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tribunal PODER JUDICIÁRIO

de justiça TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS

do estado
Gabinete do Desembargador ORLOFF NEVES ROCHA
de goiás

Rua 10, n.º 150 , Fórum Dr. Heitor Moraes Fleury , 12º Andar , Sala 1229, Setor Oeste , Goiânia-GO, CEP 74120020, Tel: (62) 3216-2964
Processo : 0287631.91.2016.8.09.0072
Nome CPF/CNPJ
Promovente(s)
MINISTERIO PUBLICO --
CPF/CNP
Nome
J
SECRETARIO DE SAUDE DO MUNICIPIO DE
Promovido(s) --
INHUMAS
Nome CPF/CNPJ
MUNICIPIO DE INHUMAS 530.300.001-09
Ó r g ã o 1ª Câmara
Tipo de Recurso Remessa Necessária
judicante: Cível
Relator Des. ORLOFF NEVES ROCHA

VOTO

Presentes os pressupostos de admissibilidade da remessa necessária, dela conheço.

Trata-se de Reexame Necessário por força do Duplo Grau de Jurisdição, nos termos do artigo
496, inciso I, do Código de Processo Civil, referente à sentença proferida pelo Juízo da Vara das
Fazendas Públicas da Comarca de Inhumas, nos autos do Mandado de Segurança, impetrado
pelo MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS, em substituição processual a Hélio
Vila Verde Martins, em face do MUNICÍPIO DE INHUMAS E OUTRO.

A ação foi ajuizada sob o fundamento fático de que o substituído Hélio Vila Verde Martins é
portador de doença grave (evento 03, doc. 01), necessitando de diversos medicamentos de uso
contínuo, imprescindíveis à sobrevivência.

Ao final da petição inicial, requereu-se a dispensação dos seguintes medicamentos: a) Corus 50


mg; b) Sezolok 50 mg; c) Aspirina Prevent 100 mg; d) Lipless 100 mg; e) Diamicron MR 60 mg; f)
Janumet XR 50/1000 mg; g) Lantus e fitas reagentes; h) Patz SL 5 mg.

Pois bem.

A princípio, por questão de clareza processual, oportuno enfatizar a legitimidade ativa do


Ministério Público para ajuizamento da presente demanda, conforme tese jurídica firmada no
julgamento do REsp 1.681.690/SP (Tema 766), julgado sob o rito dos recursos repetitivos,
segundo o qual “O Ministério Público é parte legítima para pleitear tratamento médico ou entrega de medicamentos
nas demandas de saúde propostas contra os entes federativos, mesmo quando se tratar de feitos contendo
beneficiários individualizados, porque se trata de direitos individuais indisponíveis, na forma do art. 1º da Lei n.
8.625/1993 (Lei Orgânica Nacional do Ministério Público).”

Vislumbro que o pressuposto constitucional de admissibilidade da Ação Mandamental, qual seja,


o direito líquido e certo, entendido pela doutrina dominante como a situação fática apresentada
na inicial, está devidamente demonstrado, consubstanciado nos documentos juntados à inicial.

No parecer exarado no evento 11, a douta Procuradoria de Justiça bem elucidou a questão,

Tribunal de Justiça do Estado de Goiás


Documento Assinado e Publicado Digitalmente em 27/01/2020 12:29:07
Assinado por ORLOFF NEVES ROCHA
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razão pela qual adoto o referido parecer como razões de decidir, nos termos do art. 210 do
Regimento Interno desta Corte, ipsis litteris:

“Por força legal, a remessa necessária deve ser conhecida.


Objetiva o impetrante que o Município de Inhumas, através de sua Secretaria Municipal de
Saúde, disponibilize os fármacos necessários, CORUS 50mg; SELOZOK 50mg; ASPIRINA
PREVENT 100mg; LIPLESS 100mg; DIAMICRON MR 60mg; JANUMET XR 50/1000mg;
LANTUS e fitas reagentes e PATZ SL 5mg, tendo em vista o diagnóstico médico do
substituído processual.
A recusa ou omissão por parte das autoridades relacionadas ao tema, caracteriza ato ilegal e
abusivo perfeitamente impugnável pelo writ, instrumento adequado para compeli-las a
prestarem os serviços de saúde de que os administrados fazem jus.
A Constituição Federal, no seu art. 196, afirma ser a saúde “direito de todos e dever do
Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de
doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua
promoção, proteção e recuperação”.
Dessa forma, compete ao Município de Inhumas viabilizar as ações do Sistema Único de
Saúde –SUS (Lei 8.080/90) assegurando a todos os munícipes o tratamento indispensável à
saúde, mesmo que a medicação não conste da lista do programa oficial, conforme
entendimento deste Egrégio Tribunal:
MANDADO DE SEGURANÇA. FORNECIMENTO DE TERAPIA MEDICAMENTOSA.
APRESENTAÇÃO SEMESTRAL DE RELATÓRIO MÉDICO. SEGURANÇA CONCEDIDA. 1.
Os relatórios médicos, acompanhados dos exames laboratoriais, ainda que emitidos pela
rede particular, mostram-se suficientes à comprovação da enfermidade do paciente, sendo
desnecessária qualquer dilação probatória e insubsistente a tese de ausência de prova pré-
constituída. 2. É dever dom Poder Público, em qualquer de suas esferas (art. 196, CF),
assegurar a todos o direito à saúde, de modo universal e igualitário. 3. A omissão do Poder
Público em fornecer terapia medicamentosa àquele que dela comprovadamente necessite
para o restabelecimento de sua saúde constitui ofensa a direito líquido e certo, amparável via
mandado de segurança (art. 1º, Lei n. 12.016/09). 4. É razoável, sobretudo para se evitar o
desequilíbrio financeiro do Sistema Único de Saúde, que o paciente apresente, a cada 6
(seis) meses, relatório médico a ratificar a necessidade da continuação do tratamento, como
condição à continuidade do fornecimento dos medicamentos objeto da prescrição médica.
Segurança concedida. (TJGO, MANDADO DE SEGURANCA 239929-11.2015.8.09.0000,
Rel. DES. ZACARIAS NEVES COELHO, 2A CAMARA CIVEL, julgado em 22/09/2015, DJe
1881 de 01/10/2015)-(grifamos)
MANDADO DE SEGURANÇA. FORNECIMENTO DE TERAPIA MEDICAMENTOSA. PROVA
PRÉ-CONSTITUÍDA. VERIFICADA. DIREITO LÍQUIDO E CERTO. EVIDENCIADO.
ESPECIFICAÇÕES DOS MEDICAMENTOS PELO MINISTÉRIO DA SAÚDE.
SUBSTITUIÇÃO POR GENÉRICO. POSSIBILIDADE. MULTA COMINATÓRIA.
POSSIBILIDADE. OITIVA DO GESTOR PÚBLICO. DISPENSADA. 1. As prescrições de
medicamentos elaboradas por médicos habilitados são provas que, produzidas de plano, na
impetração do mandamus, justificam a concessão da segurança pleiteada. 2. O fato de os
medicamentos prescritos não constarem na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais
(RENAME), na Relação Estadual de Medicamentos Essenciais (RESME), ou na lista dos
Componentes Especializados da Assistência Farmacêutica, não exime o ente estatal de
fornecê-los, em atenção à norma constitucional do artigo 196 da CF. 3. Da análise das
Resoluções RDC ANVISA nº 16 e 17, ambas de 02/03/2007, conclui-se que, prescrito
determinado medicamento sem a ressalva de não-intercambialidade, fica permitida a sua
substituição por outro com os mesmos princípios ativos, seja genérico ou similar. Todavia, se
a paciente demonstrar que o medicamento genérico ou similar não faz o mesmo efeito do
medicamento de marca prescrita no receituário médico, torna-se imperioso admitir o
fornecimento do medicamento específico. 4. Consoante precedentes jurisprudenciais,
admissível a fixação de multa diária para o descumprimento de decisão judicial,
especialmente nas hipóteses de fornecimento de medicamentos ou tratamento de saúde. (...)
SEGURANÇA CONCEDIDA. (TJGO, MANDADO DE SEGURANCA 173912-
90.2015.8.09.0000, Rel. DES. MARIA DAS GRACAS CARNEIRO REQUI, 1A CAMARA
CIVEL, julgado em 18/08/2015, DJe1857 de 27/08/2015)-(grifamos)
Do exposto, opinamos pelo desprovimento da remessa.”

Diante do exposto, conheço da remessa necessária e NEGO-LHE PROVIMENTO, para manter a


sentença integralmente.

Tribunal de Justiça do Estado de Goiás


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É o voto.

Goiânia, 27 de janeiro de 2020.

Desembargador ORLOFF NEVES ROCHA


Relator
_____________________________________________________________________
_____
Documento emitido / assinado digitalmente
com fundamento no Art. 1º, § 2º III, "b", da Lei Federal nº 11.419, de 19/12/2006, publicada no DOU de 20/12/2006.

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judicante: Cível
Relator Des. ORLOFF NEVES ROCHA

EMENTA: REMESSA NECESSÁRIA. MANDADO DE SEGURANÇA.


DIREITO À SAÚDE. FORNECIMENTO DE MEDICAMENTO DIREITO
LÍQUIDO E CERTO DEMONSTRADO. ORDEM MANDAMENTAL
CONCEDIDA. SENTENÇA MANTIDA. 1. Conforme tese firmada pelo
Superior Tribunal de Justiça, no julgamento dos Recursos Especiais
1.682.836/SP e 1.681.690-SP, “o Ministério Público é parte legítima para
pleitear tratamento médico ou entrega de medicamentos nas demandas de
saúde propostas contra os entes federativos, mesmo quando se tratar de
feitos contendo beneficiários individualizados, porque se refere a direitos
individuais indisponíveis, na forma do art. 1º da Lei n. 8.625/1993 (Lei
Orgânica Nacional do Ministério Público)”. 2. A prova pré-constituída,
caracterizadora do direito líquido e certo, apto a ensejar a concessão do
writ, encontra-se presente, sendo hábeis e legítimos os documentos
colacionados a fim de demonstrar a enfermidade do substituído, bem como
a imprescindibilidade dos medicamentos. 3. Trata-se de responsabilidade
solidária dos entes federados, nos termos do artigo 23, inciso II, da
Constituição da República e, por essa razão, responde o Município por
essa prestação. REMESSA NECESSÁRIA CONHECIDA E DESPROVIDA.
ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as retro


indicadas.

Tribunal de Justiça do Estado de Goiás


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ACORDAM os integrantes da 4ª Turma Julgadora da 1ª Câmara Cível, à
unanimidade de votos, em CONHECER E DESPROVER o presente
recurso, nos termos do voto do Relator.

A sessão foi presidida pelo Desembargador ORLOFF NEVES ROCHA.

Votaram com o Relator, o Desembargador Carlos Roberto Fávaro e o Juiz


Fernando de Castro Mesquita, substituindo o Desembargador Luiz Eduardo
de Sousa.

Presente o ilustre Procurador de Justiça Dr. Rodolfo Pereira Lima Júnior.

Goiânia, 27 de janeiro de 2020.

________________________________________
Desembargador ORLOFF NEVES ROCHA
Relator
_____________________________________________________________________
_____
Documento emitido / assinado digitalmente
com fundamento no Art. 1º, § 2º III, "b", da Lei Federal nº 11.419, de 19/12/2006, publicada no DOU de 20/12/2006.

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