Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
O Império não tinha nome, então passou a ser chamado de "Gana" (que significa
"chefe guerreiro"), o qual na verdade era o título do líder desse Império. Foi
provavelmente fundado durante a década de 300, desde essa data até 770, os seus
primeiros governantes constituíram a dinastia dos Magas, uma família berbere, apesar
de o seu povo súdito ser constituído por negros das tribos soninquês. Em 770, os Magas
foram derrubados pelos soninquês, e o império expandiu-se grandemente sob o domínio
de Caia Magã Cissé, que foi rei cerca de 790.
Nessa altura, o Império do Gana começou a adquirir uma reputação de ser uma
terra de ouro. Atingiu o máximo da sua glória durante os anos 900 e atraiu a atenção
dos árabes. Depois de muitos anos de luta, a dinastia dos Almorávidas berberes subiu ao
poder, embora não o tenha conservado durante muito tempo. O império entrou em
declínio e, em 1240, foi destruído pelo império do Mali.
As origens do Reino do Gana têm sido, muitas vezes, marcadas por contradições
entre interpretações etno-históricas, bem como entre os achados arqueológicos. As
primeiras discussões sobre as suas origens são encontradas nas crônicas sudanesas de
Mamude Cati e Abderramão Alçadi. De acordo com Tarikh Kati de Alfataxe, em uma
seção provavelmente composta pelo autor em torno de 1580, mas citando a autoridade
do juiz-chefe de Massina, Ida Massini, que viveu um pouco mais cedo, vinte Ganas
(Reis) governaram Uagadu antes da vinda do Profeta, e o Império do Gana durou até ao
século seguinte. Ao tratar a origem dos governantes, o Tarikh al-Fattash oferece três
diferentes opiniões: que eram uacuris (soninquês); que foram uangaras (mandês); que
descendiam dos berberes sanhajas. Embora versões mais antigas, como a
de Dreses (século XI) e a ibne Saíde (século XIII), digam que os governantes do
império diziam descender de Maomé, de seu protetor Abu Talibe ou de seu genro Ali.
Kati diz que 22 Ganas (Reis) governaram antes da Hégira e 22 depois. Embora
estas primeiras opiniões levem a muitas interpretações exóticas da origem de Uagadu,
essas opiniões são geralmente menosprezadas pelos estudiosos. Levtzion e Spaulding,
por exemplo, argumentam que o depoimento de Dreses deveria ser olhado de forma
muito crítica devido a erros de cálculo em geografia e cronologia histórica.[5] Além
disso, o arqueólogo e historiador Raymond Mauny argumenta que as versões de Alcati e
de Alçadi de uma origem estrangeira não podem ser consideradas confiáveis. Ele
argumenta que as interpretações foram baseadas na presença posterior (depois do
colapso do império) de intrusos nômades, na suposição de que eles eram a casta
histórica, e que os escritores não abordaram relatos contemporâneos tais como os
de Iacubi (872) Almaçudi (c. 944), Ibne Haucal (c. 977), Albiruni (c. 1036), bem
como Albacri, todos descrevendo a população e os governantes de Gana como "negros".
Capitais do Reino de Gana
Essa cidade foi a junção de duas. Kumbi-Saleh era a cidade onde eram cobrados
impostos pelo comércio e moravam os fiscais e juízes. Já a cidade em que o rei residia e
tinha seu palácio, cercado por muros, chamava-se Al-Ghana.
O território era uma planície, e parte dela era ocupada por muçulmanos, que
rezavam ou na única mesquita da cidade do rei ou nas 12 existentes em Kumbi-Saleh,
onde eram maioria.
É importante ressaltar que a localização do Reino de Gana não tem a ver com a
do país Gana.
Albacri in Levtzion and Hopkins, eds. and trans., Corpus, pp. 77-83