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OS MUÇULMANOS NA PENÍNSULA

Até ao ano 622, data


em que Maomé se
autoproclama o
Profeta, mensageiro de
Alá (Deus), os árabes
eram um povo
politeísta que se
dividia em diferentes
tribos, sobretudo
nómadas, de pastores
e comerciantes.
Os Árabes erguiam
as suas tendas junto
dos oásis onde a vida
era menos difícil.
Aí dispunham de
água, alimento e
pasto, cercados por
um território pobre e
desértico.
Mas quem era de facto Maomé ?
Um homem de sorte entre outras
coisas.
Alguém que viveu numa época e
numa região em que para além
dos pastores, artesãos e escravos
do costume, se destacavam os
comerciantes nómadas que de
oásis em oásis conduziam as
suas caravanas de camelos.
No topo da Pirâmide Social
estavam os reis, os
governadores, a aristocracia
guerreira e os sacerdotes que,
como ainda é costume, sendo
poucos detinham todo o poder.
Maomé foi neste contexto um “ eleito “. Casando com uma rica viúva
que tinha herdado a caravana e os negócios do defunto marido , o
futuro “ profeta “ passava de um dia para o outro, de obediente
condutor de camelos a próspero proprietário . Dizem-nos as crenças
que numa das suas rotineiras viagem através do deserto , de oásis em
oásis Maomé negociante de especiarias, tapeçarias e outras coisas,
terá tido uma visão.”
A “ visão “ do Anjo Gabriel, o incansável combatente do Mal. A criatura
tida por Judeus , Cristãos e Muçulmanos, de acordo com os
ensinamentos do “ Antigo Testamento “ que todos respeitavam mas
interpretavam de forma diferente, como a escolhida por Deus para
enfrentar os demónios . Demónios que todos juntos chegavam para
assustar mesmo quem acreditava em anjos .
Gabriel revelou-se a Maomé , imponente e impositivo , designando-o
” o Mensageiro” de um Deus único (Alá).
Um Deus sem forma e todo poderoso. Generoso para os crentes mas
implacável para com os infiéis os impuros, que não o venerassem
A visão “que lhe revelou a existência de um único Deus, desde logo
fez de cristãos e judeus, também monoteístas, os companheiros
predilectos de Maomé. Procurava-os, mais do que para os converter,
para com eles conversar e discutir as grandes questões que faziam a
filosofia e religião da época. Mas se entre judeus e cristão ,as
conversões não foram muitas, o mesmo não aconteceu junto da
população pobre árabe a quem os muitos deuses oficiais pouco
pareciam querer oferecer.
Instalado em Meca, Maomé cedo
se tornou numa pessoa influente
poderosa e sobretudo
incontrolável para os chefes tribais
e sacerdotes , pagãos, que em
nome de Alá era preciso combater.
Entretanto os seus discursos e a
sua crescente popularidade
incomodavam cada vez mais os
governantes e guardiães dos
templos politeístas onde
generosamente os crentes
depositavam as ofertas que
alimentavam as elites politicas e
religiosas. Pressentindo o pior,
Maomé decide abandonar
secretamente a cidade,
escolhendo Medina como destino.

A cidade de Meca
A sua fuga às autoridades de Meca
para a cidade de Medina ,
acontecimento a que os
muçulmanos chamam “Hejira” ,no
ano de 622 , é considerada o
marco que assinala nascimento de
uma nova religião. O ano zero da
era Islâmica.
Depois de vários confrontos entre
as duas cidades, os habitantes de
Medina que Maomé tinha
convertido, tomaram sem
resistência a cidade de Meca cuja
população passou também a
reconhecê-lo como “ O profeta”.
Com Maomé nasceu
assim uma nova
religião monoteísta: o
Islamismo.
O Islamismo proclama
a existência de:
Um só Deus – Alá
Uma só palavra – o
Corão
Um só profeta -
Maomé
Convertidas todas as tribos ao Islamismo, os Árabes
iniciam pouco tempo depois, em todas as direcções ,
um forte movimento de expansão territorial.
“A Jihad” , ou Guerra Santa, tinha começado.
No séc. VIII, o seu Império estendia-se já do
Próximo Oriente à Península Ibérica passando
pelos territórios do norte de África.

A BANDEIRA DA “JIHAD”
Dominam todo o
Mediterrâneo Sul,
quando a entrada na
Europa pelo Reino
Franco lhes é vedada
por Carlos Martel que
os vence na Batalha de
Poitiers em 732.

Batalha de P oitiers
Resta-lhes, no entanto, em território europeu, a Península
Ibérica, o Al-Andaluz, onde permanecerão durante quase
800 anos.
Em 711, Tarik comandando um poderoso exército invadiu,
pelo estreito de Gibraltar, a Península Ibérica e facilmente
venceu a fraca resistência dos cristãos visigodos, na
Batalha de Guadalete.
Assim terminava o breve reinado de Roderico, (709-711),
o último rei visigodo da Península.
Em 711 invadiram e iniciaram a
conquista da Península Ibérica…
Os Árabes, ao conquistarem a
Península Ibérica tinham como
objectivos:

Expandir a sua religião


Cobrirem-se de honras e de vitórias
Melhorar as suas condições de vida

E para isso recorriam:


à guerra e, a a acordos com os
nobres visigodos , e com os chefes
das populações cristãs

Assegurada a submissão das


populações, os Árabes, eram no
entanto, tolerantes perante os seus
costumes e religião.
Aqui, mais a sul que a norte,
permaneceram cerca de 800 anos…
A Herança que nos legaram:

Mesquitas, palácios, habitações


Tapetes, azulejos
Artefactos de metal
Novas técnicas e instrumentos
de regadio – nora, azenha,
picota
Conhecimentos matemáticos, de
astronomia, de medicina e de
navegação
A língua – mais de 600 palavras
do nosso vocabulário são de
origem árabe.
Mesquitas, palácios, habitações
Tapetes, azulejos
Ergueram ainda
cidades como Fátima,
que deve o seu nome à
tribo muçulmana que aí
se instalou - Os
“Fatimidas” .
Estes por serem
particularmente
devotos da filha de
Maomé, Fat’ma,
decidiram dar o seu
nome ao local.
Representação da “ Mão de Fat’ma”,
símbolo da boa-sorte
A Resistência Cristã
Os Cristãos Visigodos que
resistiram refugiaram-se nas
Astúrias. Reunindo à sua volta
as populações cristãs
descontentes iniciaram um
movimento de Reconquista,
marcado pela vitória de Pelágio
, na Batalha de Covadonga nas
Astúrias em 722.
E com o tempo, depois de
muitos combates:
Recuperaram vários territórios
Formaram novos Reinos
Cristãos
Empurraram para sul, com
avanços e recuos, os
Muçulmanos
É, no entanto, errado reduzir a presença Árabe na Península e o
movimento da Reconquista Cristã , apenas a um tempo de conflitos
encarniçados e permanentes entre os dois povos.

Se assim fosse, nem a presença muçulmana, nem sua influência


seriam tão duradouras num continente, que lhes era, todo ele hostil.
Para além do sentido de
honra e linhagem, das
ambições de conquista,
por parte nos nobres
visigodos, e sobretudo,
fora do espaço dogmático
da Igreja Cristã ,que não
tolerava a perda para os
“infiéis” de bens e
influência, havia um
mundo de pacífico
relacionamento entre os
dois povos e religiões.

Igreja e cristãos moçárabes


Os Moçárabes,
populações de Cristãos
convertidos aos modos e
costumes árabes mas que
mantiveram a sua religião,
atestam bem este facto.

Portadores de uma
cultura híbrida, os
Moçarabes misturavam na
sua arte e costumes,
aspectos de ambas as
civilizações.
De resto, as populações peninsulares não guardavam do
feudalismo dos tempos visigóticos boas memórias. O
servilismo, a insegurança e a pobreza não eram boas
recordações.
A aceitação da nova realidade, passados os primeiros tempos,
não foi, por isso, particularmente dolorosa.
Foram também as invasões árabes que permitiram
arrancar do isolamento e das trevas, o mundo feudal
peninsular.
No seu percurso expansionista, os Árabes assimilaram,
sintetizaram e aperfeiçoaram as técnicas e os
conhecimentos mais avançados do seu tempo.
Entre estes, incluíam-se os
provenientes da China, Índia e
Pérsia, prontamente espalhados
por todo o império islâmico.

Da astronomia à medicina,
passando pela matemática, e
pela geografia , a cultura árabe
espelhava o refinamento e a
especialização que a ciência da
época tinha atingido. Com isso,
muito ganharam os povos
peninsulares e também o
mundo.
Da índia trouxeram e fizeram circular
por todo o Islão ,a noção do nada ,
do zero. Coisas que por cá , pela
Europa devedora da herança romana
,eram desconhecidas. Verdadeiras
novidades. Daí ,do vale do Indo
,veio também o alfabeto, que os
Árabes nos deram a conhecer. A nós
e a todo o mundo

Com os Persas, aprenderam a


conhecer melhor os céus e os
astros..
Em contacto com os chineses e
japoneses conheceram e
mostraram ao resto do” mundo
conhecido” novas medicinas”. E
também a pólvora e o papel.

Em todo este trajecto


expansionista. os árabes,
desenvolveram
extraordinariamente, ciências,
que da cartografia à navegação
nos irão ser de grande utilidade
na época dos descobrimentos: os
mapas e roteiros de que os
navegadores portugueses mais
tarde se servirão … O
conhecimento dos astros, dos
mares e muito mais..
E claro, o astrolábio e a bússola,
tal como a caravela que os
portugueses, criaram , adaptaram
ou aperfeiçoaram. GALÉ ROMANA
Quase tudo feito de heranças,
romanas e árabes, que soubemos
sintetizar e a que juntamos o nosso
próprio génio ou talento quando se GALÉ ROMANA
tratou de atingir um fim:
Ir mais além porque o que cá havia
não chegava…

ASTROLÁBIO ÁRABE

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