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A África diante do desafio colonial

Na história da África jamais se suceder am tantas e tão rápidas mudanças como dur ante o
período entre 1880 e 1935. Na verdade, as mudanças mais importantes, mais espetaculares –
e também mais trágicas –, ocorreram num lapso de tempo bem mais curto, de 1880 a 1910,
marcado pela conquista e ocupação de quase todo o continente africano pelas potências
imperialistas e, depois, pela instau- ração do sistema colonial. A fase posterior a 1910
caracterizou -se essencialmente pela consolidação e explor ação do sistema.
O desenvolvimento desse dr ama foi verdadeiramente espantoso, pois até 1880 apenas
algumas áreas bastante restritas da África estavam sob a dominação direta de europeus. Em
toda a Áfr ica ocidental, essa dominação limitava -se às zonas costeiras e ilhas do Senegal, à
cidade de Freetown e seus arredores (que hoje fazem parte de Serra L eoa), às regiões
meridionais da Costa do O uro (atual Gana), ao litoral de Abidjan, na Costa do Marfim, e de
Por to Novo, no Daomé (atual Benin), e à ilha de Lagos (no que consiste atualmente a
Nigéria). Na África setentr ional, em 1880, os franceses tinham colonizado apenas a Argélia.
Da África oriental, nem um só palmo de terr a havia tombado em mãos de qualquer potência
europeia, enquanto, na África centr al, o poder exercido pelos portugueses restringia -se a
algumas faixas costeiras de Moçambique e Angola. Só na Áfr ica mer idional é que a
dominação estrangeira se achava firmemente implantada, estendendo -se largamente pelo
inter ior da região.

Impérios africanos

Os impérios africanos foram formações de Estado que abrangiam vários povos em uma só
entidade. Esta formação se dava normalmente por meio de conquistas. Foram numerosas e
importantes nas suas relações comerciais, políticas e culturais, e cabe-nos conhecer um pouco
mais alguns deles.

Império Axum

O Império Axum data de 100 d.C., com a fundação da cidade de Axum. No século IV já eram
o Estado de maior expressão do reino da Núbia e, por conta das relações no Mar Vermelho –
local de articulação entre populações africanas e árabes – adotaram o cristianismo, que se
espalhou em boa parte do território sob o domínio romano, inclusive no Egito.
Este Império tinha como centro de poder a cidade de Axum, ao norte da atual Etiópia. Ficava
localizada num planalto, acima do nível do mar e longe do litoral. Desta forma, tiveram um
grande aproveitamento de recursos minerais e desenvolveram o cultivo de cereais, como a
cevada e o sorgo, e o Tefé que até os dias atuais compõe a base da alimentação das
populações etíopes.

Próximo às comunidades agrícolas o poder era centralizado e a construção de palácios, alteres


era comum. Além disso várias foram as estátuas e obras de devoção encontradas. Vestígios
deste Império mostram que era uma sociedade complexa, hierarquizada e diversa, que tinha
como representante máximo o título de negus.

Império Zimbábue

O Império Zimbábue existiu entre os anos de 1200 e 1400, no litoral da África Austral, onde
hoje estão localizados Moçambique e Zimbábue. O território era povoado por populações do
tronco linguístico banto, conhecidos como shonas. Os vestígios materiais desse império
foram encontrados somente no século XIX e a principal marca encontrada foi o Grande
Zimbábue – ou Grande Casa de Pedra. Uma construção enorme, complexa e que demonstra
ostentação e poder.

Este Império ficou conhecido por seu grande número de construções, que são testemunhos do
poder alcançado por ele. Foi um poderoso Estado com hegemonia na região localizada entre-
os-rios Zambeze e Limpopo.

Este Estado, poderoso e influente, atuava no comércio de minérios e seus governantes


recebiam o título de Mwene Mutapa, o senhor das minas. Havia divisão social do trabalho
bem estabelecida, com artesãos especializados no trabalho com cobre e ferro, ourives,
escultores e tecelões.

Império Gana

Império Gana foi o mais antigo Estado negro que se conhece, fundado no século IV, e
conquistou uma grande área onde exerceu dominação política e econômica, ao sul do que
hoje conhecemos por Mauritânia, Senegal e Mali. Foi um núcleo formado pelos povos
conhecidos como soninkê.
Inicialmente Gana era o título dado ao governante que atribuía sua soberania aos povos
dominados. Gana conheceu seus tempos áureos após 790, quando o poder esteve sob o
controle da dinastia Cissê Tunaka, exercido de forma matrilinear. Do século IX ao século XI
a hegemonia de Gana foi reconhecida.

A base econômica deste império baseava-se no recolhimento de tributação, imposta aos


povos conquistados e aos produtos que circulavam em seus domínios. Além disso atividades
de subsistência como a pesca, a pecuária e a agricultura formavam parte importante de sua
economia. Além de um poderoso exército, os soberanos tinham também ao seu dispor uma
gama variada de funcionários.

A localização e seu poder hegemônico garantiam um fluxo comercial contínuo, articulando


saarianos e sul saarianos, ou seja, conseguiam explorar uma importante região de comercio.
Assim, do Norte vinham o cobre, cauris (os búzios), tecidos de seda e algodão e o sal, que
eram trocados por marfim, escravos e ouro.

Com esta grande articulação comercial Gana conseguiu se manter como império até o século
XI, quando foram derrotados diante de tropas de cavaleiros e muçulmanos do Marrocos que
estavam em guerra contra os pagãos, como o povo de Gana. Gana foi, portanto, a última
barreira para a entrada do Islã na região.

Império Mali

Com o declínio de Gana diversas disputas por influência ocorreram entre estados menores,
paralelos e independentes, no século XII. Um desses estados era formado pelo povo
conhecido por sosso, de etnia Soninke. Foi por meio das armas que estes se impuseram e
alcançaram hegemonia no século XIII.

O Império Mali era formado por povos presentes na região situada entre o Rio Senegal e o
Rio Níger. Dentre esses povos o mais importante eram os mandingas, conhecedores do Islã
desde o século XI. Mas, além deles, outros povos formavam este império, como os soninkês,
os fulas, os sossos e os bozos.

Sundjata Keita foi o maior representante do Império Mali, e estendeu sua autoridade para
unidades políticas próximas, formando um estado unificado e hegemônico até o século XV.
A hegemonia do Mali na África Ocidental ocorreu por alguns importantes fatores, como a
formação de um exército poderoso, o controle na extração do ouro e a existência de uma
administração eficiente. Esses pontos fizeram do Mali um dos impérios mais bem-sucedidos
do continente africano.

Seu representante supremo era chamado de Mansa, e residia na cidade de Niani, ao norte da
atual República da Guiné. O apogeu da dinastia Keita ocorreu no século XIV, durante o
governo de Kankan Mussa, o Mansa Mussa.

No final do século XIV o império enfrenta dificuldades em manter uma área tão grande e
entra em processo de declínio.

Império Songai

O Império Songai está relacionado com a cidade de Gao, localizada na curva do Níger. Esta
cidade foi um importante centro comercial, político e econômico, com poder militar de
arqueiros que se lançavam ao Rio Niger.

Até o século XIV Gao estava sob o poder do Império Mali, mas no século XV conquistaram
Tombuctu, um importante centro do Islã e ponto fundamental do comércio pelo Saara. É
neste momento que ocorreu a formação do Império, num processo de expansão militar,
liderados por Sonni Ali, que além de tomarem Tombuctu, conquistam também Djenné.
Tinham práticas religiosas politeístas e aprimoraram as experiências do império que os
sucedeu – o Mali, incorporando elementos dos impérios anteriores.

Exploravam ouro, sal e cauris e estabeleceram uma unificação de pesos e medidas que
facilitava a cobrança de impostos e as trocas comerciais. Com uma grande extensão
territorial, o Imperio Songai tinha um comércio bem organizado e um sistema de governo
centralizado. Eram divididos entre uma elite e a população geral e suas cidades mais
influentes eram Tombuctu, Djenné e Gao.

Expansão Marítima Europeia

A expansão marítima europeia foi o período compreendido entre os séculos XV e XVIII


quando alguns povos europeus partiram para explorar o oceano que os rodeava.
Estas viagens deram início ao processo da Revolução Comercial, ao encontro de culturas
diferentes e da exploração do novo mundo, possibilitando a interligação dos continentes.

Expansão Ultramarina

As primeiras grandes navegações permitiram a superação das barreiras comerciais da Idade


Média, o desenvolvimento da economia mercantil e o fortalecimento da burguesia.

A necessidade do europeu lançar-se ao mar resultou de uma série de fatores sociais, políticos,
econômicos e tecnológicos.

A Europa saía da crise do século XIV e as monarquias nacionais eram levadas a novos
desafios que resultariam na expansão para outros territórios.

Rota das viagens

A Europa atravessava um momento de crise, pois comprava mais que vendia. No continente
europeu, a oferta era de madeira, pedras, cobre, ferro, estanho, chumbo, lã, linho, frutas,
trigo, peixe, carne.

Os países do Oriente, por sua vez, dispunham de açúcar, ouro, cânfora, sândalo, porcelanas,
pedras preciosas, cravo, canela, pimenta, noz-moscada, gengibre, unguentos, óleos
aromáticos, drogas medicinais e perfumes.

Cabia aos árabes o transporte dos produtos até a Europa em caravanas realizadas por rotas
terrestres. O destino era as cidades italianas de Gênova e Veneza que serviam como
intermediárias para a venda das mercadorias ao restante do continente.

Outra rota disponível era pelo Mar Mediterrâneo monopolizada por Veneza. Por isso, era
necessário encontrar um caminho alternativo, mais rápido, seguro e, principalmente,
econômico.

Paralela à necessidade de uma nova passagem, era preciso solucionar a crise dos metais na
Europa, onde as minas já davam sinais de esgotamento.

Uma reorganização social e política também impulsionava à busca de mais rotas. Eram as
alianças entre reis e burguesia que formaram as monarquias nacionais.
O capital burguês financiaria a infraestrutura cara e necessária para o feito ao mar. Afinal, era
preciso navios, armas, navegadores e mantimentos.

Os burgueses pagavam e recebiam em troca a participação nos lucros das viagens. Este foi
um modo de fortalecer os Estados nacionais e submeter à sociedade a um governo
centralizado.

No campo da tecnologia foi necessário o aperfeiçoamento da cartografia, da astronomia e da


engenharia náutica.

Os portugueses tomaram a dianteira deste processo através da chamada da Escola de Sagres.


Ainda que não fosse uma instituição do modo que conhecemos hoje, serviu para reunir
navegadores e estudiosos so patrocínio do Infante Dom Henrique (1394-1460).

Comércio Triangular

O comércio triangular, ou comércio em triângulo, é um termo histórico indicando o


comércio organizado entre três portos ou regiões. O comércio triangular geralmente evolui
quando uma região possui mercadorias de exportação que não são necessárias na região de
onde proveem as suas principais importações. O comércio triangular fornece, portanto, um
método para corrigir os desequilíbrios comerciais entre essas regiões.[1]

Comércio triangular no Atlântico

O Comércio Triangular do Atlântico é a expressão utilizada para designar um conjunto de


relações comerciais dirigidas por países europeus entre as metrópoles e os vários domínios
ultramarinos, de carácter transcontinental apoiado em três vértices geopolíticos e
econômicos: Europa, África e América (Norte, Centro e Sul), com relações secundárias com
a Ásia e os seus produtos.

Trata-se, de um conjunto de relações entre produtor e distribuidor, comprador e vendedor,


dominante e dominado, assumindo qualquer um destes continentes uma posição de relevo em
qualquer um destes níveis de contato, à parte a Europa em termos de domínio, pois nela
residem as potências administrantes.
De fato, o vértice europeu deste imenso conjunto de cadeias de trocas comerciais assenta nas
principais potências navais e políticas do Velho Continente: Holanda, Inglaterra, França,
Espanha e Portugal (estes últimos em fase de declínio, mas sem nunca perderem as suas
posições coloniais e assegurarem alguns circuitos de produção e distribuição de produtos-
chave na economia mundial, como o ouro, prata, diamantes, açúcar e tabaco).

Da Europa, partiam embarcações carregadas de produtos manufaturados, como armas de


fogo, rum, tecidos de algodão asiático, ferro, jóias de pouco valor, entre outros artigos de
menor valor comercial. O destino principal era África, onde se trocavam escravos por estes
produtos. Os compradores de escravos comerciavam com europeus ou africanos que vendiam
os seus conterrâneos, quer no litoral quer no interior, onde quase só os traficantes de escravos
locais se aventuravam nessas regiões mais hostis. Muitas vezes, eram colonos americanos a
comprar diretamente na África a sua mão-de-obra servil, sem intermediários europeus. Os
escravos africanos eram, de fato, a mola principal desta rede comercial de capital muito
importante para a economia europeia, pelos lucros que rendiam aos países negreiros e,
também, para o sistema de produção das colônias mineiras e de plantação das Américas, seu
destino além-Atlântico.

Nesta segunda junção de vértices do comércio triangular (África-Américas), muitos dos


escravos morriam a bordo dos navios, onde se amontoavam em condições infra-humanas em
que muitos não resistiam à viagem, o que acabava sendo nenhum grande prejuízo aos
traficantes de escravos, que os compravam por preços relativamente baixos, assim não
haveria sentido a eles fornecerem melhores condições a esses cativos durante a travessia, e
então, quanto mais lotados seus porões estivessem maior seria o lucro[2]. Chegados às
Américas, eram vendidos aos donos de minas e de plantações em troca dos seus produtos:
açúcar, tabaco, moedas de ouro e prata (ou em barra e, até mesmo, em forma de letras de
crédito de praças financeiras como Londres, Bordéus, Amesterdão, Nantes, Antuérpia etc.).
Completava-se o triângulo comercial com a compra por parte da Europa desses produtos
americanos, embora para o continente americano se exportassem diretamente as manufaturas
e se fizessem reexportações de artigos adquiridos na Ásia. Só as colônias europeias nas Índias
Ocidentais e as famílias possuidoras de minas, plantações ou empresas comerciais tinham
poder econômico para adquirir essas manufaturas do Velho Mundo, pagando com os
rendimentos que lhes davam as suas produções ou negócios, mesmo com os elevados gastos
que comportava a compra de mão-de-obra africana.
A nível de movimentação de capitais em larga escala, tinham enorme destaque as colônias
espanholas produtoras de ouro e prata - como a Colômbia, o Peru, a Bolívia e o México - ou
dos grandes criadores de gado, bem como o Brasil. As suas fazendas de cana-de-açúcar,
algodão, tabaco, café e cacau, a par das explorações mineiras de ouro e diamantes (com ciclos
de produção em épocas diferenciadas), para além do serviço doméstico dos senhores,
absorveram milhares de africanos para o seu esforço produtivo, importação essa que rendia
avultadas fortunas aos negreiros que os colocavam nos mercados brasileiros. Só os Estados
Unidos terão importado mais escravos africanos do que o Brasil. A posição ocupada pelas
colônias inglesas da América do Norte é, de fato, de crescente importância no contexto do
comércio triangular, principalmente a partir do século XVII, quer na importação direta (sem
intermediários europeus) de escravos africanos, quer assumindo uma posição de relevo nas
trocas comerciais com a Europa. Produtores e exportadores, além de importadores de
produtos manufaturados europeus ou de mão-de-obra africana, cedo os norte-americanos
tentam tornar-se independentes no plano produtivo, lançando-se mesmo na exploração de
rotas comerciais atlânticas, integrando-se cada vez mais ativamente nas arestas geográficas
do comércio triangular e de certa forma ignorando o pacto colonial, que os deu certa
autonomia em relação à Inglaterra.

No caso do Brasil e da América espanhola, as grossas somas de dinheiro dispendidas no


pagamento das importações de manufaturas europeias - o luxo e o fausto tiranizavam cada
vez mais os gostos dos colonos mais abastados - dirigiam-se, não para as suas metrópoles
ibéricas, mas principalmente para a Inglaterra, Países Baixos, França, produtores e
exportadores de manufaturas que colocavam facilmente a bom preço no Novo Mundo, para
além das reexportações de produtos importados da Ásia, onde possuíam entrepostos, feitorias
ou mesmo colônias. Todo esse capital colonial passava, sem retenção ou entesouramento, por
Portugal e Espanha, que o usavam para pagar o seu déficit de mercadorias e de fraca
produção de manufaturas nacionais. Era retido e investido em países do Norte da Europa, que
o canalizavam para o incremento da sua produção manufatureira e no pagamento das
importações do Báltico ou da Ásia, reativando constantemente as ligações comerciais com
África e, principalmente, com a América.

Outros exemplos de comércio triangular

O termo "comércio triangular" aplica-se a uma variedade de outros exemplos:


 O padrão de comércio que se desenvolveu antes da Guerra da Independência dos
Estados Unidos, entre a Grã-Bretanha, as colônias britânicas da América do Norte, e
as colônias britânicas do Caribe. Este envolveu a exportação de matérias-primas tais
como peixes (sobretudo bacalhau) ou produtos agrícolas das colônias britânicas norte-
americanas para alimentar os escravos e agricultores no Caribe; açúcar e melaço do
Caribe; e vários produtos manufaturados da Grã-Bretanha.[3]

 A transferência de bacalhau da Terra Nova e milho de Boston em navios britânicos


para o sul da Europa.[4] Envolvendo também a transferência de vinho e azeite para a
Inglaterra.

 O "triângulo do açúcar" em que os navios americanos transportavam a produção local


para Cuba, em seguida traziam açúcar ou café de Cuba para São Petersburgo, depois
ferro e cânhamo de volta para a Nova Inglaterra.[5]

Além disso, o Comércio Triangular foi o principal instrumento do tráfico negreiro. Ele
envolvia uma teia de interesses e de negociações entre Europa, África e América.

O interesse dos europeus em africa


Ascenção do Imperialismo e lutas pela independência
Com o desenvolvimento industrial dos séculos XIX e XX, as potências mundiais iniciaram
uma disputa acirrada por maiores mercados consumidores e fornecedores de matérias-primas
e, acima de tudo, buscaram regiões onde pudessem investir o capital excedente gerado pela
crescente produção industrial. A esse processo dá-se o nome de Imperialismo.
Nesse contexto, os países europeus (principalmente Grã-Bretanha, França, Holanda, Bélgica
e Alemanha) se digladiavam a fim de conquistar colônias pelo mundo a fora, principalmente
na Ásia e na África.

A partilha da África
Desde o século XV, os principais interesses dos europeus na África eram o acesso a mão de
obra escrava e a compra de alguns produtos, como o ouro e o marfim. Dessa forma, até o
século XIX poucas regiões africanas tinham sido efetivamente colonizadas pelos europeus
(principalmente portugueses e holandeses), que preferiram construir fortificações e feitorias
no litoral, de onde negociavam com a população local.
Pouco se conhecia sobre a África. Mas, a partir do século XIX, o crescente interesse de
exploradores e missionários por aquele continente, trouxe à tona as maravilhas do interior
africano - terras infinitas, jazidas de minérios, pedras e metais preciosos -, despertando a
cobiça dos industriais e dos governantes europeus. O rei Leopoldo II da Bélgica, por
exemplo, financiou expedições à África e fundou, em 1876, a Associação Internacional
Africana, ponto inicial para o processo de colonização belga.

Em 1885, o chanceler alemão, Bismarck, reuniu a Conferência de Berlim, a fim de dividir o


território africano de forma amigável entre as potências industriais européias. Logicamente
essa partilha foi feita pelos europeus e para os europeus, os povos africanos sequer foram
notificados. A partir de então se intensificou a invasão, a conquista, a utilização da força
armada, a exploração do território e do homem africano em favor dos interesses industriais.

Colonização
Independentemente de qual tenha sido a metrópole, a forma de colonizar empreendida pelos
europeus foi praticamente igual em todas as colônias. Primeiramente buscavam alianças com
as elites locais, oferecendo prestígio, riquezas, corrompendo o grupo dominante. Somente no
caso de resistência é que partiam efetivamente a invasão armada. De qualquer forma, ou por
“bem” ou por “mal”, os europeus passaram a determinar qual o regime político local poderia
ser adotado e quais as atividades econômicas deveriam ser praticadas.
Um fator importante no processo de colonização foi a chegada de colonos europeus, que
passaram a compor o aparato administrativo, o quadro de grandes comerciantes e senhores
latifundiários. Dessa forma, o imperialismo também serviu ao propósito de diminuir a
população residente na Europa (que havia crescido muito no século XIX).

ReA sociedade colonial foi se organizando a partir de traços culturais e étnicos: os brancos
passaram a deter todo privilégio e os nativos foram submetidos: não podiam mais usar sua
língua, não podiam mais realizar seus cultos religiosos, não podiam produzir segundo sua
cultura agrícola milenar.

O mapa político de África no final do séc. XVIII e princípio do séc. XIX


O mapa político de África nos finais do século XVIII e princípios do século XIX, apresentava
uma configuração diversificada. Temos neste período reinos e impérios independentes
esoberanos que estabeleciam relações com potências estrangeiras, mantinham as fronteiras
dos respectivos. Nessa altura vários estados se desenvolveram como por exemplo, o Ghana,
Mali, Songhay, o Socoto, os Yoruba, Darfur, KanemBornu, Etiópia, Chókwés, Yaos,
Zimbabwe, e outros. Politicamente África apresentava um mapa diferenre daquele que passou
a existir no final do século XIX, após a Conferência de Berlim (1884-1885), o continente
africano passou a ter a configuração resultante da partilha feita pelas potênciass europeias em
Berlim.

Características sócio-económica
Nos finais do século XVIII e princípios do século XIX, a África era explorada por
mercadores, mas a presença europeia limitava-se sobretudo ao litoral. Era a partir destes
locais que os missionários, aventureiros, mercadores e exploradores penetravam para o
interior. A actividade comercial com as chefes locais era feita através de intermediários que
levavam para o interior artigos como tecidos, armas e outros produtos manufacturados para
trocar por ouro, marfim e escravos. A sociedade africana era diversificada e marcada por
hábitos, costumes e tradições próprias. A partir do século XVIII, a estrutura sócio-cultural se
modificada como resultado da influência da cultura europeia para para melhor satisfazer as
necessidades coloniais . A sociedade africana dividiu-se em dois grupos distintos: a burguesia
colonial (que gozava de maiores privilégios e detinha o poder de decisões sobre os destinos
dos africanos) e os indígenas (trabalhavam para os colonos).

As relações entre África e o mundo


As relações entre África e o mundo alteraram a partir da Revolução Industrial no século
XVIII, e incremento do capitalismo no século XIX que leva ao desenvolvimento do
imperialismo. O imperialismo caracterizou-se pela progressiva procura de matérias primas e
mercados, acelerando deste modo a ocupação de vastos territórios em África por parte das
potências coloniais. A ocupação efectiva e a colonização de África, apartir do século XIX foi
precipitada pela procura de matérias-primas e de novos mercados provocando entre os
imperialistas, grandes rivaliades políticas. Foi na sequência destes choques de interesses
coloniais, que se realizou, entre Novembro de 1884 e Fevereirode 1885, a Conferência de
Berlim na Alemanha. Veremos com mais detalhes nas próximas lições. A Conferência de
Berlim significou o início da ocupação efectiva de África pelas potências europeias.
Os avancos dos europeus pelo interior da africa

O processo de ocupação territorial, exploração econômica e domínio político do continente


africano por potências europeias tem início no século XV e estende-se até a metade do século
XX. Ligada à expansão marítima europeia, a primeira fase do colonialismo africano surge da
necessidade de encontrar rotas alternativas para o Oriente e novos mercados produtores e
consumidores.

No século XIV, exploradores europeus invadiram a África. Através de trocas com alguns
chefes locais, os europeus foram capazes de sequestrar milhões de africanos e de os exportar
para vários pontos do mundo naquilo que ficou conhecido como a escravidão.

No princípio do século XIX, com a expansão do capitalismo industrial, começa o


neocolonialismo no continente africano. As potências europeias desenvolveram uma "corrida
à África" massiva e ocuparam a maior parte do continente, criando muitas colônias. Entre
outras características, é marcado pelo aparecimento de novas potências concorrentes, como a
Alemanha, a Bélgica e a Itália.

A partir de 1880, a competição entre as metrópoles pelo domínio dos territórios africanos
intensifica-se. A partilha da África tem início, de fato, com a Conferência de Berlim (1884),
que institui normas para a ocupação, onde as potências coloniais negociaram a divisão da
África, propuseram para não invadirem áreas ocupadas por outras potências. Os únicos países
africanos que não foram colônias foram a Etiópia (que apenas foi brevemente invadida pela
Itália, durante a Segunda Guerra Mundial) e a Libéria, que tinha sido recentemente formada
por escravos libertos dos Estados Unidos da América. No início da Primeira Guerra Mundial,
90% das terras já estavam sob domínio da Europa. A partilha é feita de maneira arbitrária,
não respeitando as características étnicas e culturais de cada povo, o que contribui para
muitos dos conflitos atuais no continente africano, tribos aliadas foram separadas e tribos
inimigas foram unidas. No fim do século XIX, início do XX, muitos países europeus foram
até a África em busca das riquezas presentes no continente. Esses países dominaram as
regiões de seu interesse e entraram em acordo para dividir o continente. Porém os europeus
não cuidaram com a divisão correta das tribos africanas, gerando assim muitas guerras
internas. Os seguintes países dividiram a África e "formaram" países africanos existentes
ainda hoje.
As viagens exploratórias
Se as razões expostas justificam o interesse dos europeus pelo interior de África, no início do
século XIX ainda não estavam criadas as condições para a penetração, pois «África era uma
incógnita». Os europeus não tinham nenhum conhecimento sobre as terras africanas, sobre os
seus habitantes, os perigos que os esperavam, nem sobre as vias de acesso.

O avanço para o interior só foi possível graças à acção dos exploradores. Com efeito, desde
princípios do século XIX, colunas militares, mercadores e missionários começaram a
palmilhar o continente. O objectivo era estudar, fazer o reconhecimento do continente.

As viagens exploratórias ou de reconhecimento tinham como principal objectivo produzir o


máximo de informação sobre o Continente Africano e, em particular, sobre as vias e
condições de acesso ao interior. Portanto, as viagens exploratórias incidiram sobre as
principais vias de acesso ao interior (os rios).

As principais viagens exploratórias


As viagens exploratórias ou de reconhecimento tinham como principal objectivo produzir o
máximo de informação sobre o Continente Africano e, em particular, sobre as vias e
condições de acesso ao interior. Portanto, as viagens exploratórias incidiram sobre as
principais vias de acesso ao interior (os rios).

Os principais itinerários
Na Africa Ocidental, a principal duvida rodava em torno do curso do Níger, que até ao século
XIX alimentava as mais diversas interpretações. Para seguir o curso do Níger, a Grã-Bretanha
criou em 1778, através de sir Joseph Banks, a Associação Africana.

As duas primeiras expedições foram lançadas a partir da Serra Leoa, com Houghton cabeça e
do Egipto, sob a liderança de Hornemann. Os dois expedicionistas sucumbiram diante dos
obstáculos que se lhes colocaram. O primeiro foi vítima da hostilidade dos árabes, enquanto
Hornemann desapareceu no deserto.

Em 1795 foi a vez de Mungo Park, acompanhado por cerca de 40 homens, partir da Gâmbia.
Apos enfrentar verdadeiras agruras, conseguiu chegar a Segu, mas não conseguiu alcançar o
destino, Tombuctu e morreu nos rápidos de Bussa, quando tentava seguir até foz do Níger.

A corrida imperialista e a partilha de África 


Até ao final do terceiro quarto do século XIX, a presença europeia em África era ainda
bastante reduzida. A Inglaterra, a Alemanha, a Franca e Portugal exerciam alguma influência
em África e tinham interesses comerciais. Mas o controlo político era quase nulo, pois
nenhum estado estava interessado em suportar despesas de ocupação para obter aquilo que se
podia ter através do controlo indirecto.

O período de 1880 a 1935 ficou na História pelas rápidas mudanças que o marcaram.
Contudo, mais rápidas ainda, mais espectaculares e também trágicas, foram as que se
operaram entre 1880 e 1910, o período da conquista e ocupação de África pelos europeus.

Tratou-se de um fenómeno realmente espantoso, pois em 1880 os europeus ocupavam apenas


algumas regiões ao longo da costa, cuja extensão representava cerca de 20% do território
africano.

A única região em que se notava presença europeia no interior era o extremo sul do
continente, onde havia europeus no interior do Cabo. O restante do Continente Africano
mantinha a sua total autonomia sob a direcção dos reis e chefes africanos.

Entretanto, em pouco mais de trinta anos, esta situação política alterou-se profundamente. Em
1914 toda a África, exceptuando a Etiópia e a Libéria, encontrava-se sob domínio dos
europeus.

O quadro descrito acima iria alterar-se drasticamente no último quartel com o início daquilo a
que se chamou corrida imperialista.

Corrida imperialista é como se convencionou chamar ao ambiente de disputa por África, por
parte dos estados europeus, entre finais da década de 1870 e princípios da década de 80.

Os factores que desencadearam a corrida


Em 1876, o rei Leopoldo II convocou a Conferência Geográfica de Bruxelas na qual fundou a
Associação Internacional do Congo, tendo como objectivos a exploração do continente, o
combate ao tráfico esclavagista e a introdução da civilização (europeia).

Para perseguir estes objectivos, em 1879, Leopoldo II contratou Henri Morton Stanley para a
Associação, com a tarefa de criar postos e assinar tratados com os chefes africanos.

As actividades de Stanley em representação da Bélgica no Congo originaram de imediato


reacções de outros países europeus, com destaque para os franceses e portugueses.
A França que, à chegada de Stanley, já tinha Savorgnan Brazza em missão exploratória, não
cedeu as pretensões belgas e instalou-se a disputa da região entre estes dois países.
Paralelamente, lançou-se na consolidação do seu domínio nos territórios sob sua influência,
nomeadamente Madagáscar, Argélia e outros.

Por seu turno, os portugueses, temendo perder os territórios que consideravam de sua
influência, começaram a ocupar os seus territórios no interior de Moçambique.

Era o início da corrida entre os estados europeus pela ocupação de territórios, que
rapidamente iria envolver outros estados.

A Inglaterra, não querendo ficar atrás, começou a mudar a sua atitude em relação as áreas de
sua influência, optando por impor maior domínio. Já a Alemanha, que até esta altura tinha-se
instalado em Walvis Bay, Namíbia, começou a avançar para o interior.

Esta corrida imperialista não foi pacifica, mas sim marcada por conflitos.

Na busca de soluções para os conflitos inter-imperialistas, que ameaçavam levar à


confrontação, Portugal avançou a proposta de uma conferência internacional. Esta ideia não
vingou, sob os auspícios dos portugueses, mas foi retomada pelos alemães que, em 1884/85,
organizaram a Conferência de Berlim.

A Conferência de Berlim
Antecedentes: o tratado do Zaire

Na segunda metade do século XIX, quando a disputa dos territórios africanos ganhava
ímpeto, Ferreira do Amaral, então governador geral de Angola, designou Brito Capelo para
assegurar a posse das regiões que confinam com o paralelo de 501 2' sul e assinar tratados
com os chefes locais, estabelecendo a soberania portuguesa nos territórios de Cacongo e
Massábi.

A França e a Inglaterra mostraram-se então preocupadas com a iniciativa, pelo que foi
assinado entre Portugal e Inglaterra, a 26 de Fevereiro de 1884, em Londres, um acordo - o
Tratado do Zaire.

Este tratado foi contestado pelos outros estados europeus (França, Alemanha, Espanha e
Holanda) e, também, pelos Estados Unidos da América.
Para estes países, aceitar o tratado do Zaire era o mesmo que reconhecer os direitos históricos
de Portugal e o exercício, em benefício da Inglaterra e de Portugal, de um poder exclusivo de
policiamento e fiscalização no curso superior do Zaire.

Por outro lado, por este tratado, Portugal e Inglaterra ficavam, de facto, unidos contra a
política africana da Franca e de Leopoldo II.

Perante a exigência de reconhecimento de outras potências, Portugal propôs uma conferência


internacional para tratar das questões pendentes.

A Inglaterra não concordou com a sugestão. Pouco depois, Leopoldo II sugeriu a reunião de
uma conferência internacional destinada a delimitar os territórios em África sobre que as
diversas potências alegassem direitos. Nascia, assim, a Conferência de Berlim.

Causas, objectivos e decisões da Conferência de Berlim


A principal razão que levou à convocação da Conferência de Berlim foram os conflitos entre
os estados europeus motivados pela disputa de territórios em África. Como principais
objectivos deste evento, destacam-se a eliminação e prevenção de conflitos, relacionados com
a partilha, entre os estados europeus, bem como o estabelecimento dos mecanismos da
partilha.

As decisões da Conferência de Berlim


Como se pode ver no documento foram várias as deliberações da conferência, mas podem ser
resumidas a três ideias principais.

 Reconhecimento do Estado Livre do Congo.


 A liberalização do comércio nas bacias do Congo e do Níger.
 O estabelecimento do princípio da ocupação efectiva.

Ao abrir as principais bacias hidrográficas ao livre comércio das diferentes potências


europeias e ao adoptar o princípio de ocupação efectiva, a Conferência de Berlim procurou
atacar as principais razões de conflito entre os países imperialistas.

A Conferência de Berlim
Reuniu-se no dia 15 de Novembro último, em Berlim, uma conferência internacional de
várias potências coloniais ou que se presumem colónias, para regular a navegação e comércio
no Zaire, demarcar os limites ocupados por Portugal, o principal Senhor daquela região, e de
outras nações que ali ocupam pequenas extensões, como a França, Inglaterra e ultimamente a
Alemanha.

As nações representadas no congresso pelos seus ministros e são as seguintes:

 Alemanha; Dinamarca; Espanha; Países Baixos; Suécia; Áustria-Hungria; Bélgica;


Estados Unidos da América; França; Inglaterra; Portugal; Noruega; Itália; Rússia;
Turquia

O comércio de todas as nações gozará de uma completa liberdade.


1 o. Em todos os territórios que constituem a bacia hidrográfica do Congo e seus afluentes.
Esta costa é delimitada ao Norte pelas costas do Niari, Ogooué, Shire e Nilo, a Este pelo
Lago Tanganyika, ao Sul pela costa do Zambeze e Loge, compreendendo, portanto, todos os
territórios regados pelo Congo e seus afluentes, incluindo a lago Tanganhica e seus tributários
orientes.

2 o. Na zona marítima que se estende sobre o Oceano Atlântico, desde Setta-Camma até ä
embocadura do Loge. O limite setentrional seguirá o curso do rio que desemboca em Sette-
Camma, e a partir de sua origem se dirigirá por Este até à junção com a bacia hidrográfica do
Congo.

3o. Na zona que se prolonga a Este do Congo, como já estava limitada até ao Oceano Indico,
desde o 5o (quinto) grau de latitude Norte até å embocadura do Zambeze, ao Sul deste ponto a
linha de demarcação seguirá o Zambeze até 5 milhas acima do confluente do Shire, e
continuará pela linha mais lata que serve de separação às águas que correm até ao lago Niassa
e aos tributários do Zambeze, para demarcar finalmente a linha de separação das águas do
Zambeze e do Congo.

Ao estender à zona oriental o princípio de liberdade do comércio, este princípio não será
aplicado aos territórios que pertençam actualmente a qualquer estado independente e
soberano, salvo quando a isso prestem consentimento. As potências acordarão empregarem
toda a sua influência no sentido de assegurar a todas as nações as condições mais vantajosas
para o seu comércio.

«I. Todas as bandeiras, sem distinção da nacionalidade, terão livre acesso em todo do


litoral dos territórios enumerados.»
«II. As mercadorias importadas nestes territórios ficam livres de direitos de entrada e
de trânsito. As potências reservam-se o direito de decidir, ao fim de um período de vinte
anos, se convirá continuar a manter a franquia de entrada.»

«III. Toda a potência que exerça actualmente ou de futuro direitos de soberanias nos


territórios mencionados, não poderá conceder neles nenhuma espécie de monopólio ou
privilégio em matéria comercial.»

«IV. Todas as potências que exerçam soberania ou influência nos mencionados


territórios, se comprometem a valer pela conservação da população indígena e pelo
melhoramento das suas condições morais e sobretudo do tráfico de negros; outros, sim,
protegerão sem distinção de nacionalidade nem religião, todas as instituições e empresas
religiosas, cientificas e caritativas, que tendam a instruir os indígenas e a fazer compreender
as vantagens da civilização...»
MACEDO, José Rivair. História da África. São Paulo: Contexto, 2013.

Kurlansky, Mark. Cod: A Biography of the Fish That Changed the World. New York:
Walker, 1997. ISBN 0-8027-1326-2.

Morgan, Kenneth. Bristol and the Atlantic Trade in the Eighteenth Century. Cambridge:
Cambridge University Press, 1993. ISBN 0-521-33017-3. Pages 64–77.

Chris Evans and Göran Rydén, Baltic Iron in the Atlantic World in the Eighteenth Century :
Brill, 2007 ISBN 978-90-04-16153-5, 279

SUM7BANE, Salvador Agostinho. H11 - História 11ª Classe. 2ª Edição. Texto Editores,


Maputo, 2017.

SUMBANE, Salvador Agostinho. H11 - História 11ª Classe. 2ª Edição. Texto Editores,


Maputo, 2017.

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