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ANGOLA AIRLINES
DURANTE OS quatro anos e meio de publicação de cadernos do
terceiro mundo raras vezes tivemos semelhante dificuldade
em «fechar» uma edição. Essa dificuldade, que motiva um
Inevitável atraso na distribuição da revista, advém exclusivamente
do prolongamento de dois acontecimentos que continuam a agitar
a cena politica mundial: Malvinas e Llbano.
Se, como publicação mensal, não podemos pretender o
acompanhamento das crises internacionais - bruscamente
alteredas em muitas ocasi6es num limitado espaço de tempo, dias
ou mesmo horas -situaç6es há que não é posslvel virmos a prelo
sem 8 elas nos referirmos, seja por um desfecho previslvel
(Ma/vlnas), seja por um abrupto acontecimento de dimensões e
implicações gravlssimas (Llbano).
, . No extenso «dossier» que dedicamos ao tema Malvinas, partimos
" ':~'.:' <: 0'0 ~ de uma resenha histórica e da abordagem da questão do petróleo
I .'
para a análise politica e militar dos antecedentes e do desenrolar
,' o
",\
O" ••••
da crise. Conclulmos com uma visão da nova Argentina que
, .,0
forçosamente sairá da derrota dos generais de Buenos Aires e da
" ;" mudança radicai nas alianças, estratégias e definições politicas
., produzidas pela tentetiva frustrada da Junta militar para recuperar
.'. . .,". o arquipélago do AtJ4ntico Sul.
Como era esperado, Galtieri não sobreviveu à rendição e os
.. :". ;'.:. "
. ' " . membros da Junta, na incapacidade de encontrarem um
candidato consensual, entraram em conflito entra si. A
permanência no cargo do novo presidente imposto pelo exército,
•• • ,0 general Bignone, surge aos olhos de todos muito duvidosa .
'.' Quanto a nós, uma certeza: a situação na Argentina estará
' ,','
'
.
. ..... presente nas páginas das nossas próximas edições.
'.' De Beirute, onde se encontravam no principio de JunHo, Neiva
Moreira e Beatriz Bissio trazem-nos testemunho dos
bombardeamentos israelites que ao longo de todo esse mês
arrasaram a capital libanesa. Nos seus textos, os nossos
companheiros corroboram a interpretação de um largo sector da
opinião pública internacional, para quem a politica sionista 'na
região assenta no genocldio do povo palestino e no megalómano
sonho do «Grande Israel», que se estenderia do Nilo ao Eufrates:
as duas linhas azuis da bandeira do Estado israelita.
Os métodos para a «solução final» palestina, aplicados por Begin e
Sharon, assemelham-se aos outrora tentados por Hitler, quando o·
«Fumer» pretendeu o extermlnio da população judaica. Se na
Europa das décadas de 30 e 40 os judeus eram diferenciados por
uma humilhante estrala amarela, no Llbano, em 1982, o exército de
ocupação israelita marca os palestinos com uma cruz nas costas.
Mas todos sabemos que, dos mil anos a que aspirava, o III Reich
durou apenas doze.
~_ _ _ _ _IIIIIDII_ _ _IllDlllIllUDllIUIUlllnIUUnnIRlWUW IIUIIIIIIIIIIIIIIUIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
arta
Malvlnas
Em toda a questão da guerra das Ma/vi- Graças à extensa análise que oscader-
nas, para lá da acção coi0niaiista britâ-
nos do terceiro mundo publicaram sobre a
nica, da -solidariedade- do imperialismo
(com particular realce no apoio norte- -Nova Ordem Informativa Intemacional.
pude esclarecer multas dúvidas que este
-americano à senhora Thatcher) e do 0ci-
dente em geral (até o senhor Balsemão e termo teve sempre para mim. Após a lei-
amigos. .. ), hã um aspecID curioslssimo tura dos vários artigos cheguei a uma
...
que vali a pene referir. Falo da grande conclusAo a que muitos outros leitores
-arnbeIhota. que os generais argentinos A derrota a que me quero reterir é esta: chegaram certamente: é ainda muito
torIm abrigados a efectuar no que res- os povos da América latina devem ter longo o caminho para que o Terceiro
pela • alianças (embora tácticas) e percebido bem a lição e hão-de pressionar Mundo alcance um verdadeiro sistema aI-
os seus go'IGmos a oporem-se às alianças tematlvo à Informação comandada e
PIra lustrar esta situação basta reler com Washington. Claro que não me refiro orientada pelas grandes empresas trans-
uma pequena noticia vinda no número dos a todos os govemos latino-americanos, nacionais.
Alberto Chambuga, Mapufo
CIIdIrnoiI de Janeiro deste ano. AD tomar pois alguns deles não precisaram das
posae do &eu cargo de ministro dos Negó- Malvinas para saberem o que são os diri-
cios Eslrangeiros, Costa Méndez decla- gentes norte-americanos, corno é o caso
rava orgulhoso que a Argentina, ao oon- de Cuba, Nicarágua, etc.
trWIo etc. palses do Terceiro Mundo, per- Manuel Anjos, Luanda illllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllll
. . . . . , grupo das -naçóes de raça
Innca • de religião cristã- e que o seu Brasil, Cuba e Nicarágua
pala . . estava identificado - nem com a IntercAmblo
orfgInI lIIIIórica nem com as condições (... ) Gostaria de vos pedir: primeiro, uma
soc:iaIIIoo dIIsse bloco. E acrescentava reportagem sobre a situação económica
Costa M6ndez que o aspecto fundamental brasileira no que diz respeito a emprésti- • D. Marques Gaivão
da politica externa da Argentna seria -a mos ao exterior e contratos de risco em Caixa Postal 134
manutenção de boas relações com os es- projectos de mineração; segundo, uma 58000, João PeS$08, PB - Brasil
tados Unidos-. reportagem sobre Cuba e Nicarágua -
Pelos vistosos norte-americanos nunca palses pelos quais tenho grarlde admira- • Guilherme J. Ferreira da Rocha
deixaram de oonsiderar a Argentina um ção - também no campo económico. Rua Feliciano de Aguiar, 424, Casa 1,
aliado -branco e cristão- de segunda Guilherme J.F. Rocha, Rio de Janeiro Fundos, Maria da Graça
classe e não hesitaram em 98 colocar ao 20781 , Rio de Janeiro, RJ - Brasil
lado dos ingleses quando chegou a hora gula
de escolher o campo. Outra conclusão que Já me tinha habituado, no inicio de cada • Rui de Carvalho M. da CUnha
os generais de Buenos Aires já tiraram ano, a adquirir o -guia do terceiro mundo- Escola Nacional de Aviação Militar
certamenta é a de que a solidariedade tem que, para mim representa mais do que C.P. 140, Negage - Ulge
vindo apenas desse Terceiro Mundo que uma publicação a comprar regularmente. Rep. Pop. de Angola
tratavam com desprezo e do mundo socia- É um utensllio de trabalho dada a minha
lista que não tem regateado apoio politico qualidade de professor lioeal de his16ria. • CsrIos Manuel Bravo Rodrigues
apesar do anti-<:omunlsrno visceral dos Corno Idé agora ainda o não vi à venda Praça da Igreja, 7, c/v D.
governantes argentinos. nem tão-pouco anunciado na revista, 27~ Amadora - Pot1ugal
A -cambalhota- a que me refiro é ex- pergunto-vos: sai ou não sai o gula de 82?
emplificada pelos calorosos agradecimen- • EsMvão Helder FaJé Infante
tos de Costa Méndez ao Movimento dos Albino Esteves, Usboa Av. Combatantes da Grarlde Guerra, 80,
Não-Alinhados e ao seu presidente, Fldel 2.° D.
n. d. r: Com efeito, em 1982 não haverá 2700 ~ - Portugal
Castro. Terá ele descoberto onde deverá «guia». Publicado durante dois anos con-
procurar os 'lGrdadeiros amigos? E esse secutivos em que figurou corno -best- • Ladislau José Bernardo
reconhecimento perdurará para lá do fim -eellero, não só nas livrar/as poIfuguesas Rua Joaquim Kapango, C.P. 447
da guerra? mas igualmente em Angola e Moçambi- W~ - Rep. Pop. de Angola
António Costa Torres, que, o nosso suplemento anual correria o
risco de não poder oferecer aos le/fores • José castigo Mutemba
Portalegre,Portugal C.P. 2814
811f1cienfes aspectos Inovadores e que, ao . Maputo - Rep. Pop. de Moçambique
Qualquer que seja o resultado final da repetir parte do seu texto, não justlf/casse
crise das Malvinas, um dos derrotados é, plenamente a compra e consulta de uma • Bemardo Vasco Chavango
de certa forma, o govemo dos Estados nova edlç/lo. Mas podemos anunciar que Largo da Palmeira Manhlça, C.P. 3
Unidos. A razão é simples: a preparaçlJo do gula 83 Já se Iniciou nas Maputo - Rep. Pop. de Moçambique
AD apoiarem a reacção colonialista dos nossas redaç6es no México, Rio de Ja- • Mutar cassamá
ingleses, depois de hipocritamente se neiro e Usboa, prevendo toda a equipa de alc Am4ncio da Cunha, C.P. 100
terem mostrado neutrais, os norte-ameri- «cademos de terceiro mundo- lançar a Bissau - Rep. da Gulné-Bissau
canos revelaram perante todos os povos próxima edlç/lo em Dezembro de 1982 ou • Utos Jerónimo dos Santos
latino-americanos que quando foi neces- Janeiro do próximo ano. E desde Já esta- C.P. 634 - Belra-Sofala, Rep. Pap. de
sário escolher entre o -espirito america- mos em condlç6es de assegurar que o Moçambique
no- e o -clube da NATO., eles não hesita- gula 83 contará, além das actuallzaç6es • Albino Chlmuca da Costa Changonga
ram nem nunca hesitarão. Entre os - ir- das monoaraflas dos Dalses. das tabelas C.P. 634 - Beira - Sofala
mãos continentais- e os -primos britâni- económicas e estatlstlcas, novas Rep. Pap. de Moçambique
cos-, Reagan, HaIg e Comp.· não perde- secç6es que /enio um dmblto não confi- • Avelino da Costa Lobo
ram muito tempo: passaram-se para o nado apenas aos palses considerados do C.P. 720 - Luanda
lado dos -primos-. Terceiro Mundo. Rap. Pap. de Angola
Comunicação
43 A guerra psicológica da elA, Fred Landis
América Latina
53 Nicaráglla: «Zero- à direita, Arqueies Morales
Médio Oriente - . I
62 Beirute sob as bombas, Beatriz Bissio
71 O ataque israelita: como nos tempos de Hitler, Neiva Moreira
Norte-Sul
77 O sistema do café, Marcos Arruda
81 Panorama Tricontinental
~C~ie~An~c~i~a~e~t~ec~n~o~l~o~g~i~a~_____________________________ ~_ _
89 ' Pode a mandioca salvar o Terceiro Mundo? Ed Cowan Reforma Agrária em Cabo Verde
~ EdItorial ~
Duq Ribeiro - J.... Somavla
HeDry PuJe Gorda Editor. Director: Albllr L Campo.
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Poblo Piacentini e BeattU Bissio WUfredBwd>eIt Proprledllde:
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~ do tauiro mUDdo utiliza os serviços da.! seguinles .pias: Juan Sánchez Ramirez 41 , Santo Domlngo .- DESVIGNE,
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vic), SHlHATA (Tanzania), WAFA (Palestina), e do pooI de apias dos RAL DA ALEMANHA: Gunlher HopfenmOUer, Jerlngstr 155,
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News de Dar-.Salaam (Tanzania). las, S.A., Ave México Lechoso a Pie. BrIon, Caracas.
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AntI6ItIcIII
militar mais aristocrático da Argentina . As uas posi- Mas isso não aconteceu . AJexander Haig não
ções nacionalistas derivam muito mais de um senti-o manteve apenas os seus vínculos com a NATO, e
mento de competição com os europeus do que do portanto com os ingleses, como foi até Buenos Aires
nacionalismo revolucionário de outros países do Ter- · para pressionar os militares que antes o consideravam
ceiro Mundo . Seria, mais ou menos, como o naciona-· como um aliado. Isso provocou uma forte reacção
lismo pequeno-burguês de alguns países do velho militar que causou também fortes fissuras no plano
mundo . interno. Não há dúvidas de que os militares argentinos
A marinha argentina foi também quem sofreu o . prepararam muito bem a tomada das ilhas Malvinas
primeiro choque com a ocupação das ilhas Ge6rgias do segundo um plano militar minuciosamente elaborado
Sul. A sua reacção ao ataque britânico e à posição nos aspectos técnicos. Mas falharam completamente
norte-americana foi de uma profunda irritação. Uma na avaliação das circunstâncias políticas internas e
irritação que terá consequências ainda não previsíveis. externas .
O exército foi também profundamente afectado . Da mesma forma que não previram a violenta
Após o golpe contra o general Viola, o regime militar . reacção britânica, com a intransigências da senhora
alinhou-se rigidamente com o departamento de Estado Thatcher e a «traição- norte-americana, também in- ·
norte-americano . O general Galtieri enviou militares ternamente eles não conseguiram perceber que os
argentinos para EI Salvador, prometeu efectivos para interesses económicos europeus e norte-americanos
uma força de paz no Sinai e retomou a política de seriam capazes de causar importantes tensões. Depois
alinhamento automático com os Estados Unidos . O de se autoproclamarem adeptos do Primeiro Mundo,
governo actual chegou a apresentar-se como o melhor não esperavam que o governo britânico sofresse uma
aliado de Reagan na América Latina . «recaída- imperial e colonialista. Para a primeira-mi- ·
nistra Thatcher, Galtieri passou a ser um «ditador
Um erro de cálculo cruel- , logo que as Malvinas foram tomadas. Toda a
velha soberba britânica ressurgiu repentinamente,
Mas a crise das Malvinas mudou todo esse quadro . para espanto dos a sessores de Galtieri que se conside- ·
Galtieri contava com o apoio incondicional dos Esta-· ravam aceites no fechado círculo dos bons e fiéis
dos Unidos contra a Inglaterra. Inf()rmações bastante anticomunistas . O desprezo inglês e a vontade de
fidedignas indicam que Galtieri e os seus auxiliares no castigar o regime militar de Buenos Aires da mesma
exército estavam convencidos que o departamento de forma que a rainha Victória punia os rebeldes das suas
Estado norte-americano não vacilaria em apoiar o colónias, colocaram alguns ministros do governo em
governo argentino para preservar um aliado capaz de posições extremamente delicadas. O mais atingido foi
segui-lo na arriscada aposta salvadorenha. .0 ministro dos Neg60ios Estrangeiros e do Culto,
V8IIcIII8VW'II •
ocupeçto • p8gOU
_erro com o ...
C8I'gO
propaganda na imprensa escrita e na televisão. Mas grande importância às modificações na área rruhtar.
Em primeiro lugar, pelo destaque conquistado pelos
não tem força para impedir que os políticos avancem.
chamados oficiais combatientes, ou seja o sector que
Mas o custo da guerra, tant& em viaas como em
recll.ÇSOS económicos, obrigou o general Galtieri a se envolveu directamente nas operações militares das
Malvinas, ou os que, estando na segunda linha do
fazer concessões que antes da crise eram impensáveis
para os militares. Isso ficou claro no dia seguinte à poder, tendem a recolher os dividendos do desgaste
dos que ocupavam os 'principais postos do governo.
invasão britânica das ilhas Geórgias, quando os prin-
cipais sindicatos argentinos encheram a Praça de O outro factor militar é a tendência, detectada
Mayo, numa manifestação que não foi autorizada nem dentro dos sectores mais nacionalistas, de procurar um
reprimida pelo governo. Nessa manifestação, reapare- entendimento directo com os sindicatos, tentando uma
ceram os bombos peronistas e s/ogans como .Peron, reprodução modernizada do corporativismo. Os mili·
Peron, mi corazón», que antes eram sufocados com tares mais nacionalistas no sentido pequeno-burguês,
granadas de gás lacrimogénio e bastonadas. No meio acham que os partidos, e principalmente os seus lide·
$&1V.~11'
.9l'CCllteCCII
.9f.9Võiva
a9Yõílcl áõ %sert,(J &'r':ffias. .
PUBLICAÇÕES EUROPA-AMÉRICA
Petróleo:
chave para o
quebra-cabeças
Um pedaço de terreno rochoso ou um
segundo Kuwait? As Malvinas, com
grandes jazidas petrolíferas, poderiam
tlansformar a Argentina no segundo
exportador sul-americano de «crudé». É
essa a opinião de Silenzi de Stagni,
especialista argentino no assunto
BeétlrlZ Bissio
S/'enzj de Sú!gn'
it.
Numa resenha dós principais antecedentes que se
~ri umar l fM"la ia
conhecem do interesse britânico na riqueza petrolífera
cHpIctmalklt esti ;sei dl"IJO!'>1.~ a potencial das Malvinas, Silenzi recorda que «na sua
edição de 29 de Novembro de 1969, o jornal La
trocar uma n... sohHania subI"(' ..
{lrquipt"laao ""1..
t.a-patrtki~:an lU'
XpltN"a(IIIJ du 1M"1'Ók'C. na bIM'úe 'h....
Nación publicou um telex da Associated Press, pro-
veniente de Londres, que intitulou 'A exploração da
plataforma continental das Malvinas'. Segundo esse
Malvina.o; telex, 'fontes autorizadas do governo britânico' afir-
mavam que estavam sendo estudados 'diversos pedi-
dos para explorar a plataforma continental em torno
do arquipélago' em busca de petróleo •. Acrescenta o
Janeiro, começavam a chegar as versões da ocupação autor que os pedidos haviam sido apresentados por
militar das Malvinas por tropas argentinas. Conhe- · diversas companhias petrolíferas ao governador inglês
cendo como poucos o problema das ilhas e também a das Malvinas e que este tinha transferido para o
fLlosofia que o governo do seu país defende - a qual Foreign OJJice a decisão final sobre o assunto. Ainda
combateu com tantos ar~umentos de peso nos seus segundo esse telex, «a Grã-Bretanha (apelando para o
livros - Silenzi achava necessária a sua presença na direito internacional) pode reclamar direitos sobre o
Argentina nesses momentos críticos . petróleo e minerais da plataforma continental em
Em sua opinião, a tomada das Malvinas correspon-· frente às Malvinas, até uma profundidade de 200
deu a uma sentida aspiração popular (Silenzi apoiou a metros. De facto, as águas em tomo das ilhas são
acção militar e inclusive instou a que se tomasse esse consideravelmente menos profundas .. conclui o men- ·
tipo de medida) . Porém, por isso mesmo, se a opera- cionado despacho telegráfico.
ção estivesse inspirada em objectivos de curto alcance, Silenzi não deixa o facto sem resposta, demons- ·
, procurando um efeito político interno, o episódio trando a inexactidão da afirmação: «Uma potência
poderia terminar com a entrega do petróleo das Malvi- · ocupante de um território a ser descolonizado (as
nas às transnacionais ou ao usufruto britânico, em Malvinas entram nessa categoria segundo a resolução
troca de uma soberania sobre as ilhas que. - desprovi- 2065 de 1965, aprovada pela Assembleia Geral da
das da sua riqueza em hidrocarbonetos - perderiam a ONU), onde há controvérsia sobre a sua soberania e
maior parte do seu valor estratégico. em relaçao à qual as Nações Unidas recomendaram
-Os militares querem reivindicá-las, porém uma meios concretos de solução, não pode alegar nenhum
vez satisfeito o orgulho nacional, vão entregar o petró- direito sobre Qualquer tipo de jurisdição marítima,
leo., dizia-nos . «E quero dizê-lo para que se publique chame-se mar territorial, plataforma continental ou
e se dissipem as eventuais dúvidas , que a Argentina mar patrimonial ...
pode explorar o petróleo por si mesma. Hoje em dia Segundo os estudos de Silenzi, naquela época, a
quem não tem tecnologia, compra-a. E acrescentou: Grã-Bretanha havia feito um novo e documentado
-Este governo está reeditando, e de forma mais aceno . mapa geológico da região, que «já permitia adiantar
tuada, a polftica económica de Videla . Desnacionaliza que a bacia das Malvinas continha estratos de sedio.
todas as actividades produtivas e não os serviços mentos de uma espessura duas a três vezes maior qu.e l).
públicos. E pretende desnacionalizar o petróleo, que é do mar do Norte ... Uma das consequências desse
o oegócio de maior rentabilidade do mundo .• estudo. sel!:undo o autor. foi Que «a partir de então se
Silenzi regressou apesar das ameaças, e tal como decidiu que todos os trabalhos de prospecção geofi- ·
previa a sua presença em Buenos Aires foi fecunda, sica nas águas que circundam o arquipélago deviam
desempenhando uma intensa actividade desde então, ser realizadas de forma estritamente reservada, rece- ·
em diferentes níveis. A escalada bélica que levou à bendo instruções directas do Fort!ign Office».
guerra no Atlântico Sul deu uma nova e relevante força
às afirmações premonitórias do seu livro.
«Relatório Griffiths..
As revelações de SUenzi
O primeiro documento dando conta da enorme
Como uma nota prévia das conclusões da sua potencialidade petrolífera das Malvinas data de 1975 e
intensificação ~as explorações de petróleo e gás no I de metros cúbicos) . Por dedução, afirma: «Se levar· ·
continente» . mos em conta que a plataforma continental da Argeri· ·
Em argumentações posteriores , Garcia Mata de· · tina é quatro vezes mais extensa que a dos Estados
fende a sua tese de arrendamento por 30 anos , assina· Unidos, que a espessura dos sedimentos é maior, e
lando que no fim do período, o problema energético que, das bacias argentinas, duas já se encontram em
será muito diferente do actual, pelo& avanços conquis· · produção em terra fmne, seria acertado calcular que a
tados através da utilização do urâÕio, e que, por essa reserva de petróleo da plataforma continental da Ar· ·
razão, não seria tão importante preservar as jazidas gentina é, pelo menos, quatro vezes ~aior que a dos
das Malvinas para as futuras gerações de argentinos . Estados Unidos no Atlântico». Ou seja, . um volume
de petróleo potencialmente recuperável entre os 6,4 e
Também um chileno os 32 biliões de metros cúbicos».
Datam de 1975 os estuõos do geólogo chilel!0 Outro relatório britânico, o de Lord Shacleton,
Bernardo Grossling, que támbém se ocupou do petró·· apresentado às autoridades inglesas em Julho de 1966,
leo das Malvinas. No seu trabalho «As perspectivas e que também confirma a presença de petróleo, faz
petrolfferas da América Latina dentro da crise de referência ao estudos de Grossling.
energia», citado por Silenzi , esse cientista afirma que .
-a plataforma continental da Argentina pode ser com•. O dr. Silenzi recorda que «o axioma no campo da
parada com a da bacia da costa do Golfo do México e geologia do petróleo é que quanto maior o volume de
com a plataforma continental dos Estados Unidos no sedimentos, maiores são as probalidades de achar
Atlântico • . petróleo»_ Assim, para Silenzi, é de extrema impor· .
Grossling assinala que as reservas calculadas na tância o dado segundo o qual, o volume de sedimentos.
plataforma continental atlântica dos Estados Unidos das Malvinas é quatro vezes maior que o dos Estados _
oscilam entre 10 e 50 biliões de barris (1,6 a 8 biliões Unidos sobre o Oceano Atlântico.
Num artigo de 3 de Junho de 1981 , o Wall Street de comunicação transnacionais terem omitido qual-
Journal refere-se também à potencialidade petrolí- . quer referência directa ao pano de fundo da crise, é
fera argentina. O autor é o jornalista Bill Paul , espe"· evidente que nos gabinetes da senhora Margaret That-
cialista no assunto. Afmna ele: «Geólogos que têm cher e do general Alexander Haig não se ignora a
estudado o país afmnam que a Argentina pode~ documentação que o dr. Silenzi revela no seu Livro.
exportar até 300 mil barris por dia nos próximos anos. Pelo contrário, eles devem dispor de relatórios ainda
Ocuparia assim o segundo lugar, depois da Vene- · mais amplos e actualizados e que nunca foram levados
zuela, entre os exportadores sul-americanos e ficaria ao conhecimento do público .
na frente de alguns membros da Organização de Países
Rádios uruguaias que comentavam a crise nas
Exportadores de Petróleo, OPEP".
Malvinas divulgaram um dado interessante, que ajuda
a montar o quebra-cabeças da crise: o sr. Thatcher,
Interesses pessoais e transnacionais marido da primeira-ministra britânica, é um especia-·
lista em assuntos petrolíferos e um dos principais
As informações citadas por Silenzi são contunden- · accionistas da Companhia das Ilhas Falkland. Quando
tes e falam por si mesmas. Este território, que fora Margaret Thatcher enviou a frota em direcção ao
chamado pelo presidente Reagan «um pedaço de ter- o Atlântico Sul não estava apenas a defender o orgulho
reno rochoso .. encerra riquezas incalculáveis e a alta nacional perante a ofensa de um governo que somente
do preço internacional do petróleo já toma a sua agora ela reconhece como autoritário. Defendia tam-·
exploração economicamente viável. Apesar dos meios bém interesses de família. O
o~rigação moral assumida perante uma opinião pú- ram o O entusiasmo manifestado pela opinião pública
blica que viu na invasão das Malvinas uma luta antico- foi ilimitado e muito superior às respostas b6licas
lo?~al, enquanto a Junta responsável directa pela acção dadas pela Junta, que vacilou no terreno diplomático e
milItar buscava uma escapatória. Essa dicotomia es- no terreno que teoricamente lhe era próprio: o terreno
teve presente em todos os momentos da crise, mesmo da guerra. A única força que em rigor se salvou foi a
quando pareceu a muitos que o regime militar havia
conseguido romper o círculo fechado do isolamento
Força A6rea, cujos pilotos depois do ,."i"
a6reo do dia
25 de Maio passaram a lutar mais como argentinos
polftico. patriotas do que como profissionais na arte de conduzir
aviões.
Duas guerras
A Marinha foi a grande ausente, embora os seus
Na verdade, aconteceram duas guerras pelas orgulhosos oficiais tenham sido os mais intransigentes
Malvinas: a guerra travada pelos militares, que fize- e radicais face à posição norte-americana. O Ex6rcito
ram das ilhas uma peça do seu jogo para reconquistar entregou todas as forças estacionadas nas ilhas ao
um mInimo de base popular, e uma negociação nebu- comando do general Mario Benjamin Men6ndez, um
losa com os grandes de Washington; e a guerra do povo oficial de ascend~ncia indígena, marcado pela san-
argentino . A primeira era uma jogada polItica, a se- grenta repressão dos movimentos guerrilheiros de
gunda era a expressão de velhos sentimentos antico- Córdoba e Tucumán, em 76 e 77. Men6ndez transfor-
lonialistas, especialmente antibritânicos, porque em mou a batalha das Malvinas numa guerra pessoal. Ele
~s ocasiões anteriores a Inglaterra já havia in vadido o queria mostrar aos generais da aristocracia do Campo
te'!itório argentino. O recuo norte-americano deixou a de Mayo que era capaz de ganhar sozinho o combate
Junta à merd do impulso anticolonial. contra os ingleses. O orgulho pessoal foi mais forte do
Foi essa perda de iniciativa politica que caracteri- que a sua capacidade como comandante, testada ape-
zou o desenrolar da crise durante o final de Abril e o nas numa guerra suja contra guerrilheiros. O resultado
?lês de Maio. A opinião pública, despertada pela 6 que Men6ndez sucumbiu melancolicamente perante
Invasão, obrigou os militares a fazerem aquilo que eles o desembarque dos fuzileiros britânicos. A sua suposta
deveriam saber fazer mais do que ningu6m: defender o eficiência (revelada na hora de massacrar rebeldes em
pafs e os seus direitos. Tucumán e Córdoba) desapareceu quando o inimigo
Acontece que os militares não souberam encon- era branco, europeu e defensor dos mesmos interesses
trar uma solução para a contradição em que se mete- politico-económicos que ele representa.
Vlra.cm "ctlca
Esta viragem, no entanto, foi de ordem táctica.
Obrigada pelas circunst1ncias, a Junta militar
voltou-se para os países socialistas e para os nlo-
-alinhados. Mas no seio das forças armadas e do
establishment argentino, .no momento em que se
adoptaram essas decisões, houve grupos que se pro-
nunciaram contra uma inversão das alianças, o que,
segundo eles, teria tomado Moscovo objecto de uma
relação preferencial.
Esses sectores opinavam que, uma vez terminada a
quebra das alianças provocada pela crise do guerra, a Argentina deveria voltar ao «curral- oci-
A Atlântico Sul abriu inesperadas possibilida-
des para a integração da América Latina, uma
aspiração sempre adiada. A aplicação de sanções
dental. A disputa entre as duas alas acarretou diver-
sas ambiguidades . Por isso, ati que a correlação de
forças se esclareça e se estabeleça uma nova política
contra a Argentina por parte dos Estados Unidos e da externa, esses aspectos da viragem deveriam ser con-
Comunidade Económica Europeia (CEE) - com ex- siderados como meramente tácticos.
cepção da Itália e da Irlanda - interrompeu o fluxo Em compensação , a abertura em direcção à~
comercial com a Argentina, que respondeu proibindo rica Latina poderia ter características duradouras. É
as importações dos países dessas áreas . difícil prever quanto tempo e que dimensão terá o
Essas medidas, juntamente com o rancor por esses conflito com a área ocidental, mas é fácil imaginar a
países terem apoiado a Grã-Bretanha numa guerra resisltncia a um rápido retomo a curto prazo aos
colonial sangrenta com a Argentina, criaram as pre- termos anteriores, independentemente do governo que
missas políticas para a cisão da Organização dos esteja no poder em Buenos Aires.
Estados Americanos (OEA) e para a deterioração dos E existem, por outro lado, reais oportunidades de
vínculos entre a América Latina e a Europa Ocidental. ampliar o intercAmbio regional com o qual todas as
A Argentina foi o país directamente afectado e partes só ~m a ganhar. O problema que a Argentina,
viu-se obrigada a buscar solidariedade e intercâmbio o Pacto Andino e os países membros do comité de
em outras regiões . Logicamente, escolheu a América apoio do SELA terão de resolver tem a ver corri o tipo
Latina como prioritária pois os países irmãos apoia- de integÍ-açio que irão favorecer. O desejo de integra-
ram por esmagadora maioria a reivindicação das ção não elimina as limitações inerentes à condição de
Malvinas e condenaram a iniciativa bélica dos ingle- pafses subdesenvolvidos e dependentes, como são -
ses. guardando-se as diferenças de grau - os latino-
Na realidade, o governo militar argentino que, -americanos.
desde a sua instalação em Março de 1976, tinha dado Essa condição consiste em serem exportadores de
prioridade à sua relação com o Ocidente, viu-se produtos básicos e importadores de manufacturados e
compelido a empreender uma viragem táctica de 180 maquinaria, contando com um baixo grau de indus-
40 ~ do terceiro mundo
trializaçlo. Como já existe intercAmbio a nível de Unidos e a CEE - seriam os seus fornecedores indus-
produtos básicos, t pouco o que se pode expandir por triais.
esse lado, e no máximo, um país poderia comprar à Proc~u-se, assi'!l' encaixar a economia do país
Argentina os alimentos que estava a adquirir noutro no proJ~to da ComIssão Trilateral. Essa orientação
pais latino-americano. c.c0nóml.c~ com~l~m~ntava-se com uma aliança poU-
hca e mtlitar pnvilegJada com as po~ncias capitalis-
IDtearaçio marginal ~s e, em primeiro lugar, com Washington. Enquanto
ISSO, colocava-se em segundo plano a Amtrica Latina
Isso podeni aliviar as dificuldades de momento do e retirava-se importlncia à partiCipaçãO .(14lS institui-
pais platino, mas essa orientação, não uma integra- çócs do Terceiro Mundo.
~o, fomentaria uma substituição de mercados ou, em A iniciativa btlica britAnica e as sançõcs constituí-
outros termos, uma integração marginal. ram a contradição irresistível que quebrou essas
Só t possível caminhar rumo a uma integração alianças e. induziu o governo argentino a procurar
significativa e duradoura se a industrialização regio- novos SÓCiOS com dramática urg~ncia.
nal for incluída. Depois de terem cortado os vÍDculos com a CEE as
Vejamos o caso da Argentina e da Venezuela, que t autoridades argentinas interrogavam-se, por ex~m
importante, pois o governo de Caracas - que conta pio, como fariam para encarar a situação causada por
com um significativo mercado consumidor - manttm uma depend!ncia de 40% na esfera tecnológica.
a decisão poUtica de ampliar o intercâmbio bilateral e . ~ evidente que a Argentina - independentemente
enviou com esse propósito uma missão a Buenos dos problemas poUticos - 010 podeni resolver o
Aires. dilema ~Dóm.ico.em mudar a sua actual orientação.
As exportaçõe. venezuelanas aio compostas de A pounca económica da Junta militar culminou
97% de hidrocarbonetos. Mas a Argentina cobre mais num total fracasso cuja principal vítima foi exacta-
de 90% das suas necessidades petrolíferas, de forma mente o sector industrial.
que apresenta uma limitada capacidade de incremen-
tar as suas importaçpcs com a Venezuela. Condições objectivas
As exportaçõcs argentinas estão mais diversifica-
das. Os produtos básicos - principalmente cereais e O Produto Nacional Bruto (PNB) da Argentina caiu
carnes - representam 74%; maquinaria e equipamen- 6,1% em 1981 e a actividade industrial em 16%. O
tos, 8%; ~xteis, 3%; e outras manufacturas, 15% .(1) PNB cresceu 15% durante os seis anos anteriores ao
Por sua vez, a Venezuela dedica 12% das suas golpe militar de 1976 e caiu cerca de 4% nos seis
iIoportaçócs aos alimentos, contra 83% para maqui- seguintes, entre 1976 e 1981.
naria, equipamentos e manufacturas. V~-se, por- Em 1974, o sector industrial representava 29% do
tinto, que apesar de a Argentina poder ampliar as PNB e, em 1981, tinha baixado para 22%. Como
suas exportaçõcs alimentares, t o sector industrial outros países subdesenvolvidos, a Argentina expandiu
que poderia oferecer as melhores pe.rspcctivas de as suas indústrias durante as duas guerras mundiais,
intensificação do intercâmbio. quando o comtrcio com as potências ocidentais fOI
Paradoxalmente t a própria poUtica argentina o radicalmente afectado.
factor que limita a expansão industrial. Os sectores Hoje, deveria fazer a mesma coisa, mas de forma
nacionalistas e progressistas argentinos são partidá- planeada, para enfrentar a guerra económica que os
rios da industrialização e impulsionaram-na quando seus aliados ocidentais de ontem lhe declararam. E
tinham influ~nçia governamental . Mas o sector do não podeni avançar em. direcção à integração latino-
establishment aliado ao regime militar adoptou um -americana se não cóncretizar com os países da região
programa económico ultraliberal, executado sucessi- um processo de industrialização compartilhada.
vamente pelos ministros da Economia, Martínez de Nenhuns desses caminhos são possíveis se for man-
Hoz e Alemann. Esse sector sustentou que a manuten- tida a política económica ultraliberal do ministro
ção de indóstrias pouco competitivas era muito one- Alemann. Este manteve-se no meio da contradição,
rosa para o país . alegando que essa política e os seus contactos inter-
Por causa disso, a indóstria não foi protegida, nacionais permitiriam à Argentil)a negociar com os.
baixando-se drasticamente as tarifas alfandegárias, seus credores. Mas a Argentina defronta-se com a
fazendo-se com que a competição deixasse agir no hora da verdade.
mercado as indústrias que tivessem condiçõcs vanta- Uma poderosa e inesperada corrente histórica está
josas. Tratava-se de uma orientação semelhante à impelindo o país a integrar-se na Amtrica Latina.
adoptada no Chile pelo regime militar de Augusto Qualquer que seja o resultado da disputa, o facto é
Pinochet. que, até hoje, nunca houve condiçócs objectivas tão
Os ultraliberais afrrmavam que a Argentina deveria favoráveis para que se desenvolva o processo de
acentuar a produção de alimentos e aceitar o esquema integração desta região do Terceiro Mundo. O
de divisão do trabalho internacional, por meio do qual (I) - Dados de 1978. Fonte: World D~v~/opm~nl R~port.
as po~ncias capitalistas - principalmente os Estados 1981. BIIICO Mundial.
--
42 cadernos do terceiro mundo
COMUNICAC--- 11111111111111111111111111~lllllllllmlllllllllllllllllllI
A guerra
psicológica
da elA
«E/ Mercurio», do Chile, o «Dai/y
G/eaner», da Jamaica e «La
Prensa», da Nicarágua, são
ferramentas de uma mesma
estratégia para desestabílízar
governos progressistas Fred Landis*
A última década, quatro minar, caluniando os ministros do Aqui estudaremos o que faz a elA
N países latino-americanos
optaram por um modelo não
governo, promovendo uma con-
tra-elite para substituir o governo
socialista, disseminando desinfor-
com os «seus» jornais quando estes
processos se desenvolvem.
capitalista (ou declaradamente s0- A metodologia
cialista) de desenvolvimento: Chile, mação, fomentando a criação de
Jamaica, Nicarágua e Granada. Nos conflitos artificiais, e coordenando A primeira medida que a CIA
três primeiros casos, a Agência o esforço de propaganda com uma toma ao reestruturar um jornal para
Cen~ de Informações (CIA) dos ofensiva económica, diplomática e utilizá-lo nas suas campanhas deses-
Estados Unidos respondeu, entre paramilitar, de acordo com as tácti- tabilizadoras é levar o dono do jor-
outras medidas, tomando conta do cas de guerra psicológica descritas nal em questão a integrar a junta da
principal jornal do país e utilizan- no Field Manual of Psychological Sociedade Interamericana de Im-
do-o como instrumento de desesta- Operations do exército norte- prensa (SIP). O New York Times
bilização. (G ranada fechou o Jornai -americano. citou (26/12/77) um alto funcioná-
opositor pouco depois da revolução, Essas etapas, juntamente com as rio da CIA, para o qual a SIP seria
por este não cumprir a lei q ue exigia mudanças drásticas de paginação, «uma fonte de acções encobertas»
que os seus proprietários não fossem são tão específicas que tomam pos- da Agência. Num segundo passo, a
estrangeiros) . sível suspeitar da influência da CIA. SIP coloca o país na lista de regimes
A CIA apropria-se dos periódicos Se a ofensiva de propaganda se que ameaçam a liberdade de Im-
através de etapas discretas porém combina com sabotagem econó- prensa. A Divisão de Serviços Téc-
identificáveis: utilizando uma as- mica, o terrorismo paramilitar e ou- nicos da SIP é enviada para «mo-
sociação internacional de Imprensa, tras actividades encobertas, então dernizar» o jornal. As inovações
despedindo parte do pessoal, mo- pode-se afirmar sem dúvida que a «técnicas» quase sempre conduzirão
dernizando o sector de impressão, CIA está em acção. à dispensa dos tipógrafos (cujos
mudando a diagramação da primeira A CIA tem acesso a mais de 200 sindicatos são geralmente de es-
página, usando propaganda subli- periódicos no mundo, assessorados querda na América Latina) e de
pelo Departamento de Orienfação da grande parte do corpo editorial, in-
Propaganda Internacional, que edita cluindo alguns jornalistas conserva-
o boletim Bi-Weekly Propaganda dores.
• o autor t um psicólogo nonc-americano
nascido 00 Oúle, formado pela Universidade Guidance para uso das estações lo- O estilo da primeira página muda
de Illinois com uma tese sobre a guerra psico. cais da CIA nos seus contactos com radicalmente, adoptando fórmulas
lógica no Chile 00 perfodo 1970-13 . ~ cc). . os periódicos. Neles se desenvolve
·autor de um livro sobre o assassinato de
sensacionalistas com grandes fotos e
Orlando Lecelier e produtor de uma curta-me-
uma campanha permanente de pro- títulos. Os jornais conservadores do
lragem sobre as operaçOes jomaUsticas da paganda para evitar processos como Terceiro Mundo destacam quase
CiA, 00 qual se baseou esce artigo extraldo da os do Chile, Jamaica e Nicarág_~a. sempre na sua primeira página notí-
revi.ta Covert ACllon
23 ME~
r- - ...... : ... - .. _ ._.... _--
~
APE1~ Renunció
Minislro dE
Educac;ón
GIRL
ONI
,ap.d
or 1J MIII/ I\Ilfll 111\1 nl"",
D l~ ~N', 0101 .chool QIII nn th ..
9 roun ch (II 'h .. Ali ~n"". 1111 nq"
.ONE S
OY cc
guerra das mentes,,), o sociólogo
Peter Watson anota que no mês de
Maio de 1968, 300 milhões de pan-
fletos psyops (de Us Anny Psycho-
/ogical Operations) foram lançados
sobre o Vietname. Segundo Paul
Linebarger, muitos biliões de
1(1\001 01 ~tudl .. V rn,k Rond ""n' ,hol psyops volantes foram «bombar-
ond ",ill...t br th .. 1'", 1" .. ,,,'. ",o,nlnq deados- pelos Estados Unidos sobre
ond hll gvn ounci 011 "i,
body o teatro de operações alemão . Dado
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14 ...· '.·.4 •• to. .. 'fi " AI "b ('~ ..
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o enorme esforço em imprimir e
,. t.,, 1 .... )ri . , _".1 . lançar este material por detrás das
linhas inimigas, é surpreendente que
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• Durante a Segunda Guerra Mun-
dial, quando os bombardeiros lan-
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doe mlnlmo. de
EetIIdo, 8Im
motivo ..,.,..,.
çavam os panfletos, a fonte dessa
propaganda era evidente para o lei-
tor. Hoje os logotipos dos periódi-
cos conservadores são empregados
mais eficÍlz que o ataque directo a identificados abertamente com um para ocultar a procedência real das
líderes, já que a população local partido, ou que os «pasquins" po- campanhas .
pode reagir adversamente e rechaçar pulistas. Isso explica porque, nos Com centenas de periódicos filia-
este último. Paul Linebarger, o pai tres casos estudados, a ClA se apo- dos, a SIP está pronta a gritar contra
das modernas operações da ClA nos derou do principal jornal conserva- . a «ameaça marxista à Imprensa li-
meios de comunicação, realçava dor de cada país . vre" se o governo atacado tenta res-
que durante a Segunda Guerra A primeira página parece um car- tringir o fluxo de propaganda hostil.
Mundial os Estados Unidos tinham taz ou um panfleto de guerra psico- Em 1969, a ClA tinha cinco agentes
muito mais exito nas campanhas lógica precisamente porque é uma empregados como executivos no El
psicológicas quando os seus «volan- anna de guerra psicológica. A evo- Mercurio. Todos eles foram eleitos,
tes- eram apresentados no estilo e lução histórica é clara. Durante a nos anos seguintes, para integrar a
fonnato dos jornais aleptães . Line- Segunda Guerra Mundial, o Bata- Junta de Directores da SIP. O dono
barger estudou a propaganda dos lhão de Propaganda do exército do El Mercurio foi presidente do
aliados e do eixo nazi-fascista e norte-americano produzia panfletos Comité de Liberdade de Imprensa e,
concluiu que a técnica britânica era que atacavam os lideres inimigos depois, da própria Sociedade.
superior, porque a propaganda era por insinuação na imagem. Depois, Pouco antes da campanha eleito-
apresentada como notícia . os' panfletos assumiram o estilo e o ral contra o primeiro-ministro
Na América Latina, os periódicos fonnato dos diários inimigos . Hoje a social-democrata Michael Manley,
conservadores gozam de mais cre- CIA apodera-se pura e simples- da Jamaica, o editor do Daily Glea-
dibilidade entre todas as classes so- mente do próprio jornal. ner, Oliver Clarke, foi incorporado
ciais que os periódicos oficiais, NolivroThe Waron the Mind (<<A no .Comité Executivo da SIP e agora
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ordinária ser atribuída a uma fonte " ' " - - .. , a _ _ .-.....- C_ a.-...
assassinale tE.
Como pode um jornal colombiano
ser o primeiro a inteirar-se de um
plano secreto na Venezuela? . -,
La Prensa fornece um exemplo
recente deste tipo de propaganda
.negra •. Em 16 de Agosto de 1981, police ....-
officers'
ojornal noticiava que o ministro dos
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--..'
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..... . .. .
Negócios Estrangeiros nicara-
guense, Miguel d ' Escoto, havia-se
referido à igreja católica em tennos
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agentes da ClA. Ante a insistência I • .. • , I . ... . , _
vam o contrário . °
cabo no Chile e Turquia demonstra-
testemunho de
Frei foi feito numa sessão secreta do
Congresso , da qual só se publicaram
versões parciais . Fica claro, no en-
tanto, que Frei referia-se às eleições
chilenas de 1964, quando a elA
investiu. 20 milhões de dólares na
campanha contra Allende . E embora
desconheçamos como foram reali-
zados os estudos, é óbvio que a elA
crê que os seus métodos de propa-
ganda funcionam .
Técnicas subliminares
.. ...... --. -
A bomba psicológica que a elA
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1/3172: AI"" •
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- _.... . . - -- - ... .. ,--.- .... mais gente que a bomba atómica de
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..~ ~ "' . -
n~~'
fracassar.
De acordo com a terminologia do
exército norte-americano, as etapas
são: Propaganda, Operações Psico-
a=::-__ =t-=..- :-::.-;;=
'.-:.;:;K ~~_~::-
_ _ O'a-.te . . ..........., _ _
1
lógicas, Guerra Psicológica, Assun-
tos Civis e Reconstrução.
~resó de- Propaganda - Destinada a apre-
sentar uma imagem positiva dos Es-
tados Unidos e negativa do bloco
socialista. Nesse esforço, a CIA co-
labora com a Agência de Comunica-
ção Internacional dos Estados Uni-
dos, que está em processo de reor-
ganização e recuperará o seu antigo
nome de USIA (United States ln-
formation Agency).
---;.para esta luchó nuestro Operações psicológicas - São
.(' : Calvario de un in desenvolvidas em tempos de paz
para influir nas eleições ou na polí-
~ .: ~E.-:i ~=::--: :;:'1-:'::' ::::.- tica de um Governo estrangeiro.
U/u"'~ Nr~ Guerra psicológica - É uma
18 muertos eiãccidenta guerra não-declarada. Todas as
agências do governo norte-america-
no coordenam as suas actividades e
todos os recursos são mobilizados,
menos a guerra aberta. Grupos de
resistência clandestinos ou declara-
dos são montados pela CIA. Tenta-
-se mobilizar as massas contra o
governo . Operações paramilitares,
- - f, ...... "..w... CM li. - inclusive subversão e assassinatos,
Cruzsevah "'o _. - - - ", ___ ... La Prensa lnal"
são coordenadas com a propaganda
subversiva. Embora instigados pela
~i":§ ~.:;,:.:.1~iª ~~ no a/mboIo da CIA, os seus agentes são fundamen-
cnrz
talmente «nativos~, civis ou milita-
---,- ,- 00. - - -
AJex La Guma
As contradições e os
dramas explosivos
da África do Sul ,
numa linguagem rica
e densa, a par de igual
exactidão
no retrato do mundo negro,
que resiste .
Putora _ _ _- - í
AFRICAIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII111111111111111111111111111111111111111111111111111111111IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIi
Cabo Verde
Refonna Agrária
deita sementes à terra
A nova Lei de Bases procurará pÔr termo aos
regimes indirectos de exploração da terra, benefi-
ciando camponeses e pequenos proprietários
Baptista da Silva
D,
Je
S,
~a
~ ICIbo Verde • um pai. que 80fre .. COONqutncl. . da MCa que .tlr1ge todo o SlheI.
os tigo 4.° da Lei de Bases afinna ta- Com o pensamento no futuro, o ques e banquetas para protecção
~. xativamente que a realização da Re- secretário de Estado da Coopera- dos solos da erosão de águas e ven-
~ fonoa Agrária será concretizada ção e Planeamento de Cabo Verde, tos, luta contra a desertificação e a
~e segundo as grandes orientações de- José Brito, referia num colóquio necessária reflorestação das ilhas
e· finidas pelo Plano Nacional de De- realizado na Praia, entre 24 e 29 de - um trabalho de gerações com que
u· senvolvimento. (O primeiro a entrar Novembro passado, e que reuniu os cabo-verdi anos estão confronta-
a. em execução, previsto para o pe- alguns dos mais conceituados técni- dos .
b· riodo 82/85, levou recentemente as cos nacionais e estrangeiros que A Refonna Agrária é, sem dú-
a autoridades do país a promoverem têm trabalhado em diversos projec- vida, neste contexto, um contributo
\o um encontro na Cidade da Praia tos no país, que «o desenvolvimento importante para atingir mais ri-
es com os parceiros internacionais que passa a longo prazo por uma verda- queza e justiça social. A sua aplica-
I. mais têm contribuído com a sua deira revolução agrária, baseada ção será programada e escalonada,
~uda para o desenvolvimento do numa diferente estruturação e numa sem sobressaltos, procurando o go-
pais-arquipélago .) mais eficiente exploração e utiliza- vemo da Praia, como até aqui, o
Este primeiro plano quadrienal ção da água ». Fixando o horizonte «consenso nacional» e a compreen-
- comprovativo também ele da para o ano 2000, aquele secretário são do maior número para as medi-
competência e seriedade que anima de Estado defmia como objectivo das a serem implementadas. Como
as autoridades cabo-verdianas, uma área irrigada da ordem dos nos dizia dois anos atrás o eng.
comprovadas, aliás, pelos próprios 10 000 hectares - considerada su- Pereira da Silva, ministro do De-
dadores internacionais - coloca ficiente para cobrir todas as neces- senvolvimento Rural de Cabo Verde
especial ênfase nos trabalhos contra sidades internas - e a plantação de (ver cad erno s do terceiro
aerosão dos solos, que irão «pros- cerca de 100 mil hectares de flores- mundo n. O 23) «mais do que um
ICguir numa área aproximada de 10 tas, ou seja praticamente um quarto conjunto acabado de regras, a Lei
mil hectares» - distribuídos sobre- da superfície total do país, para o das Bases deverá apontar-nos o
tudo em Santiago e Santo Antão-, que seria necessário, nas duas pró- caminho .. »
r e de reflorestamento, a uma média ximas dé4:adas, um investimento DO Hoje, poder-se-á dizer que a lei
fI prevista de 7500 hectàres/ano. sector rural de aproximadamente foi aprovada nO"consenso, o cami-
r Recorde-se que, desde a indepen- 380 milhões de dólares. nho está, pois, traçado ... e a Re-
· dência, foram já plantadas em Cabo Mudança nas relações de produ- fonna Agrária pode, agora, deitar
r Verde mais de 3 milhões de árvores. ção nos campos, construção de di- sementes à terra em Cabo Verde. O
dear!. - comentámos. O hospital tinha começado a funcio- giada e à população jontana em ge-
A nosso lado. Neiva Moreira e os nar e os primeiros pacientes estavam ral. -Somos uma associação huma-
palestinos procuram contar os a começar a receber o primeiros nitária e oferecemos os nossos ser-
aviões envolvidos. que. para sua tratamentos. viços a quem no-los solicite. sem lbe
protecção. lançam balõe incandes- Entre o enfermos encontrámos perguntar qual a sua nacionalidade
centes. de forma a confundir a arti- um jovem combatente mutilado que ou religião. - afrrmara-nos. Na
lharia anti-aérea e assim não serem falava alguma coisa de e panhol e dezena de hospitais que actualmente
atingidos. com ele havíamos conversado de- têm no Líbano. mais de 40 por cento
- Isto é uma ratoeira - desaba- moradamente - metade em caste- dos pacientes a cargo do Crescente
fávamos Neiva e eu própria - lhano. metade em fran~s - sobre Vermelho Palestino é constituido
Como pode Beirute ficar expo ta lutas no Médio Oriente e as lutas por libane es das classes mais ne-
assim. sem qualquer protecção? na América Latina. Tinha-nos im- cessitadas.
Vocês que vivem aqui e que sabem pre sion do particularmente o seI! Apesar de ser muito jovem. talvez
como Israel se preparou ao longo de grau de informação obre o conti- 19 anos. Lamia mostrava-se muito
todo este tempo para um ataque em nente latino-arnencâno . Pergunta- adulta e consciente do seu papel
larga escala. expliquem-nos: como é ra-no , inclu ive. algumas opiniões dentro do Crescente Vermelho e da
possível não se terem instalado aqui sobre o desenlace provável da OLP. em geral. Tinha-me confes-
rampas de mísseis SamoÓ. radares e guerra nas Malvinas. que ele via sado que a sua grande ambição era
outro tipo de protecção anti-aérea? com pe imismo. dada a superiori- estudar jornalismo. mas que os seus
Se eles quisessem acabar com a ci- dade militar britânica. pais não a deixavam. Pensavam que
dade. com todo o país. poderiam Vinha-nos à memória aquele ve- era uma profissão pouco adequada
fazê-lo sem enoontrar uma resposta lhinho paralítico que pintava a sua para para uma mulher. Ela então
militar adequada! Estão a travar uma cerámica com carinho e dedicação. dedicara-se ao estud2 ~s Unguas
guerra de David contra Golias! Me- Tão belas eram as peças produzidas por forma a desempenhar o seu tra-
tralhadoras e artilharia montada em pelos pacientes que a direcção do balho de relações públicas e entrara
camiões contra bombas de fragmen- hospital seleccionara algumas delas para o Crescente Vermelho um ano
tação e aviões F-16 .. . ! para as enviar para o estrangeiro, atrás . Porém. o seu objectivo era
integrando uma exposição de arte- conseguir ser independente econo-
Só uma bora antes .•. sanato e arte palestinos. E aqueles micamente a fim de iniciar os seus
jovens - entre eles um grupo de estudos sobre jornalismo. Com se-
A rádio palestina e a Rádio Monte cegos - que construiram móveis e renidade, Lamia contara-me que, na
Cario começam a dar informações brinquedos em madeira. Tínhamos Jordânia. o Crescente Vermelho Pa-
concretas sobre os bombardeamen- conversado também com uma en- lestino chegara a ter 33 centros mé-
tos. Concentram-se sobre a área dos fermeira voluntária da Noruega que dicos e hospitalares. Mas após
campos de refugiados de Sabra e trabalhava no hospital havia apenas aquele terrível ano de 1970 -
Shatila, na cidade desportiva. no um mês. Antes de vir para o Líbano quando o rei Hussein expulsou pelas
bairro Fahkani e sobre o campo de ela tinha trabalhado junto de refu- armas a OLP da Jordânia - tudo se
Burj el Barajneh. Percorre-nos uma giados latino-americanos exilados perdeu .
sensação estranha ao constatarmos na Noruega. onde tinha travado co- No Líbano tiveram que recome-
que apenas uma hora antes do início nhecimento e feito amizade com çar. Pouco a pouco tinham voltado a
do bombardeamento tinhamos per- vários uruguaios. Em jeito de brin- formar e estruturar os seus quadros
corrido aqueles mesmos lugares.
No campo de Bur el Barajneh u-
cadeira, tinha-me dito que se o médicos. Actualmente o Crescente
Vermelho possui 12 hospitais, dos
I
tempo o 'permitisse podiamos até
nhamos visitado o Haifa Socio-me- sentarmo-nos a conversar e vería- quais um na Síria e outro no Egipto,
dical Center, instituição para mos que encontraríamos até amigos e os restantes no Líbano. Para além
reabilitação de paraplégicos. muti- comuns. -O Uruguai é tão pe- destes hospitais, existem clínicas no
lados de guerra e crianças deficien- queno", dizia-nos - -todos se co- Sudão. Qatar e Kuwait. Em todo o
tes. Conversáramos com o director nhecem". mundo árabe existem secções da or-
do centro. sr. Mustafa Kadoura. que Lamia, que trabalha no Departa- ganização assim como grupos de
nos informara quanto custara cons- mento de Relações Públicas do solidariedade em todo o mundo,
trurr aquele hospital, dotado de tã!) Crescente Vermelho Palestino (por- particularmente na Europa. de onde
modema infra-estrutura e pessoal que fala muitíssimo bem vários é enviada ajuda fmanceira e pessoal.
especializado. O problema mais di- idiomas) tinha-nos acompanhado na Os membros do Crescente Verme·
ficil nem sempre era encontrar di- visita ao Hospital Gaza. de cirurgia lho Palestino espalhados por todo o
nheiro. Bastante mais árduo era en- geral. do campo de Sabra. Em con- mundo têm a obrigatoriedade de
contrar quadros médicos e enfermei- versa com ela, soubemos que o eleger o Conselho Administrativo
ras especializadas em fisioterapia e Crescente Vermelho Palestino havia da organização, que se reúne duas
no tipo de tratamentos que ali se sido fundado em 1968, na Jordânia. vezes por ano, o qual nomeia o pre·
administravam. O dr. Kadoura para prestar serviços médicos e so- sidente da instituição. O actual pre·
:: I
Ite
jo
C·
. -
II O Inldo do bombardellmento 1arMI/ta obMrvlldo do t.mIço do WlfH'l6r Haus Hotel
I'
~ sidente 6 o sr. Fathi Arafat, irmão de prestada em colaboração com a Cruz Os filhos dos mártires
~ Yasser Arafat, e um dos fundadores Vermelha Internacional . Por úl-.
do Crescente Vermelho Palestino. timo, Lamia contava-nos que muito Depois da visita aos hospitais tí-
IS Desde sempre integrou a sua equipa recentemente se formara um depar- nhamos ido à escola Somoun, onde
m6dica. tamente de orientação profissional
It vivem os filhos dos mártires do
.Contamos tamb6m com centros para mulheres . Aí, as jovens rece- bairro de Befrute de Tal al Zaatar,
e· de medicina preventiva nos campos bem lições de bordados, IInguas e cujos habitantes foram massacrados
de refugiados. Procuramos melho- secretariado e o próprio departa- pelas falanges direitistas cristãs du-
IS rar as condições de saúde da popula- mento se encarrega de lhes arranjar r~te a guerra civil libanesa, em
te ção e oferecemos protecção às mães colocação logo que terminam os 1976. E, lamentavelmente, nesse
IS e rec6m-nascidos •. seus cursos. Na sua maioria, IIS alu- massacre também estiveram envol-
Outra das actividades do Cres- nas são raparigas dos campus de vidas as tropas sírias que, naquele.
I'D cente Vermelho, desenvolvidas refugiados. tempo, se apresentavam no Líbano
atrav6s do seu Departamento Social, Agora - não podíamos deixar de do lado das falanges contra libane-
está ligada à ajuda às famílias dos pensar - aquelas colunas de fumo ses progressistas e palestinos.
territórios ocupados . Desses terri- negro bem poderiam provir dos Kassen, o director da casa-escola
tórios trazem objectos de artesanato hospitais que visitáramos! Quais e um dos sobreviventes de Tal ai
para os vender em Beirute, em daquelas crianças e jovens com Zaatar, conheceu e tratou com mui-
stands da instituição - um dos quem estivéramos havia pouco mais tos dos países dos orfãos que hoje
quais visitáramos também naquela de três horas estariam entre as víti- tem a seu cargo. «Temos aqui 200
manhã de 4 de Junho - sendo o mas? Mais tarde viemos a saber crianças, de idades compreendidas
dinheiro , posteriormente, enviado efectivamente que tanto o hospital entre um ano e meio e 18 anos» -
de retomo a essas famOias. Igual- como as fábricas da SAMED* do explica-nos. Um grupo do Comité
mente se ajudam as fammas dos campo de Burj el Barajneh tinham Norueguês de Solidariedade com a
detidos e os próprios presos polIti- sido muito atingidos. E que aquela Palestina, que se encontrava tam-
cos em cárceres israelitas nos terri- ambulância bombardeada era do bém em Beirute, visitou connosco a
tórios ocupados, ajuda esta que é hospital do campo de Sabra. escola.
N.· 45/Junho-Julho 1982 cadernos do terceiro mundo 65
- Criámos aqui um sistema de e o no o pa ado: história, geogra- superar as sequelas da guerra, se a
famnia. Cerca de 75 por cento das fia, folclore e cultura pale tinas . As guerra é uma presença quotidiana?
crianças que temos a nosso cargo criança têm de conhecer a sua pá-
perderam pai e mãe, e nos caso em tria cantar as sua can õe nacio- Um espaço para a cultura
que algum destes obre viveu , ele nais.»
Voando de Paris para Beirute
não está em condições - nem ma-
- E a educa ão da menina e encontrámo-nos casualmente com o
teriais nem p icológica - de ter a
rapariga ? - procurámo aber. poeta Mahmud Darwish, a quem
seu cargo o filho . Os que têm meno
- En aramo-Ia de forma dife- entrevistáramos há já alguns anos no
de 3 anos são de Rashidieh , do ul .
rente da tradicional. A mulher está México e que recém-encontráramos
- São todos pale tinos? - per-
preparada para a suas tarefas espe- no Rio de Janeiro. Como era lógico,
guntámos .
cffica mas também para assumir procurámos saber mais em porme·
- Não são de diferente nacio-
outra re ponsabilidade . Para além nor da situação no Líbano, onde
nalidades e religiõe . Há libane es,
di o, pelo no sos e tatutos , as ra- reside.
sírios - a maioria evidentemente
parigas não podem casar-se antes «Em Beirute não se morre por
são palestinos - e há até uma famf-
dos 18 anos . De acordo com as suas acidente, vive-se por acidente. ,
lia turca que habitava próximo de
capacidades nós apontamos quais as respondera-nos . No entanto , entre
Tal El Zaatar, numa localidade tam-
jovens que devem ser encaminhadas escaramuças militares, bombas e
bém arrazada pela falange . Há cris-
para a Universidade . Yasser Arafat atentados, a cultura havia ganhado
tãos. e muçulmano .
determinou que as raparigas desta espaço. Não só Mahmud estava a
Naquele belo casarão, próximo
casa têm prioridade para todas as editar com êxito a sua revista literá-
do campo de Burj el Barajneh , as
bolsas de estudo universitárias . ria «Al Karmal. , um orgulho da
crianças de um ano e meio a três
- Há mães de várias nacionali- • OLP em todo o mundo árabe, como
anos passam todo o dia na creche.
dades? tinha sido criada uma editora pales-
As crianças entre 3 e 6 anos de idade
- Sim , palestinas e libanesas. tina.
vivem num esquema de funciona-
Muitas delas são viúvas de mártires Uma longa conversa com Hous-
mento semelhante a um jardim-
e têm aqui os seus próprios ftlhos. sine Halak - director da editora -
-escola, enquanto que os maiores de
Cada uma tem a seu cargo 10 crian- um sírio , cujo espírito militante
seis anos ar dormem, mas frequen-
ças . Elas ajudam-nas e ajudam-se a levou-o a juntar-se à luta da Frente
tam diferentes escolas no exterior.
- Frequentam escolas normais, si próprias a superar esta situação . de Libertação Nacional (FLN) da
pois somos contra o isolamento. Procurámos saber de Kassen do Argélia e a Nasser, no Egipto, para
Terãoqueseadaptaràsociedadeaque apoio financeiro à escola. mais tarde se integrar na luta da
- Tunisinos, belgas e franceses causa palestina - revelou-nos um
pertencem , não podem viver num
ajudam-nos com algum dinheiro . panorama animador nesse impor-
«ghetro ».
Alguns quiseram até adoptar crian- tante campo da divulgação literária.
Os parentes das crianças - avós,
ças, mas nós não as autorizamos a A editora tem por nome Dar ai
tios e primos - podem visitá-las
abandonar o pars . No entanto, a Kalima , ou seja, a palavra. «É uma
todas as sextas-feiras das 8 ao
maior responsabilidade económica editora independente, não obstante
meio-dia . E podem até almoçar com
cabe à OLP. os seus estreitos vínculos à OLP e,
elas, já que, na maioria das vezes,
- Qual o rendimento escolar e particularmente à AI Fatah, diz-nos
são pessoas em situação económica
social das crianças? Halak. Antes da editora se ter for-
muito precária, que não têm posses
- Subsistem os problemas mado, deu-se, no entanto, todo um
para custear um almoço fora de
emocionais . Ao começo foi pior, processo de maturação dentro das
casa.
agora pens~ que os superámos, em estruturas da Organização de Liber-
Kassen , um homem de uns qua- parte» . tação da Palestina sobre o signifi-
renta anos, palestino endurecido por «Superámo-los, em parte- . cado da cultura na luta pela autode-
aquela e por outras traumatizantes Aquela frase ficara-nos gravada na terminação de um povo . «Consta-
experiências de guerra, tem naque- memória, já que , após a explicação támos que a cultura havia sido rele-
las 200 crianças os seus verdadeiros de Kassen, durante a visita pelas gada, que nós próprios a ignoráva-
filhos. «Nesta casa - dizia-nos - instalações da casa-escola, sentíra- mos, e que um povo que vai desco-
temos a oportunidade de educar as mos o olhar triste e muitas vezes nhecendo a sua cultura vai perdendo
crianças segundo critérios da OLP, distante, das crianças. Outras, mais também a sua própria identidade».
de acordo com as formas que enten- alegres, como todas as crianças do «Também compreendemos que
demos que a educação deve ser ad- mundo, de pronto se apressaram a não poderíamos obter êxito na
ministrada, com um novo conteúdo . «posar» para as fotos, «agitando. o construção de um movimento de-
Reparem que as nossas crianças não ambiente. Algumas, porém, nem mocrático e revolucionário se não
têm livros próprios, são educadas sequer tinham levantado a cabeça déssemos importância a outras ques-
em escolas libanesas. Mas da parte para nos mirar. Depois, no terraço, tões que não fossem exclusivamente
da tarde eles encontram aqui, nesta no «tecto- do hotel e de Beirute, políticas ou mesmo militares.
casa, matérias específicas sobre nós veio-nos à memória a escola. Como Fomos descobrindo que um erro
PORTUGAL PORTUGAL
LISBOA PORTO
ESCRITÓRIOS ESCRITÓRIOS
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Marcos Arruda*
-
e preocupaçao
no contexto regional e mundial. A esquerda mauri-
ciana favorece a cessação da soberania anglo-
-americana sobre Diego Garcia, a liquidação dessa
o primeira
Na sede da ONU, em Nova YOrk, iniciou-se na
semana de Junho deste ano a sessão
base de grande valor estratégico para os EUA, e a
restituição da ilha à soberania de Maurício. Além
disso, defende uma politica afric,ana decididamente
especial da Assembleia Geral das Nações Unidas con- antiapartheid e a favor da libertação dos povos
aagrIIda aos problemas do desarmamento. Esta é a aa Atrlca Austral. Por último, a esquerda agora
segunda sessão especial que a AG consagra ao tema vitoriosa defende a transformação do Oceano In-
após uma primeira reunião que decorreu há quatro dico em .zona de paz .. , de acordo, aliás, com a
anos. O pre.sldente da AG, Ismael Kittani, afirmou que o esmagadora maioria das populações ribeirinhas
mundo está atento aos trabalhos da AG, com -espe- daquele oceano. Em 1979, a Assembleia Geral da
rança, temor e preocupação». Esperança de que os 157 ONU decidiu convocar para o Sri Lanka em 1981
Estados presentes adoptem medidas eficazes, temor uma conferência internacional a fim de debater esse
de que a sessão fracasse e preocupação pelas conse- tema. Mas os EUA fizeram frustrar a convocação
quências que a corrida às armas acarreta para toda a dessa reunião. Para Washington e para os demais
humanidade. Segundo Kittani, o programa aprovado palses imperialistas, a base de San Diego e a milita-
I em 1978 ficou letra morta e estes quatro anos têm sido rização do Indico constituem um Instrumento de
uma Impressionante colecção de fracassos. primacial ImportAncla ~ra. os seus de~lgni~s nos
Antes da sessão da ONU, 500 "pariamentares para a continentes africano, aSiátiCO e no MédiO Oriente.
ordem mundial» , de 20 palses, estiveram reunidos no Durante a campanha eleitoral em Mauricio, a CIA
Palácio de Vidro e apelaram para o congelamento teve uma interferência directa e, depois aa vnOlllS,Cl
Imediato dos arsenais nucleares seguido de medidas esquerda mauriciana interroga-se agora sobre o
adequadas para um desarmamento geral. As resolu- que a direita derrotada, em conluio com os norte-
ções adoptadas neste - forum .. serão presentes ao Par- -americanos e sul-africanos, irá tentar, para con-
lamento Europeu e às assembleias legislativas do Ca- trariar a vontade popular tão eloquentemente ex-
nadá, Nigéria, EUA, índia, Grã-Bretanha, Malásia, . pressa nas urnas. Um dos meios que poderão ser
Austrália Nova Zelândia, Quénia e Itália. Este mesmo utilizados é o recurso a Gaetan Duval, dirigente do
grupo co~stituiu anteriormente uma delegação ao mais partido mauriciano social-democrata,. I.iga~o. a.Pre-
alto nlvel que visitou Moscovo e Washington para sub- tória. Não é também de exduir que Mauricio, na
meter à apreciação de altos funcionários soviéticos e esteira das Seychelles e das Comores, passe agora
norte-americanos uma série de propostas sobre o con- a ser um objectivo favorito dos atentados dos mer-
gelamento nuclear. cenários.
Cabo Verde
e Guiné-Bissau
reconciliam-se
o A Guiné-Bissau e Cabo Verde decidiram restabe-
lecer relações diplomáticas ao nivel de embaixada
e manifestaram "o desejo de resolver as questões
pendentes e relançar a cooperação entre os dois pal-
ses, na base do respeito mútuo, da soberania dos
Estados, da não ingerência nos assuntos intemos, da
igualdade I e reciprocidade de vantagens... Estas as
decisões mais importantes tomadas públicas no termo
de um encontro que, entre 16,17 e 18 de Junho pas-
sado, reuniu em Maputo importantes delegações dos
dois paises, chefiadas pelos respectivos chefes de Es-
tado, João Bemardo Vieira (Nino) e Aristides Pereira.
O presidente de Moçambique, Samora Machel, o
principal dinamizador deste esforço de aproximação
entre os dois paises - que não mantinham relações
desde 14 de Novembro de 1980, altura em que se deu,
em Bissau, o golpe de Estado que levaria ao derrube de
Luis Cabral e à posterior cisão entre os ramos cabover-
diano e guineense do PAIGC, - afirmaria que os resul-
tados deste encontro de Maputo terá de ser conside-
S
rado . uma vitória para as antigas colónias portugue-
sas-.
No termo das conversações, as duas delegações
concordaram, ainda, na realização de um encontro a
e
realizar em finais de Julho na capital guineense, onde
serão analisadas e perspectivadas as relações de c0-
d
operação entre os dois paises em todos os campos,
nomeadamente no incentivo das relações económicas
e culturais. Crê-se, igualmente, que desta reaproxima- O
. ção entre os govemos da Praia e Bissau resulte uma
mais regular e eficaz troca de opiniões entre os dirlgen- lu!
tes de ambos os paises não só quanto aos grandes se
problemas com que o continente afrlcano se debate, de
como aos que subsistem naquela região de África onde oh
os dois paises se localizam. aI
É de esperar, igualmente, que a normalização de bn
relações entre Cabo Verde e a Guiné-Bissau permita, e:
agora, retomar e incentivar os encontros alargados a I
todos os paises afrlcanos de expressão oficial portu- pa
guesa. já que era reconhecido em todas aquelas capi- do
tais que o diferendo entre as autoridades da Praia e de lia
Bissau enfraquecera a unidade politica e diplomática Me
desse conjunto de paises, tanto no relancionamento Qrl
entre si como na sua intervenção a nivel das mais nk
variadas instâncias intemacionais. I
em terras libertadas para com esse pequeno Estado, que, com todas as
dificuldades por demais conhecidas, tenta libertar-se
definitivamente das sequelas do colonialismo e do ne-
Penetraçao cultural- a preocupação com a crescente o malar c:eneo- está em curso na China a operação
penetração económica e cultural norte-americana no censitária mais importante do Mundo: trata-se de
México tem suscitado vigorosas declarações por parte proceder ao recenseamento da população do pais
de representantes governamentais deste pais, e mais habitado do Planeta A campanha inclui filmes
educativos, diapositivos e programas de Rádio 9
particularmente do candidato à presidência da Televisão, além de toda uma série de iniciativas
República pelo partido no governo, PR I, Miguel de la tendent&s a explicar à população como vai
Madrid. realizar-se o censo. Panos de rua, emissões
Entre os principais efeitos desta penetração estão a radiofónicas diárias irão apelar para o contributo de
cotação em dólares dos artigos e dos contratos de bens cada cidadão. A mobilização para este
e serviços vendidos ou comprados em território recenseamento não tem paralelo em mais parte
mexicano, a substituição parcial do idioma espanhol nenhuma do Mundo: quatro milhões de
inquiridores, um milhão de supervisores, cem mil
pelo inglês e o Incitamento ao consumismo, pela
codificadores de dados, quatro mil operadores de
televisão norte-americana, dos quatro milhões de computadores estarão durante oito meses
mexicanos que vivem na fronteira com os Estados ocupados na contagem de uma população, que,
Unidos. Tudo isso leva, naturalmente, a uma distorção segundo se calcula. é de mil milhões de pessoas.
de valores e tradições culturais autóctones que multo
Fundo para. Seychel. - o Conselho 'de Seguraça
preocupa as autoridades aztecas. da ONU 'aprovou a criação de um fundo especial
Um velho ditado mexicano diz: .. Coitado do México, tão para compensar as ilhas Seychelies dos danos
longe de Deus e tão perto dos Estados Unidos... Com económicos causados pela invasão dos
uma fronteira comum de quase três mil quilómetros mercenários de 25 de Novembro passado. Os
distribuidos por seis estados, o México sente que essa fundos serão recolhidos na base de contribuições
penetração pode ..colocar em risco a sua soberania.. , voluntárias, cujo total será depois entregue às
segundo a expressão usada por um alto funcionário da autoridades das Seychelies. Ao mesmo tempo,
criou-se uma comissão de três membros para
chancelaria mexicana. investigar a origem, antecedentes e financiamento
do ataque.
A ONU na Repúblca DomInIcana - a partir de 5 de ~ EIUdoa ná Ng*Ia - o presidente nigeriano
~ulho , passa a funcionar na República Dominicana Shohu Shagari, afirmou recentemente que em
um alto organismo da ONU : o Instituto Internacional Outubro do ano próximo estarão criadas condições
de Investigação e Promoção da Mulher. O instituto para a criação de novos Estad_os adentro da
será dirigido pela jugoslava, Dunja Federação Nigeriana. Um dos primeiros novos
Pastlcci-Flvencl, assistida por uma junta de Estados será o de Kaduna.
conselheiros, da qual constam um representante
dominicano e outro das Nações Unidas. O Instituto Mudll'lça no m«C8do de arm. - um estudo do
actuará em cooperação com outras organizações general peruano Mercado Jarrin analisa as
da ONU como a Comissão Juridica e Social da mudanças ocorridas no mercado de armas da
Mulher, o Centro de Desenvolvimento de Assuntos América Latina, r.o último número da revista da
Humanitários, a UNICEF e Centros Regionais de Venezuela. Nueva Sociedad. Os dois factos mais
Mulheres. Este novo organismo visa estabelecer signifir.atlvos neste campo são: a diversificação de
uma estratégia eficaz a fim de superar os forneoodores, que acabou com a dependência
obstáculos e as limitações que impedem a tradicional em relação aos EUA e à Inglaterra, e o
participação da mulher nos processos de aparecimento de três produtores de a~mas
desenvolvimento. regionais (o Brasil, o Chile e a Argentina). Na
década de 90, segundo Jarrin, o México, o Peru e a
Enconlro de Indloe - duzentos representantes de ColOmbia poderão surgir como novos fornecedores
várias comunidades indias do Brasil reuniram-se de armas, o que virá alterar o equilibrio militar
em Brasilia e exigiram a demarcação das suas . tradicional na região.
terras, o direito a uma organização própria e
Independente e a demissão dos funcionários EconomIa b1nnan... - a Birmânia anunciou o inicio do
governamentais que não lhes mereçam confiança. seu quarto plano quadrienal de desenvolvimento, no
Uma carta exigindo a demissão de vários qual se prevê um crescimento de 5,9 por cento da
funcionários da Fundação Nacional do (ndlo produção para o primeiro ano do plano, em comparação
(FUNAI) foi enviada às autoridades brasileiras: são com os resultados alcançados em 1980-81. Durante o
considerados .. antl-indlos" quatro coronéis e o seu terceiro plano de desenvolvimento, a Birmânia
antigo presidente da FUNAI: Mas o actual registou um crescimento económico de 6,6 por cento. O
presidente, coronel Paulo Moreira Leal, é
valor da produção agricola subiu 5,2 % (total: 712,4
considerado um homem integro que inspira
confiança a todos os lideres presentes na reunião. milhões de dólares), o da pesca, 6 por cento.
servimos as indústrias :
petróleos
petroquímica
quím i ca
cimentos
naval
energia
celulose
papel
siderurgia
• minei ra
agr ícola
alimentar
Tonus
Montagem e Aluguer de Máquinas,Sarl
Lisboa - Porto - Setúbal- Sines
Sede: Av. 5 de Outubro, 114-1 .° Dt.o - 1000 Lisboa
MAGINE-SE uma planta de cultivo que pro-
I duza, ao mesmo tempo, energia e proteínas,
duas das necessidades básicas do mundo civi-
lizado de hoje. Uma média de 8.530 litros de etanol
(álcool etJ1ico) por hectare por ano e 731 quilos de
~rotcína; uma planta capaz de produzir grandes quan-
tidades de proteína, amido, ou açúcar em vez de
álcool; que exija pouco fertilizante e tenha resistência
natural contra a seca, doenças e insectos. Que grande
futuro não teria uma planta comó essa!
Pois essa planta existeechama-seManihotesculenta
- conhecida pelos povos do hemisfério sul pelo nome
de mandioca ou maniçoba. As suas longas raízes
tuberosas, muito ricas em amido, são actualmente
consumidas em substituição da batata por várias cen-
tenas de milhões de pessoas em todo o mundo tropical.
Hoje, a mandioca já possui uma técnica científica de
cultivo e um sistema de comercialização internacio-
nais, mas só agora começa a atingir o seu melhor -
potencial que é fornecer energia e proteínas. O amido
das raízes pode ser usado para a produção de grandes
quantidades de etanol. A mandioca pode vir a ser tão
importante para o mundo como o trigo e o arroz
porque, devidamente utilizada, pode ser uma fonte
benigna de energia renovável, promover a saúde
mundial e gerar prosperidade para o Terceiro Mundo.
Há vários anos que o Brasil produz etanol a partir da
mandioca, mas os métodos brasileiros parecem gros- -
seiros e pouco imaginosos quando comparados ao
esquema adoptado pelo Dr. Dick McCann, ex-quí-
mico de pesquisas da Universidade de Sydney, na
Austrá1ia. Actualmente, McCann está a promover o
desenvolvimento da produção de etanol da mandioca
no sector privado, ao mesmo tempo que prossegue a
pesquisa que realizou na Universidade de Sydney,
aplicando-a a outras formas de biomassa, ou seja,
material orgânico não-fóssil que pode ser convertido
em combustível.
O plano de McCann prevê um sistema agro-
-industrial que utilizaria toda a planta da mandioca. As
folhas contêm até 30 % de proteínas (numa base de
pesagem a seco), sendo capazes de produzir proteínas
em quantidade e qualidade superiores às produzidas
pela melhor soja. Não devemos, portanto, ignorar a
importância dessa proteína. Podemos considerar a
mandioca como uma produtora de energia que fornece
proteínas como subproduto, ou como uma produtora
de proteínas cujo subproduto é a energia.
O que sobra da planta após a extracção do amido e
da proteína pode ser convertido em metano mediante
fermentação anaer6bica. Esse gás pode ser usado
como combustível para accionar toda a operação de
processamento, desde o descascamento das raízes até
à destilação final do álcool. Parte do metano poderia
ser usado como combustível para tractores. Futura-
mente, a operação de processamento usaria energia
solar, o que permitiria utilizar todo o metano nos
tractores, aumentando o seu rendimento energético
• Pesquisador norte-americano em Reno, Nevada (EUA) efectivo. Mas, mesmo nas condições actuais, o plano
desenvolvido, reduzindo somente 10% das culturas Acrescente-se a isto os 9,4 mil milhões de dólares
existentes em 1979, o preÇÕ apenas duplicou, graças resultantes do aumento de preços causado pela redu-
em parte à borracha de gauiúle. Os produtores de ção das culturas, e teremos uma receita efectiva mais
algodão do Terceiro Mundo também reduziram a me- alta para o Terceiro Mundo de 35,1 mil milhões de
tade dasr;uas culturas.O preço subiu,mas não chegou a dólares em 1993. São algarismos conservadores.
duplicar dada a concorrência das fib~ sintéticas, Mark Mueller, analista de mercadorias da firma Bache
grande parte das quais produzidas a partir do etanol da Halsey Staurt Inc., de Nova Iorque, confirma que é
mandioca. Mas como o Sul já não estará a vender realmente conservador sugerir que, reduzirem-se a
algodão ao Norte, teremos que subtrair os 435 milhões metade, em 1993, as culturas da cana-de-açúcar, chá,
de dólares (que era quanto ó Sul ganhava com o café, tabaco e cacau, os preços do açúcar e do chá
algodão em 1979) da sua receita de 1993. O mesmo se apenas duplicassem e os preços do café, do tabaco e do
aplica àjuta, pois os países produtores de juta estariam cacau apenas triplicassem. Uma geada no Brasil pode
a receber em 1993 apenas um terço das suas receitas de facilmente fazer dobrar o preço do café. Se conside-
exportação de juta de 1979, embora, por outro lado, rarmos que os preços do chá e açúcar triplicarão, e os
tenham drasticamente reduzido as suas importações de preços de café, tabaco e cacau quadruplicarão, tere-
petróleo e aumentado o seu consumo de protemas. mos uma receita adicional para o Terceiro Mundo de
47,3 mil milhões de dólares em 1993.
Portanto, reduzindo as suas culturas de tais merca-
Processando todos esses dados num computador, dorias e plantando mandioca, como propomos acima,
verificaremos que a terra subtraída a essas oito merca- o Terceiro Mundo geraria anualmente mais 35 mil
dorias e destinada à mandioca produzirá 51,4 mil milhões de dólares de receita líquida. Os países tropi-
milhões de galões de álcool por ano. Esta cifra cais do Terceiro Mundo reduziriam o consumo mun-
baseia-se na utilização de três quartos da terra para o dial de combustíveis fósseis poluentes, promoveriam
plant!o de mandioca, e um quarto para o plantio de as indústrias locais que ajudam a reduzir o desem-
alfafa, cujo valor monetário -ignoraremos a fun de prego, e ajudariam a eliminar o kwashiorkor - do-
simplificar os cálculos. f'eito o ajuste referente ao ença causada pela extrema deficiência de protemas -
menor teor de calorias do álcool, verificamos que esta produzindo 41 milhões de toneladas de protemas de
produção substitui 20% de todo o petróleo consumido folhas de mandioca por ano.
pelo Terceiro Mundo em 1979. Isto significa uma Há ainda outro beneficio que não deve ser esque-
economia de 25,7 mil milhões de dólares . cido. Este plllno promove a renovação da sociedade. A