imperial provisório, enquanto eram aguardadas as resoluções
do Concílio de Trento (1545–1563) sobre as questões de culto. O documento
intencionava reduzir as conquistas teológicas e litúrgicas do protestantismo,
favorecendo a teologia e os ritos papistas, inclusive conforme traz o seu título:
Declaração de sua majestade imperial e romana sobre a observância da religião
dentro do Sacro Império até a decisão do Concílio Geral.

[15] Rev. Hastings Robinson, Original Letters Relative to the English Reformation
(Cambridge, The Cambridge University Press, 1847), pp. 346–348. A saúde de
Bucer começava a piorar. É possível que a tuberculose tenha causado a sua
morte entre 28 de fevereiro e 1 de março de 1551, em Cambridge. Bucer faleceu
aos 59 anos. Calvino em uma carta a Pierre Viret declarou que “sinto meu
coração quase esfacelar quando penso na grande perda que a Igreja de Deus
sofreu com a morte de Bucer. O Senhor conceda que eu deixe em vida todos
aqueles cuja morte eu deveria chorar, para que eu deixe o mundo com mais
alegria”. Jules Bonnet, Letters of Calvin (Philadelphia, Presbyterian Board of
Publication, 1858), vol. 2, pp. 310–311.

[16] Edward VI ascendeu ao trono aos 9 e faleceu aos 16 anos.

[17] Ela ficou conhecida como Maria, a Católica ou a Sanguinária, por promover
confiscos, prisões, torturas e execuções de aproximadamente 300 pessoas. Veja
Eamon Duffy and David Loades, eds., The Church of Mary Tudor (Aldershot,
Ashgate Publishing Limited, 2005); e, Eamon Duffy, Saints, Sacrilege and
Sedition Religion and Conflict in the Tudor Reformations (London, Bloomsbury
Publishing Plc, 2012). O principal conselheiro de Filipe II e Maria Tudor foi o Frei
Bartolomé Carranza, um dominicano espanhol. Carranza “aceitou o convite de
acompanhar o príncipe Filipe em sua viagem para a Inglaterra para se casar com
Maria Tudor e permaneceu na Inglaterra de julho de 1554 até julho de 1557,
quando foi para os Países Baixos e logo se tornou arcebispo de Toledo por
indicação de Filipe II”. John Edwards, ed., Reforming Catholicism in the England
of Mary Tudor: the achievement of Friar Bartolomé Carranza (New York,
Routledge, 2016), p. 37. Carranza recorreu aos métodos da Inquisição para
realizar a restauração do papismo sob o reinado de Maria. John Edwards, “A
Spanish Inquisition? The repression of Protestantism under Mary Tudor” in:
Reformation & Renaissance Review, vol. 4, 2002, pp. 72–74. Maria instituiu a
sua própria inquisição com características próprias. No entanto, enquanto a
Inquisição espanhola era uma organização secreta, os julgamentos e prisões na
Inglaterra eram públicos. Grande parte da metodologia e dos processos de
questionamento eram semelhantes, mas a Inquisição de Maria encontrou
resistência dos ingleses e falhou após alguns anos. Apesar de todo terror
disseminado, criaram-se vários mártires a partir das “pobres almas” presas e
mortas por ela e o Bispo Bonner, a Inquisição de Maria não teve o mesmo
sucesso que a espanhola, pois a percepção de martírio incentivou o heroísmo
de suas vítimas e não a intimidação. Sarah J. Dell, “The Unsuccessful Inquisition
in Tudor England” in: The Gettysburg Historical Journal, 2014, vol. 13, Article 5,
pp. 24–49.

[18] Philip Benedict afirma que “aproximadamente oitocentos outros ingleses,


muitos deles nobres, clérigos e jovens que se preparavam para o ministério
preferiram o exílio a aceitar a restauração do culto católico”. Philip Benedict,
Christ’s churches purely reformed: a social history of Calvinism (New Heaven,
Yale University Press, 2002), p. 242. Para um estudo sobre os exilados
marianos, veja Christina Hallowell Garrett, The Marian Exiles — A Study in the
Origins of Elizabethan Puritanism (London, The Cambridge University Press,
1966); e, George Truman Washburn, Jr., A study of the Marian Exiles at Geneva
and their contributions to the rise of Elizabethan Puritanism (A Dissertation of
PhD to New Orleans Baptist Theological Seminary, 1989).

[19] Alexander Samson relata que “o anticatolicismo refinado e aprimorado pelos


exilados marianos tornou-se um aspecto crucial da história teleológica da
ascensão da Inglaterra como nação e tornou-se sinônimo de sentimento
antiespanhol”. Alexander Samson, Mary and Philip — The marriage of Tudor
England and Habsburg Spain (Manchester, Manchester University Press, 2020),
p. 137.

[20] O mais antigo documento da congregação inglesa em Genebra, está


guardado nos Archives Republique et Canton de Geneve. Todavia, uma cópia
está acessível em “Appendix: Livre des Anglois” in: John Southerden Burn,
Registrum Ecclesiae Parochialis: The History of Parish Registers in England
(London, John Russel Smith, 2a. ed., 1862), pp. 274–288. O Livre des Anglois
[livro dos ingleses] registrava “os nomes dos refugiados ingleses que chegaram
a Genebra em 15 de outubro de 1555, bem como os nomes dos que chegaram
nos anos seguintes. Havia, nesse livro, uma lista de ministros, diáconos e
presbíteros eleitos anualmente; uma lista de batismos, casamentos e enterros”.
Disponível em: <https://ge.ch/archives/3-livre-anglois-ou-registre-de-leglise-
anglaise-de-geneve-sous-pastorat-de-john-knox-de-christopher>.

[21] Iean Calvin, Le Catéchisme de l’église de Genève, c’est a dire le formualire


d’instruire les enfants en la chrestienté. Os pastores tinham a tarefa de instruir
cada estrangeiro que viesse residir em Genebra. As pessoas somente
participariam da Ceia do Senhor se fossem aprovados no exame da Companhia
de Pastores da Igreja. De fato, houve grande aceitação deste catecismo como
livro-texto na instrução da fé reformada. Calvino testemunhou “que o nosso
catecismo é subscrito por duzentos mil homens, incluindo alemães, suíços,
italianos e ingleses”. James Cooper, Confessions of Faith and Formula of
Subscription in the Reformed Churches of Great Britain and Ireland especially in
the Church of Scotland (Glasgow, James Maclehose and Sons, 1907), p. 12.
Assim, não somente entre os nativos e estrangeiros em Genebra, mas em outros
países, este catecismo tornou-se em um padrão confessional e era usado para
a instrução de crianças, estrangeiros e estudantes de teologia na fé reformada.
O Catecismo de Genebra teve uma tradução e publicação autorizada pelos
bispos na Inglaterra. Tamanho foi o impacto deste catecismo sobre os exilados
marianos, que em seu retorno eles o levaram consigo para a Inglaterra em 1560.
Elijah Waterman traduziu o catecismo de Calvino, que na página inicial tem a
descrição “que foi sancionado na Convocação dos Bispos e do Clero em 1562,
e publicado em 1570, ‘como um resumo permanente das doutrinas da Igreja
Inglesa’”. Elijah Waterman, The Catechism of the Church of Geneva by Rev. John
Calvin (Hartford, Sheldon & Goodwin Printers, 1815), p. 1. Quanto ao texto do
Catecismo de Genebra de 1542, veja: Ewerton B. Tokashiki, Instruindo o
rebanho de Deus — os catecismos e as confissões de João Calvino (Teófilo
Otoni, Credo Reformado Publicações, 2023).

[22] Acerca da congregação inglesa em Genebra aguarde o livro Ewerton B.


Tokashiki, Reformando o rebanho de Deus — A Igreja de Genebra entre 1536 a
1564 (Credo Reformado Publicações). As Ordonnances ecclèsiastiques de
Calvino tornaram-se numa referência para a reforma britânica. John Knox
preparou uma versão em inglês, enquanto pastoreou a Congregação inglesa em
Genebra sob o título de The Form of prayers and ministration of the Sacraments
used in the English Congregation at Geneva (1556). Calvino publicou duas
edições do documento uma em 1541 e o texto ampliado em 1561. Eles
delinearam a identidade eclesiológica das igrejas reformadas. Veja, Ewerton B.
Tokashiki, Pastoreando o rebanho de Deus — Os documentos de ordem da
Igreja de Genebra (Teófilo Otoni, Credo Reformado Publicações, 2022.), pp. 48–
77 e 113–171.

[23] Calvino havia preparado para a Igreja de Genebra em 1542 um manual


litúrgico sob o título de La forme de prieres et chantz ecclesiastiques [A forma de
orações e cânticos eclesiásticos]. A edição completa do saltério métrificado de
Genebra foi finalmente publicada em Genebra em 1562. Ele incluía 125 melodias
diferentes para 152 textos (150 salmos e dois cânticos). Além de ser um diretório
de culto, ele também expressava a teologia de adoração, conforme ensino e
encontrado em outros escritos do reformador suíço. Acerca da reforma litúrgica
da Igreja de Genebra, veja Karin Maag, Lifting Hearts to the Lord: Worship with
John Calvin in Sixteenth-Century Geneva (Grand Rapids, Wm. B. Eerdmans
Publishing Co., 2016); e, também, Christian Grosse, “’Docere et movere’ —
Preaching, Sacrament, and Prayer in the Reformed Liturgical System of 16th-
Century Geneva” in: (Leiden, Brill, 2021), pp. 165–189. Mark Greengrass afirma
que “o saltério de Genebra também exerceu sua influência sobre a importante
tradição de salmos métricos dos Reformados na Escócia e na Inglaterra”. Mark
Greengrass, “The theology and liturgy of Reformed Christianity” in: R. Po-Chia
Hsia, ed., Reform and Expansion 1500–1660 (Cambridge, Cambridge University
Press, 2007), p. 119.

[24] Dan G. Danner comenta que “como já foi colocado, muitos historiadores que
lidaram com a Bíblia de Genebra apontam para seus tradutores de promover o
calvinismo e plantar as sementes do puritanismo. Assim, a teologia e o
desenvolvimento teológico de João Calvino são um ponto central necessário
para analisar a teologia da Bíblia de Genebra”. Dan G. Danner, The Theology of
the Geneva Bible of 1560: A study in English Protestantism (Thesis PhD to The
University of Iowa, 1969), p. 163.
[25] Os exilados marianos que se refugiaram em outras cidades européias não
retornaram com o mesmo compromisso de reforma teológica. Os ingleses que
residiram em Frankfurt, por exemplo, preservaram a sua religião conforme
recebida no período edwardiano. John Coffey afirma que “o exílio por si só teria
um impacto limitado no protestantismo inglês — foi o retorno dos puritanos do
exílio que mais fez para mudar a cultura religiosa.” John Coffey, “Exile and return
in Anglo-American Puritanism” in: Yosef Kaplan, ed., Early Modern Ethnic and
Religious Communities in Exile (Cambridge Scholars Publishing), p. 289.

[26] Veja Patrick Collinson, “Sir Nicholas Bacon and the Elizabethan via media”
in: The Historical Journal, vol. 23, Issue 2, June 1980, pp. 255–273. Ronald J.
Vander Molen declara “é evidente que o período de exílio foi ideologicamente
crítico na história inglesa, pois as pressuposições básicas por trás do
pensamento anglicano e puritano foram claramente desenvolvidas e
estruturadas dentro dos partidos religiosos opostos”. Ronald J. Vander Molen,
“Anglican against Puritan: Ideological Origins during the Marian Exile” in: Church
History, vol. 42, no. 1, março de 1973, p. 57.

[27] A maioria dos historiadores concordam que este evento foi o início do
movimento puritano inglês. Veja um importante estudo sobre o tema em George
Truman Washburn, Jr., A study of the Marian exiles at Geneva and their
contributions to the rise of Elizabethan puritanism (Thesis ThD to New Orleans
Baptist Theological Seminary, 1989).

[28] Alguns historiadores alegam encontrar alguma dificuldade na definição do


movimento puritano. Isso se dá, segundo alegam, devido a diversidade política,
eclesiologia e ampla atuação dos seus representantes. De fato, entre os
puritanos havia divergências quanto às decisões políticas do governo civil,
também havia entre eles monarquistas enquanto outros eram parlamentaristas;
embora fossem majoritariamente calvinistas, havia entre eles alguns poucos
arminianos; a mais enfática divisão era em sua eclesiologia, pois as convicções
puritanas igualmente influenciavam anglicanos, congregacionais e
presbiterianos. Apesar dessa difícil tarefa de descrever a identidade puritana no
século XVII, os historiadores encontram elementos comuns entre eles. E,
certamente, a característica mais evidente entre os puritanos era a piedade
prática. Por isso Stephen Foster escreve “como a teologia prática estava tão
profundamente enraizada em seu próprio tempo e lugar, muitos de seus métodos
para uma ‘vívida’ educação na piedade foram endossados por uma grande
variedade de ingleses que num sentido seriam chamados de puritanos”. Stephen
Foster, The Long Argument: English Puritanism and the Shaping of New England
Culture, 1570–1700 (Chapel Hill, 1991), p. 76. Os historiadores revisionistas,
especialmente os antipáticos ao puritanismo, querem causar confusão quanto à
definição do movimento. No entanto, é aceitável que “a definição de puritanismo
é uma questão que tem sido abordada e evitada com grande proveito por muitos
estudiosos. O resultado é que não é um assunto sobre o qual haja algo muito
novo a se dizer”. Peter Lake, “Defining Puritanism — Again?” in: Puritanism:
Transatlantic Perspectives in a Seventeenth-Century Anglo-American Faith, ed.
Francis J. Bremer (Boston, Massachusetts Historical Society, 1993), p. 3.
[29] Os ingleses, movidos por sentimentos antipapistas, reafirmaram a Igreja
Anglicana como parte das igrejas reformadas do continente. Philip Benedict
observa que “as nomeações eclesiásticas iniciais de Elizabeth mostraram o
alinhamento de sua igreja com a teologia reformada. Mais da metade do conjunto
inicial de bispos elizabetanos eram exilados marianos que retornaram. O seu
primeiro arcebispo da Cantuária, Matthew Parker, foi o executor do testamento
de Bucer. O seu sucessor, Grindal, carregou o caixão de Bucer em seu funeral”.
Philip Benedict, Christ’s churches purely reformed: a social history of Calvinism,
p. 244. No entanto, esse cenário inicialmente favorável a retomada da reforma
protestante, teria um desdobramento de rejeição às medidas propostas pelos
exilados que retornaram. Francis J. Bremer afirma que “reconhecendo a força do
sentimento conservador (em grande parte católico ou pseudocatólico), Elizabeth
insistiu em um acordo religioso que fosse um pouco mais moderado do que o
deixado na igreja na morte de Edward VI. Isso foi uma decepção para aqueles
que voltaram do exílio ansiosos por reproduzir algumas das práticas que haviam
observado no Continente. Alguns desses homens aceitaram relutantemente
posições de autoridade na igreja elisabetana na esperança de que pudessem
usar seu poder e influência para defender novas reformas”. Francis J. Bremer,
Puritanism: a very short introduction (Oxford, Oxford University Press, 2009), p.
7.

[30] O Ato de Estabelecimento e o Ato de Uniformidade garantiam nocivos


poderes à Elizabeth. Robert Letham comenta que “somente por volta de 1564 a
uniformidade rígida foi exigida. O problema básico era que o édito do
Estabelecimento Elizabethano, embora protestante, ainda estava ligado a uma
estrutura de igreja medieval que continuou a impor a lei canônica desde os
tempos sob jurisdição romana, a menos que ela contradissesse a autoridade
real”. Robert Letham, The Westminster Assembly — Reading its theology in
historical context, p. 15. Ainda havia, conforme a conveniência, muito papismo
na reforma consentida por Elizabeth.

[31] Ao assumir o trono inglês ele altera o seu nome para James I.

[32] Os puritanos apresentaram a Petição Milenar ao rei James. G.W. Prothero


explica que “a Petição Milenar foi uma representação feita a James VI quando
ele se tornou rei da Inglaterra em 1603. Era assim chamada por causa dos 1000
subscritores do documento, que era cerca de um décimo do clero inglês. Era
essencialmente um pedido dos puritanos da época para devolver à Igreja da
Inglaterra uma forma de adoração mais simples e calvinista, com a remoção de
elementos papistas. O resultado da petição foi a Conferência de Hampton Court
de 1604, da qual os puritanos alcançaram pouco resultado. Um evento
importante, no entanto, foi a aprovação dada a uma nova tradução da Bíblia, mas
sem o comentário marginal encontrado nas versões de Tyndale e da Bíblia de
Genebra. Deve-se notar que o seu uso era para as ‘igrejas da Inglaterra’”. G.W.
Prothero, ed., Extracted summary from Select Statutes and Constitutional
Documents — Elizabeth and James I (London, Clarendon Press, 1894), p. 413.

[33] Há três principais traduções da Bíblia para o inglês nos séculos XVI e XVII.
A primeira delas é a Grande Bíblia de 1539, sendo a primeira versão autorizada.
Ela foi preparada por Myles Coverdale e aprovada pelo rei Henry VIII. A segunda
foi uma versão preparada pelos exilados marianos em Genebra, em 1560. Ela
recebeu o nome de Bíblia de Genebra, e possuía anotações teológicas nas
margens, sendo muito popular entre os ingleses e escoceses. Mas, uma versão
revisada do Novo Testamento só foi impressa na Inglaterra em 1575, e a Bíblia
completa apenas em 1576. Mais de 150 edições foram emitidas, a última,
provavelmente em 1644. A primeira Bíblia impressa na Escócia foi uma Bíblia de
Genebra, em 1579. A terceira tradução foi a Versão Autorizada ou Versão do Rei
James. Ela foi uma tradução preparada para a Igreja da Inglaterra, encomendada
em 1604 e publicada em 1611. Os 80 livros da Versão do Rei James [King James
Verson] incluem 39 livros do Antigo Testamento, 14 livros apócrifos e os 27 livros
do Novo Testamento. A tradução contou com seis grupos de tradutores,
somando 47 membros ao todo, que dividiram o trabalho entre eles: o Antigo
Testamento foi confiado a três equipes, enquanto a tarefa de traduzir o Novo
Testamento foi entregue a duas e os apócrifos a apenas uma equipe. S.L.
Greenslade, “English versions of the Bible A.D. 1525–1611” in: S.L. Greenslade,
ed., The Cambridge History of the Bible the West from the Reformation to the
present day (Cambridge, Cambridge University Press, 1976), vol. 3, pp. 141–
174.

[34] William J. Sheils observa que com “a morte de Elizabeth em 1603 e a


ascensão de James I, filho de Mary, rainha dos escoceses, aumentaram as
esperanças dos católicos que buscavam encontrar acomodação dentro do
estado. Inicialmente, essas esperanças pareciam justificadas, mas, sob pressão
do Concílio, James rapidamente recuou de suas ofertas e a decepção resultante
levou ao desastre da Conspiração da Pólvora de 1605, que reviveu todos os
temores profundamente enraizados sobre conspirações e a deslealdade
católica. A resposta do governo foi emitir um Juramento de Fidelidade, em 1607,
a todos os católicos (talvez, 200.000), dos quais 40.000 recusaram-se a
subscrever, exigindo que eles renunciassem ao direito do papado de depor os
governantes. Isso provou ser um assunto de divisão entre os católicos ingleses,
tanto leigos como clérigos, embora o arcebispo Blackwell se sentisse capaz de
aceitá-lo. A legislação parlamentar contra os católicos continuou a ser aplicada
vigorosamente. Mas, o reinado de James parecia ter um avanço em relação aos
católicos politicamente menos ativistas e uma diminuição da influência jesuíta”.
William J. Sheils “Historical Overview, ca. 1530–1829” in: Robert E. Scully, ed.,
A companion to Catholicism and recusancy in Britain and Ireland: from
Reformation to emancipation (Leiden, Brill, 2022), p. 36.

[35] A Conspiração da Pólvora refere-se ao ato terrorista dos católicos romanos


ingleses em explodir o Parlamento, o rei James I e a sua família, em 5 de
novembro de 1605. Liderados por Robert Catesby, Thomas Winter, Thomas
Percy, John Wright e Guy Fawkes eram papistas irritados com o rei James por
não favorecer aos católicos religiosa e politicamente. Os conspiradores
planejavam que os papistas assumissem o controle do país, caso conseguissem
matar parte dos membros do Parlamento e dos ministros, e, também, o rei. Veja
Alan Haynes, The Gunpowder Plot — Faith in Rebellion (Stroud, Sutton
Publishing, 1996); Antonia Fraser, A Conspiração da Pólvora — Terror e fé na
Revolução Inglesa (Rio de Janeiro, Editora Record, 2000); e, também, Thomas
M. McCoog, The Society of Jesus in Ireland, Scotland, and England, 1598–1606
(Leiden, Brill, 2017), pp. 503–512.
[36] O rei diplomaticamente autorizou uma delegação para participar do Sínodo
de Dordt. Todavia, a indisposição contra os puritanos, prejudicou a participação
dos representantes ingleses. Anthony Milton observa que “a suposição de que o
Sínodo não tinha nada a ver com a Igreja da Inglaterra, e que a presença dos
delegados ingleses era de uma embaraçosa irrelevância, também se tornou a
ortodoxia entre as visões inglesas do Sínodo nos séculos subsequentes. Tornou-
se consenso que os próprios delegados britânicos estavam completamente
desfavoráveis em relação ao Sínodo — que as instruções recebidas do rei os
obrigavam a uma moderação, que o restante do Sínodo se recusava a seguir e
que, consequentemente, os alienava dos outros delegados”. Anthony Milton, “A
Distorting Mirror: The Hales and Balcanquahall Letters and the Synod of Dordt”
in: Aza Goudriaan and Fred van Lieburg, eds., Revisiting the Synod of Dordt
[1618–1619] (Leiden, Brill, 2011), p. 138. Os Países Baixos, no contexto da
reunião do Sínodo de Dordt, ainda mantinham uma relação de conflito com a
Espanha.

[37] Anthony Milton relata como era fomentado um sentimento antipuritano, com
a intenção de enfraquecer e minimizar a influência deles. Anthony Milton,
Catholic and Reformed — The Roman and Protestant Churches in English
Protestant Thought, 1600–1640 (Cambridge, Cambridge University Press, 2002),
pp. 531–533.

[38] Ele foi o rei da Inglaterra, Escócia e Irlanda de 1625 até a sua execução.

[39] A reedição do Livro dos Esportes, por exemplo, foi um édito que afrontou
convicções solidamente puritanas. S.R. Gardiner, The Constitutional Documents
of the Puritan Revolution 1625–1660 (London, Henry Frowde, M.A. Publisher to
the University of Oxford, 1899), pp. 99–103. Há uma cópia deste documento em
Henry Gee, and William John Hardy, ed., Documents Illustrative of English
Church History (New York, Macmillan Publishers, 1896), pp. 528–32. Esse livro
foi uma reedição de Charles I de uma declaração anterior sobre o assunto feita
pelo rei James, em 1618, à qual Charles acrescenta algumas palavras e remete
para que o documento seja lido nas igrejas. A data exata do manifesto em sua
última forma é de 18 de outubro de 1633.

[40] Os escoceses subscreveram o Pacto Nacional. Este foi um acordo assinado


pelos escoceses em 1638, opondo-se às reformas propostas pelo rei Charles à
Igreja da Escócia, que culminaram em guerra. A Igreja e o Parlamento da
Escócia decidiram, reagindo à Charles I, oficializar uma reforma completa da
religião contra o papismo. Assim, foi revisado e adotado um documento
originalmente escrito em 1580. Este era o texto da Segunda Confissão Escocesa
que, adaptado, ficou conhecido como Pacto Nacional. Além da confissão,
também foram anexadas as decisões do Parlamento e acréscimos feitos à
renovação em 1638. James Cooper observa que o “Pacto Nacional surge em
oposição à tentativa do rei Charles I de derrubar a realização da Reforma
protestante na Escócia. Este documento foi assinado por milhares de pessoas,
em 1638, para firmar seu compromisso contínuo com os princípios bíblicos,
reformados e presbiterianos. James Cooper observa que “o Pacto Nacional,
redigido por Alexander Henderson, e assinado publicamente com um imenso
entusiasmo em fevereiro de 1638, embora se declarasse ultrapassado, era
realmente novo; pois além da Confissão Negativa de Craig de 1581, e vários
Atos do Parlamento, em favor da religião reformada, introduziu um vínculo (ou
pacto) pelo qual os subscritores se empenharam em abster-se da prática de
todas as inovações e corrupções na adoração, ou governo da igreja, até que
fossem aprovados numa Assembleia e Parlamento, e expressou sua convicção
de que as inovações contidas em suas petições eram contrárias às confissões
escocesas de 1560 e 1581, e tendiam ao reestabelecimento do papado e da
tirania”. James Cooper, Confessions of Faith and Formulas of Subscription in the
Reformed Churches of Britain and Ireland, Especially in the Church of Scotland
(Glasgow, James MacLehose and Sons, 1907), p. 34.

[41] Bremer diz que “Lancelot Andrewes, Richard Neile e William Laud
começaram a promover ‘a beleza da santidade’, um programa que incluía
cerimônias como ajoelhar-se para receber a Ceia do Senhor, o retorno dos
altares à capela-mor, boa música no culto e outros elementos que evocavam
memórias de práticas católicas, outrora descartadas”. Francis J. Bremer,
Puritanism: a very short introduction, p. 13.

[42] A aliança entre o rei e os bispos fortalecia-se contra o Parlamento. O esforço


de minguar a liberdade de expressão de ambas as Casas do Parlamento
resultaria em uma monarquia absolutista, como era o modelo francês. Albert B.
White observa que “da liberdade de expressão dependia toda a batalha pela
liberdade parlamentar. Nenhuma limitação imposta por decreto ou proclamação,
nenhuma insistência em termos exatos da redação de leis, nenhuma das várias
formas de controle pelas quais o Parlamento estava a caminho de se tornar uma
legislatura valeria se o rei pudesse refrear a língua dos seus membros. Tudo o
que fora conquistado, toda a compreensão da monarquia limitada para a qual os
pensadores políticos europeus despertaram, desapareceria se James e Charles
pudessem silenciar o debate. Os reis da Inglaterra poderiam se tornar o que, às
vezes, desejavam ser, reis como os da França. Muito estava em jogo naqueles
debates entre o soberano e o Parlamento”. Albert B. White, Source problems
English history (London, Harper & Brothers Publishers, 1915), pp. 175–176.

[43] O Arcebispo Laud teve a sua prisão decretada por este parlamento em 1640,
seus bens confiscados e, finalmente, executado no término da Primeira Guerra
Civil Inglesa em janeiro de 1645. Veja “An Ordinance that all the Temporal
Livings, Dignities and Ecclesiastical promotions belonging unto William Lord
Archbishop of Canterbury, be forthwith Sequestered by and unto the Parliament”
in: C.H. Firth and R.S. Rait, eds., Acts and Ordinances of the Interregnum, 1642–
1660 (London, 1911), p. 176.

[44] A Liga e Pacto Solene foi um acordo entre os pactuantes escoceses e os


líderes do parlamento inglês em 1643 durante a primeira Guerra Civil inglesa.
Em 17 de agosto de 1643, a Igreja da Escócia aceitou e em 25 de setembro de
1643 o Parlamento inglês, sendo convocada a Assembleia de Westminster para
cumprir a produção de documentos confessionais propostos na Liga e Pacto
Solene. Veja o texto em The Westminster Confession Faith (Glasgow, Free
Presbyterian Publications, 1994), pp. 355–360. Sugiro a leitura de Chad van
Dixhoorn, “Scottish influence on the Westminster assembly: A study of the
synod’s summoning ordinance and the Solemn League and Covenant” in:
Records of the Scottish Church History Society 37 (2007), pp. 55–88.

[45] Os escoceses apresentaram ao Parlamento inglês, em 1642, o texto


declarando que “a confissão de fé e a reforma da Igreja da Escócia, em doutrina,
disciplina e culto, à medida em que os reformadores conceberam e
compreenderam estes documentos, e que foram regulados pela Palavra de
Deus, e fundamentados na Escritura, como é reconhecido pela Harmonia das
Confissões das Igrejas Reformadas, e pelo testemunho dos melhores e mais
eminentes teólogos, que estiveram na Igreja da Inglaterra, ou nas demais Igrejas
Reformadas da época e até hoje, em meio à maior desolação. Apesar da
ambição e da usurpação dos prelados, nenhum outro ministério ou ofício, foi
reconhecido, ou aceito pela Igreja Reformada da Escócia, senão a dos pastores,
doutores, presbíteros e os diáconos. Estes sendo confirmados pela Escritura, e
sendo suficientes para todos os usos necessários da Igreja da Escócia; ainda
assim, o príncipe e o magistrado civil preservam o seu eminente lugar e poder
civil para o consolo e a pureza da religião”. O documento foi publicado em
Edimburgo, 4 de agosto de 1642. Veja o texto completo em:
<https://ota.bodleian.ox.ac.uk/repository/xmlui/bitstream/handle/20.500.12024/A
85362/A85362.html?sequence=5>.

[46] O Parlamento Longo publicou uma forma de juramento, convocando os


protestantes contra o exército de Charles I. O texto declara que “considerando
que os Lordes e os Comuns reunidos no Parlamento declararam que houve, e
ainda há, uma conspiração papista e traiçoeira para a subversão da verdadeira
religião reformada protestante e a liberdade dos súditos; e que, em cumprimento
a isso, um exército papista se levantou, e se posiciona em diversas partes deste
reino; e, também, de maneira solene, declarada, jurada e pactuada, que, para a
segurança e preservação da verdadeira religião protestante, e liberdade dos
súditos, eles não consentirão em depor as armas, enquanto os papistas, em
guerra aberta contra o Parlamento, serão protegidos pela Força das Armas da
Justiça. […] Considerando que em minha consciência creio que as forças
organizadas pelas duas Casas do Parlamento são convocadas e continuadas
para sua justa defesa, e para a defesa da verdadeira religião protestante e
liberdades dos súditos, contra as forças convocadas pelo Rei; faço aqui, na
presença de Deus Todo-poderoso, e declaro, voto e pactuo, que irei, de acordo
com minha capacidade e vocação, ajudar as Forças convocadas e continuadas
por ambas as Casas do Parlamento, contra as forças convocadas pelo Rei, sem
o consentimento de ambas as Casas”. Veja o texto completo em “The Covenant
to be taken by the whole Kingdom” in: C.H. Firth and R.S. Rait, eds., Acts and
Ordinances of the Interregnum, 1642–1660 (London, 1911), pp. 175–176. O
Parlamento Longo redigiu um édito obrigando a todos os ingleses a
subscreverem o tratado Liga e Pacto Solene. Veja, “An Ordinance to disable any
person within the City of London and Liberties thereof, to be of the Common-
Councell, or in any Office of trust within the said City, that shall not take the late
Solemne League and Covenant” in: C.H. Firth and R.S. Rait, eds., Acts and
Ordinances of the Interregnum, 1642–1660 (London, 1911), p. 359.

[47] Malcolm Wanklyn and Frank Jones, eds., A military history of the English
Civil War, 1642–1646: strategy and tactics (Harlow, Longman, 2005); Frank W.
Jessup, Background to the English Civil War (Oxford, Pergamon Press, 1966); e,
Howard Tomlinson, Before the English Civil War — Essays on Early Stuart
Politics and Government (New York, Macmillan Education, 1984).

[48] As Ordenanças Eclesiásticas de Calvino e a Ordem da Igreja do Sínodo de


Dordt delinearam a eclesiologia reformada antes da Assembleia de Westminster.
Veja, Ewerton B. Tokashiki, Documentos da Tradição das Igrejas Reformadas
(Eusébio, Editora Peregrino, 2020). O texto das Ordonnances ecclèsiastiques de
1541 foi usado pela congregação inglesa em Genebra, de 1558 a 1560.

[49] Além do Diretório do Culto Familiar, também foi preparado a Breve


Confissão para o uso no culto doméstico. Veja, Ewerton B. Tokashiki, Diretório
de Culto Familiar segundo a Assembleia de Westminster (São Paulo, Editora
Dordt, 2020).

[50] Estou preparando uma coletânea de textos que fizeram parte do contexto
antecedente e que foram produzidos durante a Assembleia de Westminster
(1645–1649) e será publicada sob o título de “Documentos da Assembleia de
Westminster”.

[51] Chad van Dixhoorn explica que nem sempre é claro o critério da seleção dos
membros da Assembleia de Westminster. Embora, alguns nomes,
evidentemente, tornaram-se participantes devido à posição social ou a erudição
reconhecida. Certamente, o principal critério para a escolha da maioria dos
membros seria a competência acadêmica, pois todos possuíam, no mínimo, um
mestrado em artes. Veja, Chad van Dixhoorn, The Minutes and Papers of
Westminster Assembly 1643–1652 — Introduction (Oxford, Oxford University
Press, 2012), vol. 1, pp. 13–14.

[52] Um exemplo de reinterpretação que resulta na negação da intencionalidade


dos autores é o caso da decisão da Reunião Ordinária do Supremo Concílio da
IPB, em 2018. A decisão ocorreu, hermeneuticamente, desprezando o sentido
intencional dos autores do contexto e texto original, e oferecendo um significado
estranho à Pergunta 158 do Catecismo Maior de Westminster, mediante
argumentos igualitaristas, sociológicos e pragmáticos a fim de favorecer a
possibilidade da pregação feminina no Culto Público. Esse tipo de interpretação
despreza a intencionalidade dos autores originais, fazendo com que o leitor
atribua um significado de sua preferência ao termo original office [ofício], que
ocorre na Pergunta 158. Creio que o sentido correto se encontra na doutrina que
os autores quiseram afirmar. Por isso, a única interpretação do significado de
office é aquela que os teólogos da Assembleia de Westminster determinaram
nas questões 158–159 do Catecismo Maior de Westminster. Corroborando com
isso, temos Chad Van Dixhoorn que define office como “uma posição ou cargo
na igreja, especialmente de caráter público, a certas tarefas a que estão
obrigados; um cargo de confiança, autoridade ou serviço na igreja”. Chad Van
Dixhoorn, “Glossary”: office, in: The Minutes and Papers of the Westminster
Assembly 1643–1652 — Introduction, vol. 1, p. 237. A decisão da RE-
SC2018/IPB não se limitou a aprovar a pregação feminina. Outras mudanças
nocivas estão implícitas nela: 1) O Catecismo Maior de Westminster [nas
questões 158 e 159] não permite a prática da pregação nem a ordenação
feminina. Os mesmos argumentos favoráveis à pregação feminina, servirão aos
que advogam a ordenação feminina. Aprovou-se não somente a legitimidade do
igualitarismo prático, mas se pavimentou o caminho para a ordenação feminina.
2) Nega-se a subscrição integral ao incluir um significado discordante do sentido
e contexto original dos Padrões de Westminster. Apesar dos casos
extraordinários serem discutidos nas comissões da Assembleia de Westminster,
o fato é que os divines nunca admitiriam a possibilidade de uma mulher ser uma
pregadora. Eles criam que o pregador era o “Ministro da Palavra e dos
Sacramentos”, ele era o único responsável para ministração de ambos os
elementos de culto. 3) Criou-se um critério de negação da identidade
confessional. Apesar do art. 1 da CI-IPB declarar que a denominação adota
como fiel interpretação das Escrituras, e, por isso, exige que seus oficiais e
membros subscrevam integralmente os Padrões de Westminster; todavia, com
esta decisão tornou-se possível subscrever reinterpretando o sentido de frases
ou partes indesejáveis para os discordantes. Lamentavelmente a reserva mental
é oficialmente aprovada em nosso concílio maior como algo legítimo. A
incoerência é óbvia entre o que o documento de ordem exige e a prática
aprovada pelo concílio. Se a intencionalidade dos autores for abandonada, então
os Padrões de Westminster, em partes ou em seu todo, poderão ser
reinterpretados conforme a predileção ideológica e teológica do concílio, oficial
ou membro.

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