Conclusões
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Consideradas as balizas cronológicas dadas pelos
anos de 1789 ("Inconfidência") e 1842 (a chamada
Revolução Liberal), pode-se dizer que as linhas mes-
tras de toda a história mineira esteve inscrita nos parâ-
metros da colonização européia. Tentar uma substan-
tivação da situação de Minas Gerais a essa época, como
parte integrante de um subsistema periférico, dentro
do qual ganharia sentido e se explicitaria concretamen-
te, é tarefa por demais ambiciosa para os limites desta
nota. Na melhor das hipóteses se conseguirá recolocar
as questões já formuladas pelos poucos autores que até
aqui se inquietaram diante de temas dessa história.
Não são poucos os problemas. Partindo de cate-
gorias mais amplas, pode-se notar que o período em
foco (fim do século XVIII e início do século XIX)
caracterizou-se significativamente como ponto de infle-
xão dentro do sistema capitalista, marcando o longo e
complexo processo de "passagem" do capitalismo mer-
cantilista ao capitalismo liberal.1
No mundo europeu assistia-se à crescente aíirma-
cão econômica da Inglaterra, onde o processo de indus-
trialização acabaria por conduzi-la a um-a posição pri-
vilegiada — no plano das hegemonias : políticas — em
relação às demais potências. Efetivamente, as áreas
coloniais ou subsistemas periféricos —- razão e base de
todo o sistema — também passaram . por expressivas
transformações. No caso do Brasil, a Abertura dos
Portos (1808) e a assinatura dos Tratados de Comér-
cio (1810) são marcos expressivos da penetração in-
glesa. A descolonização portuguesa deu-se, como se
percebe, nos quadros do domínio inglês. Em outras
palavras, "esse encadeamento entre os dois tipos de
colonialismo explica por que a sociedade nacional emer-
gente não era uma Nação independente do ponto de
vista econômico".2
A exempío do que já se pode perceber a partir de
investigações realizadas, a análise das manifestações
concretas do capitalismo em regiões periféricas envolve
uma multiplicação de fatores onde as categorias mais
abrangentes sofrem um processo de retração, tendo em
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