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INTRODUÇÃO

O trabalho a seguir irá tratar sobre um importante reino africano, o Reino/Império de Gana.
Conhecida como a verdadeira “terra do ouro”, Gana era uma região rica de recursos minerais, o
que impulsionou sua economia, criou rotas comerciais e estabeleceu relações. O trabalho está
separado em alguns aspectos como o começo do reino, a economia, o governo, a cultura e o
declínio, afim de deixar organizado e claro um assunto com bastantes informações dispersas.

O Império de Gana

O Começo de Gana
Na década de 400, um grupo de pessoas principalmente nômades chamado Berberes
formou um reino ao sul do deserto do Saara.
Embora fundado por berberes, esse reino acabou sendo controlado pelos Soninquês, um
grupo de pessoas que vivia na região. Eles construíram sua capital, Kumbi Saleh, bem à beira do
Saara e a cidade rapidamente se tornou o mais importante centro comercial do sul das rotas
comerciais do Saara. O reino era governado por um rei chamado gana. Além de manter o poder
militar, o rei era o juiz supremo do reino.
O reino descrito é o Império de Gana (de Uagadu). O nome do reino vem da forma com
que tratavam seu líder, o gana, “senhor do ouro”. Suas terras eram chamadas de Uagadu e,
embora muitas fontes se refiram a Gana como um “império”, a nomenclatura é controversa. Os
historiadores que a condenam defendem que impérios têm intenções expansionistas. Não era o
caso de Gana, que não estava interessada em aumentar seus domínios. Queria, sim, multiplicar
sua riqueza. Nem sequer as fronteiras do reino eram bem definidas. O importante era cobrar
impostos e controlar os entrepostos comerciais.
Gana estava localizada no meio das rotas comerciais de sal e ouro, região da África
Ocidental, onde hoje temos o sudeste da Mauritânia e o oeste do Mali, e que teve seu apogeu
entre os anos de 700 e 1200 da Era Cristã.
A Economia
Como a antiga Gana estava localizada na África Ocidental entre os rios Níger e Senegal.
Os rios eram importantes para Gana porque sua economia era baseada no comércio e, naquela
época, os rios eram o caminho mais rápido para transportar mercadorias.
Contudo, com a introdução dos camelos, no século VIII, a economia comercial de Gana
atingiu seu auge, devido em grande parte ao comércio transaariano, interligando as regiões do
Norte da África, Egito e Sudão. Entre os principais produtos comercializados estavam o sal,
tecidos, cavalos, tâmaras, escravos e ouro. Esses dois últimos itens eram de fundamental
importância para a expansão econômica do reino de Gana e o considerável aumento da força de
trabalho disponível. Entre os mais importantes centros urbano-comerciais desse período
destacamos a cidade de Bambuque.
O maior concorrente de Gana era a cidade dominada pelos berberes, Awdaghost (ao
noroeste) - uma cidade com um amplo suprimento de água, cercada por rebanhos de gado e
onde se cultivavam milho, trigo, uvas, tâmaras e figos. Os berberes que dominavam aquela
cidade queriam torná-la o principal ponto de passagem para o comércio de caravanas em todo o
Saara Ocidental. Mas no ano de 990 Gana conquistou a cidade, sendo mais um dos motivos da
chegada ao auge do seu poder.
O ouro era escoado principalmente para a região do Mar Mediterrâneo, onde os árabes
utilizavam na cunhagem de moedas. Para controlar as regiões de exploração aurífera, o rei era
responsável direto pelo controle produtivo. O rei não estava interessado em ampliar seus
domínios em termos territoriais, mas sim na questão de pagamento de tributos pelos povos e no
fornecimento de soldados. Para proteger a região aurífera, o uso de lendas sobre criaturas
fantásticas era utilizado para afastar a cobiça de outros povos.
Embora isso não seja mais possível hoje, um quilo de ouro era então trocado por meio
quilo de sal, porque o sal tinha grande valor mediante sua importância para a conservação de
alimentos e a retenção de líquido para os povos que andavam no deserto. Além disso, o povo do
império tinha tanto ouro que não parecia tão valioso, na verdade eles usavam-no nos cabelos ou
usavam-no como joalharia para os seus cães.
A mão de obra também foi fundamental para o sucesso do império. Armado com armas de
ferro, o exército do império conseguiu conquistar territórios vizinhos com facilidade, a quem eles
prometeram proteger de ataques externos. Devemos também reconhecer que os escravos
desempenharam um papel fundamental no império, pois eram responsáveis pela mineração do
ouro que o tornava tão rico.

O Governo
A antiga Gana era uma monarquia. Os reis eram autoritários. Eles herdavam o governo
através do lado materno da família matrilinear em vez de patrilinear como os reis na Europa da
época - e alegavam descendência de um ancestral original que eles acreditavam ter estabelecido
a terra pela primeira vez. O rei de Gana era o líder de um culto religioso que era servido por
sacerdotes dedicados, e os súditos do rei eram obrigados a vê-lo como divino e exaltado demais
para se comunicar diretamente com eles.
A capital do Gana era Kumbi Saleh com uma população estimada entre 15.000 e 20.000
habitantes, que foi dividida em duas cidades separadas, com cerca de 10 quilômetros de
distância. A primeira cidade consistia principalmente no palácio real, cercado por complexos
edifícios abobadados. Este é o lugar onde o rei de Gana viveu. Na segunda cidade de Kumbi
Saleh, mercadores muçulmanos do norte do Saara viviam em luxuosos lares de pedra. Esses
comerciantes foram atraídos para Gana pela riqueza do ouro e sua prosperidade ajudou a fazer
de Kumbi Saleh um centro de comércio.
Há informações limitadas sobre o antigo governo de Gana e sua estrutura. É aceito pelos
historiadores que Gana parecia ter uma região central cercada por estados vassalos. Esses
estados vassalos eram governados por reis "menores". Os reis também tinham funcionários que o
aconselharam e cercaram seu trono quando ele administrou a justiça

A Cultura
As línguas faladas na antiga Gana eram soninke e mande. Havia religiões tradicionais que
eram praticadas, mas o Islamismo se espalhou por todo o Gana e influenciou a cultura da antiga
Gana. Mercadores muçulmanos do Saara trouxeram sua fé para Gana. O Islamismo se
espalhou muito devagar a princípio. O rei incorporou muçulmanos em sua corte e os nomeou
como conselheiros, oficiais e tesoureiros. Desta forma, o rei gradualmente absorveu a tecnologia
militar muçulmana e os ideais do governo. Os muçulmanos também introduziram muitos aspectos
de sua cultura na antiga Gana, incluindo sua linguagem escrita, cunhagem, métodos comerciais e
estilos de arquitetura. Neste momento, algumas pessoas adotaram e abraçaram o Islamismo,
mas o povo Soninquê continuou a seguir suas próprias religiões tradicionais.
Como já descrito, o gana era considerado um rei divino, cujo bem-estar afetava toda a
sociedade. Bida, um píton sagrado era adorado. Ele era visto como um guardião da terra. Para
que a terra permanecesse fértil, a tradição oral afirmava que uma virgem deveria ser sacrificada
em cada província. Este sacrifício foi um pacto que fez Bida residir na terra. O python é uma
criatura sagrada no ethos africano.
Os reis eram enterrados com tradições rituais únicas. Na morte de um gana, uma cabana
de madeira era construída, onde o gana era colocado dentro, junto com os seus itens pessoais,
utensílios e servos. Logo, o povo jogava terra sobre a cabana, até que houvesse uma espécie de
colina. Ao redor, cavava-se um fosso. Ao morto, eram oferecidos sacrifícios humanos e bebidas
fermentadas.

O Declínio
Houve numerosas razões para o declínio do Gana. Ocorria o esgotamento das minas de
ouro que sustentavam a sua economia, ao mesmo tempo em que a seca começou e teve um
efeito de longo prazo sobre a terra e sua capacidade de sustentar o gado e o cultivo.
Dentro da tradição árabe, há o conhecimento de que os muçulmanos almorávidas vieram
do norte da África e invadiram Gana. Os almorávidas teriam tomado como missão impor, pela
força das armas, a “verdadeira” fé aos infiéis. Lançaram-se em uma furiosa jihad investindo contra
populações e reinos – guerra que resultou na formação de um império que, entre os séculos XI e
XII, se estendia pelos atuais territórios da Mauritânia, Saara Ocidental, Marrocos e sul da
Espanha.
Outras interpretações são de que a influência almorávida foi gradual e não envolveu
nenhuma forma de controle militar. Na qual, por volta de 1076, Kumbi Saleh, a capital de Gana,
foi tomada e saqueada pelos almorávidas. Um segundo saque ocorreu em 1203. A devastação e
o saque da capital arruinaram o reino de Gana que nunca mais conseguiu recuperar seu antigo
poderio. As caravanas passaram a se desviar das rotas que passavam por Gana, seguindo por
Tombuctu, Gao e Djené. A população de Gana converteu-se ao islamismo buscando se proteger
dos ataques muçulmanos.
A decadência aprofundou-se com revoltas internas que esfacelaram o país do ouro. O
império de Gana mergulhou em lutas tribais até que, em 1240 quando os últimos territórios
ganenses foram incorporados ao Reino de Mali.

Conclusão
BIBLIOGRAFIA
Antigo Império de Gana (Wagadou). Disponível em:
<https://janakesho1.wordpress.com/2016/01/23/old-ghana-empire-wagadou/>
Gana: um império construído sobre o documento comercial. Disponível em:
<http://mrkash.com/activities/ghanamaliempires.html>
Império da Antiga Gana. Disponível em:
<https://www.ghanaweb.com/GhanaHomePage/history/ancient_ghana.php>
Império Antigo de Gana - Império Wagadou. Disponível em:
<https://themedievalages.weebly.com/africa-ancient-ghana.html>
Império do Gana. Disponível em:
<http://www.afropedea.org/ghana-empire>
O Reino de Gana. Disponível em:
<http://profissaohistoria.blogspot.com/2013/11/o-reino-de-gana.html>
Uma Breve História do Império do Gana. Disponível em:
<http://rightforeducation.org/2016/06/a-short-history-of-the-empire-of-ghana/>

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