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Sílvia Ana Chihongo Dava

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Economia Árabe (Características, Expansão e Repercussão)

Licenciatura em Ensino de História Política e Gestão Pública

Universidade Pedagógica de Maputo

Maputo
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2023
Sumário
Introdução ....................................................................................................................................... 3

Um pouco sobre a Arabia ............................................................................................................... 4

Economia Árabe.............................................................................................................................. 4

Expansão e Repercussões da Economia Árabe ............................................................................... 6

Considerações finais ....................................................................................................................... 9

Referências bibliográficas ............................................................................................................. 10

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Introdução
O presente trabalho visa apresentar os resultados da pesquisa feita sobre a Economia Árabe.
Entretanto, antes de apresentar alguns aspectos e características que concernem a economia árabe,
falarei um pouco acerca da Arabia e sua localização. Em suma, uma breve caracterização sobre a
Arabia. Feito isto, já partimos para a economia árabe, quais factores solidificaram essa economia
árabe e como a mesma entrou nos vários territórios aos longos anos, falando nomeadamente da
expansão e repercussão da economia árabe em Africa e Europa.

Objectivo geral
 Falar da Economia Árabe (expansão e repercussão)

Objectivos específicos
 Apresentar uma breve introdução sobre a Arabia;
 Apresentar as características da Economia Árabe;
 Falar da repercussão e expansão da ecomimia Árabe.

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Um pouco sobre a Arabia
Para falar da Economia Árabe, preciso primeiro falar um pouco do povo árabe, da localização da
Arábia e alguns outros aspectos relevantes para a elaboração deste trabalho de pesquisa.
Não é tarefa fácil falar do mundo árabe e islâmico. Trata-se de uma série longa de países que se
enquadram sob aquela designação, apresentando todos eles características muito peculiares
(RODRIGUES, 1980).
A Arábia é uma península árida, localizada no Médio Oriente. O território arábico pode ser
dividido em duas áreas principais: a Arábia do deserto e a Arábia litoral.
A primeira, Arábia do deserto, ocupa à região central da Península Arábica e é separada da Arábia
litoral pelo mar vermelho e o Indico por um maciço montanhoso.
A Arábia do deserto caracteriza-se por desertos pedregosos, dunas, vales de rios secos e por oásis.
A segunda ocupa zonas próximas do mar e caracteriza-se por um clima que permite a agricultura.
É incluída nessa segunda Arábia a chamada Arábia feliz (Iémen).

Economia Árabe
De forma geral, a economia árabe era sustentada por comércio, pastorícia e agricultura e mais tarde
o comércio de escravos. Entretanto, das actividades mencionadas, tinha o comércio como a
actividade que fez com que a Arabia se expandisse pelo mundo fora.
O livro “Islã e a formação da Europa, de 570 a 1215”, escrito por David Levering Lewis e
publicado nos Estados Unidos em 2008 e em 2010 no Brasil, citado por Suellen Borges de Lannes
(2013), começa o segundo capítulo “Os árabes estão chegando!” mostrando um retrato das
caravanas que saía m de Meca, como ilustrado abaixo:
“As caravanas de Meca, carregadas de tâmaras, especiarias, perfumes e escravos saíam
do deserto, para o norte e para o oeste, até a Palestina judaico cristã e a Síria cristã, ou
para o sul, até o Iêmen, e para o oeste, atravessando o mar Vermelho até a Etiópia cristã.”
(LEWIS, 2010).

Com um tom semelhante, ao fazer uma exaltação sobre a cidade de Meca, Karen Armstrong em
seu “Maomé: uma biografia do profeta”, publicado em 2002 no Brasil, citada por Lannes (2013),
comenta:
“Como todos os habitantes de Meca, Maomé tinha grande orgulho de sua cidade, que se
tornara um centro financeiro e a aglomeração urbana mais poderosa da Arábia. Os
comerciantes de Meca haviam se tornado os árabes mais ricos do Hedjaz e desfrutavam
de uma segurança que teria sido impensável duas gerações antes, quando ainda viviam a
árdua vida nômade das estepes.” (ARMSTRONG, 2002: 55).

Esse retrato de Meca como um polo comercial relevante, de onde chegavam as grandes rotas
comerciais internacionais e de onde partiam caravanas importantes para a Síria, o Iêmen e a
Etiópia, foram alvo de uma série de controversas sobre a história do surgimento do Islã. Apesar do
livro ter sido escrito recentemente, a visão apresentada na obra de David Lewis está ligada a uma

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tradição antiga do pensamento orientalista, a qual compreendia que o surgimento do Islã e a
ascensão de Maomé estava vinculada ao enriquecimento da cidade de Meca.
De acordo com a corrente tradicional, uma das principais (senão, a principal) fontes de riqueza da
população árabe residia no comércio de longa distância, ligando, principalmente, as regiões que
circundavam o Mar Mediterrâneo e o Extremo Oriente. A rota mais rápida entre o Oriente e a s
terras do Mediterrâneo passaria por territórios dominados pelos persas, que disso t irariam
vantagens tanto econômicas quanto estratégicas. A primeira rota partiria da China e avançaria por
regiões controladas por tribos nômades turcas, seguiria pelo Mar Negro, adentrando o território
bizantino. Uma outra via seguiria pelas rotas marítimas meridionais, através do Oceano Índico.
Elas terminariam no Golfo Pérsico e na Arábia ou seguiriam até o Mar Vermelho, com ligações
por terra, através do Egito passando pelo istmo de Suez. Por fim, os comerciantes poderiam seguir
as trilhas de caravanas da região ocidental da Arábia, partindo do Iêmen até as fronteiras da Síria
(LEWIS, 1982: 70 citado por LANNES 2013).
Na península arábica haveria quatro principais rotas:
 A rota do Hejaz: partia do porto do Mar Vermelho e dos portos próximos a Palestinas e a
Transjordânia, ao longo do flanco interior da cordilheira do Mar Vermelho até o Iêmen.
Durante muito tempo era a rota que ligava o Império de Alexandre e dos seus sucessores
no Oriente Médio, aos países do Extremo Oriente. Era chamada de “rota do caminho de
ferro de Hejaz”.
 Uma outra rota saía d o extremo nordeste do Iêmen até a Arábia Central, onde se unia a
uma outra rota a Wadi r-Rumma para o sul da Mesopotâmia. Era a principal via de
comunicação desde os tempos antigos entre o Iêmen e as civilizações da Assíria e da
Babilônia.
 A rota Wadi s-Sirhan, que liga a Arábia Central ao sudeste da Síria através do Oásis de
Jawf (LEWIS, 1970: 28).
 A rota Wadi d-Dawasir.
Ao longo do século IV, as rotas teriam sofrido modificações e foram desviadas do oeste da Arábia
para outras regiões, principalmente através do Egito e do Mar Vermelho, e do Vale do Eufrates e
do Golfo Pérsico. Esse processo teria gerado um declínio da atividade mercantil e levado ao
empobrecimento da região do Iêmen e de constantes ataques dos impérios Bizantino e Persa. Além
disso, os povos voltaram a exercer o nomadismo e as cidades foram sendo esvaziadas (LEWIS,
1970: 35 citado por LANNES 2013).

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Expansão e Repercussões da Economia Árabe
Depois de todas as transações feitas ao longo dos anos, a economia árabe se expandiu para os
diversos pontos da Africa e Europa.
Incluídos na esfera de influência do califado de Bagdá, o Egito e a Síria foram progressivamente
islamizados. Uma parte de sua população conseguiu conservar sua própria religião, ou religiões
(judeus, cristãos coptos, por vezes sincretizados com as religiões ancestrais) em troca do
pagamento de uma taxa individual (jizyah). Mas foi toda a população masculina a que passou a
pagar uma taxa fundiária compulsória (kharaj).
Nos séculos sucessivos, o Oriente Médio foi regido por governadores nomeados pelo califa de
Bagdá, na sua qualidade de chefe da comunidade muçulmana; a língua árabe substituiu
progressivamente a língua copta, derivada do antigo egípcio, que foi conservada só na liturgia
religiosa específica dessa comunidade cristã. Na Pérsia, por sua vez, a maioria de seus habitantes
foi convertida ao Islã (sobrevivendo, porém, outras crenças, como o zoroastrianíssimo ou o
judaísmo).
A conquista da Pérsia pelos árabes entre 641 e 651 levou à sua integração como província do
califado Omíada, e a partir de 750 do califado Abássida. O zoroastrianismo majoritário na Pérsia
foi gradualmente substituído pelo Islã; no entanto, verificou-se um intercâmbio entre a cultura
árabe e a persa que se detecta, por exemplo, na adoção pelo califado Abássida da organização
administrativa sassânida e de vários costumes persas.
O império árabe foi consolidado e definido pela conversão: quem se convertesse ao Islã, ganhava
um estatuto social e direitos iguais aos dos outros muçulmanos. Durante um breve período e em
algumas regiões, quem não se convertesse era sacrificado; depois, as populações não muçulmanas
incluídas na terra do Islã (cristãs e judias, basicamente, mas não só elas) foram obrigadas só a
pagar uma taxa, dhimmit. As cidades que se entregassem pacificamente deveriam pagar um dízimo
de suas riquezas e de sua renda ao Islã, ao califado (a noção de dízimo foi depois herdada pelas
igrejas cristãs europeias e orientais), as cidades que resistissem, deveriam pagar o dobro, ou seja,
um quinto (que veio a inspirar o quinto real, usado pelos futuros impérios ibéricos nas suas colônias
espalhadas pelo mundo todo). As populações ocidentais conquistadas apreenderam e adotaram
desse modo bem prático e compulsório, o sistema decimal de origem árabe em suas operações
cotidianas. O império islâmico foi perdendo sua força expansiva nos séculos sucessivos, sob o
domínio das cada vez mais conflitantes dinastias e califados (COGGIOLA, 2016).
A expansão islâmica conseguiu conquistar rapidamente a península índica, sede de várias das mais
antigas civilizações do planeta, dando lugar a uma fusão cultural extraordinária com culturas
milenares, da qual resultou, entre outras, a matemática moderna. No seu período expansivo, o
império islâmico conquistou também duradouramente o norte da África, o que fez surgir a
“África Branca”, que designa o povoamento pelos povos semitas da Arábia da região do Egito
até o Magrebe; a destruição definitiva de Cartago (a cidade havia sido inicialmente destruída pelos
romanos; depois de ficar vários anos desocupada fora revivida e reconstruída por Júlio César) para
a construção, no mesmo lugar, de Túnis; a criação de portos importantes para o ataque às ilhas do
Mediterrâneo dominadas pelos cristãos e às regiões costeiras da Europa; além da conquista da

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Espanha e do fechamento do Mediterrâneo à navegação europeia, pois os árabes passaram a
dominá-lo completamente (COGGIOLA, 2016).
As grandes civilizações prévias ao Islã, com as quais este manteve contato, por outro lado, não
foram apenas “influências” na civilização árabe: seus elementos básicos foram absorvidos por ela.
Foram os árabes os que espalharam pela Europa os textos de Aristóteles e também de outros
nomes destacados da Antiguidade grega, inicialmente traduzidos do grego para o árabe, e depois
do árabe para o latim, pelos judeus, principalmente na “Escola de Tradutores de Toledo”. Esses
textos foram decisivos para o desenvolvimento da filosofia escolástica europeia no século XIII.
No Oriente Médio, o contato entre a filosofia grega e a filosofia árabe tinha se desenvolvido na
Síria (na Escola de Edessa) e no Egito, na Alexandria (COGGIOLA, 2016).
Através dos filósofos e tradutores judeus e árabes penetrou na Europa a filosofia aristotélica, a
judia e até a plotiniana (de Plotino, ou seja, a filosofia grega de Alexandria); e não só isso: “O
mundo muçulmano, que era mais aberto aos estudos científicos que o mundo cristão, e que desde
cedo se beneficiou das traduções das obras filosóficas mais importantes da Antiguidade, assistiu
ao desenvolvimento de correntes naturalistas ateias.
Uma espécie de ecumenismo cético se desenvolveu nas zonas fronteiriças entre o mundo
muçulmano e cristão... No século X, conferências em Bagdá reuniam muçulmanos, cristãos e
judeus de todas as tendências, mas também ateus materialistas, para comparar opiniões com
argumentos extraídos da razão humana”. A partir do século XII, no entanto, “tais ousadias se
tornaram difíceis no marco de monarquias (islâmicas) intolerantes”.
Se, com eles, a filosofia grega penetrou Europa, de modo vertiginoso, entre os séculos XII e XIII,
os árabes não se limitaram à transmissão da cultura clássica greco-romana traduzida para o árabe,
e dai para o latim e outras línguas da Europa. Eles desenvolveram também a ciência, a filosofia, a
poesia, a astronomia, a medicina: baste mencionar Averroes (1126-1198), Avicena (980-1037) e
Maimônides (1135-1204), árabes os primeiros, judeu o último. Os exércitos árabes instituíram
também um sistema de comércio único, que funcionava como ligação entre o Ocidente e o
Oriente, com grandes centros comerciais, como Bagdá, El Cairo e Damasco (COGGIOLA, 2016).
O Ocidente moderno surgiu da concorrência e do do embate com a civilização árabe pelo controle
das rotas comerciais do Mediterrâneo: “A expansão do Império Bizantino nos séculos VI e VII
resultou em grande parte da necessidade de controlar as rotas e fontes de suprimento dos produtos
ocidentais, principalmente os metais da Espanha. A ocupação árabe da África do Norte romepeu
essas ligações. Ainda que se desenvolvesse um fluxo regular e ativo entre os portos árabes, essa
atividade estava fora do âmbito da civilização europeia e teve sobre ela poucas repercussões. Mas
o predomínio árabe nas águas ao oeste da Sicília não interferia com o comércio entre os portos do
Adriático e o Oriente...
Na Espanha, os “árabes” (na verdade, os mouros arabizados) chegaram ao país em inícios do
século VIII, provenientes principalmente das tribos berberes do norte da África. Na verdade, nunca
houve uma “invasão árabe” propriamente dita da Ibéria. Alguns milhares de berberes atravessaram
o estreito de Gibraltar, trazendo consigo uma organização militar e uma riqueza cultural que não
existia no Ocidente europeu, ao ponto de eles considerarem “bárbaros” os povos que

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perambulavam (literalmente) pela Europa. Os “árabes” (ou os berberes arabizados) dominaram
rapidamente grande parte do que hoje é o território espanhol (excetuando as províncias
cantábricas) e do território português, até serem dele expulsos pelos “Reis Católicos”, Fernando
de Aragão e Isabel de Castela, em 1492, depois de sete séculos de presença dominante na Península
Ibérica (COGGIOLA, 2016).
Os árabes chamaram esse reino de Al-Andalus, que constituía uma unidade política onde
conviviam de forma relativamente pacífica muçulmanos, judeus e cristãos. Desse modo, “no final
do século X um mundo islâmico se havia constituído, unificado por uma cultura religiosa comum
expressa em língua árabe e pelos vínculos humanos criados pelo comércio, as migrações e as
peregrinações. Mas esse mundo não mais constituía uma única entidade política (COGGIOLA,
2016).
Durante um século e meio, entre 1096 e 1250, os reinos islâmicos resistiram militarmente com
sucesso às cruzadas cristãs, mas receberam um golpe decisivo com a invasão dos mongóis, em
1258. O cerco mongol de Bagdá, ocorrido nesse ano, destruiu a capital do califado Abássida pela
ação das forças do canato mongol e de tropas aliadas a Hulagu Khan, seu novo chefe. Os mongóis
eram uma tribo de nômades da Ásia Central e do Norte: eles viviam nas estepes da região, com
um estilo de vida nômade, de movimento constante e sempre dependente de seus cavalos, seu
principal meio de transporte. Religiosamente, eram animistas politeístas. A invasão mongol deixou
Bagdá em estado de destruição (COGGIOLA, 2016).

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Considerações finais
Depois da pesquisa feita sobre a economia árabe, pude concluir que desde muito cedo os árabes
eram um povo praticante do comércio. Apesar de praticar outras actividades como a agricultura, a
pastorícia, o comércio foi a actividade que fez que a Arabia se destacasse e se expandisse para
outros territórios.
A Arábia é uma península árida, localizada no Médio Oriente. O território arábico pode ser
dividido em duas áreas principais: a Arábia do deserto e a Arábia litoral, onde a primeira, ocupava
à região central da Península Arábica e é separada da Arábia litoral pelo mar vermelho e o Indico
por um maciço montanhoso. Sem esquecer de mencionar que a arábia do deserto se caracteriza por
desertos pedregosos, dunas, vales de rios secos e por oásis e a arabia litoral, que ocupa zonas
próximas do mar e se caracteriza por um clima que permite a agricultura.
No que diz respeito a economia árabe, uma das principais fontes de riqueza do povo árabe residia
no comércio de longa distância, principalmente nas regiões que circulavam o Mar Mediterrâneo e
o Extremo Oriente.
E por fim, no seu período expansivo, o império islâmico conquistou também duradouramente o
norte da África, o que fez surgir a “África Branca”, que designa o povoamento pelos povos semitas
da Arábia da região do Egito até o Magrebe; a destruição definitiva de Cartago (a cidade havia
sido inicialmente destruída pelos romanos; depois de ficar vários anos desocupada fora revivida e
reconstruída por Júlio César) para a construção, no mesmo lugar, de Túnis; a criação de portos
importantes para o ataque às ilhas do Mediterrâneo dominadas pelos cristãos e às regiões costeiras
da Europa e que foram os árabes os que espalharam pela Europa os textos de Aristóteles e também
de outros nomes destacados da Antiguidade grega, inicialmente traduzidos do grego para o árabe,
e depois do árabe para o latim, pelos judeus, principalmente na “Escola de Tradutores de Toledo”.

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Referências bibliográficas
LANNES, Suellen Borges de; A formação do Império Árabe-Islamico: História e Interpretações
– Tese de Doutoramento; Rio de Janeiro, 2013.
COGGIOLA, Osvaldo; A Revolução Árabe e o Islão: entre o Pan-arabismo, Pan-islamismo e o
Socialismo; São Paulo, 2016.
RODRIGUES, Manuel; O Mundo Árabe e o Islâmico; 1980.

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