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COMO FALAR MELHOR EM PÚBLICO

MESA DIRETORA

Presidente - Caio André (PSC)


1º Vice-Presidente - Yomara Lins (União Brasil)
2º Vice-Presidente – Everton Assis (PSL)
3º Vice-Presidente – Lissandro Breval (Avante)
Secretário Geral – João Carlos (Republicanos)
1º Secretário – Glória Carrate (PL)
2º Secretário – Jaildo Oliveira (PC do B)
3º Secretário – Ivo Neto (Patriota)
Ouvidor – Capitão Carpê (Republicanos)
Corregedor – Rosivaldo Cordovil (PSDB)

Ficha Técnica
Ebook - Como falar melhor em público
Autor: Wagner Costa
Revisão Pedagógica e EAD: Professora Msc. Victória Corrêa Fortes

Proibida a reprodução total ou parcial sem a autorização da editora.


A distribuição e download deste e-book são gratuitos dentro da plataforma Escola
do Legislativo da Câmara Municipal de Manaus, no entanto, sua comercialização e/ou
redistribuição é terminantemente proibida.

© Copyright 2022 – Istud Ltda ME


Categoria: Comunicação e Marketing

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COMO FALAR MELHOR EM PÚBLICO

APRESENTAÇÃO DO
PROFESSOR
WAGNER COSTA

Wagner Costa é psicólogo, psicanalista e especialista em Terapia Cognitivo


Comportamental e em Psicologia Positiva. Possui mestrado em Ciências
da Saúde.

Sua trajetória no mundo da interação com o público começou aos 19


anos como professor de matemática e física em escolas públicas, atividade
que exerceu por 30 anos. Inicialmente formado em Licenciatura Plena em
Física, uma formação específica para ministrar aulas que o ajudou a iniciar
sua interação com o público.

Paralelo às atividades de professor, sempre participou de atividades onde


fazia pequenas palestras para idosos na Fundação Dr. Thomas em Manaus.
Essa atividade foi decisiva no treino constante para aprender a falar e inte-
ragir com o público.

Depois, com a formação em psicanálise, passou a ouvir a história da


vida das pessoas e aprender com muitos exemplos da vida real que tam-
bém o ajudaram a coletar experiências valiosas. Após a formação como
psicólogo, passou a ministrar aulas em cursos universitários e vivenciar
outras experiências.

Atualmente é psicólogo clínico atendendo presencial e on-line e ministra


treinamentos e palestras motivacionais.

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COMO FALAR MELHOR EM PÚBLICO

FOTO DO PROFESSOR

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COMO FALAR MELHOR EM PÚBLICO

APRESENTAÇÃO DO CURSO
Falar em público sempre foi uma habilidade desejada por muitos e domi-
nada por poucos.

Muitos pensam que existe o dom da oratória e somente aqueles que nas-
ceram com esse dom podem falar de forma fluente e encantar a audiência.

Por outro lado, existem aqueles que fantasiam que tudo pode ser apren-
dido de forma fácil e rápida e que um curso de oratória onde o aluno aprenda
a empostar a voz, seguir algumas posturas pré-definidas e respeitar algu-
mas regras de palco pode fazer com que qualquer pessoa consiga dominar
essa arte.

Fazemos parte do grupo que acredita que a principal ferramenta para


falar em público é saber falar.

Mas se já temos a ferramenta, por que não conseguimos realizar essa


tarefa se a desejamos tanto e certamente isso nos auxiliaria no crescimento
profissional? Porque temos “medo”.

O medo é a principal barreira entre nós e o público. E precisamos saber


que sempre sentiremos medo, já que ele é uma emoção básica que faz
parte da vida e nos protege de perigos.

Nesse curso vamos falar sobre medos, e mostrar os requisitos básicos


para que você comece a treinar suas apresentações de forma mais natural.
Mostrarei as ferramentas básicas que você precisa para iniciar.

Não prometemos soluções mágicas, mas temos a certeza de que se você


começar a treinar, em pouco tempo perceberá sua evolução e se sentirá
mais confiante. Mostraremos o passo a passo para que você se sinta seguro.

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COMO FALAR MELHOR EM PÚBLICO

Apresentaremos os pontos importantes sobre o planejamento e mostra-


remos vários exemplos do que fazer e não fazer.

Te convido a nos acompanhar nessa jornada e descobrir uma habilidade


que você possui, e que só está esperando ser despertada.

E lembre-se: a dificuldade torna a caminhada difícil mais aumenta o pra-


zer da chegada.

Pense nisso.

Pense agora.

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SUMÁRIO
UNIDADE I - FUNDAMENTOS DA COMUNICAÇÃO...................................................9
1. Comunicação e vida..........................................................................................................10
2. Elementos da comunicação .........................................................................................12
3. O Cérebro, modelo de mundo de cada pessoa ...................................................14
4. A construção de um caminho......................................................................................16

UNIDADE II - CONVIVENDO COM O MEDO ...............................................................18


1. Conhece-te a ti mesmo....................................................................................................19
2. Atributo funcional do medo .........................................................................................21
3. Controlando o nervosismo............................................................................................23
4. Programa de resistência mental...............................................................................25

UNIDADE III - EQUIPAGEM DA PALESTRA.................................................................27


1. Sintonia..................................................................................................................................28
2. Explicação.............................................................................................................................30
3. Persuasão..............................................................................................................................32
4. Revelação..............................................................................................................................33

UNIDADE IV - PLANEJANDO A APRESENTAÇÃO...................................................35


1. Recursos visuais.................................................................................................................36
2. Recursos visuais (continuação)..................................................................................37
3. Memorizar ou improvisar?..........................................................................................39
4. Início e Fim..........................................................................................................................40

UNIDADE V - STORYTELLING E METÁFORAS...........................................................42


1. O conto de fadas................................................................................................................43
2. Tipos de histórias..............................................................................................................45
3. Conversando com a plateia..........................................................................................46
4. Modelagem e PNL...........................................................................................................48

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SUMÁRIO
UNIDADE VI - EXEMPLOS E ANÁLISE DE APRESENTAÇÃO................................51
1. Mitos sobre palestras........................................................................................................52
2. Brio (Clovis de Barros).....................................................................................................54
Ilusão do fim da história (Dan Gilbert)........................................................................54
Vulnerabilidade (Brené Brown).......................................................................................54

Leituras Recomendadas....................................................................................................55

Palestras Recomendadas..................................................................................................55

Referências Bibliográficas.................................................................................................56

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COMO FALAR MELHOR EM PÚBLICO

UNIDADE I
Fundamentos da
Comunicação

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COMO FALAR MELHOR EM PÚBLICO

CAPÍTULO I - Fundamentos da
Comunicação
1. Comunicação e vida
“Nenhum ser humano é capaz de esconder um segredo. Se a boca se
cala, falam as pontas dos dedos” (Sigmund Freud).

A maneira como nos comunicamos com os outros e com nós mesmos é


o que, no final, determina a qualidade de nossas vidas. Entretanto, devemos
excluir aqui as desigualdades sociais criadas por questões econômicas.

A comunicação, a interação com outras pessoas faz parte da vida e a


cooperação entre os humanos foi determinante para a sobrevivência e a
reprodução de nossa espécie. Tudo isso feito a partir da comunicação.

Aqueles que atingem objetivos e de alguma forma se realizam na vida são


os que aprenderam a aceitar desafios impostos pela própria vida e conse-
guiram comunicar a experiência para si mesmos, de uma forma que os fez
mudar as coisas com sucesso.

Pessoas que modelam nossas vidas e nossa cultura, aqueles que con-
sideramos como referências, são também mestres de comunicação para
outros. Possuem a habilidade de comunicar uma visão, uma indagação,
uma alegria ou uma missão.

O domínio da comunicação é o que faz um grande pai, um grande artista,


um grande político ou um grande profissional.

Podemos considerar a comunicação em duas formas básicas:

A primeira é sua comunicação consigo mesmo. O significado de cada


acontecimento é o significado que você lhe dá.

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COMO FALAR MELHOR EM PÚBLICO

A segunda é a comunicação com os outros. As pessoas que mudaram


nosso mundo foram mestres em comunicação.

Nós nos comunicamos por meio das palavras, do tom de nossa voz, e do
nosso corpo: postura, gestos e expressões. É impossível você não se comuni-
car. Alguma mensagem é sempre transmitida, mesmo quando não dizemos
nada e ficamos parados. Portanto, comunicação envolve uma mensagem
que passa de uma pessoa para outra.

A comunicação envolve muito mais do que apenas palavras. As palavras


são apenas uma pequena parte de nossa capacidade de expressão como
seres humanos. Estudos demonstram que numa apresentação diante de
um grupo de pessoas, 55% do impacto é determinado pela linguagem cor-
poral — postura, gestos e contato visual —, 38% pelo tom de voz e apenas
7% pelo conteúdo da apresentação.

As palavras são o conteúdo da mensagem, e a postura, os gestos, a expres-


são e tom de voz são o contexto no qual a mensagem está embutida.

Juntos, eles formam o significado da comunicação

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2. Elementos da comunicação
“O que eu falo não é o que pensei e o que você escuta não é o que eu
disse e o que você entende jamais será meu pensamento” (Wagner Costa).

Ao falarmos sobre comunicação estamos falando da interação entre duas


ou mais pessoas, podemos até manter uma comunicação interna, mas nesse
trabalho estamos focados na comunicação que está relacionada a transmis-
são de informação, ou na comunicação de notícias e conteúdos que devem
ser compartilhados com outras pessoas.

O termo comunicação tem origem latina communicatio, “ato de repartir, de


distribuir”, em outras palavras significa tornar comum uma informação, com-
partilhar com outras pessoas. Quando pensamos em comunicação também
pensamos em comunhão de conhecimentos e ideias. Sabemos que por meio
da comunicação os seres humanos adquirem conhecimentos, expressam seus
sentimentos e pensamentos e adquirem respostas a seus questionamentos.

Harari (2018) considera que a habilidade de comunicação foi essencial para


a formação social ao afirmar que: “tudo se resumia a contar histórias e con-
vencer as pessoas a acreditarem nelas”, ou seja a habilidade de comunicação
sempre foi fundamental para a construção de ideias e da sociedade, foi por
meio de histórias que criamos os mitos e crenças direcionadoras de nos-
sas vidas.

Nos comunicamos por meio de gestos, expressões faciais, sorrisos, canções


e por muitas outras maneiras, até o ritmo de nossa respiração tem signifi-
cado. Historicamente os humanos começaram a desenhar nas paredes das
cavernas para comunicar ideias e crenças. E atualmente a comunicação é
central para o desenvolvimento profissional e pessoal, é por meio dela que
compartilhamos informações no mundo globalizado.

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A comunicação está conectada a linguagem e a interação entre pessoas de


tal forma que alguns elementos básicos estão presentes em todo o processo
de comunicação, sendo eles:

1 Emissor: Também conhecido como locutor ou falante, é aquele responsável


por emitir a mensagem para um ou mais receptores.

2 Receptor: É quem recebe a mensagem emitida pelo emissor. Também


conhecido como ouvinte, aquele que escuta.

3 Mensagem: é um material usado para transmitir uma informação, felicita-


ção, comunicado, é aquilo que enviado para alguém.

4 Código: representa o conjunto de signos que serão utilizados na mensagem.

5 Canal de comunicação: corresponde ao local (meio) onde a mensagem


será transmitida. Um canal pode ser o condutor que permite a circulação de
uma mensagem.

6 Contexto: o contexto é o ambiente físico ou situacional (conjunto de circuns-


tâncias) a partir do qual se considera um fato. O contexto pode influenciar e
modificar o significado da mensagem.

7 Ruido: o ruído é uma interferência que afeta o processo comunicativo. Neste


sentido, o ruído pode ser a falta de clareza da mensagem, os sons ambientes
que interferem na audição do receptor e etc.

Observe na figura abaixo a representação dos elementos da comunicação:

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3. O Cérebro, modelo de mundo


de cada pessoa
“O mapa não é o território” (Alfred Korzybski).

O cérebro, para simplificar o entendimento, pode ser considerado uma


máquina (não acredite nisso), que produz crenças em nossas vidas. A partir
de todas as informações que coleta por meio dos sentidos físicos ele iden-
tifica padrões e atribui significado as nossas experiências (SHERMER, 2012).

Podemos considerar que a principal função do cérebro é identificar os estí-


mulos externos e reagir a eles de forma a manter nossa vida. Esse processo
é tão automatizado que não pensamos e nem analisamos o que acontece
em nosso mundo interior enquanto vivemos a vida.

Quando Korzybski (1933) afirmou: “um mapa não é o território que repre-
senta, mas, se estiver correto, tem uma estrutura semelhante à do território,
o que justifica sua utilização” nos abriu um monte de possibilidades para
compreendermos que nossas representações mentais não correspondem
a realidade. Ou seja, quando nos comunicamos, o que estamos fazendo é
uma tentativa de compreender o mapa pelo qual nosso interlocutor inter-
preta o mundo.

Para Andreas e Faulkner (1995), alguns pressupostos são necessários para


entendermos que nossos comportamentos, inclusive a habilidade para falar
em público, são possíveis a partir das crenças que cultivamos em nosso
mundo interior:

As experiências possuem uma estrutura. Nossos pensamentos são estru-


turados e padronizados, logo, se mudarmos essa estrutura, conseguimos
mudar a forma como nos sentimos em relação a determinadas experiências.

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COMO FALAR MELHOR EM PÚBLICO

Se uma pessoa pode fazer algo, todos podem aprender a fazê-lo tam-
bém. A única maneira de descobrirmos se realmente existe um limite para
nossas capacidades é experimentado, é nos permitindo acreditar que tam-
bém podemos fazer. Não existe “dom”, o que existe é uma forma de pensar
que nos permite fazer ou não fazer.

Corpo e mente são partes do mesmo sistema. Nossos pensamentos


produzem sinapses em nosso cérebro, ou seja, quando pensamos afeta-
mos instantaneamente a estrutura cerebral. Podemos mudar nosso corpo
a partir de nossos pensamentos ou podemos mudar nossos pensamentos
mudando nossa postura corporal.

As pessoas já possuem todos os recursos de que necessitam. Nossos


pensamentos, as imagens mentais que criamos, as conversar internas que
realizamos, sensações e sentimentos são o de que necessitamos para entrar
em ação. Todos podemos usar esses recursos a nosso favor para aprender-
mos novas habilidades.

É impossível não se comunicar. Sempre interagimos com o mundo a


nossa volta, mesmo que não percebamos tal interação.

O significa da sua comunicação é a reação que você obtém. Quando


percebemos como nosso interlocutor capta nossa comunicação podemos
fazer ajustes de forma a melhorar o processo de comunicação.

Todo comportamento tem uma intenção positiva. Isso nos permite


perceber que podemos encontrar maneiras mais criativas e adequadas
para atingir nossos objetivos, utilizando comportamentos mais funcionais
e adequados ao ambiente onde vivemos.

As pessoas sempre fazem a melhor escolha disponível para elas. O


que fazemos foi o melhor que conseguimos naquele momento e sempre
que olharmos para o passado perceberemos que no momento presente

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COMO FALAR MELHOR EM PÚBLICO

podemos fazer melhor. As escolhas que fazemos são as que estão disponí-
veis quando agimos.

Se o que você está fazendo não está funcionando, faça outra coisa.
Devemos perceber que os mesmos comportamentos geram os mesmos
resultados, então se queremos resultados diferentes devemos mudar
nosso comportamento.

4. A construção de um caminho
Muitas pessoas querem falar em público e querem saber qual o segredo
para conseguir elaborar uma boa apresentação e falar de forma fluente.
Todas as vezes que alguém pergunta:

- “como faço para aprender a falar em público?”

Minha resposta é sempre a mesma. Comece a falar em público e não


perca nenhuma oportunidade. Se estiver na igreja e solicitarem ajuda para
uma leitura, seja voluntário. Quando estiver em uma parada de ônibus fale
com as pessoas, seja cordial, tome a iniciativa e cumprimente com uma
saudação de “bom dia”. Sempre que surgir a oportunidade, fale.

Eu aprendi a falar em público, falando.

E se você a partir de hoje aproveitar todas as oportunidades, em pouco


tempo estará confortável ao falar para as pessoas.

Umas das principais fantasias, e realmente é só uma fantasia, é acreditar-


mos que que muitas pessoas estão nos olhando ao mesmo tempo. Quando
falamos para um público e olhamos nos olhos de quem nos escuta, estamos
conectados sempre a uma única pessoa. Acredite em mim, quando você
estiver falando em público fale olhando para uma pessoa de cada vez e se
dirija a ela como se estivesse só você e ela no ambiente. Claro que essa é
uma ideia a ser construída ao longo do tempo.

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COMO FALAR MELHOR EM PÚBLICO

A angústia de enfrentar uma audiência, seja num auditório ou em uma


reunião no ambiente de trabalho é sempre um grande desafio para os ini-
ciantes. Isso acontece porque pensamos de forma catastrófica e prevemos
que tudo vai dar errado.

Tudo começa em nossos pensamentos. O primeiro passo é cultivar a


seguinte crença:

Não existe diferença entre falar para uma pessoa ou 10 pessoas.

O que muda são seus pensamentos, e como afirmou William James “A


maior revolução da nossa geração é a descoberta de que os seres humanos,
mudando as atitudes internas de suas mentes, podem mudar os aspectos
exteriores de suas vidas”.

O desafio que você deve começar hoje! Para acreditar em mim assista o
vídeo: https://youtu.be/ZnO37EyF6yg

Fale, Fale e Fale.

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COMO FALAR MELHOR EM PÚBLICO

UNIDADE II
Convivendo com o medo

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COMO FALAR MELHOR EM PÚBLICO

CAPÍTULO II - Convivendo
com o medo
1. Conhece-te a ti mesmo
“Vulnerabilidade não é conhecer vitória ou derrota; é compreender a
necessidade de ambas, é se envolver, se entregar por inteiro” (Brené Brown).

O conhecimento pessoal é considerado por muitos como a chave para


o desenvolvimento pessoal. Lao Tsé afirmava que “Aquele que conhece os
outros é sábio. Aquele que conhece a si mesmo é iluminado. Aquele que
vence os outros é forte. Aquele que vence a si mesmo é poderoso”.

Iluminado e poderoso significa ser capaz de realizar transformações pes-


soais e inspirar pessoas a sua volta. Observe que os grandes líderes possuíam
boa oratória e capacidade de mobilizar pessoas em prol de seus ideais.
Aquele que se conhece além de perceber suas fragilidades consegue ener-
gizar o mundo ao seu redor.

Considere um desafio permanente descobrir suas potencialidades e fragili-


dades, descubra aquilo que te incomoda e aquilo que te faz vibrar de alegria.
Tais informações vão apontar o caminho a seguir e os obstáculos a superar.

Conhecer a si mesmo é saber que poderemos vencer ou perder, fazer uma


boa apresentação ou uma que não gostamos e mesmo assim sabermos que
podemos melhorar e que a vida é um processo constante de aprimoramento.

Reflita sobre o texto intitulado “O homem na arena”, transcrito abaixo, de


autoria de Roosevelt, proferido em Sorbonne, maior universidade da Francesa:

“Não é o crítico que importa, nem aquele que aponta como o homem
forte tropeça, ou onde o realizador das proezas poderia ter feito melhor.
O crédito pertence ao homem que está de fato na arena, cuja face está

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COMO FALAR MELHOR EM PÚBLICO

manchada de poeira, suor e sangue; aquele que luta valentemente; que


erra, que ‘quase chega lá’ repetidamente, porque não há nenhum esforço
sem erros e falhas; aquele que realmente se esforça para fazer as obras;
que conhece o grande entusiasmo, grandes devoções; que se entrega a
uma causa nobre; que, no melhor dos casos, conhece, ao final, o triunfo da
grande conquista e que, no pior dos casos, se falar, ao menos falha ousando
com grandeza, de modo que o seu lugar jamais será entre as almas frias
e tímidas, que não conhecem nem a vitória, nem a derrota”.

Conhecer a si mesmo é saber que o mais importante é nosso desejo de


fazer o melhor e saber que muitos que não possuem coragem de fazer
ficam a margem criticando e criando a ilusão de que seus comentários os
fazem melhores. Lembre-se que suas derrotas e falhas são resultados que
mostram o que não fazer e como fazer melhor.

Você precisa compreender o valor da vulnerabilidade uma vez que “a


vulnerabilidade é a nossa medida mais precisa da coragem”. A escritora
Brené Brown explica que sentimos medo de mostrar nossas vulnerabilida-
des por acharmos que não seremos aceitos e que seremos rejeitados por
não sermos bons o bastante. Porém, explica que ao assumirmos nossas
fragilidades deixamos de sentir vergonha e medo e nos lançamos a nossos
objetivos sabendo que podemos sim atingir nossas metas, ou seja, quando
tentamos fugir para não sentir medo, fechamos as portas da nossa criativi-
dade (BROWN, 2016).

Sentir vergonha de falar em público é sentir medo de ser ridicularizado,


diminuído ou incapaz de realizar a tarefa, o que sentimos é medo de mostrar
uma parte de nós que acreditamos jamais será aceita pelas outras pessoas.
Precisamos compreender que essa fantasia é irreal e que todos somos a
soma de muitas experiências, muitos erros e acertos (BROWN, 2019).

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COMO FALAR MELHOR EM PÚBLICO

Saiba que suas palestras e apresentações serão a expressão de sua


personalidade, então cresça como ser humano, tenha cultura e procure
aprender sempre, leia mais e observe os acontecimentos e eventos cotidia-
nos eles são excelentes para ilustrar e mostrar como podemos colocar em
prática aquilo que queremos da vida.

De hoje em diante, não deixe passar um dia sem que você leia pelo
menos uma página de um bom livro.

2. Atributo funcional do medo


“O nervosismo não é uma maldição. Ele pode ser transformado e com
isso gerar um ótimo resultado. Faça as pazes com seu nervosismo, reúna
coragem e vá em frente!” (Chris Anderson).

Falar em público é considerado por muitas pessoas como uma tarefa difí-
cil. Porém, todas as pessoas que falam, podem falar em público. Para isso
precisam considerar que as habilidades necessárias para falar em público
são as mesmas que utilizam para falar com uma única pessoa.

Compreender como pensamos e como funcionam nossas emoções é um


passo importante, uma vez que, essa compreensão nos ajuda a controlar o
medo e seguir em frente. Portanto, vamos entender um pouco mais sobre
emoções e atributos funcionais das emoções.

O que é emoção? Todos vivenciamos experiência e sentimos emoções,


porém esse é um conceito complexo e muito difícil para ser definido clara-
mente. As emoções, conforme explicado por Weiten (2016) envolvem:

(1) Toda emoção envolve uma experiência subjetiva consciente (o compor-


tamento cognitivo). Aquilo que pensamos influencia diretamente os nossos
sentimentos e experiências emocionais.

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COMO FALAR MELHOR EM PÚBLICO

(2) Acompanhada de uma estimulação corporal (o componente fisiológico).


Sempre sentiremos em nosso corpo estímulos resultantes das emoções.

(3) De evidentes manifestações características (o componente comporta-


mental). As emoções são manifestadas por comportamentos como sorriso,
cara fechada, punhos cerrados, ou seja, as emoções se manifestam por
linguagem corporal e comportamentos não verbais.

Precisamos saber que cada emoção tem um atributo funcional. Mas o


que é o atributo funcional de uma emoção?

Atributo funcional de uma emoção nos diz claramente o que é necessário


fazer para reagir de forma adequada àquela emoção, ou seja, ao identificar
o atributo funcional de uma emoção, identificamos o que aquela emoção
específica está nos indicado como sinal a ser observado (BANDLER; LEBEAU,
1993).

Vamos considerar que o atributo funcional do medo indica que nossa vida
está em perigo e devemos imediatamente decidir se vamos lutar ou fugir.

O medo é uma emoção básica responsável pela sobrevivência humana,


porém atualmente ao falarmos em público não estamos em perigo. Ocorre
que nossa mente cria uma fantasia onde acreditamos existir um perigo
mortal para nossa identidade pessoal.

Nos preocupamos demasiadamente com as opiniões dos outros e sentimos


medo de falar, medo de errar, medo de não ser aceito e tantos outros medos.

O curioso é que sabemos que não estamos em perigo de vida, mas sen-
timos medo mesmo assim. Portanto, sugiro que você observe seus medos
e comece a conversar com você mesmo e a acreditar que falar em público
é uma oportunidade de manifestar suas opiniões e influenciar positiva-
mente pessoas e o mundo a sua volta.

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COMO FALAR MELHOR EM PÚBLICO

Para, pense e reflita.

Quando você pensa em falar em público qual o primeiro pensamento


vem a sua mente? Escreva esse pensamento as linhas abaixo para que você
saiba claramente qual o seu desafio.

__________________________________________________

__________________________________________________

__________________________________________________

E lembre-se, “o nervosismo não é uma maldição”, ele só está indicando


que você precisa confiar mais em suas habilidades.

3. Controlando o nervosismo
Controlar o medo é um sonho de muitos. Imagine você sem medo, sendo
chamado para iniciar uma exposição sobre um assunto que você tem expe-
riência e domina. É claro que sempre sentiremos um pouco de medo e
ansiedade quando vamos iniciar uma fala, afinal é sempre uma novidade.

Porém, você pode aprender a controlar o medo se começar a cultivar


algumas ideias básicas, vamos listar abaixo as sugestões apresentadas por
Anderso (2016):

1 Use o medo como motivação: Quando sentir medo, lembre-se para


que ele serve. Treine e estude bastante e aumente sua segurança, dessa
forma o medo diminui.

2 Deixe seu corpo ajudar: Você pode controlar o nervosismo e diminuir a


descarga de adrenalina quando respira calmamente. Então antes de come-
çar a falar respire calmamente. Respire várias vezes calma e profundamente.
Recomendo fortemente que faça exercícios de respiração diariamente.

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COMO FALAR MELHOR EM PÚBLICO

3 Beba água: Quem já ficou nervoso e com medo sabe o que é “ficar
com a boca seca”, o que talvez você não saiba é o nome científico desse
fenômeno “xerostomia, consiste em uma secura acentuada da mucosa oral,
devido à falta de salivação. Hidratar o corpo é fundamental para o funcio-
namento adequado das células e dos neurônios.

4 Evite o estômago vazio: No momento de ansiedade e nervosismo


algumas pessoas não querem comer nada. Não devemos tentar controlar
a ansiedade comendo, mas devemos ingerir algo leve pelo menos uma
hora antes da apresentação evitando os famosos movimentos peristálticos
(ronco no estômago).

5 Lembre-se do poder da vulnerabilidade: Existe uma fantasia de que


não devemos demonstrar nervosismo e por isso ficamos mais nervosos.
Reconhecer para o público sua insegurança em relação a enfrentar a audiên-
cia cria uma torcida para que tudo dê certo. O que você jamais deve dizer é
que não está preparado para falar.

6 Procure “amigos” na plateia: Sempre que estiver fazendo uma apresen-


tação procure focar o olhar em pessoas com expressões amigáveis, aqueles
que estão realmente prestando atenção e interessadas no seu conteúdo.
Sempre temos na audiência pessoas que confirmam que estão acompa-
nhando sorrindo para nós e fazendo gestos afirmativos com a cabeça. Crie
conexão com elas.

7 Tenha um plano B: Sempre tenha mais conteúdo do que tempo dis-


ponível para falar. Lembre-se dos assuntos que você domina e se for neces-
sário, se o ambiente ficar complicado, conduza o assunto para temas sobre
os quais você tenha muita experiência.

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COMO FALAR MELHOR EM PÚBLICO

8 Concentre-se no que está dizendo: Tenha um esquema claro do que


vai falar, use slides de apoio ou tenha uma folha com os principais tópicos
a serem explorados. Usar uma memória auxiliar é normal em tempos de
infinitas informações.

As recomendações acima são do presidente e curador do TED (Technology,


Entertainment and Design) que dispensa apresentações. (www.ted.com).

4. Programa de
resistência mental
Vários estudos demonstram que a amígdala cerebral é responsável pela
reação de luta e fuga moldada ao longo da evolução humana. Nos primór-
dios, os humanos, por sua fragilidade, aprenderam a evitar os predadores e
identificar situações de perigo que exigiam uma reação imediata.

Este mecanismo ainda está atuando em nosso cérebro e mesmo em um


mundo onde não temos mais animais ferozes nos perseguindo, ainda senti-
mos medo e evitamos situações em que pensamos estar em perigo de vida.

Ao pensar em realizar uma atividade, falar em público, por exemplo, pode-


mos sentir medo e entrar em pânico, mesmo que esta atividade não repre-
sente perigo real para nossas vidas. O que ocorre é que pensamos de forma
catastrófica imaginando que não seremos capazes de superar os obstáculos
e criando imagens mental de fracasso.

As imagens mentais geram emoções de medo e insegurança produzindo


reações físicas que vão nos paralisar e gerar comportamentos de evitação,
aqueles que nos farão acreditar que jamais poderemos fazer uma apresen-
tação em público ou expor nossas ideias de forma adequada e eficiente.

É preciso compreender o esquema abaixo para iniciarmos o processo de


combate desse tipo de pensamento que nos limita.

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COMO FALAR MELHOR EM PÚBLICO

É importante saber que não são os eventos que geram nossas emoções.
O que gera nossas emoções são as avaliações cognitivas que fazemos dos
eventos que ocorrem a nossa volta. Ao compreender essa ideia, podemos
perceber as emoções e identificar quais pensamentos estamos cultivando
que são responsáveis por nossos sentimentos.

A marinha americana desenvolveu um programa para melhorar o índice


de aprovação nos treinamentos para fuzileiros navais, aumentando a apro-
vação de 25% para 33%, o que significa que podemos utilizar esse mesmo
esquema para vencer o medo de falar em público.

O Programa de Resistência Mental é composto de quatro técnicas:

1 Fixação de metas

2 Ensaio ou visualização mental

3 Conversa interna

4 Controle da excitação

Você pode assistir o documentário O cérebro para entender mais sobre


como essas técnicas podem ajudar a controlar o medo.

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COMO FALAR MELHOR EM PÚBLICO

UNIDADE III
Equipagem da palestra

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COMO FALAR MELHOR EM PÚBLICO

CAPÍTULO III - Equipagem


da palestra
1. Sintonia
“Seja você. As piores palestras são aquelas em que as pessoas tentam
ser alguém que não são. Se você é brincalhão, seja brincalhão. Se é emo-
tivo, seja emotivo. A única exceção é se você for arrogante e autocentrado.
Nesse caso você deve sem dúvida fingir ser outra pessoa.” (Salman Khan).

Aprendemos e compreendemos por meio de nossos próprios pensamen-


tos e experiências. As pessoas só prestam atenção no que estão interessadas
e só aprendem quando querem. Estou afirmando que seus ouvintes só vão
escutar e prestar atenção em suas palavras se você fizer sentido para eles.

Fazer sentido, significa, eles acharem que você é verdadeiro e que real-
mente acredita no que diz. Pode não parecer, mas sua expressão corporal
diz a sua audiência se você está ou não falando com sinceridade. Mesmo
que a audiência não saiba disso, ela perceberá alguma coisa estranha e
ficará pensando “tem alguma coisa errada com a fala dessa pessoa”. Você
já vivenciou essa experiência, escutar uma pessoa falando e sentir que tem
algo errado, como se diz “com a pulga atrás da orelha”?

Portanto a primeira coisa que deve ser feita em sua fala é construir uma
conexão com a audiência e isso ser faz por meio do que chamamos rapoort
(criar empatia com seu interlocutor ou audiência). Como fazemos isso? Abaixo
algumas sugestões que você pode experimentar nas conversar face a face
e depois aplicar em suas apresentações orais.

Contato visual: Fazer contato visual e mostrar sua sinceridade e vontade


de transmitir uma ideia. Mostre a sua audiência que acredita no que está
dizendo, mostrando segurança ao olhar nos olhos das pessoas. Ao falar em

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COMO FALAR MELHOR EM PÚBLICO

público esteja sempre olhando nos olhos de alguém da plateia e dirija-se


a essa pessoa. Ela saberá que você está falando com ela e isso vai gerar
uma conexão.

Mostre sua vulnerabilidade: Mostre ao público que você é uma pessoa


real com qualidades e defeitos, mas sempre em processo de crescimento.

Seja engraçado, não exagere: Uma informação importante, no passado


as pessoas faziam piadas politicamente incorretas e todos riam. Estamos
aprendendo que respeito é fundamental nas relações humanas, seja você o
exemplo. Conte suas próprias experiências engraçadas para quebrar o gelo
e trazer a audiência para seu lado.

Anderso (2016) apresenta as sugestões de Tom Rielly, um dos diretores


do TED, são elas:

1 Conte casos relevantes para o assunto abordado, casos em que o humor


seja natural. O melhor humor se baseia na observação de coisas que ocor-
rem à sua volta, as quais você pode exagerar ou reformular.

2 Tenha pronto um comentário engraçado para o caso de trocar as pala-


vras, o vídeo não rodar ou o controle remoto não funcionar. A plateia sabe o
que é isso, e você vai ganhar a solidariedade dela de imediato.

3 Faça graça com sua imagem. Também se pode conseguir humor pelo
contraste entre o que está sendo dito e o que é mostrado. Há um monte
de possibilidades de fazer rir.

4 Use a sátira, dizendo o oposto do que quer expressar e revelando depois


sua intenção, ainda que a técnica seja difícil.

5 Timing é fundamental. Se houver um momento para o riso, você precisa


lhe dar a chance de acontecer. Isso implica ter a coragem de dar uma pausa
e fazer isso sem parecer que está pedindo aplausos.

29
COMO FALAR MELHOR EM PÚBLICO

6 Muito importante: se você não é uma pessoa engraçada, não tente ser
no palco. Teste seu humor com a família ou os amigos, ou mesmo com
colegas. Eles riem? Se não, mude ou corte.

As recomendações são importantes e eu acrescento: seja original.

2. Explicação
Provavelmente na maioria de nossas apresentações em público, quando
falamos queremos explicar alguma ideia ou conceito e queremos que a
audiência compreenda o que estamos falando.

Para isso, é necessário levar em consideração alguns pontos importantes.


O primeiro é falar no linguajar do público, fale de forma que seu público
compreenda o que você está dizendo. Se possível colete informações sobre a
audiência antecipadamente para que você possa saber em que nível deverá
explicar seu conteúdo.

Muitas vezes o próprio estilo de fala, uma fala mais formal, pode não com-
binar com uma audiência de pessoas mais jovens, portanto leve sempre
em consideração para quem você fará sua apresentação. Se não for pos-
sível saber sobre o público de forma antecipada, você pode começar sua
apresentação fazendo uma rápida conversa com alguns participantes, faça
algumas perguntas para saber quem são os presentes e isso pode ajudar a
dosar as informações de forma adequada ao público presente.

Agora vamos listar os elementos centrais de uma boa explicação que


ajudarão a prender a atenção de sua audiência.

1 Comece falando sobre a realidade em que estamos. Diga o óbvio, diga


aquilo que todos acham que sabem, ou a visão do senso comum sobre o
assunto que deseja explicar.

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COMO FALAR MELHOR EM PÚBLICO

2 Faça perguntas e desperte a curiosidade sobre o assunto. É a curiosidade


que leva as pessoas a perguntarem “por quê” e “como isso ocorre”. A curio-
sidade ajuda o ouvinte a querer saber mais e preencher as lacunas em seu
conhecimento. Suas explicações precisam gerar a curiosidade no ouvinte.

3 Apresente os conceitos e os explique o mais detalhadamente possível,


seja direto, seja claro. É preciso seguir uma sequência, divida os conceitos
em partes e as explique sequencialmente, certificando-se que os ouvintes
estão compreendendo.

4 Faça comparações dos conceitos apresentados com outras situações


para que o público possa perceber a validade dos mesmos. As metáforas
podem ajudar nesse ponto (falaremos de metáforas em outro ponto).

5 Exemplifique cada conceito apresentado. Procure mostrar a aplicação


prática dos conceitos e mostre onde os novos conhecimentos podem ser
utilizados na vida cotidiana.

Sempre que explicamos uma nova ideia acrescentamos informações e


ampliamos a visão de mundo de nosso interlocutor. Portanto, devemos
seguir uma sequência explicando primeiro o que sabermos e vamos adi-
cionando camadas de informações que se juntam e formam novas ideias
e visões de mundo.

Como diz Anderson (2016) “Se a essência de sua palestra for a explicação
de uma nova ideia, será conveniente se perguntar: o que você supõe que
a plateia já sabe? O que vai usar para criar sintonia? Quais são os conceitos
necessários para construir sua explicação? E que metáforas e exemplos você
utilizará para revelar esses conceitos?”

31
COMO FALAR MELHOR EM PÚBLICO

3. Persuasão
Persuadir é levar a acreditar ou a executar alguma coisa. Convencer alguém
a pensar de uma determinada maneira ou fazer com que outra pessoa
mude de comportamento somente por argumentos apresentados, é uma
verdadeira arte.

Nem sempre conseguiremos mudar a forma de pensar do outro, mas


precisamos apresentar argumentos que façam com que nossa audiência
pense a respeito do tema apresentado.

Sempre digo que as pessoas não devem acreditar no que digo, sugiro que
aprendam por si mesmas, porém procuro convencê-las de meus argumen-
tos e para isso é necessário que utilizemos referências consistentes.

Apresentar casos reais, contar histórias reais cria questionamentos e


faz com que seu ouvinte reflita sobre o assunto, porque você está apre-
sentando um exemplo inquestionável. Além disso, devemos apresentar
vários exemplos.

Os exemplos fazem com que a audiência perceba que o assunto faz sen-
tido e pode ser colocado em prática, afinal os exemplos comprovam o que
o orador está afirmando.

As referências bibliográficas são fundamentais para mostrar aos ouvintes


que você está apoiando suas explicações em pesquisas científicas e que
o assunto é estudado de forma séria. Se possível sugira leituras, vídeos e
outros materiais onde as pessoas possam continuar buscando informações
sobre o tema. Quando utilizamos artigos e livros científicos para embasar
nossa fala, mostramos que estamos preparados e apresentando explica-
ções convincentes.

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COMO FALAR MELHOR EM PÚBLICO

E sempre que possível, utilize recursos visuais que gerem impacto e mos-
trem o quão relevante é o assunto que você está apresentando.

A persuasão ajuda os ouvintes a ressignificarem sua visão de mundo, tro-


cando-a por algo melhor. É feita por meio de raciocínio lógico e com emba-
samento em argumentos embasados em pesquisas e experiências sérias.

Lembre-se sempre que sua audiência precisa de informações claras que


gerem novas possibilidades ampliando a compreensão que possuem do
mundo a sua volta.

4. Revelação
Sintonia, explicação e persuasão são importantes, mas tudo isso será feito
de forma encadeada e sequencial. Ou seja, você terá que revelar as partes de
forma a construir um significado e um sentido na mente de sua audiência.

Para isso é importante mostrar o conteúdo gradativamente, para que o


público sinta curiosidade e fique interessado no que virá depois.

Mostrar imagens que demonstrem o desenvolvimento de um trabalho,


ou mostrar gráficos que possam ajudar a construir uma ideia.

Você deve demonstrar o funcionamento de um determinado produto


ou técnica de tal forma que o passo a passo fique explícito. Procure criar
acrósticos ou frases que ajudem na memorização das informações. Ou use
âncoras para fazer uma conexão entre a informação e os sentimentos dos
participantes.

Âncoras e acrósticos podem ajudar a gravar uma informação por muitos


anos na memória de longo prazo.

Exemplos famosos:

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COMO FALAR MELHOR EM PÚBLICO

As músicas podem ser excelentes âncoras.

Também podemos utilizar demonstrações dinâmicas fazendo junto com


os participantes. Um exercício de respiração pode ser um bom exemplo.

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COMO FALAR MELHOR EM PÚBLICO

UNIDADE IV
Planejando a apresentação

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COMO FALAR MELHOR EM PÚBLICO

CAPÍTULO IV - Planejando
a apresentação
1. Recursos visuais
“No século XXI, é possível complementar a palavra falada com uma gama
impressionante de tecnologias que, quando bem utilizadas, contribuem
bastante para a qualidade de uma palestra” (Chris Anderson).

Muitos acreditam que uma apresentação não pode prescindir de slides


e recursos que auxiliem a ilustrar o conteúdo que apresentado. No entanto
devemos sempre nos perguntar:

Incluir ou não incluir slides?

Devemos lembrar, o slide apresentado vai dividir a atenção do ouvinte,


por alguns momentos seu interlocutor ficará preso refletindo sobre o slide e
por isso esse material deve ser o mais direto e objetivo possível. Em outras
palavras não apresente slides com excesso de texto.

Prefira usar frases curtas que representem uma ideia, ou uma imagem
que ilustre o que será dito.

Um recurso visual servirá para mostra algo complexo e que facilite a


reflexão dos ouvintes. Também podemos usar o recurso visual para roteirizar
nossa fala, de forma que os slides nos fornecerão a sequência a ser desen-
volvida ao longo da apresentação.

Então os recursos visuais vão ajudar a REVELAR aquilo que é complexo


e que precisa de uma imagem para ajudar na compreensão.

Outra importante utilização dos recursos visuais está associada a frase


conhecida por todos “uma imagem vale mais do que mil palavras”. E quando
utilizamos imagens e palavras tudo fica mais claro e explícito.

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COMO FALAR MELHOR EM PÚBLICO

Agora lembre-se de limitar cada slide a uma única ideia central. Se


tem mais de uma ideia, coloque em dois ou mais slides, não economize.
O importante é que sua audiência possa receber as informações de forma
sequenciada e consiga refletir sobre cada ideia sem misturar com assuntos
que serão abordados posteriormente.

É melhor substituir um slide complexo por dois ou três mais simples.


Assim você ajuda seu interlocutor a seguir uma sequência na construção
de suas imagens mentais e nos conceitos que você quer compartilhar.

Sabe aqueles slides cheios de frases longas com conceitos complexos?


É a melhor forma de desviar a atenção de sua audiência. Enquanto você
explica um conceito seus ouvintes estarão lendo os outros conceitos, ou
seja, você perde o que mais quer, a atenção da audiência.

Tenha em mente que os recursos visuais devem ser utilizados para


mostrar aquilo que não pode ser explicado com palavras como: vídeos, fotos,
dados importantes.

E jamais esqueça de fazer as seguintes perguntas: Preciso de um


recurso visual para demonstrar essa ideia? Se sim, qual a melhor combina-
ção entre o recurso escolhido e minhas palavras?

2. Recursos visuais (continuação)


Sempre que fazemos uma apresentação e utilizamos o apoio de recur-
sos visuais, devemos estar seguros do que vamos manusear durante
a apresentação.

Algumas dicas são importantes:

Domine o software que vai utilizar em sua apresentação. Procure utilizar aquele
que você domina completamente para evitar imprevistos e improvisos. Nada
mais inadequado do que assistir o palestrante se enrolando sem saber o que fazer.

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COMO FALAR MELHOR EM PÚBLICO

Fontes: escolha uma fonte, os especialistas sugerem no máximo três, e


utilize um tamanho legível (24) ou maior. Evite misturas de cores nos textos.

Cores: devem manter simplicidade e contrate. Preto sobre branco, cor escura
sobre branco e branco ou amarelo sobre preto. Procure utilizar somente uma
cor de fonte para sua apresentação.

Legibilidade: Sempre verifique a legibilidade de sua apresentação, faça


uma exposição com o equipamento que vai utilizar para garantir que tudo
está harmonizado.

Coisas que devem ser evitadas:

Não use bullets (os famosos marcadores do Power Point). Essa é uma reco-
mendação controversa, você vai encontrar pessoas que adoram iniciar as
frases com marcadores. A pergunta é: De que forma eles podem ajudar na
compreensão da ideia? Se não utilizar isso vai prejudicar a explicação? A
escolha é sua.

Isso vale para todos os outros adereços, utilize aquilo que vai contribuir com
seu trabalho e evite os excessos.

Utilização de imagens de banco de dados livres de direitos autorais, a não


ser que esteja utilizando um software pago por você. Quando utilizar foto-
grafias lembre-se de citar os créditos.

Transições: A regra é evite quase todas. Na maioria das vezes elas não aju-
dam em sua apresentação. Certamente você já assistiu uma apresentação
onde as letras vão aparecendo uma a uma com um som característico de
máquina de datilografar. E a audiência fica nervosa querendo saber o que
vai surgir depois. Evite a todo custo.

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COMO FALAR MELHOR EM PÚBLICO

Uma última recomendação. Se possível utilize a colaboração de um designer


profissional para ajudar na elaboração de seu material. E lembre-se você precisa
se sentir confortável com o material que vai utilizar.

3. Memorizar ou improvisar?
Quando assistimos um orador experiente, percebemos que sua fala flui
como se tudo tivesse sido memorizado. Algumas vezes, quando estamos
revendo por meio de vídeo aula até pensamos que o orador está lendo um
teleprompter de tão perfeita que é sua fala.

Para vocês, que estão iniciando, a sugestão é sempre criar um roteiro para
seguir. Preferencialmente seus slides devem apresentar as ideias seguindo
a sequência previamente definida. Assim, evitamos os possíveis imprevistos
que podem acontecer.

Quando criamos um roteiro, conseguimos administrar o tempo nos ajus-


tando para falar durante o período definido previamente.

Quando fazemos uma apresentação muitas coisas podem acontecer:

• Seu tom de voz produzir sono na plateia.

• O tempo acabar antes de você dizer tudo o que tinha a dizer.

• Você se embaralhar com suas falas e material preparado.

• O vídeo não funcionar ou o controle remoto não funcionar.

• Você se sentir desconfortável.

• E o temível branco.

Como podemos evitar esses imprevistos? Planejando e roteirizando


nossa fala.

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COMO FALAR MELHOR EM PÚBLICO

Devemos considerar:

• Qual o público?

• Qual a faixa de idade?

• Homens ou mulheres?

• Escolaridade deles?

• Estão participando voluntariamente?

Com as informações acima, podemos começar a pensar no objetivo de


nossa apresentação e definir os conteúdos. Vamos considerar um esquema
básico que você pode usar para começar a treinar suas apresentações, na
próxima unidade esse esquema será apresentado.

4. Início e Fim
Numa apresentação é de fundamental importância que você saiba exa-
tamente como vai começar, porque é no início que os palestrantes ficam
mais tensos e o nervosismo ainda está presente.

Dominar os primeiros cinco minutos de sua fala, saber exatamente como


vai “quebrar o gelo”, como fará sua apresentação e apresentar as ideias iniciais.

É na fala inicial, em nossa apresentação que temos a oportunidade de colo-


car o público do nosso lado, portanto mostrar segurança é muito importante.

Procure observar vários palestrantes e veja como eles iniciam.

Abaixo colocamos três maneiras para exemplificar como você pode iniciar
sua fala:

1 Conte uma história impactante.

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COMO FALAR MELHOR EM PÚBLICO

Suas primeiras palavras têm muita importância. Ao planejar o início, pense


qual a maneira mais eficiente de criar curiosidade?

Contar uma história marcante ajudar a fixar a atenção dos ouvintes.

2 Desperte curiosidade.

Como despertar a curiosidade? A maneira correta é fazer uma pergunta,


mas não qualquer pergunta. Pense numa pergunta instigante.

Escolha a melhor pergunta entre as duas abaixo:

Como podemos construir um futuro melhor? Ou como uma garota de


catorze anos, com pouco dinheiro, conseguiu mobilizar sua cidade?

3 Mostre um slide, um vídeo ou um objeto cativante.

Com um material certo você pode iniciar despertando as pessoas e


prendendo a atenção sobre o tema. Pode só dizer “vou mostrar uma coisa
pra vocês”.

É importante dosar o início para evitar abrir muitos assuntos, isso pode
confundir a plateia.

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COMO FALAR MELHOR EM PÚBLICO

UNIDADE V
Storytelling e metáforas

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COMO FALAR MELHOR EM PÚBLICO

CAPÍTULO V - Storytelling
e metáforas
1. O conto de fadas
Era uma vez...

Assim começa os contos de fadas e as histórias que marcaram a infância


de milhões e milhões de pessoas pelo mundo. Em muitos desse contos o
objetivo era unicamente distrair e ocupar a mente das crianças, em outros
existia uma “moral da história” com o intuito de transmitir uma lição e ensi-
namento que deveria passar de geração a geração.

Contos de fadas são histórias populares geralmente com origem no fol-


clore e nas tradições oral de tempos remotos. São histórias frequentemente
curtas que se passam em um mundo encantado belo e onírico, com perso-
nagens fantásticos, tais como fadas, elfos, magos, dragões, gnomos, anões
e orcs.

A mente, parece que precisa ou gosta de fantasiar.

Lembra do conto de Cinderela (garota oprimida, magia, sapato e amor)?


Em 1893 foram documentadas 395 versões diferentes de cinderela e muitos
outros contos existem em vários países com modificações e adaptações.

A pergunta é “o que nos atrai nos contos de fada?” Por que contamos as
mesmas histórias? Provavelmente a magia e os finais felizes.

Nota-se que os contos seguem uma sequência mais ou menos seme-


lhante: A NETFLIX lançou um episódio intitulado “Explicando Contos de
Fadas” onde é apresentada a seguinte estrutura para a grande maioria dos
contos, com algumas variações. Entretanto, sempre existe uma princesa que
é salva por um príncipe e no final eles se casam e são felizes para sempre.

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COMO FALAR MELHOR EM PÚBLICO

Veja a sequência.

1 O herói e seu mundo estão estabelecidos e tranquilos

2 Então aparece um vilão e faz uma maldade que muda o mundo.

3 O herói sofre, mas cria um plano para resolver o problema.

4 Então, o herói recebe uma ajuda mágica.

5 Há uma luta entre o bem e o mal, uma alternância de poder, o herói é


quase vencido, apanha bastante.

6 O bem vence o mal.

7 E no final tudo volta ao normal.

Outra sequência bem conhecida que ficou conhecida como a jornada do


herói, foi apresentada por Campbell, que destaca 12 passos como principais,
sendo:

1 Mundo Comum - O mundo normal do herói antes da história começar.

2 O Chamado da Aventura - Um problema se apresenta ao herói: um desafio


ou a aventura.

3 Reticência do Herói ou Recusa do Chamado - O herói recusa ou demora


a aceitar o desafio ou aventura, geralmente porque tem medo.

4 Encontro com o mentor ou Ajuda Sobrenatural - O herói encontra um


mentor que o faz aceitar o chamado e o informa e treina para sua aventura.

5 Cruzamento do Primeiro Portal - O herói abandona o mundo comum para


entrar no mundo especial ou mágico.

6 Provações, aliados e inimigos - O herói enfrenta testes, encontra aliados


e enfrenta inimigos, de forma que aprende as regras do mundo especial.

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COMO FALAR MELHOR EM PÚBLICO

7 Aproximação - O herói tem êxitos durante as provações.

8 Provação difícil ou traumática - A maior crise da aventura, de vida ou morte.

9 Recompensa - O herói enfrentou a morte, se sobrepõe ao seu medo e


agora ganha uma recompensa (o elixir).

10 O Caminho de Volta - O herói deve voltar para o mundo comum.

11 Ressurreição do Herói - Outro teste no qual o herói enfrenta a morte, e


deve usar tudo que foi aprendido.

12 Regresso com o Elixir - O herói volta para casa com o “elixir”, e o usa para
ajudar todos no mundo comum.

Perceba que essas sequências se repetem em filmes e novelas que con-


tinuamos assistindo ao longo dos anos.

A metáfora é uma comunicação indireta através de uma história ou figura


de linguagem implicando uma comparação. Se você quer ser um pales-
trante, um comunicador é preciso compreender as metáforas e utilizá-las
de forma elegante. Treine.

2. Tipos de histórias
Os melhores palestrantes, aqueles que conseguem comunicar uma ideia,
contam histórias. Essas histórias são de três tipos:

Histórias pessoais: Contar suas histórias, suas experiências pessoais pode


ilustrar sua fala e comunicar uma ideia. Muitos pensam que não devemos.

45
COMO FALAR MELHOR EM PÚBLICO

Histórias de outras pessoas: A vida é cheia


de experiências que fazem as pessoas se
reinventarem e as lutas travadas por muitas
pessoas podem inspirar outros a lutarem e
buscarem uma melhoria na própria vida.

Histórias de marcas e produtos: a criação de muitas empresas mostra a luta


de seus fundadores e criadores para conseguirem ocupar um espaço. Muitos
são exemplos de sucessivos fracassos, mostrando que o fracasso não existe,
o que existe são experiências que nos ajudam a atingir novos patamares.

3. Conversando com a plateia


Os melhores palestrantes falam de forma natural, como se estivessem
realmente conversando com as pessoas que estão na plateia. Isso não é fácil.

Para ser você mesmo e espontâneo é necessário sentir-se confortável e


totalmente confiante no que está realizando.

Qual o segredo? A verdadeira arte de convencer está relacionada com a


congruência, total harmonia entre palavras, pensamentos e atos. Quando
seus sentimentos fluem de forma natural e isso é percebido pelo público o
encantamento ocorre naturalmente e as pessoas passam a acompanhar sua
fala como se realmente estivessem simplesmente conversando com você.

Tire um tempo para assistir um programa antigo do Silvio Santos e observe


como ele conversa com as pessoas, observe como ele entrevista e faz per-
guntas. E se possível leia um pouco sobre a trajetória empresarial e suas
conquistas. Mesmo sem treinamento ele descobriu a arte de encantar e
vender ideias.

Recomendo que você assista muitas palestras no TED (www.tedf.com),


certamente é o maior repositório de exemplos onde você encontrará

46
COMO FALAR MELHOR EM PÚBLICO

inspiração e muitas ideias fantásticas. Uma dica: se baixar o aplicativo em


seu smarphone conseguirá dublagem automática das palestras, bem como
as transcrições delas.

Também recomendo que você assista muitas palestras de Clovis de Barros


Filho, ele fala de forma natural e consegue encantar a audiência. Observe e
perceba a naturalidade com que ele expõe as ideias. Inclusive usa o termo
“explicador” para dizer que não quer somente passar conceitos e sim fazer
com que todos possam entender as ideias associadas a eles.

Outro excelente orador é Leandro Karnal, historiador que fala de forma


tão natural e faz tantas citações que nos estimula a estudar mais. Karnal
apresenta suas ideias de forma didática e embasadas em fatos, livros e obras
de arte. Vale a pena observá-lo.

Outro excelente orador é Mário Sérgio Cortella, professor, filósofo e edu-


cador que apresenta suas ideias com exemplos da vida real, ele usa muito
bem exemplos pessoais para ilustrar suas falas e parece simples contar a
própria e vida e encantar a audiência. Um desafio para todos.

Uma sugestão importante. Tenha sempre mais assunto do que tempo


para falar.

Quando elaborar uma apresentação tenha sempre uma ou duas histórias


de exemplos que pode utilizar como carta coringa, se sobrar tempo, utilize
esses exemplos e se perceber que o tempo está extrapolando aprenda a
resumir e encerrar. É melhor que os ouvintes fiquem com a sensação de
que poderiam ter escutado um pouco mais.

O grande vilão dos oradores e palestrantes é o medo. Conviver com o


medo e aprender que falar em público não é diferente de conversar com
uma única pessoa é a chave para o tão sonhado sucesso. Claro que você
precisa de conteúdo.

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COMO FALAR MELHOR EM PÚBLICO

4. Modelagem e PNL
A Programação Neurolisguistica (PNL) é nome criado por John Grinder e
Richarb Bandler para explicar um modelo de nossa experiência subjetiva, em
outras palavras “é o manual de operação de nossa mente” (CHUNG, 1999).

Modelagem é o processo de discernir a sequência de ideias e de compor-


tamentos que permitem a alguém realizar uma tarefa.

Todo comportamento nasce em nossa mente. Primeiro pensamos depois


realizamos. E você não consegue se imaginar executando uma determinada
atividades, por exemplo falar em público, provavelmente não se permitirá
a experiência.

Parte-se do princípio de que todos os humanos possuem uma estrutura


cerebral semelhante, ou seja, se alguém pode executar alguma coisa, você
também pode. O que precisamos fazer é prestar muita atenção no como
nosso modelo realiza tão bem a tarefa que desejamos modelar.

Podemos decompor essa observação em três aspectos que precisamos


reproduzir se quisermos realmente atingir nossos objetivos. São eles:

1 Sistema de crenças. Como dito anteriormente acreditar que você pode


é o primeiro passo. Mas se pergunte quais as crenças da pessoa que você
quer modelar. Em que ela acredita, de que forma pensa. Tenho certeza que
você perceberá que todos os grandes oradores e palestrantes acreditam
que podem fazer o que estão fazendo. Uma dica: Comece a acreditar que
você também pode fazer uma boa exposição.

2 Estratégias utilizadas. O que a pessoa faz, como se organiza e decom-


pões a tarefa, como pensa, o que diz a si mesmo. Lembre-se que o diálogo
interno define o que faremos e o que não faremos.

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COMO FALAR MELHOR EM PÚBLICO

3 Fisiologia. Qual a postura, a expressão facial, até o modo de respirar. Em


outras palavras agir como se fosse ela. Imagina como seria você falando
“igual” ao Clovis de Barros, como seria?

Um modelo que você pode utilizar para elaborar uma exposição:

1 Apresente o tema. Comece apresentando o tema e contextualizando


o assunto para criar curiosidade na audiência, é importante que nesse
momento inicial você consiga convencer os presentes de que o tema é
importante e merece ser estudado.

2 Mostre a importância de conhecer o assunto abordado. Diga como a


vida pode ser melhor e como os presentes podem modificar o mundo a sua
volta com as informações que serão compartilhadas em sua apresentação.

3 Explique os conceitos. Apresente cada conceito e os explique de forma


clara, utilize os recursos visuais para ilustrar e informar. Seja detalhado pro-
curando fazer com que os presente realmente percebam como os conceitos
e princípios apresentados são importantes.

4 Exemplifique. Cada conceito deve ser exemplificado, encontre situações


e acontecimentos que demonstrem a aplicabilidade do que está sendo dito
por você. É importante que as pessoas percebam como as informações
podem e mudar suas vidas.

5 Use referências para dar credibilidade ao que você está falando. Pro-
cure citar livros e artigos, estimule que as pessoas depois da apresentação
possam buscar mais conhecimentos. Essa prática faz com que os presentes
percebam que você realmente quer que eles aprendam além daquilo que
você está apresentando.

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COMO FALAR MELHOR EM PÚBLICO

6 Conclua mostrando como o futuro poderá ser influenciado com as


novas informações. As conclusões devem ser mais emocionais solicitando
ação e mudança de comportamento. Seja claro dizendo aos presentes que
espera que eles realmente utilizem as novas informações para modificarem
alguma coisa em suas vidas.

Treine e depois me conte os resultados.

50
COMO FALAR MELHOR EM PÚBLICO

UNIDADE VI
Exemplos e análise de
apresentação

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COMO FALAR MELHOR EM PÚBLICO

CAPÍTULO I - Exemplos e análise


de apresentação
1. Mitos sobre palestras
O maior mito sobre falar em público é a crença equivocada de que é
preciso ter um dom e já nascer com as capacidades para realizar tal tarefa.
Primeiro precisamos saber que o que precisamos para falar em público é
saber falar, portanto, se eu consigo conversar com uma pessoa, eu posso
conversar com duas ou mais.

O que faz muita diferença é a forma como avaliamos as possiblidades de


falarmos ou não. Se eu acredito que posso meu desempenho será muito
diferente daquele resultante da crença de que eu não tenho competência
para falar e transmitir minhas ideias.

Hoje sabemos que nossas emoções são geradas a partir de nossos pen-
samentos, e nossos comportamentos resultam das emoções que sentimos.
Dessa forma, para falar em público é preciso acreditar que podemos fazê-lo.
Lembre-se: “se alguém pode fazer, você também pode”.

Um outro mito é pensar que se alguém domina um assunto isso é o


suficiente para que essa pessoa consiga falar bem em público. Basta você
lembrar quantos professores que você conheceu ao longo de sua vida que
dominavam o assunto, mas não conseguiam explicar de forma clara. Saber o
assunto não é o bastante, é preciso saber comunicar e interagir com o outro.
Você pode dominar um conhecimento, mas se não tiver a tranquilidade para
falar, se não acreditar que pode fazê-lo, isso vai paralisar seus pensamentos
e você não conseguirá transmitir uma ideia. Por isso, é preciso preparação,
planejamento e muito treino.

Pensar que o conteúdo é mais importante que a forma de comunicá-lo é

52
COMO FALAR MELHOR EM PÚBLICO

outro equívoco, podemos ter um excelente conteúdo, mas precisamos de


estratégias de comunicação para que o outro possa compreender aquilo
que desejamos comunicar. Lembre-se a responsabilidade da comunicação
é do comunicador, ou seja, se seu interlocutor não entende, é porque você
não está utilizando a estratégia certa para alcançá-lo. Por isso o dito popular
“falou e disso”, tem muita gente que fala, fala e não diz nada.

Há quem acredite que fazer pausas durante a fala pode atrapalhar a


comunicação. Isso é outro mito. As pausas quando bem utilizadas, permitem
que a audiência pense sobre o assunto. Falar rápido ou devagar pode ser
uma estratégia. Não devemos falar muito devagar de forma que a plateia
fique esperando nossa próxima palavra, mas não devemos falar tão rápido
dificultando o entendimento. Tudo depende de cada apresentação, saber
quais os objetivos e encontrar a melhor forma de comunicar.

Há quem pense que falar alto ajuda a prender o público. Isso não é
verdade, o que precisamos é fazer variações de forma que nossa voz tam-
bém funcione como marcador para os pontos importantes. Aumentar
o volume no momento de fazer um destaque pode prender e chamar a
atenção da audiência, mas também podemos fazer isso falando baixinho,
quase sussurrando.

E por último gostaria de lembrar que muitas pessoas pensam que é


preciso produzir materiais muito bem elaborados, caso contrário a apresenta-
ção não ficará boa. Lembre-se que o material de suporte somente deverá ser
utilizado como suporte. E você deve ser capaz de fazer sua apresentação sem
esse material. Caso alguma coisa não funcione, um equipamento falhe, você
precisa ter um roteiro auxiliar que te permita cumprir seus compromissos.

53
COMO FALAR MELHOR EM PÚBLICO

2. Brio (Clovis de Barros)


Ilusão do fim da história (Dan Gilbert)
Vulnerabilidade (Brené Brown)
As três apresentações que analisamos aqui são somente exemplos de
profissionais que atuam em mundos diferentes. Nosso objetivo é mostrar a
variabilidade de maneiras de apresentar um tema de forma objetiva e direta.

O primeiro, Clovis de Barros, foi filmado em uma sala de aula, segundo


ele mesmo, no momento dessa fala a aula havia tomado um rumo diferente
do planejado. Os alunos não estavam valorizando sua aula, então ele resol-
veu chamar a atenção de todos. Assista e certamente entenderá o recado.

Assista: https://youtu.be/TRPBY_lxJfE

O segundo apresentador é Dan Gilbert, psicólogo de Harvard e estudioso


do comportamento humano. Nessa fala ele explica como nossa capaci-
dade de imaginar o futuro pode influenciar nas decisões que tomamos no
momento presente. Espero que você consiga fazer uma relação entre o
conteúdo e o seu futuro como palestrante.

Assista: https://youtu.be/XNbaR54Gpj4

E a terceira, Brené Brown, pode servir de exemplo. Uma pessoa que cla-
ramente não tem habilidade para falar em público aceitando um desafio de
fazer uma apresentação em público. É claro que ela domina o conteúdo e
organizou muito bem a sua fala. Uma inspiração para você saber que pode
fazer muito mais do que imagina.

Assista: https://youtu.be/yPY7uF5Yle8

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COMO FALAR MELHOR EM PÚBLICO

Leituras Recomendadas

ACHOR, S. O jeito Harvard de ser feliz: O curso mais concorrido da melhor


universidade do mundo. São Paulo: Benvirá: 2012.

BENNETT, W. J. O livro das virtudes. Rio de Janeiro: Nova Fronteira: 1995.

CANFIELD, J.; (Autor), NEWMARK, A.; Mark Victor HANSEN, M. V. Canja de


Galinha para alma: Histórias para aquecer o coração pelos próximos
vinte anos. Rio de Janeiro: HarperCollins Brasil: 2020.

GALLO, C. TED: Falar, convencer, emociona. São Paulo: Benvirá: 2013.

Palestras Recomendadas
As primeiras 20 horas - Como aprender qualquer coisa: Josh Kaufman

Como falar de forma que as pessoas queiram ouvir: Julian Treasure

Felicidade é aqui e agora: Clóvis de Barros Filho

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COMO FALAR MELHOR EM PÚBLICO

Referências Bibliográficas
ANDERSON, Chris. TED Talks: O guia oficial do TED para falar em público.
Rio de Janeiro: Intrínseca, 2016.

ANDREAS, S. FAULKNER, C. PNL, A nova tecnologia do sucesso. Rio de


Janeiro: Campus, 1995.

BANDLER, L. C.; LEBEAU, M. O refém emocional. São Paulo: Summus, 1993).

BROWN, B. A coragem de ser imperfeito. Rio de Janeiro: Editora SEXTANTE,


2016.

BROWN, B. Eu achava que isso só acontecia comigo. Rio de Janeiro: Edi-


tora SEXTANTE, 2019.

CHUNG, T. Qualidade começa em mim: manual neurolinguística de lide-


rança e comunicação. 6ª ed. São Paulo: Tempo, 1999.

HAHARI, Y. N. Sapiens: Uma breve história da humanidade. Porto Alegre,


RS: L&PM, 2018.

SHERMER, M. Cérebro e Crença. São Paulo, SP: JSN Editora, 2012.

KORZYBSKI, A. Science and Sanity: An Introduction to Non-Aristotelian


Systems and General Semantics. 5ª ed. New Jersey, USA: Institute of Gene-
ral Semantics, 1994.

WEITEN, W. Introdução à Psicologia: Temas e variações. 3ª ed. São Paulo,


SP: Cengage, 2016.

WRIGHT, J. H; BASCO, M. R.; THASE, M. E. Aprendendo a terapia cognitivo-


-comportamental: um guia ilustrado. Porto Alegra: Artmed, 2008.

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COMO FALAR MELHOR EM PÚBLICO

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