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Ano: 2019
1
Débora Pereira Claudio
2019
Curitiba, PR
2
Editora São Braz
Rua Cláudio Chatagnier, 112
Curitiba – Paraná – 82520-590
Fone: (41) 3123-9000
Conselho Editorial
D.r Alex de Britto Rodrigues / D.ra Diana Cristina de Abreu /
D.r Eduardo Soncini Miranda / D.ra Gilian Cristina Barros / D.r
Jefferson Zeferino / D.r João Paulo de Souza da Silva / D.ra Marli Pereira de
Barros Dias / D.ra Rosi Terezinha Ferrarini Gevaerd / D.ra Wilma de Lara
Bueno / D.ra Yara Rodrigues de La Iglesia
Revisão de Conteúdos
Lais Ribeiro Guebur
Parecerista Técnico
Lais Ribeiro Guebur
Designer Instrucional
Sérgio Antonio Zanvettor Júnior
Revisão Ortográfica
Juliano de Paula Neitzki
Desenvolvimento Iconográfico
Juliana Emy Akiyoshi Eleutério
FICHA CATALOGRÁFICA
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PALAVRA DA INSTITUIÇÃO
Caro(a) aluno(a),
Seja bem-vindo(a) à Faculdade São Braz!
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Sumário
Prefácio ......................................................................................................... 06
Aula 1 – A família e a surdez .......................................................................... 07
Apresentação da Aula 1................................................................................. 07
1.1 - A descoberta da surdez no contexto familiar ................................... 08
Conclusão da Aula 1 ...................................................................................... 13
Aula 2 – Desenvolvimento cognitivo da criança surda ................................... 14
Apresentação da Aula 2 ................................................................................ 14
2.1 - Desenvolvimento cognitivo da criança surda .................................. 14
Conclusão da Aula 2 ...................................................................................... 19
Aula 3 – Paradigmas da surdez ..................................................................... 20
Apresentação da Aula 3 ................................................................................ 20
3.1 - Paradigma Clínico e Paradigma Socioantropológico .................... 20
Conclusão da Aula 3 ...................................................................................... 26
Aula 4 – A construção da identidade no sujeito surdo .................................... 26
Apresentação da Aula 4 ................................................................................ 26
4.1 - Identidade surda em contexto ......................................................... 27
Conclusão da Aula 4 ...................................................................................... 31
Índice Remissivo ........................................................................................... 33
Referências ................................................................................................... 34
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Prefácio
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Aula 1 – A família e a surdez
Apresentação da aula 1
Fonte: https://br.depositphotos.com/stock-photos/fam%C3%ADlia-e-a-surdez.html?filte
r=all&qview=289153504
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Dessa forma, iremos abordar o processo desde a descoberta da surdez,
o desenvolvimento da comunicação familiar e a fase escolar.
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participante socialmente. Partindo dessas reflexões, como você acha que pais
ouvintes que desconhecem a surdez e a Libras reagiriam com a notícia de que
irão ter um filho surdo? Alegria, surpresa, revolta, frustração, choque, vergonha,
culpa ou ansiedade?
Fonte: https://images.pexels.com/photos/1201758/pexels-photo-1201758.jpeg?auto=
compress&cs=tinysrgb&dpr=2&h=750&w=1260
Reflita
Seria a descoberta da surdez a configuração da perda de um filho perfeito?
Algumas famílias vão desejar que o filho surdo fale como os ouvintes.
Outros, aceitam a Libras só depois de perceberem que a criança não conseguirá
desenvolver a fala. Podemos ainda ter um terceiro caso, quando a família aceita
a língua de sinais e dá a ela a devida importância linguística. Françozo (2003)
pesquisou sobre o tema e aponta que o diagnóstico da surdez do filho pode
trazer uma tristeza igual quando ocorre a morte de alguém. A falta de
participação ou de envolvimento com o filho surdo pode significar a existência de
dificuldades na assimilação da surdez da criança e também a aceitação dessa
deficiência.
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Saiba mais
O presente artigo é um recorte de uma pesquisa que investigou as vivências de
pais de filhos surdos. Disponível no link: http://www.scielo.br/scielo.php?script
=sci_arttext&pid=S1413-73722014000100003
Fonte: https://images.pexels.com/photos/235554/pexels-photo-235554.jpeg?auto=
compress&cs=tinysrgb&dpr=2&h=750&w=1260
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Ao estudar famílias de crianças surdas, os autores Calderon e Greenberg
(1999) apresentam que o suporte social emergiu como um importante preditor e
protetor do ajustamento materno frente a eventos estressantes, ou seja, além da
percepção da família sobre a deficiência do filho, há a pressão social sobre o
tema. Vejamos a tabela abaixo a partir das pesquisas desses autores:
Criança surda
Cognição
Educação
Social
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A história dos surdos comprova as ideias de Vygotsky e Bakhtin quanto
à importância da linguagem no desenvolvimento do pensamento e da
consciência, mostrando também que a sua aquisição pela criança deve
ocorrer por meio de diálogos, conversações, já que, sem uma língua
de fácil acesso, os surdos não conseguiriam participar ativamente da
sociedade (GOLDFELD, 1997, p.159).
Conclusão da aula 1
Atividades de Aprendizagem
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Aula 2 – Desenvolvimento cognitivo da criança surda
Apresentação da aula 2
Fonte: https://images.pexels.com/photos/1257110/pexels-photo-1257110.jpeg?auto=
compress&cs=tinysrgb&dpr=2&h=750&w=1260
Se os sinais aparecem mais cedo do que a fala, é porque eles são mais
fáceis de fazer, pois consistem em movimentos relativamente simples
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e lentos dos músculos, enquanto a fala necessita de coordenação
relâmpago de centenas de estruturas diferentes e só se torna possível
no segundo ano de vida. Entretanto, é intrigante o fato de uma criança
surda aos quatro meses poder fazer o sinal que representa leite,
enquanto uma criança ouvinte apenas consegue chorar ou olhar em
volta. (SACKS, 1990, p. 43-44).
O que vem à sua mente quando você pensa na palavra linguagem? Qual
é a importância da língua na sua vida? A linguagem pode ser definida como uma
capacidade, a habilidade que o indivíduo desenvolve para expressar seus
sentimentos, ideias e opiniões. Por conta disso, seria possível vivermos em
sociedade sem linguagem? E sem comunicação? Acredito que não, pois a
comunicação é intrínseca ao nosso ser social, visto que onde há comunicação
há linguagem, como menciona Dalgalarrondo (2008):
Fonte: https://images.pexels.com/photos/698878/pexels-photo-698878.jpeg?auto=
compress&cs=tinysrgb&dpr=2&h=750&w=1260
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a sua interação com o outro, troca ideias e constrói seus pensamentos sobre o
mundo físico e simbólico.
Em torno das línguas de sinais, percebe-se que são complexas, mas
ainda há muito a ser investigado e elucidado no campo da cognição. O que já se
sabe é que a linguagem de sinais compartilha propriedades da língua oral. Um
ouvinte utiliza a língua para realizar tarefas das mais simples até as mais
complexas, como pedir um café ou aprender a fazer um café. Já o surdo, para
fazer isso, faz uso da língua de sinais ao invés da oralidade do ouvinte. Podemos
pensar da seguinte forma: a língua de sinais, para os surdos, tem a mesma
relevância que a língua oral para os ouvintes.
Um ponto extremamente interessante é que pesquisadores descobriram
que a língua de sinais se organiza no cérebro da mesma forma que as línguas
orais, isso porque sua organização interna e sua estrutura são as mesmas
(QUADROS, 1977).
Saiba mais
O trabalho disponível no link a seguir tem como objetivo discutir sobre o processo
de desenvolvimento cognitivo, psíquico e social da pessoa com surdez, no
período de aquisição da linguagem na língua de sinais (Libras). Diante da
pesquisa realizada, compreende-se que todo ser humano nasce dotado de uma
capacidade inata para a linguagem, mas, para que esta se desenvolva, é
necessário que seja propiciada uma abundância e riqueza do input linguístico,
que estará contido nas interações desse sujeito com o meio ambiente. Para ler
o conteúdo na íntegra, acesse:
http://www.revistahumanidades.com.br/arquivos_up/artigos/a38.pdf
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Período/estágio Idade Características
Período pré- 0 a 12 meses Balbucio gestual: não demonstra nenhuma
linguístico de idade organização interna.
Usam constantemente o apontar para indicar
coisas ou objetos no espaço presente.
Estágio do 12 meses a 02 A criança começa a apresentar algumas
primeiro sinal anos configurações de mãos e movimentos
imperfeitos, que a permitem imitar os sinais
produzidos por adultos.
Estágio das 02 a 03 anos A ordem das palavras é utilizada para
primeiras de idade estabelecimento das relações gramaticais.
combinações O uso da língua já começa ser percebido de
maneira mais consciente pela criança, assim
como as regras gramaticais.
Estágio das A partir dos 03 Explosão de vocabulários.
múltiplas anos de idade Aumento significativo na compreensão de sua
combinações língua.
Começa a produzir muitos sinais e utilizá-los
em frases curtas.
Estágio de A partir dos 06 Aquisição do sistema pronominal.
domínio da língua anos de idade Uso de concordâncias verbais.
Domínio completo dos recursos morfológicos
da língua.
Dá início às primeiras produções de histórias.
Após os 7 anos Maturação para a aquisição da Libras.
de idade Passa a utilizar a linguagem para influenciar o
pensamento das pessoas, com suas opiniões
e atitudes.
Fonte: elaborado pelo autor (2019), com base na pesquisa de Ronice Quadros (2011),
adaptado pelo DI (2019).
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Importante
Várias pesquisas foram realizadas ao longo dos anos, em busca de compreender
os fatores que estão relacionados com o desenvolvimento cognitivo das pessoas
surdas.
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No Brasil, o português e a Libras são línguas oficiais, dentre outras faladas
em nosso território, podendo-se dizer que a proficiência em Libras aumenta a
proficiência em português tanto na leitura quanto na escrita alfabética.
Saiba mais
Uma melhor abordagem sobre o desenvolvimento de cognição foi feita pelo
Jornal Estadão, com a matéria O surdo deve ser educado no idioma materno e
por meio dele. Entrevista com Fernando Capovilla, Psicólogo, disponível no link:
https://www.estadao.com.br/noticias/geral,o-surdo-deve-ser-educado-no-idioma
-materno-e-por-meio-dele-imp-,737415
Fonte: https://images.pexels.com/photos/2701585/pexels-photo-2701585.jpeg?auto=
compress&cs=tinysrgb&dpr=2&h=750&w=1260
Conclusão da aula 2
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Atividades de Aprendizagem
Apresentação da aula 3
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➢ Estereótipo social: o surdo não tem competência de interagir
socialmente, seja para lazer ou para trabalho. É visto como um
deficiente social.
Fonte: https://images.pexels.com/photos/1919236/pexels-photo-1919236.jpeg?auto=
compress&cs=tinysrgb&dpr=2&h=750&w=1260
Existem os mais diferentes perfis de alunos nas escolas. Para que haja
uma interação com a educação de surdos, Skliar (1997, p.6) considera que “se
o critério para afirmar a singularidade educativa desses sujeitos é o de uma
caracterização excludente a partir de suas deficiências, então não se está
falando de educação, mas de uma intervenção terapêutica”.
Há diversas formas de perceber e estudar a surdez. No modelo médico-
clínico, uma forte característica é a descontextualização do sujeito e o enfoque
na deficiência de forma isolada. O ser surdo é encarado como uma doença, uma
falta, a ausência do ouvir. O objetivo da educação, nesta perspectiva, é suprir
essa falta e curá-la, se possível, por meio do ensino da fala, da oralidade. Nesse
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processo, envolvem-se fonoaudiólogos, médicos, equipamentos de amplificação
sonora, estimulação auditiva, treinamento da audição e também da fala. O
investimento é feito no sentido de atenuar o déficit auditivo.
Fonte: https://images.pexels.com/photos/568024/pexels-photo-568024.jpeg?auto=com
press&cs=tinysrgb&dpr=2&h=750&w=1260
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uma identidade deficitária com relação aos ouvintes e isso trará consequências
em seu desenvolvimento como um todo.
Fonte: https://br.depositphotos.com/stock-photos/fam%C3%ADlia-e-a-surdez.html?filte
r=all&qview=241268668
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é um veículo para o desenvolvimento de habilidades linguísticas para o surdo e
também para seu desenvolvimento social e cognitivo.
Fonte: https://images.pexels.com/photos/2442370/pexels-photo-2442370.jpeg?auto=
compress&cs=tinysrgb&dpr=2&h=750&w=1260
Clínico Socioantropológico
Deficiente. Surdo.
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Valorização da língua de sinais.
Deve aprender a língua oral para se Língua natural, reconhecida por Lei
aproximar do não deficiente, ouvinte. (10.436 de 24 de Abril de 2002).
Saiba mais
Segundo o Decreto 5.626, de 22 de dezembro de 2005, em seu artigo 2º:
“Considera-se pessoa surda aquela que, por ter perda auditiva, compreende e
interage com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua
cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais (Libras)." Leia
mais sobre a reportagem acessando o link: https://www.gazetadopovo.com.
br/vozes/educacao-e-midia/um-olhar-sobre-o-surdo-clinico-ou-social/
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Conclusão da aula 3
Atividade de Aprendizagem
Um aluno surdo, de 6 anos, chega à sua sala de aula. Ele não sabe língua de
sinais e também não oraliza o português. Como seria a sua visão desse aluno
em relação à perspectiva clínica e à perspectiva socioantropológica?
Exemplifique.
Apresentação da aula 4
Olá! Bem-vindo à nossa última aula. Este capítulo de estudo irá trazer
novos conteúdos e também fazer um fechamento do que foi estudado até aqui.
Veremos sobre o processo de identificação e constituição do sujeito surdo, e
responderemos estas perguntas: como isso acontece? Há diferença entre
famílias que sabem língua de sinais e aquelas que não usam esta língua?
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4.1 Identidade surda em contexto
Curiosidade
A comunidade surda inclui aqueles que se identificam com sua cultura, membros
da família, intérpretes de língua de sinais e pessoas que trabalham ou interagem
socialmente com pessoas surdas. Conceito de comunidade é um sistema social
geral, no qual pessoas vivem juntas, compartilham metas comuns e partilham
certas responsabilidades umas com as outras [...] Uma comunidade é um grupo
de pessoas que mora em uma localização particular, compartilha as metas
comuns de seus membros e, de vários modos, trabalha para alcançar estas
metas. (PADDEN, 1989).
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Isso é relevante para nós, neste capítulo em específico, pois a maioria
dos estudos sobre a identidade dos surdos toma como base a questão do uso
da língua. Além disso, o modo como a sociedade concebe a surdez ao longo dos
anos influencia a construção da identidade do surdo.
Fonte: https://images.pexels.com/photos/813616/pexels-photo-813616.jpeg?auto=com
press&cs=tinysrgb&dpr=2&h=750&w=1260
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família é um núcleo social no qual todos os surdos, ou a maior parte deles, vivem
experiências que envolvem comunicação e afeto. A interação com familiares
pouco proficientes na língua de sinais limita o acesso do surdo às vivências neste
núcleo social, privando-o de adquirir conceitos fundamentais para o seu
desenvolvimento e formação da identidade.
A linguagem é parte integrante no desenvolvimento do ser humano.
Negrelli e Marcon (2006, p. 103) alegam que:
Fonte: https://images.pexels.com/photos/2253879/pexels-photo-2253879.jpeg?auto=
compress&cs=tinysrgb&dpr=2&h=750&w=1260
Os surdos que recebem uma base sólida da família, fato este que leva
o surdo acreditar no seu próprio potencial, que é completado na escola
especial regular, quando leva dentro de si imagem positiva dos
estímulos adequados recebidos ao longo do tempo, tem elementos que
podem modificar conceitos negativos existentes na sociedade pela
falta de reconhecimento, da sociedade em geral, do aspecto
psicológico com relação ao mesmo. (ESSER, 1995 apud PEREIRA,
2008, p. 38).
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Todas essas concepções e discursos sociais constituem, pouco a pouco,
a identidade do sujeito surdo, sendo ela uma construção que não é padronizada
nem homogênea, visto que existem múltiplas possibilidades de identidade. A
autora Gladis Perlin, pesquisadora surda, em 1997, sistematizou algumas delas.
Vamos ver na tabela a seguir como elas se caracterizam:
IDENTIDADE CARACTERÍSTICAS
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➢ Surdos com pais ouvintes e irmãos surdos, entre outros.
Fonte: https://images.pexels.com/photos/264109/pexels-photo-264109.jpeg?auto=
compress&cs=tinysrgb&dpr=2&h=750&w=1260
Conclusão da aula 4
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Atividade de Aprendizagem
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Índice Remissivo
A construção da identidade no sujeito surdo .................................................. 26
(Constituição; diferenças; identificação)
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Referências
DIAS, R.; (Org.) Língua Brasileira de Sinais. São Paulo. Pearson Education do
Brasil, 2015
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PADDEN, C.; The deaf community and the culture of deaf people. In: Wilcox,
Sherman (Ed.). American deaf culture: an anthology. Burtonsville: Lindtok Press,
1989.
QUADROS, R. M.; Estudos Surdos IV. Petrópolis, RJ: Arara Azul, 2009.
BIAGGIO, A. M. B.; Psicologia do desenvolvimento. Petrópolis: Vozes, 2007.
SACKS, O.; Vendo Vozes: uma jornada pelo mundo dos surdos. Rio de
Janeiro: Imago, 1990.
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