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Reino de Gana

Conhecido como “Terra do Ouro”, o Reino de Gana existiu entre os


séculos IV e XII na região onde hoje estão os países Mali e Mauritânia,
na África.

O Reino de Gana foi muito rico em ouro, o que lhe garantiu um grande
desenvolvimento comercial.

O Reino de Gana foi um reino que existiu do século IV ao XII na África.


Seu território era onde hoje estão os países Mali e Mauritânia. Era vizinho
do deserto do Saara e ficava entre os rios Níger e Senegal. Sua fundação
ocorreu por intermédio de comunidades de agricultores que se juntaram
para se defender de povos nômades. O Reino de Gana abriu novas rotas
de comércio entre o interior da África e o mercado internacional do mar
Mediterrâneo. Era riquíssimo em ouro, chegando a ser chamado de “Terra
do Ouro”.

Vários fatores contribuíram para o fim do Reino de Gana. Entre eles, a


descoberta de novas rotas, o que deixou o reino sem o monopólio, e o
principal: a expansão árabe em todo continente. Enquanto o reino já
estava enfraquecido por guerras internas (etnias que foram dominadas
pelo Reino de Gana) e uma seca incomum, que acabou com grande parte
das lavouras, os muçulmanos conquistaram a capital.

O que foi o Reino de Gana?

O Reino de Gana foi um grande império, riquíssimo, principalmente


em ouro, que se desenvolveu fora do litoral africano, perto do
deserto do Saara, e teve importância fundamental para o comércio entre
o mar Mediterrâneo e o interior da África. Seu ápice foi entre os anos de
700 e 1200, ou seja, durante o período da história que chamamos
de Idade Média (séculos V ao XV).

São parcas as fontes históricas e até arqueológicas sobre esse reino, visto
que, de documentos, o que se tem são relatos de comerciantes viajantes
que depois foram transcritos por pessoas que não estiveram no local. Na
arqueologia, devido à sucessão de outros povos, é difícil identificar o
que de fato pertencia ao reino.

Desse modo, sabe-se de pequenas cidades entre os rios Senegal e Níger


habitadas pelos soninquês, que foram se unificando para obter proteção
perante grupos nômades que por ali existiam, por volta do século IV.

Características do Reino de Gana

A economia é o principal aspecto quando se trata do Reino de Gana.


Porém, além das rotas comerciais, muito ouro e controle rígido de
impostos, havia também uma cultura igualmente rica, com diversas
tradições. Veja a seguir as principais características do Reino de Gana.

→ Economia do Reino de Gana

A economia do Reino de Gana devia-se às relações comerciais e aos


altos impostos cobrados pela rota. Era também a “Terra do Ouro”,
tendo em vista a riqueza do ouro na região. Entretanto, não era apenas
esse elemento que era extraído e vendido.

Comercializavam-se ainda tâmaras, tecidos, cavalos, escravos e sal.


Este último foi de suma importância para aqueles que atravessavam o
deserto, já que tem a propriedade de reter água.

O uso do camelo fez com que as rotas pelo deserto do Saara se


tornassem possíveis, aumentando o comércio no Reino de Gana.

→ Religião do Reino de Gana

O Reino de Gana tinha duas religiões que coexistiam. Uma parte


importante do povo, inclusive os reis nos períodos e ápice do reino,
seguia o animismo, ou seja, fazia cultos à natureza e aos seus ancestrais
— assim como ainda hoje ocorre na África. Já os muçulmanos seguiam
o islamismo, tinham forte presença na sociedade e várias mesquitas,
porém não ocupavam a cadeira do rei.

→ Sociedade do Reino de Gana

No Reino de Gana, as relações sociais eram de parentesco ou


consanguinidade entre reis e rainhas. Havia estratificação social,
portanto. Antes da conquista islâmica nesses territórios, a sociedade era
do tipo matriarcal, principalmente, seguindo as tradições ancestrais.
Todavia, no ápice do império, quando a capital chegou a ter 20 mil
pessoas, além da cultura tradicional matriarcal, foram incorporadas as
formas urbanas de uma vida em sociedade.

A maior parte da população era rural, visto que tinham agricultura


avançada e iniciaram sua organização e unificação por meio das
comunidades agricultoras estáveis/sedentárias ainda no século IV.

Assim, a sociedade do reino de Gana começou a ser formada no século


IV, com as pequenas aldeias (comunidades) que se unificaram para se
defender dos nômades. O reino em si surgiu por meio do comércio do
ouro e do cultivo de lavouras. Conta-se que o Reino de Gana era como
um oásis, literalmente, já que era cercado por frutíferas produções
agrícolas.

Além disso, para proteger e garantir o monopólio do ouro, existiam


soldados que circundavam e defendiam toda a região. Apesar de
haver muitos soldados, eles eram responsáveis apenas pela proteção,
especialmente do ouro, para garantir que o monopólio fosse só do rei. O
Reino de Gana, ao contrário de outros impérios, não tinha caráter
militarista nem expansionista.

→ Política do Reino de Gana

No Reino de Gana, o rei era a liderança tanto administrativa como


religiosa e política. Ele, pessoalmente, era quem controlava a produção
de ouro, desde sua produção à comercialização, e também a cobrança
dos impostos, que eram fundamentais para a manutenção do reinado e a
garantia uma vida relativamente boa aos seus súditos, que não passavam
fome ou demais privações.

O Reino de Gana foi formado por diversas etnias, e houve conflitos entre
elas. Elas eram chamadas de reinos periféricos e representavam certa
oposição ao rei. Nesses reinos, os habitantes mantinham suas tradições, e
nunca foram proibidas, por exemplo, práticas religiosas diferentes das
que o rei seguia.

Quando um rei morria, o próximo rei era escolhido por intermédio de


uma reunião de sucessores e uma cobra. Aquele que ela picava seria o
novo rei.

Localização do Reino de Gana

O Reino de Gana ocupou parte significativa do continente africano.


Estava localizado na região onde hoje estão os países Mali e Mauritânia.
Fazia divisa, ao norte, com o deserto do Saara e, ao sul, com florestas.
Não tinha saída para o mar, porém estava próximo dos rios Níger e
Senegal.

É importante ressaltar que a localização do Reino de Gana não tem a


ver com a do país Gana que conhecemos atualmente, conforme
podemos notar no mapa a seguir:
O Reino de Gana ficava localizado na região onde hoje estão os países
Mali e Mauritânia.

Saiba mais: Como era a África na Idade Média?

Capitais do Reino de Gana

O Reino de Gana teve duas capitais: Al-Ghana e Kumbi-Saleh. Kumbi-


Saleh teve uma população estimada de cerca de 20 mil habitantes e
comércio pujante, pois era lá que as caravanas, vindas de variados locais,
paravam.
Essa cidade foi a junção de duas. Kumbi-Saleh era a cidade onde eram
cobrados impostos pelo comércio e moravam os fiscais e juízes. Já a
cidade em que o rei residia e tinha seu palácio, cercado por muros,
chamava-se Al-Ghana.

A distância entre as duas era de, aproximadamente, 9,6 km. Ao longo


do percurso, existiam cultivos de vegetais, lagos de água potável e casas
de madeira e pedra. Ou seja, pode-se dizer que houve uma conurbação.

O território era uma planície, e parte dela era ocupada por muçulmanos,
que rezavam ou na única mesquita da cidade do rei ou nas 12 existentes
em Kumbi-Saleh, onde eram maioria.

Importância do Reino de Gana

A importância do reino de Gana deve-se a vários motivos.

 Foi um dos maiores impérios do continente africano.

 Desenvolveu-se para além do litoral e obteve muita relevância


comercial mesmo sem ter saída para o mar, o que lhe garantiria
escoamento.

 Estava próximo de uma região inviável economicamente, o deserto


do Saara.

 Entre os itens que comercializou, o ouro foi o principal e o que lhe


garantiu a alcunha de “Terra do Ouro”, tendo sido o item o
principal responsável por sua expansão econômica.

 Criou rotas comerciais, passando a fazer parte do comércio


internacional do Mediterrâneo.

 Foi a civilização mais poderosa da África ao longo de quatro


séculos.
Fim do Reino de Gana

O Reino de Gana ruiu no século XII, após guerras, secas (prolongadas e


incomuns, que afetaram substancialmente a agricultura) e com as novas
rotas comerciais que foram abertas em demais locais.

O seu fim relaciona-se diretamente também ao processo de


islamização na África, já que o povo do reino não se converteu, e este
foi, então, perdendo todo o seu poderio. Com isso, em 1706, os beberes
conquistaram a capital e, na sequência, saquearam-na. Depois, houve a
ascensão do Reino Sosso (1180-1235) e, em seguida, do Império de Mali
(1240-1645).

Por Mariana de Oliveira Lopes Barbosa

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