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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

RELATÓRIO SARI
Relatório para fins de presença - aula do dia 30/11
Microeconomia

Milena de Andrade

Entre os dias 29/11 e 01/12 foi marcada a XIV Semana Acadêmica de


Relações Internacionais da Universidade Federal de Uberlândia. Na quarta-feira
(30/11) ocorreram três eventos distintos que compunham a programação da SARI: o
segundo dia de minicursos, a simulação em parceria com o Clube de Simulação
Osvaldo Aranha (CSOA) e a segunda mesa de discussões para finalizar a noite. O
presente relatório tratará desta última atividade.
A 2a mesa, que tinha como título: Os esportes como ferramenta de
geopolítica dos Estados do Oriente Médio: a Copa do Mundo no Catar, contava com
os palestrantes César Castilho (UFMG) e Erwin Pádua Xavier (UFU) e com o
mediador Áureo Toledo (UFU), tinha também como parceria o Grupo de Estudos em
Oriente Médio (GEOM).
O primeiro palestrante fez uma apresentação sobre “Novos atores do futebol
moderno: Catar/ fundo soberano catari e Copa do Mundo de 2022”. Nesta,
argumentou sobre a instrumentalização do esporte, dizendo que alguns países do
Oriente Médio, como Catar e Emirados Árabes, utilizam do futebol para certa
“lavagem de dinheiro”. Para discussão, dividiu sua fala em três partes: a batalha
pelas camisas de futebol, que dizia respeito a disputa de empresas árabes
(principalmente companhias aéreas) para patrocinar uniformes de times grandes do
futebol europeu; a batalha dos clubes de futebol, cujo exemplo dado foi a compra do
PSG pelo Catar em 2011; e a batalha das imagens a partir da compra de clubes, os
países acabam ganhando mais visibilidade principalmente no ocidente.
Uma das informações que o professor Castilho trouxe foi sobre os Fundos
Soberanos de Investimentos, como o QIA, que servem para investir em outras
áreas, e a existência de um “subfundo” voltado apenas para esportes (Qatar Sports
Investments - QSI), que apesar de representar uma das menores parcelas do total
deste fundo, ainda sim move bilhões de dólares. Sendo assim, é possível pensar,
tais investimentos são utilizados para aumentar o Soft Power destes países ou são
Sportwashing?
Sobre o Catar sediar a Copa, os pontos trazidos foram: é a primeira vez que
um país do Oriente Médio está neste papel, a incoerência com os Direitos
Humanos, as críticas artísticas tecidas aos patrocinadores do evento, as disputas
dentro da FIFA para presidir a entidade e as denúncias de corrupção ao decidir qual
país sediaria o evento. Por fim, Castilho se diz surpreso pela falta de boicotes vendo
a situação controversa do país com os direitos humanos em geral.
Já o segundo palestrante, Prof Erwin, dividiu sua fala nos seguintes pontos:
perfil do Catar (político, social e econômico), o esporte na política do Catar
(prestígio, Soft Power e desenvolvimento social) e críticas e problemas na escolha
do Catar como sede da Copa de 2022.
Em primeiro momento citou a história catari no que diz respeito ao seu
território ser pequeno; sua população total, embora seja pouco mais de 2 milhões de
pessoas, quase 90% destas não possuem cidadania (composta por imigrantes); e a
proximidade do país com o governo estadunidense – desde a Guerra do Golfo, os
EUA instalaram bases aéreas avançadas no Catar, bases antes sediadas na Arábia
Saudita.
Sobre esportes, o palestrante trouxe dados sobre a ideia de colocar o Catar
na mentalidade mundial, para isto, o país sediou mais de 20 eventos esportivos nos
últimos anos, sendo a cereja do bolo a Copa deste ano. Também falou sobre a
pressão para que as instituições passem a monitorar melhor os países que sediam
os esportes, para que situações como a atual (um evento esportivo imenso ter sede
em um país que viola tantos direitos humanos) não ocorra mais – essa posição
sofre uma dificuldade adicional por em geral os candidatos para estes eventos
serem pouco atraentes.
E por fim, apresentou o vácuo social presente no Catar. Na construção das
estruturas para a realização da Copa, mais de 6500 morreram (em comparação,
quando o evento ocorreu no Brasil morreram 10 pessoas), problema adjacente da
falta de proteção ao trabalhador estrangeiro. Além disso, tem toda a questão sendo
discutida a respeito do país ser abertamente homofóbico e sexista, e o compromisso
no que tange o meio ambiente que não foi, e provavelmente não será cumprido.

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