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INTRODUÇÃO

O Império do Ghana, também conhecido como Reino do Gana ou Império de


Uagadu foi um antigo império que dominou a África Ocidental durante a Idade Média.
Era localizado entre o deserto do Saara e os rios Níger e Senegal, muito para norte do
atual país chamado Gana.
DESENVOLVIMENTO

O Império não tinha nome, então passou a ser chamado de "Gana" (que significa
"chefe guerreiro"), o qual na verdade era o título do líder desse Império. Foi
provavelmente fundado durante a década de 300, desde essa data até 770, os seus
primeiros governantes constituíram a dinastia dos Magas, uma família berbere, apesar
de o seu povo súdito ser constituído por negros das tribos soninquês. Em 770, os Magas
foram derrubados pelos soninquês, e o império expandiu-se grandemente sob o domínio
de Caia Magã Cissé, que foi rei cerca de 790.

Nessa altura, o Império do Gana começou a adquirir uma reputação de ser uma
terra de ouro. Atingiu o máximo da sua glória durante os anos 900 e atraiu a atenção
dos árabes. Depois de muitos anos de luta, a dinastia dos Almorávidas berberes subiu ao
poder, embora não o tenha conservado durante muito tempo. O império entrou em
declínio e, em 1240, foi destruído pelo império do Mali.

Os soninquês habitavam a região ao sul do deserto do Saara. Este povo estava


organizado em tribos que constituíam um grande império. Este império era comandado
por reis conhecidos como caia-magas. Viviam da criação de animais, da agricultura e da
pesca. Habitavam uma região com grandes reservas de ouro. Extraíam o ouro para
trocar por outros produtos com os povos do deserto (berberes). A região de Gana
tornou-se, com o tempo, uma área de intenso comércio. Os habitantes do império
deviam pagar impostos para a nobreza, que era formada pelo caia-magas, seus parentes
e amigos. Um exército poderoso fazia a proteção das terras e do comércio que era
praticado na região. Além de pagar impostos, as aldeias deviam contribuir com soldados
e lavradores, que trabalhavam nas terras da nobreza.
Escritos encontrados

As origens do Reino do Gana têm sido, muitas vezes, marcadas por contradições
entre interpretações etno-históricas, bem como entre os achados arqueológicos. As
primeiras discussões sobre as suas origens são encontradas nas crônicas sudanesas de
Mamude Cati e Abderramão Alçadi. De acordo com Tarikh Kati de Alfataxe, em uma
seção provavelmente composta pelo autor em torno de 1580, mas citando a autoridade
do juiz-chefe de Massina, Ida Massini, que viveu um pouco mais cedo, vinte Ganas
(Reis) governaram Uagadu antes da vinda do Profeta, e o Império do Gana durou até ao
século seguinte. Ao tratar a origem dos governantes, o Tarikh al-Fattash oferece três
diferentes opiniões: que eram uacuris (soninquês); que foram uangaras (mandês); que
descendiam dos berberes sanhajas. Embora versões mais antigas, como a
de Dreses (século XI) e a ibne Saíde (século XIII), digam que os governantes do
império diziam descender de Maomé, de seu protetor Abu Talibe ou de seu genro Ali.

Kati diz que 22 Ganas (Reis) governaram antes da Hégira e 22 depois. Embora
estas primeiras opiniões levem a muitas interpretações exóticas da origem de Uagadu,
essas opiniões são geralmente menosprezadas pelos estudiosos. Levtzion e Spaulding,
por exemplo, argumentam que o depoimento de Dreses deveria ser olhado de forma
muito crítica devido a erros de cálculo em geografia e cronologia histórica.[5] Além
disso, o arqueólogo e historiador Raymond Mauny argumenta que as versões de Alcati e
de Alçadi de uma origem estrangeira não podem ser consideradas confiáveis. Ele
argumenta que as interpretações foram baseadas na presença posterior (depois do
colapso do império) de intrusos nômades, na suposição de que eles eram a casta
histórica, e que os escritores não abordaram relatos contemporâneos tais como os
de Iacubi (872) Almaçudi (c. 944), Ibne Haucal (c. 977), Albiruni (c. 1036), bem
como Albacri, todos descrevendo a população e os governantes de Gana como "negros".
Capitais do Reino de Gana

O Reino de Gana teve duas capitais: Al-Ghana e Kumbi-Saleh. Kumbi-Saleh


teve uma população estimada de cerca de 20 mil habitantes e comércio pujante, pois era
lá que as caravanas, vindas de variados locais, paravam.

Essa cidade foi a junção de duas. Kumbi-Saleh era a cidade onde eram cobrados
impostos pelo comércio e moravam os fiscais e juízes. Já a cidade em que o rei residia e
tinha seu palácio, cercado por muros, chamava-se Al-Ghana.

A distância entre as duas era de, aproximadamente, 9,6 km. Ao longo do


percurso, existiam cultivos de vegetais, lagos de água potável e casas de madeira e
pedra. Ou seja, pode-se dizer que houve uma conurbação.

O território era uma planície, e parte dela era ocupada por muçulmanos, que
rezavam ou na única mesquita da cidade do rei ou nas 12 existentes em Kumbi-Saleh,
onde eram maioria.

Importância do Reino de Gana

A importância do reino de Gana deve-se a vários motivos.

 Foi um dos maiores impérios do continente africano.


 Desenvolveu-se para além do litoral e obteve muita relevância comercial mesmo
sem ter saída para o mar, o que lhe garantiria escoamento.
 Estava próximo de uma região inviável economicamente, o deserto do Saara.
 Entre os itens que comercializou, o ouro foi o principal e o que lhe garantiu a
alcunha de “Terra do Ouro”, tendo sido o item o principal responsável por sua
expansão econômica.
 Criou rotas comerciais, passando a fazer parte do comércio internacional do
Mediterrâneo.
 Foi a civilização mais poderosa da África ao longo de quatro séculos.
Localização do Reino de Gana

O Reino de Gana ocupou parte significativa do continente africano. Estava


localizado na região onde hoje estão os países Mali e Mauritânia. Fazia divisa, ao norte,
com o deserto do Saara e, ao sul, com florestas. Não tinha saída para o mar, porém
estava próximo dos rios Níger e Senegal.

É importante ressaltar que a localização do Reino de Gana não tem a ver com a
do país Gana.

Fim do Reino de Gana

O Reino de Gana ruiu no século XII, após guerras, secas (prolongadas e


incomuns, que afetaram substancialmente a agricultura) e com as novas rotas comerciais
que foram abertas em demais locais.

O seu fim relaciona-se diretamente também ao processo de islamização na


África, já que o povo do reino não se converteu, e este foi, então, perdendo todo o seu
poderio. Com isso, em 1706, os beberes conquistaram a capital e, na sequência,
saquearam-na. Depois, houve a ascensão do Reino Sosso (1180-1235) e, em seguida, do
Império de Mali (1240-1645)
CONCLUSÃO

O Reino de Gana foi um dos mais poderosos e longevos reinos da África e


começou a ser formado a partir do século IV, Foi também chamado de “Terra do Ouro”,
devido à grande quantidade desse metal que detinha, A economia era baseada,
principalmente, no comércio, Além do ouro, também comercializavam-se tâmaras,
cobre, tecidos, cavalos e escravos, O Reino de Gana tinha duas religiões: animismo e o
islamismo, A sociedade era estratificada, com a figura central do rei. Antes da ocupação
árabe na região, ela era uma sociedade primordialmente matriarcal, A política era
centralizada nas mãos do rei, O Reino de Gana estava localizado onde hoje são os países
Mali e Mauritânia. Fazia fronteira com o deserto do Saara e ficava entre os rios Níger e
Senegal, Pode-se considerar que o Reino de Gana teve duas capitais: Al-Ghana e
Kumbi-Saleh, Abriu novas rotas de comércio e ligou a África Oriental, do interior do
continente, ao mar Mediterrâneo, O fim do Reino de Gana aconteceu no século XII.
REFERÊNCIAS

«Reino de Gana». R7. História do Mundo. Consultado em 25 de julho de 2012

CláudiaLima.com.br texto produzido a partir do capítulo: A África antes do Islã. In:


Bantos, malês e identidade negra.Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1988. p. 16-
25.

Emerson Santiago (12 de julho de 2011). «Império de Gana». InfoEscola. Consultado


em 25 de julho de 2012

Lilian Maria Martins De Aguiar. «O Império do ouro no Reino de Gana». Mundo


Educação. Consultado em 25 de julho de 2012

«Gana: Senhores do ouro». Abril. Guia do Estudante. Consultado em 25 de julho de


2012

Albacri, 1067 in Levtzion and Hopkins, Corpus, p. 80.

Albacri in Levtzion and Hopkins, eds. and trans., Corpus, pp. 77-83

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