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Masarykova universita

Filosofická fakulta
Ústav románské jazykovědy

BAKALÁŘSKÁ PRÁCE

Influência Árabe na Arquitectura e Arte em


Portugal

Práci vypracovala: Hana Šnajdaufová


Vedoucí práce: Mgr. Maria de Fátima Néry-Plch

Brno 2006
Chtěla bych zde poděkovat své vedoucí práce, Mgr. Marii Fátimě de Néry-Plch,
za pomoc při psaní bakalářské práce, poskytnutí rad a především za její
trpělivost.

2
Prohlašuji, že jsem pracovala samostatně, pouze za použití uvedených pramenů.

V Brně dne …………………………………..

3
Índice

1. Introdução………………………………………………………………….. 5
2. História ……………………………………………………………………..6
3. Arquitectura islâmica em geral……………………...……………….…….10
3.1 Arquitectura militar………………...…………………….……….11
3.2 Arquitectura religiosa……………………………………………. 11
3.3 Arquitectura civil………………………………………………... 13
3.4 Aspectos decorativos…………………………………….……….14
4. Arquitectura árabe em Portugal…………………………………………....16
4.1 Arquitectura militar……………………………………………… 16
4.2 Arquitectura religiosa……………………………………………. 18
4.3 Arquitectura civil………………………………………………... 19
4.4 Aspectos decorativos……………………………...……………...20
5. Outras manifestações da arte árabe em Portugal…………………………. 22
6. Época moçárabe…………………………………………………….…….. 25
7. Arquitectura moçárabe em Portugal……………………………………… 27
8. Arte moçárabe em Portugal…………………………………….………… 29
9. Conclusão………………………………………………………………….31
Apêndice
Bibliografia

4
1. Introdução
Ao longo dos séculos foram muitos os povos e civilizações à passaram
pelo território que hoje é Portugal, e aqui deixavam as suas marcas. Um destes
povos os árabes, influenciavam diferentes aspectos da vida quotidiana e urbana
a níveis: económico, comercial, administrativo e cultural. O período áureo desta
civilização, durante a Idade Média é representada pelo al-Andaluz, arquitectura
árabe-muçulmana que se desenvolveu em particular entre o século VIII-XI na
região onde hoje encontramos Portugal e Espanha.
Objecto do estudo desse trabalho seria a influência árabe no campo da
arte e arquitectura e no contexto histórico e cultural desse parte da Península.
Isto é um ramo tão amplo que não é possível escerver muito profundamente
num trabalho breve como é isto.
O trabalho desenvolver-se-á ao longo de sete capítulos. Além de algumas
referências históricas da chegada dos Árabes à Península. Será abordado em
particular aspectos da arquitectura islâmica em geral arquitectura militar,
religiosa e civil e aspectos decorativos da mesma. O capítulo 4. será dedicado às
heranças da arquitectura árabe em Portugal. No capítulo 5 referiremos outras
manifestações da arte árabe em Portugal – cerâmica e azulejaria.
Os capítulos 6, 7 e 8 são dedicados à cultura e arte moçárabe* em
Portugal. Em anexo encontra-se explicação de termos técnicos de arquitectura
que aparecem ao longo do trabalho.

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2. História
Antes do fim do século VII as estruturas políticas do reino visigótico
encontravam-se muito abaladas, a quebra profunda na Igreja sem unidade e o
desinteresse pelo povo, todo isso são índices que mostram a decadência da
sociedade visigótica. No início do século VIII a crise aprofundou-se e por essa
razão os árabes não tinham problemas com a conquista que era rápida.
Por a ordem de Musa, o rei de Marrocos, o governador de Tânger Tárique
com o seu exército de berberes atravessa em 711 o estreito de Gibraltar e entra
na Península Ibérica, sem grandes dificuldades. Entretanto Musa chega à
Península com um outro exército, na maioria formado por árabes, iemenitas e
caisidas. Desembarcando em Algesiras subiu a Sevilha e entrou no Alentejo e
Algarve. Encontrando-se em Toledo, Musa e Tárique dominaram Saragoça em
714. Musa encarregou o seu filho Abd al-Aziz de completar o domínio do
Noroeste peninsular e do Norte e Centro de território que hoje é Portugal.
O califa de Damasco começou a nomear governadores para controlarem
este seu novo território. Assim se inicia no novo domínio árabe penínsular a
fase dos governadores que durará até 756. Este é um período muito obscuro
cheio de revoltas, lutas internas e assassínios políticos.
Depois da chegada dos árabes o governador fixou a sua residência em
Sevilha (mais tarde em Córdova). Fizera-se a repartição das terras entre os
diferentes grupos de soldados que participaram na conquista. Mesmo que a lei
alcorânica prescreva a igualdade entre todos os crentes de Alá, os soldados
berberes foram muito discriminados. Obtiveram as terras piores como as das
regiões montanhosas enquanto que os árabes receberam as de maior qualidade e
de melhor posição. A ausência de um Estado forte, os descontentamentos da
população cristã e dos berberes, a rivalidade entre os grupos árabes acenderam
muitas revoltas, em especial de berberes.
Sabe-se que Coimbra e Santarém como outras cidades se entregaram sem
luta para receberem certos privilégios. As cidades cristãs que aceitavam o poder
muçulmano sem lutas deveriam pagar um tributo que garantia uma tutela
muçulmana. Se se aliassem aos inimigos ou combatessem contra os
muçulmanos teriam de aceitar restrições políticas e pagar mais como por
exemplo a renda das terras, podendo mesmo perder os seus privilégios como foi

6
o caso de Coimbra ou em Santarém. Aos cristãos como aos crentes imperfeitos
era-lhes permitida a prática religiosa e a manutenção das suas igrejas.
Abderramão I (756-788) começou a impor-se e aproveitando-se das lutas
internas peninsulares, vence o governador árabe, ocupa o seu lugar e palácio e
proclama o emirado independente de Córdova que vai perdurar até 929. O novo
emir reformulou a administração cordovesa fazendo do al-Andaluz um Estado
organizado comparável ao antigo califado de Damasco. Oragnizou também “o
espaço penínsular muçulmano dividindo a parte mais próxima e islamizada em
coroas e as regiões mais moçarabizadas e mais afastadas em marcos: a
inferior, a média e a superior. No território actual de Portugal tinhamos assim
a coroa de Beja (Alentejo e Algarve) e as cidades de Lisboa, Coimbra e
Santarém partencem à área do marco inferior. Nos marcos mantia-se a
organização de tipo romano, a da cidade com o seu território.“1
Emir substituia o califa, conservava a religião, promovia a ordem pública
e a defesa dos marcos. A sociedade cristã fazia parte dos planos e ideias do
emir. Ajudavam com obras de utilidade pública (pontes, calçadas*2) e na guerra
santa do Islão. Cristãos não lutavam contra muçulmanos, só em caso de
necessidade. Não eram inimigos permanentes. As lutas entre cristãos e
muçulmanos eram de caracter político e não religioso.
No período entre os anos 756-1090 reinaram importantes governadores
que influiram notavelmente a vida na Península Ibérica.
Abderramão I (756-788) era um emigrado que encontrou um refúgio e
um lugar de chefia na Península, declarou-se emir independente de Bagdade e
procurou organizar o Estado al-Andaluz. Dedicou grande interesse à actividade
de construção, em especial aquelas que marcassem esta nova época de Emirado.
Procurando sedimentar a vida e a cultura islâmica, iniciou uma fecunda fase da
arte islâmica peninsular marcada pela construção de mesquitas em muitas
cidades como a de Algesiras. Infelizmente nenhuma obra lhe podemos atribuir
na área que hoje pertence a Portugal.

1
Almeida, Carlos Alberto Ferreira de - História de Arte em Portugal: Arte da Alta Idade Média,
v. II., Lisboa: Publicações Alfa, 1988, p.77
Todas as palavras marcadas por * são explicadas em Apêndice em Glossário
2

7
Os dois emires seguintes, Alháqueme I (788-822) e Abderramão II (822-
852), preocuparam-se mais com a defesa dos marcos e com o combate às
revoltas, em especial Alháqueme I.
No entanto o reinado de Abderramão II (822-852) corresponde a um
período de paz em al-Andaluz criado por um melhoramento das condições de
vida graças a novas técnicas de regadio e de cultivos introduzidos pelos árabes.
O emirado de Abderramão II torna-se um conceituado Estado mantendo
relações e trocando embaixadas com o Norte de África e com Bizâncio.
Córdova transformou-se numa cidade prestigiada enobrecida por monumentos
onde se não só concentrava o cultivo das letras e das artes mas também se
utilizava luxo.
Durante o reinado de Abderramão II e o reinado seguinte de Abderramão
III (912-932) apareceu uma forte reacção anti-islâmica na comunidade
moçárabe* cordovesa que protestava contra a arabização. E ainda durante esta
época afirmou-se o reino cristão de Oviedo com D. Afonso II.
Durante o reinado de Abderramão II a arte emiral alcança um grande
desenvolvimento e atinge a sua máxima expressão. Entra também na fase
expansiva que atinge todo o al-Andaluz e chega às áreas mais setentrionais dos
marcos.
Abderramão II melhorando a cerca de Córdova mandou fazer a Porta de
Sevilha que é um testemunho da imitação do antigo. Este gosto podemos
também encontrar no Centro e Norte de Portugal como se podem ver nas
aduelas* e cunhos* da igreja de Lourosa da Serra construída em 912.
O reinado de Abderramão III (912-932) representa para o al-Andaluz um
tempo de esplendor, até 1031. Pacificou todo o território e restaurou a
autoridade em todo o espaço islâmico peninsular. Córdova tornou-se ornamento
do mundo pelo seu nível de vida, pelo cultivo das artes, pelo luxo e pelas
construções magníficas.
Com Abderramão III começa (em 929) o período de califado que vai até
1031 e no qual a arte islâmica peninsular atinge o seu apogeu.
Alháqueme II (961-976), filho de Abderramão III, interessou-se
especialmente pelos livros e cultura.
A incapacidade dos califados debilitados permiteu que o mordomo
Almançor (981-1002) assumisse a verdadeira chefia do Estado. Tornou-se

8
célebre quando com o seu exército de berberes atravessou Portugal, chegou a
Compostela arrasando a Basilica de Sant’Iago como um acto simbólico de
afronta aos reinos cristãos que este apóstolo protegia. Com a sua morte a
decadência do Islão peninsular aumenta, toda a bacia do Douro passou para o
controlo cristão. Depois da queda do califado de Cordova nasceram reinos
pequenos, assim chamadas taifas, que vão durar desde 1031 até 1090.
A instabilidade geral causou que os Almorávidas interviessem ainda uma
vez na Península. Na virada do século XI e XII Almorávidas, além de parar o
avanço dos cristãos, conseguiram uma certa estabilidade no sul peninsular.
Nova dinastia árabe, magrebina (almóada), intervinha no caos político dos
pequenos Estados árabes. Conquistaram Sevilha em 1147 a daqui operaram até
Cáceres, Badajoz, Alentejo e Algarve. Vantagem desta situação conflictuosa vai
refletir-se em obras públicas como fortalezas (Silves, Cárceres) e mesquitas
(Sevilha, Mértola)3.
Estados árabes peninsulares, taifas, não foram capazes de afrontar a poder
crescente de cristãos. Os árabes pedem ajuda aos berberes mas eles tornam-se
mais um peso do que ajuda. Depois da grande batalha perto de Las Navas de
Tolosa em 1212, na qual as tropas cristãs de Castela, Aragão e Navarra vencem
sobre as tropas muçulmanas, a Reconquista Cristã torna-se mais uma luta contra
o Islão. Decisiva é a participação de Castela e Aragão, os dois reinos mais
importamtes da Península, cujas aproximação culminou com o matrimónio dos
futuros reis católicos Isabel de Castela e de Fernando II de Aragão. Em 1492
tornaria a Reconquista Cristã com a conquista de Granada. Em Portugal a
influência árabe terminara com a conquista de Algarve em 1249.

3
Sobre algumas destas construções vamos falar nos capítulos seguintes.

9
3. Arquitectura islâmica em geral
Grande decadência da sociedade visigótica levava ao desaparecimento das
oficinas tradicionais. Com a chegada dos árabes passava-se para esquemas
decorativos lineares, muito diversos da tradição hispano-visigótica. Contudo
parece que a invasão árabe não tenha sido a grande responsável pela quebra das
tradições artísticas visigóticas.
Os árabes dominaram mais de cinco séculos o território, onde hoje se
encontra Portugal, um tempo suficientemente longo para aparecerem muitas
manifestações islâmicas artísticas e arquitectónicas. Simbiose da cultura cristã e
da cultura árabe deu origem à formação de estilos arquitectónicos especiais: a
arquitectura moçárabe* e a mudéjar* que se vai reflectir noutros estilos de
arquitectura. Mas infelizmente os testemunhos, especificamente árabes, que nos
ficaram até hoje em Portugal, são raros.
Obras moçárabes*, distribuídas por todo o marco inferior, são muito mais
significativas e estão mais bem conservadas. Monumentos islâmicos, como
foram destruídos ou transformados, não apresentam uma abundância porque os
restos conhecidos são muito limitados e as coroas de Beja e de Ossonoba eram
de menor importância do que a de Córdova.
A época emiral e califal mostrou o poder dos seus governadores fazendo
construir impressionantes residências continuando em tradição do Próximo
Oriente desde os tempos romanos aos do califado de Damasco. Em território
português temmos os testemunhos da arte emiral nas igrejas de São Frutuoso de
Montélios e de São Torcato e noutras construções moçárabes*. Também não
são numerosos os testemunhos arquitectónicos do estilo califal. No Museu de
Elvas expõe-se um pequeno capitel da primeira parte do século X.
A arte árabe espelha uma sociedade muçulmana, caracterizadamente
urbana, teocrática, bastante aberta, e que ama as viagens e as trocas comerciais
propensa a regimes de chefia. Estas caracteristicas expressam-se bem nas
mesquitas, nas grandes residências nobres, na arquitectura militar, nas oficinas
de peças de luxo e na produção de outros objectos cuidados.

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3.1 Arquitectura militar
Alcáçovas eram contruções essenciais das cidades árabes. Época de
guerras e testemunho de uma civilisação que punha na defesa e na guerra
conotações religiosas. A cidadela era sempre um ponto dominante e bem visível
nas silhuetas das cidades muçulmanas. Assim também aconteceu com as
cidades cristãs.
Desde o período emiral até à época dos Almóadas, os Muçulmanos
trouxeram para a Península, na arquitectura militar tanto nos castelos como nas
cercas urbanas, contínuas inovações inspiradas nas antigas fortalezas bizantinas,
norte-africanas e nos avanços das novas soluções alcançadas no Próximo
Oriente.
Desde o século IX até ao século XV as construções militares árabes
peninsulares serviram de exemplo as construções dos Estados cristãos do Norte
que as imitavam. Estas construções refletiam a grandeza dos meios que assim
como uma forte administração árabe alcançou nos programas defensivos dos
seus núcleos urbanos. Na região que hoje corresponde a Portugal há exelentes
exemplos delas (Castelo de São Jorge de Lisboa e circuito de Silves).
Na arquitectura militar muçulmana é evidente a demonstração do poder
como por exemplo na colossal cidadela al-Zahara de Abderramão III.
Dentro de uma cidade amuralhada, sempre de arquitectura cuidada, é o
melhor símbolo da civilização árabe urbana a mesquita, uma construção
religiosa.

3.2 Arquitectura religiosa


O Muçulmano devia orar cinco vezes ao dia. Podia fazê-lo
individualmente mas oração colectiva valia mais e era obrigatória na sexta-feira
à meio-dia. Podiam orar em qualquer sítio desde que orientados para Meca. Pela
necessidade de abluções e também devido às condições climáticas e à discrição
que um lugar sagrado sempre solicita, a partir dos espaços basilicais de tradição
clássica, aparece a mesquita como construção citadina bem condicionada às
exigências religiosas.
A mesquita é radicalmente quadrangular. Um muro, que se chama
quibla*, idealmente colocado em direcção a Meca, é o eixo* mestre onde se

11
dependura toda a ordenação especial da área coberta. Neste muro aparece um
nicho* ou um pequeno compartimento, sempre com uma decoração nóbil. Mas
em realidade a quibla* é a orientação em direcção a Meca. Na sua cobertura é
sistemático o aparecimento de um concheado do tipo da vieira*, que significa
um especial espaço sacral para onde se requer a orientação. “Em geral o espaço
coberto da mesquita apresenta naves perpendiculares à quibla* divididas por
colunas, é frequente uma disposição das naves em T, mais ou menos nítido, que
há uma nave axial notória na largura como vemos na Mesquita de Córdova.“4
Temos a disposição em T reforçado quando a nave transversal ao lado da
quibla* é mais ampla que as restantes o que podemos encontrar na Mesquita de
Mértola. Esta disposição foi muito frequente nas construções do género na
época almóada. Essenciais são também os acessos diferentes, uns para mulheres
e outros para homens e ainda outros para o pátio com as fontes de purificações.
Das obras documentalmente conhecidas nos resta quase só a primeira
parcela da Mesquita maior de Córdova iniciada em 785 que manteve até hoje as
suas formas e linhas originais que começou a construir Abderramão I (756-788).
Mais tarde foi ampliada por Abderramão II (822-852) que alargou também a
Alcáçva de Mérida e foi ainda mais ampliada por Alháqueme II (961-976)
evoluindo o desenho e a imaginação.
Um elemento indispensável de uma mesquita é o minarete donde o
muezim convocava para a oração. A palavra minarete é derivada da palavra
árabe minara que significa “um lugar onde há fogo“5.
Mesquita fazia parte do centro religioso e civil da cidade ou bairro.
Minarete não deveria ser confudido com um outro edifício; nem com uma obra
defensiva de castelo nem com uma torre de igreja cristã. Por isso eram sempre
muito decorados de exterior. É única excepção à regra da arquitectura árabe que
sistematicamente ornamenta a parte interior dos edifícios. Minaretes não
serviam só para funções religiosas mas também como um lugar de observação.
Muitas vezes eram os mais altos edifícios em cidades.
A riquesa de uma cidade se podia reconhecer segundo a altura dos
minaretes e também segundo a quantidade deles de uma mesquita. Quantos

4
ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de - História de Arte em Portugal: Arte da Alta Idade
Média, v. II., Lisboa: Publicações Alfa, 1988, p.81
5
Equipa coordenada do Gabinete de Projectos do Departamento Editorial da Texto Editora,
Dicionário Universal da Língua Portuguesa, Texto Editora, 1999, p.1016

12
mais uma mesquita tivesse quanto mais rica esta era e quantos mais ornamentos
tinha. Por exemplo hoje em dia nos estados islâmicos muitas mesquitas têm só
um minarete e aquelas mais ricas tinham dois. Todavia ao máximo podem ter 6
minaretes porque só a mesquita de Jerusalém pode ter 7 minaretes.
Nas cidades árabes o número de mesquitas era habitualmente elevado,
distribuindo-se pelos diferentes bairros delas. Uma era sempre designada a
maior como a conhecida Mesquita de Córdova. Ela era mais que um fórum. Era
uma verdadeira casa da cidade árabe. Em sua vizinhança havia o comércio mais
rico, era o centro da justiça e também o local do ensino das letras a das ciências
árabes.

3.3 Arquitectura civil


Sem arquitectura civil não podem existir cidades mas infelizmente não se
conservarem muitos testemunhos dela na zona contemporânea portuguesa. São
poucos centros urbanos da origem árabe nas cidades de hoje. Podemos
encontrar palácios ou ruínas deles mas a Reconquista cristã destruiu ou mudou
quase tudo.
Com árabes são muitas vezes ligados banhos públicos por a desenvolvida
cultura e higienidade deles. No território que hoje é Portugal encontramos só
restos de banos ou fontes de purificações de anteriores mesquitas.
Os cristãos foram muito influidos pelos muçulmanos também na esfera
póstuma. O Islão coloca em posição de relevo a sepultura sempre pessoal, na
qual por pobre e pequena que seja, sempre deveria haver uma câmara para
poder sentir a chamada final do Céu. Por isso em todas as cidades árabes os
cemitérios eram extensos geralmente fora de muralhas onde eram frequentes os
árvores de folhas permanentes que simbolizavam o jardim de paraíse. Este é um
aspecto em que os costumes árabes dariam muito aos hábitos cristãos dessa
época que enterravam os seus fieis junto das suas igrejas e dentro de muros.
Entre a arquitectura civil pertencem pontes. Desde a época emiral existem
pontes construídas ou restauradas pelos árabes embora em zona, que neste dia é
Portugal, nesse período sejam poucos indícios conhecidos desta actividade.

13
3.4 Aspectos decorativos
No último período do domínio visigótico na Península verificou-se o
desaparecimento geral da arte. No decurso da primeira parte do século VIII
deviam perder-se quase todas as tradições da escultura e da prática da grande
arquitectura. Este é um processo que não há lugar só na Península mas também
na Gália se desapareceram as notáveis oficinas que nos deram até então capitéis
classicizantes e placas* esculpidas de qualidade técnica. Sucederam
testemunhos decorativos ornamentados na base de temas lineares, simplistas,
radicalmente diversos dos anteriores que estavam cheios da arte clássica.
Alguns capitéis com abundante decoração grafítica ou linear, que aparecem em
diversos pontos do Ocidente penínsular, correspondem a este período.
Capiteis árabes são muito decorativos cheios de ornamentos, sobretudo
vegetais como por exemplo folhas de acanto* ou espinhas.
A escultura emiral expressa-se no capitel coríntio de tipo clássico ou
corintizante. Mas o último subtipo os artistas das gerações seguintes
desenvolveram na época de califado. Na escultura de frisos* e placas*,
geometrizando as formações vegetais (decoração das molduras*). O estilo e a
temática dos frisos* de São Frutuoso de Montélios e de São Torcato de
Guimarães devem muito à oficina cordovesa.
Além de capiteis também as paredes foram muito decorados por
ornamentos ou azulejos. Como os ornamentos utilizavam-se rosarios,
elementos geometrizados chamados arabescos* que decoravam não só
mesquitas mas também palácios e muitas vezes, durante as transformações
arquitectónicas, foram reutilizadas também nos edifícios cristãos. Azulejos
foram portados na Península Ibérica por muçulmanos. A função deles foi
deocrativa de forma vegetal.
Importantíssimo elemento decorativo muçulamno, sem qual é impossível
imaginar uma construção árabe, é arco. Também na arquitectura islâmica é
comum o uso do arco, especialmente por motivações decorativas, onde
sobressaem o arco de ferradura e diversos arcos decorativos com a inserção de
lóbulos* rendilhados*. Oriente e China usavam já desde dinastias antigas o arco
aplicado à construção de pontes.

14
Existem vários tipos de arcos, que foram ao longo do tempo adaptados.
Foram também combinadas diversas tipologias nos diversos movimentos da
arquitectura. Muitas vezes são os arcos, que nos indicam claramente um edifício
árabe.
O tipo de arco mais conhecido é arco em
forma de ferradura6. Foi utilizado
frequentemente e a sua utilização liga-se à escola
arquitectónica hispânica-visigótica. Arco em
ferradura (ultrapassado) tem a curva que se
prolonga para baixo do centro, ou seja, o
diâmetro do arco é superior à largura do vão.
Uma variante é o arco de ferradura apontado.
Arco de descarga é um dos mais simplis
arcos utilizados também nos edifícios de uso.
Recebe e alivia do peso de uma parede e situa-se
acima de uma platibanda.
Arco polilobado7 é um elemento muito
decorativo e cuidado. Num arco são em
intradorso* formados diversos lóbulos*, arcos
pequenos, que são ainda detalhadamente
decorados. Foi importado do Oriente e também
usado na arquitectura árabe. Crê-se que
simbolicamente representa o mundo ou céu de
onde nascem outros mundos ou céus.
Arco de cruzeiro separa na igreja a nave de capela-mor ou do coro,
situando-se no cruzeiro. Pode ter uma trave a unir as aduelas* de arranque. O
arranjo das aduelas* e das molduras* das arcadas continuaram a desenvolver-se
e este gosto expandeu às abóbadas* de arcos cruzados que se ornam em varias
maneiras.
No século XI foram abandonados certos aspectos classicizantes e chega-se
ao arabesco* e ornamentos decorativos de origem árabe.

6
Imagem; Arco de ferradura, porta dupla moçárabe numa anterior muralha em Coimbra, Hana
Šnajdaufová
7
Imagem; Arcos polibados no castelo de La Aljafería em Espanha, tirado de:
www.wikipedia.org; Arcos, 20.3.2006

15
4. Arquitectura árabe em Portugal
Fenómenos arquitectónicos e plásticos de então podem encarar-se sob
duas grandes perspectivas. A primeira é privilegiar as realizações islâmicas.
Centralizar a atenção no Sul da Península e valorizar os testemunhos árabes nos
seus monumentos mais típicos como mesquitas, vilas-palácios, paços-alcáçovas,
banhos e outras manifestações da arte cortesã.
A segunda é a por a atenção ao trabalho construtivo da sociedade cristã e
aos testemunhos mais ligados à Reconquista, ao repovoamento e à influência
que a culta arte árabe exerceu sobre a arquitectura cristã do Centro e Norte da
Península. Arquitectura árabe vai exercer também na arquitectura cristã.

4.1 Arquitectura militar


Sempre foram importantes castelos, muralhas e fortalezas para protegerem
a região e as cidades. A partir do século X como acontece em toda a área, que
corresponde hoje a Portugal, foram construidos castelos.
A arquitectura militar árabe dos séculos XI e XII tem em Portugal uma
grande densidade de testemunhos, mais ampla que a civil ou religiosa: exemplos
dela são a cerca de Coimbra do século XI, que havia a porta de traição, com
arcos redondos de entrada directa. Outros exemplos são restos das ruínas dos
castelos de base alargadas da época árabe de Pombal e Soure.
A importância de povoações como Elvas, Évora, Beja, no Algarve Tavira,
Faro, Silves motivaram a constução de cercas amuralhadas, que se conhecem
mal, por não ser fácil distinguir as partes de originais parcelas árabes das partes
reconstruídas depois da Reconquista.
A povoação de Lisboa foi tão importante, que no fim do século XI só na
região de Lisboa que tinha duas mil comunidades vicinais ou fiscais havia
setenta castelos. A fortaleza islâmica, hoje Castelo de São Jorge, com sistema
das muralhas defensivas ocupava o cimo duma colina de Lisboa que se estendia
numa área de 4 hectares. Nesta época Lisboa tinha as cercas defensivas muito
admiráveis na Península Ibérica. Esta cerca amuralhada tinha duas portas no
lado oriental a de Alfama e a do Cemitério que dava para área de São Vicente,
hoje Porta do Sol. A entrada mais importante, a porta principal, dava para
ocidente onde hoje é a Rua Direita de Santo António.

16
Do castelo do período islâmico restam poucos indícios depois de
reocupações, restauros e do terramoto.
Os elementos decorativos são espargidos no espaço e pertencem á
arquitectura quinhentista. Na parte virada a Norte resta hoje de muralha islâmica
um pequeno trecho e um torreão do século XI.
A velha Cerca Moura em Lisboa no século XI unificou a alcáçova e os
bairros ribeirinhos, hoje ainda visível. Esta fusão foi completada por dois
quilómetros de muralha de silharia e de torres quadrangulares. Esta muralha
continuou a protegir também após a Reconquista. Deste grande amuralhamento
restam traços originais sublinhando a cintura e torreões da alcáçova.
Da parte do Ocidente saía da Medina pela monumental Porta Férrea.
Margeando os arrabaldes do Ocidente abria-se a Porta da Alfofa (do Postigo). A
Porta do Mar era orientada para as praias. O lado de leste abria-se a Porta do
Sol .
Outro exemplar de época é Castelo dos Mouros em Sintra. No
coroamento da Serra de Sintra, estendendo-se por uma área de quatro hectares, é
hoje visível uma longa cortina de muralhas ameadas com os seus torreões
quadrangulares. Pouco resta deste povoado fortificado ainda habitado no século
XI e que certamente servia também de refúgio temporário aos pastores e seus
rebanhos.
Não só castelos mas também alcáçovas foram importantes para a difesa. A
Alcáçova de Mérida é uma construção tão imponente que as gerações sucessivas
a utilizaram e conservaram. Tem torres flanqueados*, cisterna e entrada directa.
A Alcáçova de Mérida tinha sido fortaleza cujo tipo se aplicou em muitas
cidades como Toledo, Sevilha, Lisboa.
Como Cabo de São Vicente era importante para a navegação eram aquelas
zonas bem povoadas. A violência da nortada sobre a esta ponta obrigava as
vezes os marinheiros, para esperarem também muitas semanas. Este motivo
desenvolveu neste estuário um mercado com artigos de luxo, profições ligados
com navegação, o abastecimento de alimentáres e aguada. Esta riqueza atraia à
costa os piratas. Habitantes de portos construíram fortalezas (Lagos, Sagres) e
também uma pequena frota de guerra contra os piratas.

17
4.2 Arquitectura religiosa
Actualmente não encontramos nenhuma mesquita conservada num estado
original em Portugal mas podemos encontrar igrejas que após a Reconquista
foram adaptadas a templos cristãos. Se durante a invasão árabe foram adaptadas
mesquitas anteriormente usadas como igrejas por cristãos, após a Reconquista
faz-se a inverso, como acontese em alguns templos em Lisboa, Évora ou
Mértola. Isso podemos reconhecer da decoração interior ou também da
orinetação da igreja na direcção de Meca.
A igreja matriz de Mértola8, o exemplo mais significativo, data ainda do
século XII. Conserva-se a estrutura, parcelas importantes e grande parte da
antiga construção de uma antiga mesquita da época islâmica posteriormente
decorada com elementos do estile manuelino. É um melhor exemplar
arquitectónico desta época em portugal.

Durante o restauro deste monumento foram descobertas algumas portas


primitivas onde o tijolo teve larga utilização. Lateralmente para sudoeste é a
parte do grande acesso e para nordeste onde deveria estar o pátio com a fonte de
abluções. Portas são relativamente estreitas. Têm arco apontado em ferradura.
A orientação da quibla* para Meca e a disponibilidade do espaço faz com
que a igreja seja mais larga que comprida. A decoração do andar superior feita
de gesso mostra pilastras decoradas por motivos serpentiformes. A estrutura e a
decoração de mihrab* tem paralelos nas mesquitas do Norte de África assim
como o plano geral do edifício em T.
Outro tipo de construções religiosas de origem árabe é Sé de Lisboa.
Restos da Mesquita maior de Lisboa foram encontrados no lugar, onde hoje se
encontra a Sé de Lisboa. Pensa-se que a Mesquita Maior foi uma mesquita, que

8
Imagem; Exterior e interior da igreja matriz de Mértola;
http://www.portoturismo.pt/pt/default.asp; Mértola, 13.4.2006

18
teria sete naves e segundo recentes descobertas existia um anexo da mesquita,
que se crê ter sido o lugar de abluções.

4.3 Arquitectura civil


Palácios ou bairros urbanos árabes conservados nos nossos dias são
raros. Temos mais testemunhas de cinturas de muralhas ou de castelos. Muitas
vezes palácios foram transformados ou são de origem moçárabe*.
Um dos testemunhos árabes conservados até hoje é o Palácio da Vila, em
Sintra construido no cabeço elevado num dos vales da serra. Em épocas mais
antigas foi este local um pequeno povoado fortificado onde se refugivam os
habitantes dos arredores em caso de perigo. Na época islâmica esta pequena
fortificação sofre, em fim do século XI, algumas obras, que adaptaram a área
intramuros a funções de lazer e casa de campo. Posteriormente, nos séculos XV
e XVI, são realizadas grandes obras de adaptação palatina onde um gosto
mourisco comanda todo um conjunto conseguindo, uma síntese arquitectónica
de rara harmonia. Pequenos pátios de água e a policromia suave dos azulejos
fazem um belo equilíbrio entre a arte árabe e mudejár*.
Entre a arquitectura civil muçulmana ocupavam lugar importante os
edifícios públicos de banho, que todas as cidades árabes e depois as cristãs
possuiram. Em cada uma destas construções havia, além da fornalha e de alguns
aposentos de serviços, três salas muitas vezes abobadadas, que incluiam a
tríplice e clássica série de piscinas. Uma para banho frio, outra com água
temperada e outra quente. Haviam-os em Lisboa e certamente também noutras
cidades do Sul. Mas infelizmente em Portugal são poucos os restos visíveis
destes edifícios de grande significado.
Em Cerro da Vila (Vilamoura), sítio muito importante para a arquitectura
islâmica em Portugal, foram encontrados em escavações e postos a descoberto
os mosaicos e os restos de um edifício balnear. A islamização de zona pode-se
reconhecer por artefactos encontrados, como são peças de luxo de cerâmica
feitas por técnica de corda seca*, e expostos no Museu Arqueológico de Loulé e
no Centro Arqueológico de Vilamoura.

19
Na época islâmica Alfama era um bairro lisboeta de pescadores e artesãos
fora das muralhas que era ligado ao interior delas pela porta de Alfama. Hoje é
um dos mais característicos bairros de Lisboa.
Este bairro é um labirinto de ruas estreitas com escadinhas, cujo nome
derivado da palavra árabe al Hama que significa termas. Águas quentes termais
brotam ainda hoje no local e eram utilisadas até há poucos anos pelas mulheres
para lavar a roupa.

4.4 Aspectos decorativos


Elementos decorativos, que se podem encontrar hoje em dia em Portugal,
são colunas com seus capiteis. Capiteis muçulmanos são muito decorativos e
bem proporcionados. Com o tempo desenvolveram-se e, como podemos ver,
simplificaram-se. Capiteis não nos revelam só a mestria das mãos dos artesãos
árabes mas também a religiosidade deles. Em alguns capiteis foram encontrados
com elementos decorativos escritos em louvor à Alá.
Entre os exemplares encontrados em portugal temos o capitel coríntio de
mármore branco9 (no Museu de Alcácer do Sal), que embora classificado como
pertencente à arte visigótica é segundo Carlos Alberto Ferreira de Almeida10 um
capitel muito mais evoluído possivelmente já do fim do século X. “As pontas
das folhas reviradas e trabalhadas, os trepanos redondos a separar as folíolos,
os seus caulículos* e os cálices
transformados a substituir as
volutas, as nervuras* centrais de
algumas folhas com ornamentação
livre, neste caso em espinha, a forma
do ábaco* e o seu dado* em
vieira*.“11 São aspectos que,
segundo o mesmo autor, apontam
para os fins da época emiral (século
X).

9
Imagem; História da Arte em Portugal, ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de - História de
Arte em Portugal: Arte da Alta Idade Média, v. II.. Lisboa: Publicações Alfa, 1988 p.81
10
Autor de livro História da Arte em Portugal
11
ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de - História de Arte em Portugal: Arte da Alta Idade
Média, v. II.. Lisboa: Publicações Alfa, 1988, p.81

20
Além destes elementos ornamentais podemos ver no capitel que tem três
níveis de ornamentação vegetal e que não tem colarinho. Um trabalho preciso e
cuidado mostra-nos cesto com trepanção* acentuada no arranque das folhas e
vieira* sobre o dado* central do ábaco* mostra-nos.
Outro capitel, feito de mármore
branco de região, que se encontra no
Museu de Elvas, é de período
posterior, capitel califal12. Este
capitel coríntio é um dos mais bem
conservados. Aqui encontramos de
novo um exemplar de três coroas de
folhas de acanto* com pontas
salientes e reviradas. As folhas são
muito bem trepanadas* e de desenho
fino que colocam o capitel na época califal, possivelmente já sobre a segunda
parte do século X. O ábaco* tem destacadas volutas com um tipo de folhas
salientes entre elas.
Um terceiro é capitel árabe13
está guardado no Museu do Carmo
em Lisboa.
O capitel é dividido em abóbada* e
corpo. Só a cabeça é mais trabalhada
pelas folhas volutas e salientes. É um
capitel muito simples com grande
esquematismo. Folhas são
geometrizadas e sobem pelas paredes
arredondados. Pela sua simplicidade
podemos classificar este capitel na viragem dos séculos XI para XII, na época
das taifas. Este tipo de capitel, a partir de meados do século XII, irá desenvolver
a sua cabeça que se tornerá cúbica.

12
ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de - História de Arte em Portugal: Arte da Alta Idade
Média, v. II.. Lisboa: Publicações Alfa, 1988, p.79
13
Imagem; ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de - História de Arte em Portugal: Arte da Alta
Idade Média, v. II.. Lisboa: Publicações Alfa, 1988, p.82

21
5. Outras manifestações da arte árabe em
Portugal
Durante o fenómeno de taifas, pequenos reinos, diferentes cidades
proclamaram-se independentes e isso provocou a descentralização artística e
renovação de cercas militares em cidades e muitas alcaçovas dos novos centros
políticos aonde chega a arte cortesã.
Uma das manifestações mais importantes da arte árabe é a cerâmica. De
cerâmica podemos reconhecer muitas coisas. De forma e desenhos podemos
saber para que serviam, de qual tipo de sociedade provem e de restos da comida
ou de conteúdo, que ficaram em recipientes, podemos saber também um pouco
sobre comidas e a cultura, que dominava naquele tempo.
Cerâmica de al-Andaluz gozava de uma grande fama graças à sua
qualidade e inovações técnicas, variedade de formas e riqueza de plástica. Os
oleiros tentando satisfazer a clientela multiplicaram as formas desde tinteiros às
candeias, pratos, bacias, e talhas que modelavam decorando-as com o vidrado.
A partir do fim do século X a descoberta da técnica da corda seca* melhorou e
simplificou muito o desenho e a aplicação de cores. Assim a cerâmica tornou-se
um produto abundante e muito resistente. Diversificaram-se também os motivos
ornamentais em temas geométricos e epigráficos, e depois em representações de
aves, animais ou de humanos.
Também os árabes foram influenciados pelos cristãos. Não pensamos só
árabes da Penínusla Ibérica mas também árabes do Norte África. Durante os
séculos X e XI nota-se na decoração além de uma variada iconografia também
aquela zoomórfica, um evidente interesse pela representação humana no Oriente
e no califado de Córdova. Mesmo em épocas posteriores, quando já teriam sido
impostas restições, o antropomorfismo não se liquida. Mais tarde, durante os
impérios magrebinos, a geometrização será assumida completamente como
gosto dominante.

22
No tempo das taifas
multiplicaram-se as oficinas de
olaria policromada. No século XII
desenvolvia-se este gosto com o
emprego mais sistemático da pintura.
Em Portugal há um grande
mostruário de cerâmica árabe no
museu local de Mértola.
Aqui podemos encontrar entre outras
peças uma tigela14, provinda da
escola de Kairouan (actual Tunisia), datada do século XI. Trata-se de uma bela
composição em que aba é decorada de pequenos arcos escuros, o interior é
preenchido por uma cena de caça: uma gazela é atacada simultaneamente por
um cão e por um falcão. A caça é desenhada em pasta clara recoberta de
vidrado.
Outra peça importante da arte árabe
em Portugal, embora com figuras humanas,
é cofre em marfim15. É uma peça áulica que
se encontra no Tesouro da Sé de Braga.
Tem dezanove centímetros de altura, forma
redonda com uma tampa, também
decorada. Superfíce é ornamentada por
arcos em ferradura enchidos por árvores,
pássaros, outros animais e por figuras
humanas. São as cenas pacíficas da vida
quotidiana preferidas nos fins do século X
na escola cordovesa. “Na tampa entre atauriques* há medalhões com animais.
Na parte superior do corpo numa faixa circundante há uma inscrição, além de
servir para ornamentar invoca o nome de Alá (…) foi encomendado por
Abdemelique (filho de Almançor). Devido à inscrição podemos definir a

14
Imagem; ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de - História de Arte em Portugal: Arte da Alta
Idade Média, v. II.. Lisboa: Publicações Alfa, 1988p.90
Imagem; http://br.groups.yahoo.com; Descrição, Imagem, 2.4.2006
2

23
produção do cofre entre 1004 e 1008, ano em que morreu o destinatário. O
cofre destinava-se a guardar jóias ou perfumes.“16
Outro elemento ornamental deixado pela cultura árabe em Portugal é
azulejaria. Os azulejos são de origem árabe. A palavra azulejo é derivada das
palavras árabes al zuleicha que significa um tijolo vidrado. Árabes não só
decoraram as suas casas de azulejos mas também os utilizavam de uma forma
prática recobrindo banhos com eles. Em princípio os árabes faziam só
ornamentos geométricos ou elementos florais, porque Alcorão não permite
afigurar seres vivos. Quando os cristãos reconquistaram os territórios, a
produção de azulejos manteve-se e foi
desenvolvendo-se. Os portugueses
apoderaram-se desta técnica árabe e
adoptaram-na ao seu gosto usando os
azulejos na decoração de igrejas17.
Como decoração não é usado
unicamente o arabesco* mas desenhos
representando santos, barcos, vida
quotidiana e outras imagens em regra
de cor azul no fundo branco.

16
ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de - História de Arte em Portugal: Arte da Alta Idade
Média, v. II., Lisboa: Publicações Alfa, 1988, p.88
17
Imagem; Capela das Almas, Porto, http://portugal-hotels.com/com/index.php; Porto,
29.4.2006

24
6. Época moçárabe
Moçárabe* era o nome que designa o cristão que vivia no domínio árabe.
O Estado islâmico de al-Andaluz nunca gozou de grande unidade. Era composto
por diversas comunidades étnicas e religiosas como moçárabes* e judeus. O
islão tolerava-os porque eram crentes, embora “imperfeitos“, que adoravam um
só Deus e acreditavam no fim do mundo.
O conhecimento histórico deste período, que vai desde a invasão árabe em
711 até à Reconquista do Algarve (1249), tem grandes falhas devido à penúria
de documentação e de dados garantidos que não permitem conhecer toda a
evolução nem explicar perfeitamente as transformações da sociedade da altura.
Época de crises, de despovoamento mas também de repovoamento devido
à chegada de povoadores que se instalaram em localidades novos. Estes tempos
moçárabes* alicerçam uma nova organização e é um período marcado por
radicais mudanças políticas e sociais.
O Centro e o Norte de território, que hoje pertence a Portugal, encontrava-
se entre o Estado árabe de Córdova e o Reino Asturiano. Este território baleava
entre acções políticas e militares, as razias islâmicas e as repetidas invasões
normandas e por isso tinham uma existência difícil.
Crónicas do tempo de Afonso III das Astúrias (866-910) falam do
despovoamento da região, que hoje corresponde ao Norte de Portugal, a partir
da bacia do Douro, o que deu a origem à ideia do despovoamento estratégico
total. Como povoar as terras era uma acção prestigiante para os reis, os textos
antigos acentuam e as vezes exageram despovoamento.
Poucos homens e muita terra deram origem a uma subordinação dos
agricultores mas deu-lhes também a possibilidade de ganharem propriedades
livres ampliando-se o povoamento. Como a população de então era muito
escassa devido a fomes e à peste nos últimos tempos da época visigótica no
século VIII, havia muitas áreas abandonadas e outras com população dispersa
vivendo por si próprias na miséra e sem grande organização.
As diferenças entre as regiões, que nesta altura pertencem a Portugal, eram
grandes. No Sul as cidades sobre o domínio árabe, com a sua alcáçova e
muralhas, têm o seu governador e mantiveram-se sempre como centros
importantes do território. A organização da região do Centro (Coimbra), que se

25
encontrava entre o domínio árabe e cristão, era semelhante e mantém ainda
características como no Sul, embora o bispo, sem o qual geralmente a vida dos
cristãos na região se tornava difícil, se tivesse refugiado por causa da penetração
progressiva dos árabes no Norte do território. No Norte as cidades de Braga,
Porto, Viseu sofreram uma longa e grande decadência. Mas sob a administração
de Afonso das Astúrias começam a ressurgir, passo a passo, centros militares da
região, que corresponde hoje ao Norte de Portugal.
Na bacia do Douro aparecem as pequenas cidades de Portucale (Porto), de
Santa Maria (Santa Maria da Feira), de Eja (Entre-os-Rios, Penafiel) e de
Lamego, situando-se cada uma em importantes lugares estratégico-económicos
donde se governavam os territórios em redor delas. Esta localização e
organização provocou o desenvolvimento do encastelamento não só no Norte
mas também no Centro e no Sul.

26
7. Arquitectura moçárabe em Portugal
A arquitectura moçárabe* é um dos poderosos ramos dos fenómenos
artísticos deste tempo, que nos deixou alguns testemunhos no Centro e Norte na
região, onde hoje é Portugal. Estes territórios antes foram zonas inferiores da
administração de califado. A maior densidade de testemunhos encontra-se por
exemplo em Orense e Samora e em número reduzido em Trás-os-Montes. Uma
das razões da escassez da arquitectura moçárabe* poderia ser, segundo os
especialistas, devida à falta de investigação.
As modalidades das formas artísticas árabes, das configurações
arquitectónicas reflectidas na iluminura de livros e na arquitectura e decoração
de igrejas e castelos, e também o gosto pela complicada solução de espaço
interno e ordenação complexa mostra a influência árabe que teve lugar nesta
região.
Nesta época reavivem-se e juntam-se novos santos cristãos e valorizam-se
mais os velhos. A sociedade cristã, embora fosse aberta às inovações técnicas e
soluções artísticas de origem islâmica, julga o islamismo como uma religião má.
Com o decorrer dos tempos a sociedade cristã sente que se aproxima o fim do
período pro-árabe, caracterizado pela confrontação com o islão e, ao mesmo
tempo, pela necessidade de manter a identidade cultural.
Um dos testemunhos mais importantes da arquitectura moçárabe* é a
igreja de São Frutuoso de Montélios. É um pequeno templo, datado de 650, nas
cercanias de Braga, que se conservou até aos nossos dias, embora bastante
transformado. A presença islâmica causou algumas mudanças no edifício,
sobretudo no interior onde encontramos colunas de mármore que suportam
arcos em ferradura, capitéis decorados com elaborados motivos vegetalistas – os
testemunhos marcadamente islâmicas.
Aximezes* no centro da área triangular dos frontões que arejavam um
espaço entre a abóbada* e o telhado cuja utilidade era o equilíbrio
arquitectónico. Este é um tipo de solução dos séculos IX e X e encontra-se
praticamente em todas as grandes construções asturianas.
“O templo tem uma torre quadrangular sobre a planta cruzada da igreja
e o exterior é decorado com arcos cegos. No século X, a região foi
reconquistada e o repovoamento foi iniciado, a Capela foi objecto de uma

27
reconstrução, que lhe deu o aspecto interior que hoje possui. As ábsides, que
eram de planta quadrangular, passaram a ter planta semicircular, e à entrada
de cada uma construíu-se uma tripla arcada de arco em ferradura.“18
Esta igreja da planta em cruz grega é também um dos raros exemplos de
arquitectura religiosa da época visigótica. A devoção por São Frutuoso, bispo de
Braga, surge até o final do século VII quando Frutuoso, um nobre visigodo,
rejeita a vida mundana.
Elementos de arte moçárabe* podemos encontrar também na igreja da
freguesia de São Torcato19 no concelho de Guimarães, onde foram descobertas
relíquias atribuídas a São Torcato. A primeira referência a esta igreja data de
1059.
“Na obra da antiga igreja com raiz
visigótico reutilizam-se diferentes pedras de
calcário com formas e decoração, técnica,
temática e estilisticamente, altimedievais
como blocos estreitos e longos, ornados,
que foram de frisos*, duas pequenas
placas*, que exibem um concheado de vieira*, e dois aximezes*, que se
integram perfeitamente na arte moçárabe* pelos seus pequenos arcos
ultrapassados monocêntricos, pelas molduras* ornamentais em redor deles,
pela sua estética decorativa, densa geometrizada e fina.“ 20
Entre outros elementos decorativos aparece aqui um fragmento de capitel
de tipo coríntio de folhas volumosas com decoração muito estilizada de aspecto
moçárabe*. Uma outra decoração é um resto que parece de uma base de coluna
com escócia* oitavada de inspiração árabe. Provenientes desta igreja, guarda o
Museu Alberto Sampaio de Guimarães.
Ambas igrejas, a de São Torcato e a de São Frutuoso, são da mesma escola
embora São Torcato seja decorada por ricos frisos* com uma escala temática
mais vasta e de feitura mais delicada do que São Frutuoso.

18
http://www.ippar.pt/pls/dippar/ippar_home; São Torcato, 16.4.2006
19
http://www.bmrb.pt/BMRB/guimaraes/gmr/visitar.htm; Igreja Paroquial de S. Toccato,
10.4.2006
20
ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de - História de Arte em Portugal: Arte da Alta Idade
Média, v. II., Lisboa: Publicações Alfa, 1988p.123

28
8. Arte moçárabe em Portugal
Os tempos difíceis da última parte do século VII e no século seguinte
fizeram com que desaparecessem as oficinas artísticas e se perdessem muitas
tradições artesanais. Apesar de terem existido invasões, revoltas e muitos
desequilíbrios regionais, nota-se em toda a Europa Ocidental, a partir dos finais
do século VIII, uma grande renovação, que tem a sua expressão no emirado de
Córdova. Tentava-se de encontrar novas formas, fruto das diversas correntes
artísticas de então, e também havia necessidade de construir em novas zonas e
corresponder a novos pedidos. No Ocidente manifesta-se numa generalizada
imitação do antigo como nas revivências de temas indígenas e arcaicos.
Às obras importantes da arte moçárabe* em Portugal atribui-se uma peça
de ourivesaria, que está guardada no Tesouro da Sé de Braga, vulgarmente
conhecida como o cálice de São Geraldo21.
Embora ainda persistam dúvidas se se trata de um cálice de missa ou de
um vaso profano, tem-se a certeza que se
trata de um objecto de função religiosa. A
cálice é feito de chapa fina de prata dourada
e tem só 11cm de altura. Tem uma base
redonda, rasa da qual se eleva uma haste* do
pé. O pé é bem ornamentado em dois níveis
por 4 fossos pequenos em forma do fosso de
chave. Entre os dois níveis há um nó
trabalhado com ornamentos arqueados.
“No conjunto a copa ovalada impôe-se
com mais de metade da altura total. (…) Em
redor de base, em dois círculos, há uma
inscrição, testemunhando que este cálice,
feito ‹‹em nome do Senhor, pertence a
menendo Gonçalves e a sua mulher D.
Toda››. Estes condes foram aios de Afonso V
de Leão. O cálice poderá datar-se em fim do

21
Imagem; ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de - História de Arte em Portugal: Arte da Alta
Idade Média, v. II., Lisboa: Publicações Alfa, 1988, p.145

29
século X algo antes das invasões de Almançor. (…) Na primeira hipótese
poderia ser feito em Coimbra (…) mas parece predominante a marca
setentrional pelo vigor dos animais e das folhagens que ornam a copa.“22
Em toda a sua superfície exterior frontal há uma decoração densa e sem
vazios feita à base de punção e estampado. Sobre a copa há um largo caule* de
ramagem, que se desdobra formando quatro círculos envolvendo três leões e
uma águia. A sua patena* decorada com rosetas, arcos pequenos e palmetas,
confirma a função religiosa desta peça.

ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de - História de Arte em Portugal: Arte da Alta Idade
22

Média, v. II., Lisboa: Publicações Alfa, 1988, p.145

30
9. Conclusão
Ao longo do trabalho tentámos apresentar alguns aspectos da influência
árabe no campo das artes e arquitectura por toda a região em qual hoje se situa
Portugal. Esses testemunhos, nem sempre bem visiveis, aparecem mais
conservados, sobretudo em construções militares mas também em templos, hoje
na sua maioria transformados e adaptados. Além de edifícios podemos
encontrar, sobretudo no Centro e Sul de Portugal, portas ou janelas em estilo
árabe. Também nas artes decorativos encontramos o azulejo, elemento
decorativo trazido para a Península pelos árabes.
A mestria árabe na arquitectura não são só elegantes arcos em forma de
ferradura mas também os ornamentos pequenos de peças de luxo. Ás vezes,
numa coluna, que nos parece de um período posterior, reconhecemos um capitel
de época califal decorada por folhas voltadas e por vieiras. Em palácios
encontramos diversos tipos de azulejos ligados em lindíssimos quadros e
mosaicos, herança decorativa que se tornou uma tradição e perdurou em
Portugal até hoje.
O ambiente multicultural peninsular reflecte-se por vezes nos elementos
decorativos, em que podemos encontrar também figuras humanas ou animais.
Os testemunhos árabes que nos restam constituem uma herança cultural
que deveríamos proteger. É importante conservar esta herança não só porque ela
contem grande conhecimento e beleza mas também porque, ao conservarmos o
passado, compreenderemos melhor o presente e o desenvolvimento cultural.
Embora por vezes as fontes não nos deixem um resultado claro ou
evidente, é difícil referir e extenuar ramos tão amplos como a arquitectura e a
arte.
Esperamos que este breve trabalho contribua para um melhor
conhecimento do período árabe na Península Ibérica e sobretudo em Portugal
em particular no que se refere à arte e arquitectura árabe.

31
Apêndice
Glossário23
Ábaco – parte superior do capitel da coluna em todas as ordens
Abóbada – construção levantada em arco, tecto arqueado
Acanto - Arquit.: ornato característico do capitel coríntio, feito à semelhança
das folhas de acanto; Bot.: planta espinhosa chamada erva-gigante
Aduela – cada uma das tábuas arqueadas que compõem certas vasilhas (toneis,
pipas), pedra em forma de cunha que entra na composição dos arcos e abóbadas
Arabesco - caprichoso entrelaçamento de figuras geométricas, folhas, plantas,
homens e animais, feito à maneira árabe
Aximez – janela dividida verticalmente ao meio por um colunelo
Calçada – caminho ou rua empedrada
Caule – haste de plantas, talo, tronco
Caulículo – pequeno caule
Corda seca – processo decorativo em cerâmica; a linha de contorno dos
desenhos era feita com tinta engordurada, e isto permitia encher depois todos os
espaços com outras cores, que assim se mantinham estanques, sem se
misturarem. A cozedura seguinte, que fixava o colorido, eliminava também a
gordura.
Cunha - instrumento de ferro ou madeira, para fender pedras, madeira, etc.
Cunho - ferro gravado com que se marcam, por pressão, moedas, medalhas,
etc.; marca, figura que resulta dessa impressão; marca, sinal distintivo
Dado – pequeno cubo
Eixo – linha recta, real ou fictiva, que passa pelo centro de um corpo e em torno
a qual ele gira ou pode girar; linha fictícia que divide em duas partes simétricas
Escócia – moldura côncava que faz parte da base de uma coluna (especialmente
da base ática)
Flanqueado – que tem a seu lado ou flanco alguém ou alguma coisa; defendido,
escoltado
Friso – espaço compreendido entre a cornija (elemento saliente arquitectural que serve
para rematar qualquer edifício ou um pedestal; molduras sobrepostas que fazem saliência na

Todo o capítulo é tirado de: Equipa coordenada do Gabinete de Projectos do Departamento


23

Editorial da Texto Editora, Dicionário Universal da Língua Portuguesa, Texto Editora, 1999

32
parte superior da parede, porta, etc.) e a arquitrave (parte inferior do entablamento entre o
friso e o capitel de uma coluna)
Haste – pau ou ferro direito, levantado e comprido em que se encrava ou apoia
qualquer coisa
Intradorso – face côncava interior de um arco ou de uma abóbada; superfície
inferior da asa de um avião
Lóbulo – divisão dos lobos das folhas ou das flores
Mihrab – nicho existente nas mesquitas e que indica a direcção em que se deve
orar, é situado na quibla
Moçárabe - cristãos ou estilo de cristãos que refugiram de zonas árabes em
crtistãs baseando-se no estilo visigótico que é preenchido de elementos árabes
Moldura – ornamento saliente em obras de arqitectura
Mudéjar – estilo de muçulmanos que trabalharam depois da Reconquista para
os cristãos
Nervura – linha ou moldura saliente que percorre ou separa os panos de uma
abóbada; moldura redonda sobre o contorno das mísulas (ornato que ressai de uma
superfície, geralmente vertical, e que serve para sustentar um arco de abóbada, uma cornija,
figura, busto, vaso, etc.)
Nicho – cavidade; vão em parede para colocação de imagens, estátuas, etc.;
divisão feita em estante ou armário
Patena – lâmina ou prato metálico que cobre o cálice e sobre a qual se coloca a
hóstia da missa
Placa – chapa, folha de metal mais ou menos espessa; lâmina
Quibla – parede da mesquita virada para Meca
Rendilhado – derivado de rendilha: renda (um trabalho manual delicado em pedra)
pequena e delicada (krajka)
Trepanar – cortar ou compor com o trépano (os ossos do crânio), trepanado –
adjectivo de trepanar
Vieira – nome comum do molusco acéfalo lamelibrânquio, cuja concha os
romeiros usavam como

33
11. Bibliografia
• ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de - História de Arte em Portugal:
Arte da Alta Idade Média, v. II., Lisboa: Publicações Alfa, 1988.
• BORGES, Artur Goulart de Melo - Terras da Moura Encantada: Arte
Islâmica em Portugal Itenario, Exposição, Editora Civilização, 1999
• Direcção de PEREIRA, Paulo – História da Arte Portuguesa: Da Pré-
história ao Modo Gótico, volume 1, Temas e Debatas, 1995
• Equipa coordenada do Gabinete de Projectos do Departamento Editorial
da Texto Editora, Dicionário Universal da Língua Portuguesa, Texto
Editora, 1999
• Kolektiv autorů pod vedením Věry Petráčkové a Jiřího Krause,
Akademický slovník cizích slov, Academia Praha, 2001
• www.wikipedia.org; Arcos, 20.3.2006
• http://slovniky.sms.cz; Slovník, 23.4.2006
• http://www.libanoshow.com/home/conquistas.htm; Cronologia das
Conquistas Árabes no Ocidente, 25.4.2006
• http://www.bmrb.pt/BMRB/guimaraes/gmr/visitar.htm; Igrejas, 10.4.2006
• http://portugal-info.com/historia/primeira-dinastia.htm; Primeira Dinastia
de Portugal (Séc. XII ao Séc. XIV), 25.4.2006
• http://br.groups.yahoo.com/group/Al-Andalus-Mozarabismo/; Descrição,
Imagem, 2.4.2006
• http://www.tendarabe.hpg.ig.com.br/arquitetura_islamica/arte_islamica.ht
m; Arte Islâmica, 2.4.2006
• http://www.spanelsko.info/umeni.htm; Umění, 2.4.2006
• http://www.ippar.pt/pls/dippar/ippar_home; São Torcato, 16.4.2006
• http://portugal-hotels.com/com/index.php; Porto, 29.4.2006
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