A estátua do "Servo Adorador" (2500 a.C.), com mais de um
metro de altura, é muito mais alta do que qualquer modelo mesopotâmico ou harapiano possível, Museu Nacional da Coreia[24] A cultura sedentária mais antiga na Arábia Saudita remonta ao período de al-Ubaide, após a descoberta de vários fragmentos de cerâmica em Dosariyah. A análise inicial da descoberta concluiu que a província oriental da Arábia Saudita foi a pátria dos primeiros colonos da Mesopotâmia e, por extensão, a provável origem dos sumérios. No entanto, os fragmentos datam das duas últimas fases do período, enquanto alguns exemplos poderiam ser classificados aproximadamente como das fases dois e três. Assim, a ideia de que colonos da Arábia Saudita emigraram para o sul da Mesopotâmia e fundaram a primeira cultura sedentária da região foi abandonada.[25] A mudança climática e o início da aridez podem ter ocasionado o fim desta fase de povoamento, visto que existem poucas evidências arqueológicas do milênio seguinte.[26] O povoamento da região recomeça no período de Dilmum no início do III milênio a.C. Registros conhecidos de Uruque referem-se a um lugar chamado Dilmum, associado em várias ocasiões ao cobre e em período posterior foi fonte de madeiras importadas no sul da Mesopotâmia. Vários estudiosos sugeriram que Dilmum designou originalmente a província oriental da Arábia Saudita, notavelmente ligada aos principais assentamentos dilmunitas de Umm an-Nussi e Umm ar-Ramadh no interior e Tarout na costa. É provável que a ilha de Tarout fosse o principal porto e capital de Dilmum.[24] Tabuletas de argila com inscrições na Mesopotâmia sugerem que, no período inicial de Dilmum, existia uma forma de estrutura política hierárquica organizada. Em 1966, uma terraplenagem em Tarout expôs um antigo cemitério que rendeu uma grande e impressionante estátua datada do período dilmunita (meados do terceiro milênio a.C.). A estátua foi feita localmente sob forte influência da Mesopotâmia no princípio artístico de Dilmum.[24]
Qaṣr Al-Farīd, o maior dos 131 túmulos
monumentais no sítio arqueológico nabateu de Madaim Salé, um Patrimônio Mundial pela UNESCO desde 2008 Por volta de 2.200 a.C., o centro de Dilmum mudou por razões desconhecidas de Tarout e do continente da Arábia Saudita para a ilha de Barém, e um assentamento altamente desenvolvido emergiu lá, onde um complexo de templos laboriosos e milhares de túmulos que datam desse período foram descobertos.[24] No final da Idade do Bronze, um povo e uma terra historicamente registrados (midianitas) na porção noroeste da Arábia Saudita estão bem documentados na Bíblia. Centrado em Tabuque, estendia-se de Arava, no norte, até a área de al-Wejh, no sul.[27] A capital de midianita era Qurayyah[28] e consistia em uma grande cidadela fortificada que abrangia 35 hectares e abaixo dela um assentamento murado de 15 hectares. A cidade hospedava de 10 a 12 mil habitantes.[29] Os midianitas foram descritos em dois eventos principais na Bíblia que relatam as duas guerras de Israel, em algum lugar no início do século XI a.C. Politicamente, os midianitas foram descritos como tendo uma estrutura descentralizada chefiada por cinco reis (Evi, Requém, Tsur, Hur e Reba), os nomes parecem ser topônimos de importantes assentamentos midianitas.[30] É opinião comum que Midiã designava uma confederação de tribos, o elemento sedentário se estabeleceu no Hijaz enquanto seus afiliados nômades pastavam e às vezes saqueavam terras tão distantes quanto a Palestina.[31] Os nômades midianitas foram um dos primeiros exploradores da domesticação de camelos que lhes permitiu navegar pelos terrenos hostis da região.[31] No final do século VII a.C., um reino emergente apareceu no teatro histórico do noroeste da Arábia. Tudo começou como um xarifado de Liã.[32] O primeiro atestado de realeza do estado, Rei de Liã, foi em meados do século VI a.C.[33] Lihyan foi um reino árabe antigo poderoso e altamente organizado que desempenhou um papel cultural e econômico vital na região noroeste da Península Arábica.[34] Os lianitas governaram sobre um grande domínio de Iatrebe no sul e partes do Levante no norte.[35] Na antiguidade, o Golfo de Aqaba costumava ser chamado de Golfo de Liã. Um testemunho da grande influência que Liã adquiriu.[36] Idade Média e advento do Islã Ver artigo principal: História do Islã
Em sua maior extensão, o Califado
Omíada (661-750) cobriu 11,1 mil km²[37] e 62 milhões de pessoas (29% da população mundial),[38] tornando-o um dos maiores impérios da história em área e proporção da população mundial Pouco antes do advento do Islã, além dos assentamentos comerciais urbanos (como Meca e Medina), muito do que viria a se tornar a Arábia Saudita era povoado por sociedades tribais pastorais nômades.[39] O profeta islâmico Maomé nasceu em Meca por volta do ano 571. No início do século VII, Maomé uniu as várias tribos da península e criou um único sistema religioso islâmico.[40] Após sua morte em 632, seus seguidores expandiram rapidamente o território sob o domínio muçulmano para além da Arábia, conquistando grandes e sem precedentes porções de território (da Península Ibérica no oeste ao atual Paquistão no leste) em questão de décadas. A Arábia logo se tornou uma região politicamente mais periférica do mundo muçulmano, conforme o foco mudou para as vastas terras recém-conquistadas.[40] Árabes originários da moderna Arábia Saudita, em particular o Hejaz, fundaram os califados Ortodoxo (632–661), Omíada (661–750), Abássida (750–1517) e Fatímida (909– 1171).[41][42][43][44][45] Do século X ao início do XX, Meca e Medina estiveram sob o controle de um governante árabe local conhecido como xarife de Meca, mas na maioria das vezes o xarife devia lealdade ao governante de um dos principais impérios islâmicos baseado em Bagdá, Cairo ou Istambul. A maior parte do restante do que se tornou a Arábia Saudita reverteu ao governo tribal tradicional.[46][47] Durante grande parte do século X, os carmatas ismaelitas-xiitas foram a força mais poderosa do Golfo Pérsico. Em 930, os carmatas pilharam Meca, ultrajando o mundo muçulmano, especialmente com o roubo da Pedra Negra.[48] Em 1077–1078, um xeque árabe chamado Abdullah bin Ali Al Uyuni derrotou os carmatas no Barém e Alhaça com a ajuda do Império Seljúcida e fundou a dinastia uyunid.[49][50] O Emirado de Uyunid mais tarde passou por uma expansão com seu território estendendo-se de Négede ao deserto sírio.[51] Eles foram derrubados pelos usfúridas em 1253.[52] O governo ufsurid foi enfraquecido depois que governantes persas de Ormuz capturaram Barém e Qatif em 1320.[53] Os vassalos de Ormuz, a dinastia xiita jarwanid vieram para governar o leste da Arábia no século XIV.[54][55] Os jábridas assumiram o controle da região após derrubar os jaruânidas no século XV e entraram em confronto com Ormuz por mais de duas décadas sobre a região por suas receitas econômicas, até finalmente concordar em pagar tributo em 1507.[54] A tribo Al-Muntafiq posteriormente assumiu o controle da região e ficou sob a suserania otomana. A tribo Bani Khalid posteriormente se revoltou contra eles no século XVII e assumiu o poder.[56] Seu governo se estendeu do Iraque a Omã no auge e eles também ficaram sob a suserania otomana.[57][46] No século XVI, os otomanos adicionaram o Mar Vermelho e a costa do Golfo Pérsico (Hejaz, Asir e Alhaça) ao Império Otomano e reivindicaram a suserania sobre o interior. Uma das razões foi impedir as tentativas portuguesas de atacar o Mar Vermelho (daí o Hejaz) e o Oceano Índico.[58] O grau de controle otomano sobre essas terras variou ao longo dos quatro séculos seguintes.[59][60] Unificação e Reino Ver artigos principais: Unificação da Arábia Saudita e Casa de Saud
Ibn Saud, o pai fundador e Dammam No. 7, o primeiro poço de
o primeiro rei da Arábia petróleo comercial do país, 1938 Saudita, 1910 O Estado Saudita surge na Arábia Central em 1744. Um chefe local, Muhammad bin Saud, uniu forças a um resgatador dos fundamentos do Islã, Maomé ibne Abdal Uaabe, para criar uma nova entidade política. O moderno Estado Saudita foi fundado pelo último rei Abdul Aziz Al-Saud (conhecido internacionalmente como Abdul Aziz Ibn Saud).[46] Em 1902, Abdul Aziz Ibn Saud capturou Riade, a capital ancestral da dinastia de Al-Saud à família rival Raxide. Continuando estas conquistas, Abdul Aziz subjugou o oásis de Alhaça, o resto do Négede e do Hejaz entre 1913 e 1926. Em 8 de janeiro de 1926, Abdul Aziz Ibn Saud torna-se "Rei do Hejaz". Em 29 de janeiro de 1927 ele tomou o título de "Rei do Négede" (o título négedi anterior era de "Sultão"). Pelo Tratado de Gidá, assinado em 20 de maio de 1927, o Reino Unido reconheceu a independência do reino de Abdul Aziz (então conhecido como Reino de Hejaz e Négede).[46] Em 1932, estas regiões foram unificadas como o Reino da Arábia Saudita. A descoberta de petróleo em 3 de março de 1938 transformou o país. As fronteiras com a Jordânia, o Iraque, e o Cuaite foram estabelecidas por uma série de tratados negociados nos anos de 1920, que criaram duas "zonas neutras" — uma com o Iraque e outra com o Cuaite. A zona neutra Cuaite-Arábia Saudita foi administrada conjuntamente em 1971, com cada Estado partilhando igualitariamente os recursos petrolíferos da zona. Tentativas de acordo para a partilha da zona neutra Cuaite-Arábia Saudita chegaram a um termo em 1981, sendo finalizadas em 1983.[46]
Atentado das torres de Khobar em 1996
Durante a guerra árabe-israelense de 1973, a Arábia Saudita participou do boicote do petróleo árabe aos Estados Unidos e aos Países Baixos. Como membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), a Arábia Saudita juntou-se a outros países-membros elevando moderadamente o preço do petróleo em 1971.[46] A fronteira sul do país com o Iémen foi parcialmente definida em 1934 com o Acordo de Taife, pondo fim a uma breve guerra fronteiriça entre os dois Estados. Um tratado adicional assinado em junho de 2000 delineou porções da fronteira com o Iémen. A localização e status da fronteira da Arábia Saudita com os Emirados Árabes Unidos não está finalizada; a fronteira de facto reflete um acordo de 1974. A fronteira entre a Arábia Saudita e o Catar foi definida em março de 2001. A fronteira com Omã ainda não está demarcada.[46] Em 1979, ocorreram dois acontecimentos que preocuparam muito o governo,[61] e que tiveram uma influência a longo prazo na política externa e interna saudita. O primeiro foi a Revolução Islâmica Iraniana. Temia-se que a minoria xiita do país na província oriental (que é também a localização dos campos petrolíferos) se pudesse revoltar sob a influência dos seus co-religionistas iranianos. Houve várias revoltas contra o governo na região, como a Revolta de Qatif em 1979[62] O segundo evento foi a tomada da Grande Mesquita de Meca, em 1979, por extremistas islâmicos. Os militantes envolvidos ficaram em parte indignados com o que consideravam ser a corrupção e a natureza pouco islâmica do governo saudita.[62] O governo recuperou o controlo da mesquita após dez dias e os capturados foram executados. Parte da resposta da família real aos dois acontecimentos foi uma reforçada repressão sobre os xiitas, imposição da observância muito mais rigorosa das normas religiosas e sociais tradicionais no país (por exemplo, o encerramento dos cinemas) e dar aos Ulema um papel mais importante no governo. Os cinemas foram fechados, as apresentadoras femininas de notícias foram retiradas do ar e a polícia religiosa tornou-se mais visível nas cidades de todo o país.[62][63][64] Em 1990-91, o Fahd desempenhou um papel-chave antes e durante a Guerra do Golfo: a Arábia Saudita acolheu a família real cuaitiana além de 400 000 refugiados e ao mesmo tempo permitiu a entrada de tropas ocidentais e árabes em seu território para a liberação do Cuaite no ano seguinte.[46] Quando o então rei Fahd sofreu um enfarte em novembro de 1995, o seu sucessor, então príncipe-herdeiro Abdallah, assumiu muitas das responsabilidades rotineiras da condução do governo. Morto o rei Fahd em 1 de agosto de 2005, Abdallah sucedeu-lhe, convertendo-se no rei do país, até 22 de janeiro de 2015, quando faleceu, depois de cerca de 30 dias de luta contra uma pneumonia, assumindo como seu sucessor, em 23 de janeiro o seu meio irmão Salman bin Abdalaziz Al Saud e passando a sucessor do trono o sobrinho Mohammed bin Nayef. No entanto, em junho de 2017, este foi afastado, e o rei Salman tornou Mohammad bin Salman herdeiro do trono.[65][66][67][68]