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4° Grupo

David Candeeiro

Charles Bechane

Graça Pedro

Inocência Paunde

Critérios de leccionação e avaliação das aulas no campo


 Planificação, Realização e Avaliação das aulas do campo

Licenciatura em ensino de Geografia com Habilitação em História

Universidade Púngué
Chimoio

2022
David Candeeiro

Charles Bechane

Graça Pedro

Inocência Paunde

Critérios de leccionação e avaliação das aulas no campo


Licenciatura em ensino de Geografia com Habilitação em História

Trabalho investigação da Cadeira de práticas


Pedagógica de Geografia II (PPGII), a ser
apresentado ao Departamento de Geociências e
Ambiente, de carácter avaliativo. Orientado sob:
Msc: Kátia Gotine

Universidade Púngué
Chimoio

2022
Índice
1 Introdução..................................................................................................................1

2 Objectivos..................................................................................................................1

2.1 Objectivos Gerais................................................................................................1

2.2 Objectivos Específicos........................................................................................1

2.3 Metodologias......................................................................................................1

3 Enquadramento teórico..............................................................................................2

3.1 Definições...........................................................................................................2

3.1.1 Saída de campo e visita do campo...............................................................2

3.1.2 Trabalho de campo......................................................................................2

4 Critério de leccionação e avaliação das aulas de campo............................................2

4.1 As actividades práticas fora do contexto da sala de aula....................................2

4.2 As visitas de estudo, saídas de campo e trabalho de campo: conceitos e


potencialidades...............................................................................................................3

4.3 As potencialidades educativas das saídas de campo...........................................5

5 Aspectos a considerar na organização de uma saída de campo.................................6

5.1 Preparação e planificação da uma saída de campo............................................6

5.2 Avaliação de uma saída de campo......................................................................8

6 Limitações na realização de saídas de campo............................................................9

6.1 Realização de saída do campo............................................................................9

7 A importância do trabalho de campo.......................................................................11

8 Conclusão.................................................................................................................13

9 Referências Bibliográficas.......................................................................................14
1

1 Introdução
Actualmente, sendo as saídas de campo uma experiência de aprendizagem cada vez
menos utilizadas pelos professores, procuramos ao longo deste trabalho perceber qual o
impacto e a pertinência que a realização deste género de actividades pode ter ao nível
das aprendizagens desenvolvidas pelos alunos, especialmente nas áreas disciplinas de
História e Geografia. Numa época em que se fala cada vez mais do uso de novas
tecnologias na sala de aula, pretendemos implementar uma estratégia de aprendizagem
que não decorre no espaço da sala de aula, mas que permite aos alunos construir o seu
conhecimento de uma forma mais apelativa e motivadora.

2 Objectivos

2.1 Objectivos Gerais


Analisar os critérios de leccionação e avaliação das aulas no campo.

2.2 Objectivos Específicos


Conceituar a saída do campo, visita do campo e trabalho de campo.
Explicar As actividades práticas fora do contexto da sala de aula;
Identificar As visitas de estudo, saídas de campo e trabalho de campo: conceitos
e potencialidades;
Caracterizar os Aspectos a considerar na organização de uma saída de campo
Descrever Limitações na realização de saídas de campo e sua importância.

2.3 Metodologias
Com propósito metodológico, recorri as pesquisas bibliográficas, a uma vista de olhar
nos Livros (Módulos/Manuais) e nos serviços electrónicos (internet), seguindo da
compilação da informação recolhida fez se o que a seguir nos é apresentado.
2

3 Enquadramento teórico

3.1 Definições

3.1.1 Saída de campo e visita do campo


Segundo Almeida, 1998, considera que os termos saída de campo e visita de campo são
termos mais restritos por considerar que estão directamente direccionados a deslocações
em ambientes abertos.
Esta definição será importante para mais tarde definirmos qual o melhor conceito para
se empregar neste estudo.

3.1.2 Trabalho de campo


Para além da definição destes conceitos, (Almeida, 1998) acaba por definir o termo
trabalho de campo, “como algo que envolve a execução de tarefas concretas,
nomeadamente a recolha de seres vivos ou amostra de rochas, o manuseamento de
instrumentos vários para a recolha de dados ou a cartografia de áreas delimitadas”.
Apesar de esta definição não estar efectivamente errada, na nossa opinião está muito
dirigida, vocacionada para a área de ciências, não correspondendo a uma verdadeira
definição de trabalho de campo, como iremos verificar mais à frente.

4 Critério de leccionação e avaliação das aulas de campo

4.1 As actividades práticas fora do contexto da sala de aula


As actividades práticas sempre tiveram uma importância relevante nos currículos de
ciências pelas potencialidades que possuem no desenvolvimento de capacidade dos
jovens. Porém, é também no nosso entender importante em áreas disciplinares como
História e Geografia.
Ao analisarmos a definição de actividade prática, podemos verificar que esta está longe
de ser consensual. Para Hodson (1992 apud Almeida, 1992, p.43) “qualquer estratégia
de aprendizagem que exija num aluno uma atitude activa em vez de passiva, levando a
aprender melhor com a experiência directa, pode ser designada por actividade prática”.
Apesar de esta definição que Hodson atribui, existe uma outra perspectiva de Miguéns
(1991) que considera as actividades práticas, os exercícios, as experiências, as
experimentações, as demonstrações, as investigações ou projectos e trabalho de campo.
Ao constatar as duas visões, no nosso entender a visão sobre actividade prática dada por
Miguéns é mais direccionada e objectiva para o estudo em questão.
3

4.2 As visitas de estudo, saídas de campo e trabalho de campo: conceitos e


potencialidades.
O professor ao longo do seu percurso profissional, contacta com diversas realidades
dentro da sala de aula. Nessa realidade, acaba por contactar com turmas e alunos que
são completamente diferentes nos mais diversos níveis: escolar, familiar, económico,
social e cultural. O facto de contactar com realidades tão diferentes, obriga também ao
professor se adaptar a cada turma e a formular estratégias de ensino-aprendizagem
diversificadas. O facto de o professor se ir reformulando ao longo do tempo, acaba por
fazer com que não fique acomodado ao longo do seu percurso profissional, mas também
proporciona aos alunos novas oportunidades de sucesso escolar. Neste sentido, e sendo
História e Geografia consideradas disciplinas teórico-práticas, achamos as actividades
práticas realizadas fora do contexto da sala de aula uma experiência educativa que o
professor pode e deve promover durante o processo de ensino-aprendizagem.
Ao analisarmos qual o melhor conceito que se adequa às actividades fora do contexto da
sala de aula, somos logo direccionados para o conceito de visita de estudo. Se
analisarmos o conceito de visita de estudo, de acordo com o Ofício do ME/DREN nº
21/4 de 11 de Março de 2004, este é designado da seguinte maneira: “Deverá
considerar-se visita de estudo toda e qualquer actividade decorrente do Projecto
Educativo da Escola e enquadrado no âmbito do desenvolvimento dos projectos
curriculares de escola/agrupamento e de turma, quando realizada fora do espaço físico
da escola ou da sala de aula” (ME/DREN, 2004).
Apesar disso, somos frequentemente confrontados com várias terminologias como saída
de campo, visita de campo, trabalho de campo, e saída de estudo, que muitas vezes
acabam por serem considerado como sinónimos de visita de estudo. Porém, é
importante ter a noção que apesar de todas estas terminologias serem associadas a
visitas de estudo, todas elas possuem um significado diferente. Ao analisarmos a
existência de vários conceitos como por exemplo saída de campo ou visita de campo, no
nosso entender a diferença não é significativa, o que traduz num mesmo significado.
Este exemplo, aplica-se também aos conceitos saídos de estudo e visita de estudo.
Todavia, existe uma ligeira diferença entre saída de campo e visita de estudo que está
directamente relacionada com a sua conexão.
Podemos constatar desde logo uma diferença na utilização dos conceitos nas áreas
disciplinares de História e Geografia. Na área disciplinar de História, tanto no meio
académico como no meio escolar, é mais frequente a utilização do termo “visita de
4

estudo”. Na área de Geografia, com particular destaque no meio académico o termo


mais utilizado é saída de campo.
No contexto educativo português, a utilização do termo visita de estudo é o mais
comum. Assim, este termo é utilizado numa área disciplinar de Espanhol como numa
área disciplinar de História ou Geografia.
I. Mas será coreto utilizar o mesmo conceito para as mais diversas áreas
disciplinares?
II. Será uma visita de estudo na área disciplinar de Geografia igual à área
disciplinar de Português?
A resposta é obviamente negativa. Sendo assim, no nosso entender não faz sentido
utilizarmos um mesmo conceito que é comum a todas as áreas disciplinares, porém
trabalhado de uma maneira completamente diferente. Para além desta situação,
actualmente os alunos identificam muito uma visita de estudo como um passeio, o que
não é de facto esse o grande objectivo.
Esta ideia de que as visitas de estudo acabam por ser associadas a passeios, é defendida
por Monteiro (1995) que apesar de considerar que as visitas de estudo são das
estratégias mais motivantes porque permite a saída do aluno do espaço escolar,
considera também que estas devem ser entendidas como mais que um simples passeio.
Na mesma linha de pensamento, Almeida (1998, p. 52) considera que a principal
dificuldade para muitos professores, está relacionada com a distinção entre o conceito
de visita de estudo e excursão.
O facto da existência de todos os documentos legais e normativos dos organismos que
tutelam a educação utilizarem o termo visita de estudo, também pode estar directamente
relacionada com a utilização do mesmo.
Devido a esta conexão de visita de estudo com passeio/excursão, vários autores referem
que se deve formular outro tipo de objectivos para as actividades realizadas fora da sala
de aula, nomeadamente a realização de saídas de campo e trabalho de campo.
Para Del Carmén e Predinaci (1997) a realização destas actividades dá mais ênfase à
aprendizagem de aspectos conceptuais ou procedimentos, mas defende que a definição
de objectivos é imprescindível para tipo de actividades, com o objectivo de o aluno
aprender determinados conceitos, procedimentos e atitudes.
No seu estudo “As saídas, um recurso para a aprendizagem em educação infantil”,
Tejada Cuesta (2009) define saída de campo como sendo “uma experiência educativa
que se realiza em grupo e que implica um deslocamento dirigido a outros espaços fora
5

ou dentro do recinto escolar”. A autora defende que para a realização deste tipo de
actividades, tem que haver finalidades e objectivos previamente definidos. Para além
disso, destaca que esta actividade tal como outras, requere motivação e planificação,
elaborando os materiais necessários para o antes, o durante e o pós saída de campo.
Para Brusi (1992 apud por Del Carmén e Predinaci, 1997) as saídas de campo,
favorecem um maior conhecimento do aluno do meio que o rodeia, pois permite que
tomem conhecimento da diversidade, complexidade e a multiplicidades de variáveis
existentes. Também permite que os alunos tenham uma atitude de investigação assente
em práticas procedimentos que não podiam ser realizadas no contexto da sala de aula.
Na opinião de Compiani e Carneiro (1993), as saídas de campo incentivam o espírito de
colaboração e entreajuda entre alunos e também é importante para a aprendizagem de
novos conceitos. Estes dois autores reflectem muito na importância das saídas e do
trabalho de campo na Geologia. Eles afirmam que estas actividades permitem, não só,
recolher material necessário para desenvolver no contexto de sala de aula, como
também desenvolve nos alunos as atitudes.

4.3 As potencialidades educativas das saídas de campo


As saídas de campo são caracterizadas como sendo uma estratégia motivadora e
estimulante para os alunos, uma vez que rompem com a rotina diária a que o aluno está
sujeito. Estas estratégias acabam por ter um impacto muito positivo nos alunos, pois
permite que o processo de ensino-aprendizagem seja feito fora do edifício escolar, em
particular, da sala de aula.
Umas das grandes diferenças que marca as visitas de estudo e as saídas de campo, deve-
se ao facto de os alunos não encararem as visitas de estudo como aulas, mas sim como
passeios. Nas saídas de campo, estas devem ser vistas como uma aula, num contexto
diferente do habitual, sendo o espaço onde decorre a saída de campo, o principal factor
para motivar os alunos.
Com as saídas de campo, os alunos concretizam o saber teórico aprendido nas salas de
aulas e podem colocar esses saberes em prática através do contacto com o meio. Sendo
assim, esta actividade promove uma aprendizagem significativa, através de interligação
que estabelece entre a teoria e a prática.
Como refere López Martín (2007) estas actividades “melhoram a aprendizagem ao
facilitar a aquisição de habilidades e ao relacionar as suas aprendizagens com a sua
aplicação imediata para explicar a realidade. Contribuem para a educação ambiental do
6

aluno fomentando uma consciência de protecção e de uso sustentável do meio natural”.


Podemos assim concluir, que a saída de campo é também uma estratégia fundamental
para a educação da cidadania, uma vez que o contacto com o meio proporciona a
formação pessoal e social do aluno. Para Monteiro (1995, p.189) este tipo de actividades
desenvolvem o clima interpessoal, sendo que para o autor “muitas vezes, mais
importante que os conhecimentos que se adquire, são as descobertas mútuas que se
proporcionam”.

Foi já referido anteriormente, que esta estratégia ganha importância ao permitir a


integração de saberes onde o aluno pode descobrir/aprender novos dados e relacionar
com os conhecimentos já aprendidos. Neste presente trabalho, procuramos desenvolver
situações de aprendizagem que concretizassem a integração de saberes históricos e
geográficos. As saídas de campo apresentam potencialidades didácticas específicas no
processo de ensino-aprendizagem nas disciplinas de História e Geografia.

5 Aspectos a considerar na organização de uma saída de campo


A saída de campo, sendo uma actividade curricular, necessita naturalmente de uma
preparação e planificação cuidada, à semelhança de qualquer acção pedagógica. Só
fazendo uma organização e planificação correcta da actividade, é que se irá rentabilizar
todas as suas potencialidades pedagógico-didáticas que oferece.

5.1 Preparação e planificação da uma saída de campo


A preparação das saídas de campo deve começar, quando os professores começam a
elaborar o Plano Anual de Actividades. O passo seguinte, é começar a definir objectivos
da actividade, estando centrado nos conteúdos de aprendizagem a leccionar que se
apresentem como viáveis para a realização da mesma. Não sendo um passeio ou um
excursão, a saída de campo é parte do processo de ensino-aprendizagem e, como tal, a
definição dos objectivos de natureza cognitiva, procedi mental e atitudinal, são
imprescindíveis.
No caso das saídas de campo interdisciplinares, devem ser elaborados objectivos que
visam a articulação de conteúdos de aprendizagem cognitiva, procedimental e atitudinal.
Uma das etapas mais importantes de toda a programação desta actividade é a escolha
dos locais a visitar. Esta etapa é condicionada pela região/cidade prevista para se visitar
e também pelas características dos alunos que poderão participar na actividade. Tal
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como Monteiro (1995, p.190) relembra “se a visita de estudo se enquadra num projecto
em que intervêm várias disciplinas, a deslocação deve prever a visita a diferentes locais
ou a um local que possibilite leituras diversas”.
O professor que coordena e organiza a saída de campo, deve conhecer previamente os
locais a visitar, realizando uma viagem exploratória para a recolha de informações ou
recursos pedagógicos de apoio e para estabelecer contactos com as instituições que
tutelam os espaços a visitar. Esta viagem exploratória, serve para o reconhecimento do
percurso a efectuar e para realizar uma estimativa ao tempo necessário para percorrer o
itinerário entre o local de partida e os locais a visitar. Aoprogramar desta forma a
actividade, o professor irá aproveitar ao máximo o tempo da visita e dos recursos que
poderão ser explorados.
A definição da data é também um dos pontos fundamentais, tendo o professor que ter
em conta determinados factores, como por exemplo: a planificação anual e de unidade
didáctica, a estação do ano que poderá ser mais proveitosa a saída de campo, a
planificação antecipada da actividade para que esta seja aprovada pelos órgãos
competentes, a obtenção das autorizações do encarregados de educação e o
estabelecimento de contactos com a empresa de transportadora, assim como das
instituições a visitar. Neste estudo, a definição quanto à data da realização da
actividades, assim como os contactos com as instituições a visitar só foram efectuados a
partir do mês de Fevereiro.
Como já foi referido anteriormente, este tipo de actividade exige ao professor um
trabalho prévio de preparação que envolve um processo de planificação, mas também,
um trabalho que se tem de realizar com os alunos. Aqui é importante fazer com os
alunos um conhecimento prévio dos locais a visitar e dos conteúdos a abordar no
decorrer da saída de campo. Este momento de conhecimento prévio com os alunos pode
ser feito através da utilização de um recurso audiovisual. Neste ponto, optamos por
demonstrar aos alunos os sítios os locais onde eles iriam visitar, assim como, foram
dadas indicações acerca das normas de conduta a serem cumpridas pelos alunos, bem
como o material que seria necessário para esta actividade.
O aspecto mais importante na elaboração da saída de campo é o processo de ensino-
aprendizagem que se vai levar a cabo nesta actividade. Assim, o tratamento dos
conteúdos e a exploração os locais a visitar devem ser acompanhados de um
roteiro/guião onde estejam previstas tarefas para os alunos realizarem. No roteiro/guião
poderão também integrar “excertos de pequenos textos literários ou jornalísticos sobre o
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local a visitar, dados e informações especializadas (Monteiro, 1995, p. 191). Para além
de todos estes aspectos, Monteiro (idem, p.191) salienta que no roteiro/guião “deverão
ser assinaladas as paragens previstas durante o percurso, bem como aspectos que
merecem ser observados: um rio, um monumento, uma actividade, uma produção
artística”.
Para além do roteiro/guião, podem ser utilizados outras estratégias e actividades
possíveis de serem realizadas nas saídas de campo, como afirma Monteiro (1995, pp.
188-195). Neste estudo apenas utilizamos o guião, devido aos muitos locais a visitar ao
tempo que não chegaria para fazer outras actividades para além daquela que os alunos
realizaram.
Durante a realização da saída de campo, o professor deve evidenciar um discurso
pensado e preparado previamente, para aplicar em diferentes situações ou contextos,
mas também demonstrar flexibilidade perante situações imprevistas que inevitavelmente
acontecem numa actividade como esta.

5.2 Avaliação de uma saída de campo


Na preparação da actividade, é importante o professor definir como se irá processar a
avaliação dos alunos. A existência de roteiro/guião é um importante instrumento de
recolha de dados que permite avaliar o desempenho dos alunos participantes na saída de
campo. Sendo assim, o professor estará a desenvolver a avaliação cognitiva e procedi
mental.
A avaliação atitudinal também é alvo de elaboração por parte do professor, porém
devido ao número elevado de alunos existente nesta actividade a mesma ficou a cargo
da professora Orientadora de estágio.
Para Monteiro (1995, p.194) “a avaliação dos resultados é uma etapa importante em
qualquer ato pedagógico. Deverá ser feita uma avaliação colectiva a todo o processo,
identificando-se os aspectos positivos e negativos. É a análise crítica do trabalho de
organização e concretização da visita que possibilitará a introdução de alterações em
experiências futuras”. Os resultados obtidos pelos alunos, deve servir para o professor
ter uma perspectiva sobre o seu trabalho, o qual deve ser objecto de avaliação e reflexão
pessoal.
Para Pulsaria Silva (1998) “a profundidade do tema ou problema a trabalhar durante a
saída, se define de acordo com o grau de escolaridade, a motivação do grupo, os
conhecimentos prévios do alunos e os objectivos traçados na planificação do trabalho de
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campo”. Todo e qualquer processo adoptado tem de estar de acordo com as


características da turma, assim como os recursos utilizados de acordo com a faixa etária
dos alunos.
Após a realização da saída de campo os saberes desenvolvidos devem ser
rentabilizados, através de trabalhos de sistematização, realização de exposições,
produção de textos, entre outras actividades. Os alunos também devem realizar um
balanço da actividade, sendo também importante o professor aproveitar a oportunidade
para esclarecer dúvidas existentes e consolidar os conhecimentos dos alunos. No
decorrer do processo ensino-aprendizagem, devem ser rentabilizados os saberes
desenvolvidos durante a saída de campo, de forma a aproveitar as situações vividas
pelos alunos para facilitar a sua aprendizagem.

6 Limitações na realização de saídas de campo

6.1 Realização de saída do campo


A implementação pedagógica de estratégias práticas como as saídas de campo, são
penalizadas pela existência de limitações e obstáculos para a realização destas
actividades. Para Almeida (1998, p. 64) a natureza dos obstáculos é diversa podendo
“ser agrupados em motivos institucionais, pessoais ou decorrentes das próprias
características dos alunos”.
Ao longo do tempo, vários autores têm referido situações que constituem obstáculos e
limitações para a concretização destas actividades. Para Mason (1980) e para Baillet,
Clevel e Maglione (1989 apud Almeida, 1998, p. 64), o professor é cada vez mais
confrontado com um maior número de exigências, o que acaba por provocar uma menor
disponibilidade para planificar este tipo de actividades. Para além deste factor, a
necessidade de uma deslocação prévia aos locais a visitar aliada à falta de tempo do
professor são factores que acabam por contribuir para a não realização destas
actividades.
A existência de turmas demasiado grandes é outro dos factores que podem constituir
como um obstáculo à realização de saídas de campo. O elevado número de alunos a
participar nestas actividades poderá diminuir a eficácia da aprendizagem dos alunos e
tornar mais difícil o seu controlo. Ao longo dos últimos anos, os professores revelaram-
se contra o aumento do número de alunos por turma, impossibilitando de fazer
actividades mais práticas.
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Além destes factores, Wiley e Humphereys (1985 apud Almeida, 1998, p.64) afirmam
que o professor que organiza esta actividade entra por vezes em conflito com os
professores que são mais organizados em termos de planificação de aula, pois a
realização de uma saída de campo interfere com actividades lectivas de outras
disciplinas. De facto, este factor é bastante importante porque muitos professores
acabam por ser demasiado intransigentes na cedência das suas aulas, o que por vezes
dificulta na organização e planificação da actividade. As dificuldades económico-
financeiras tanto da parte dos estabelecimentos de ensino, como dos alunos podem ser
outro aspecto que contribui para a não prática desta técnica de ensino.
Como refere López Martín (2000 p.100), as saídas de campo são cada vez mais uma
realidade preocupante. Este autor constata que cada vez menos se sai com os alunos
para o campo, e quando se faz, as saídas são meras excursões. Ele acaba por apontar
algumas das possíveis causas que possam contribuir para a fraca adesão a estas
actividades, tais como: o medo do professor da responsabilidade que se assume neste
tipo de actividades extra-escolares, o baixo grau de satisfação dos professores nestas
actividades, a falta de formação dos docentes em aspectos práticos de campo e a falta de
uma boa planificação e metodologia que impede um bom aproveitamento da actividade.
Também Hana (1992 apud Almeida, 1998, p. 65) assinala, como limitações o facto de
certas actividades exigirem uma certa destreza física e capacidade de correr riscos com
os alunos, algo que nem todos os professores estão disponíveis, assim como, a falta de
confiança científica de alguns professores quando saem da sala de aula. Almeida (1998,
p.65), revela que uma das maiores dificuldades que os professores apresentam fora da
sala de aula, é o facto de não conseguirem controlar e evitar o surgimento de situações
imprevistas. O receio que estas situações aconteçam, aliado à falta de confiança
científica origina desmotivação para os docentes realizarem saídas de campo.
Por último, referir alguns factores que durante uma saída de campo podem ter reflexos
nos alunos e que poderão condicionar a mesma. Na opinião de Keown (1985 apud
Almeida, 1998 p. 66) “nas deslocações ao ar livre são múltiplos os factores de
distracção, como a variação de temperatura, vento, moscas, falta de lugar para sentar,
que perturbam a eficácia da aprendizagem, o que não quer dizer que o professor não
possa e não deva ultrapassar estes obstáculos”. A variação da temperatura acabou por
ser um factor importante para o decorrer desta saída de campo, como iremos verificar
mais adiante neste estudo.
11

Ao longo da sua prática lectiva, muitos professores que organizaram saídas de campo
foram confrontados com alguns obstáculos e limitações que aqui fomos enunciando. O
importante é o professor ao pretender organizar e implementar esta estratégia esteja
preparado para ultrapassar todos estes obstáculos e limitações, para assim proporcionar
aos alunos uma experiência de ensino-aprendizagem diferente do que eles estão
acostumados durante o ano.

7 A importância do trabalho de campo


Como já foi referido anteriormente, o trabalho de campo é fundamental em áreas
disciplinares como a Biologia, a Geologia mas também em áreas como a História e a
Geografia. Tem um grande valor didáctico uma vez que permite, através do contacto
vivido com o meio físico e social, a experiência dos conhecimentos próprios e aquisição
de outros saberes, de forma integrada e global. Na opinião de Cavaco (1994, p.11)
“mais do que a tradicional visita de estudo que muitas vezes constitui uma actividade
esporádica, destinada a ilustrar um tema ou a proporcionar uma ocasião informal de
encontro, o trabalho de campo deve constituir uma prática regular, um ponto de partida
para o questionar ou o requestionar dum acontecimento, ou um passo de pesquisa
integrada num plano de trabalho”. Esta autora destacou a importância do trabalho de
campo no 1º ciclo, dando a conhecer o seu interesse e valor. Mais importante do que
implementar o trabalho de campo em História ou Geografia, é fundamental começar
desde cedo a implementar esta actividade também no dealbar do ensino básico.
Outros autores, como Soto Gonzalez (1998), têm escrito sobre a importância do trabalho
de campo, afirmando também que este deve ser implementado desde as mais pequenas
idades. Para ele, este tipo de actividades tem de estar presentes desde o início da
aprendizagem até ao Ensino Secundário. Defende que para as crianças mais pequenas, o
trabalho de campo pode-se desenvolver “através de propostas de itinerários pelo pátio
da escola e pelos arredores desta”. Defende que à medida que o aluno vai evoluindo,
este tipo de exercícios terão de ser adaptados à sua faixa etária para retirar o máximo
proveito deste tipo de actividades realizadas fora da sala de aula.
Martínez Puche (2012), considera que o trabalho de campo foi “concebido como uma
estratégia pedagógica, e um instrumento de consolidação, registo de dados, e por vezes,
de contraste com o que o aluno aprendeu na aula”.
Uma das características que com este tipo de actividades se pode desenvolver no aluno,
é o seu poder de observação que é fundamental para o desenvolvimento do seu
12

raciocínio analítico e o despertar do seu espírito crítico. De facto, a observação e o


contacto com o meio são muito importantes nestas actividades, pois os alunos estão em
contacto muitas das vezes com realidades diferentes das que estão acostumados.
Das vantagens apresentadas por diversos autores, Urino e Hisfstein (1991) apresentam
estudos nos quais, os alunos participantes em actividades de trabalho de campo
apresentam maiores capacidades de observação, memorização e de relembrar factores.
Segundo Leite e Santos (2004, p. 1) “o trabalho de campo apela ao cruzamento das
diferentes ciências para a compreensão da realidade, estimula a tomada de iniciativa e a
tomada de decisão.”
Para que haja um bom aproveitamento do trabalho de campo, é fundamental que haja
uma boa planificação, utilizar uma metodologia adequada e dedicar o tempo necessário
a cada uma das tarefas programadas. Martin (2000, p. 101) considera que “o trabalho de
campo deve ser desenvolvido de forma contextualizada com um conjunto de actividade
de ensino-aprendizagem articuladas entre si, que contribuíam para conectar os
conhecimentos dos alunos antes, durante e depois da saída”. Os materiais elaborados
para a saída devem estar pensados para exercitar destrezas como a observação, mas
também para fomentar a reflexão no aluno, para este expor as suas ideias e exercitar
capacidades.
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8 Conclusão
Ao definirmos saída de campo para História e Geografia, podemos considerar todas as
deslocações que se fazem dentro ou fora do recinto escolar, onde se realize o devido
trabalho de campo. Sem trabalho de campo, não pode haver saída de campo e vice-
versa. Importante definir a importância que esta actividade possui nas duas áreas
disciplinares, em Geografia por ser fundamental para o aluno conhecer o meio
envolvente, e em História por possibilitar o aluno de conhecer a história do seu país, de
uma determinada região ou localidade. O resultado deste trabalho reflecte a importância
da realização desta actividade, numa região onde se conseguiu conciliar as duas áreas
disciplinares. Ao analisarmos os principais resultados, conseguimos verificar uma
diferença significativa que esta actividade produziu nos conhecimentos dos alunos. Para
isso, é importante comparar o antes e o depois da saída de campo. Ao fazermos esta
comparação acabamos por concluir que este tipo de actividades, produzem um efeito
muito positivo e motivante para os alunos.
Nas conclusões de um estudo desta natureza há que referir um aspecto muito
importante: estamos perante um estudo de investigação educacional e, por este motivo,
as conclusões que chegamos não são susceptíveis de generalizações abusivas. Os
resultados deste estudo, não significa que todos os professores que decidirem adoptar
esta estratégia tenham os mesmos resultados. Com outros alunos, professores, num
contexto educativo distinto, naturalmente os resultados seriam diferentes. Com este
estudo de caso apresentado ao longo deste relatório, era nossa objectivo compreender a
pertinência das saídas de campo, no processo de ensino-aprendizagem nas áreas
disciplinares de História e Geografia.
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9 Referências Bibliográficas
1. Almeida, A. (1998). Visitas de estudo: concepções e eficácia na aprendizagem.
Lisboa: Livros Horizonte
2. Miguéns, M. (1991). Actividades práticas na Educação em Ciência: Que
modalidade? Aprender, 14
3. Orion, N.; Hofstein, A. (1991). The Measurement of Students Attitudes Towards
Scientific Fied Trips. Science Education; 75 (5)
4. ME/DREN (2004). Oficio-circular nº 21/04 de 11 de Março. (Visitas de estudo
ao estrangeiro e em território nacional; intercâmbios escolares; passeios
escolares e colónias de férias). Porto: Direção Regional de Educação do Norte.
5. Monteiro, M. (1995). Intercâmbios e visitas de estudo. In A. D. de Carvalho
(Org.). Novas Metodologias em Educação. Porto: Porto Editora
6. Tejada Cuesta, L. (2009). “Las salidas, un recurso para el aprendizaje en
educación infantil”. Sevilha: e/d Disponível em http://www.csi
csif.es/andalucia/modules/mod_ense/revista/pdf/Numero_14/LIDIA_TEJADA_
1.pdf (Acedido a 7 de Setembro de 2016)
7. Del Cármen, L.; Predinaci, E. (1997). El uso del entorno y el trabajo de campo.
In Carmen L. (Coord.). La Enseñanza y el aprendizaje de las ciências de la
naturaleza en la educación secundaria. Barcelona: I.C.E. Universitat Barcelona
e Editorial Horsori
8. Compiani, M.; Carneiro, C. (1993). Os papéis didáticos das excursões
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9. López Martín, J. (2000). Las salidas de campo:
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