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DEFENSORIA PÚBLICA

DISTRITO FEDERAL
Núcleo de Assistência Jurídica de Defesa da Saúde

INSTRUÇÕES PARA A ELABORAÇÃO DE PETIÇÕES INICIAIS:

(EXCLUIR QUADRO ANTES DE IMPRIMIR)

✅ FAVOR NÃO ALTERAR ESTE ARQUIVO - IMEDIATAMENTE APÓS ABRIR


ESTE ARQUIVO, SALVE UM NOVO ARQUIVO EM SUA PASTA, COM O
SEGUINTE PADRÃO: "PETIÇÃO INICIAL - NOME DA PESSOA - NOME DA
PROVIDÊNCIA PLEITEADA".

✅ ANTES DE ELABORAR A PETIÇÃO, CONSULTE O PJE E VERIFIQUE SE JÁ


EXISTE PROCESSO ATIVO EM NOME DA PARTE AUTORA BUSCANDO A
MESMA PROVIDÊNCIA.

✅ 1 - DOCUMENTOS NECESSÁRIOS:

O ajuizamento de ações judiciais para fornecimento de consultas,


cirurgias, medicamentos e aparelhos necessita da apresentação dos
seguintes documentos:

🔵 Documento de Identidade e CPF do(a) paciente e do(a) representante;

🟢 Declaração de Hipossuficiência + Formulário Socioeconômico totalmente


preenchidos, de forma legível, e assinados. Acesse:
http://www.defensoria.df.gov.br/formularios/

🟡 Comprovante de Renda (exemplo: carteira de trabalho, declaração de


rendimentos, extratos de aposentadoria ou benefícios; se a pessoa
interessada não tiver, deverá providenciar cópia do extrato bancário dos
últimos 3 meses);

🟠 Comprovante de Residência;

🔴 Relatório Médico legível, que aponte a urgência e as consequências da


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demora;

🟤 Indicação do valor da providência, caso ela esteja prevista na Tabela


SIGTAP do SUS:
http://sigtap.datasus.gov.br/tabelaunificada/app/sec/inicio.jsp

✅ 2 - DOCUMENTOS ADICIONAIS PARA SITUAÇÕES ESPECIAIS:

📌 CONSULTAS, EXAMES E PROCEDIMENTOS REGULADOS: A ação deverá


estar acompanhada de “print” em PDF da certidão que mostra a inserção
do paciente no sistema da regulação (SISREG). Acesse:
https://sisregiii.saude.gov.br/

✅ 3 – COMO PROCEDER SE NÃO HOUVER URGÊNCIA PARA A OBTENÇÃO DA


CONSULTA, DO EXAME, DA CIRURGIA OU DO TRATAMENTO?

Caso não haja indicação de urgência para a obtenção de ações e serviços


de saúde e a espera do paciente for por tempo inferior a 100 (cem) dias
para consultas e exames, e inferior a 180 (cento e oitenta) dias para
cirurgias e tratamentos, CONSULTE o(a) defensor(a) público(a) antes de
qualquer providência, pois pode não ser recomendável ajuizar a ação ou
ser adequado ajuizá-la sem pedido de tutela de urgência.

PRAZOS DE REFERÊNCIA – TEMPO DE ESPERA – PROCEDIMENTOS NÃO-


URGENTES:

- CONSULTAS E EXAMES: 100 DIAS


- CIRURGIAS E TRATAMENTOS: 180 DIAS

✅ 4 - COMPETÊNCIA JURISDICIONAL:

A petição inicial deverá ser ajuizada à Vara de Fazenda Pública do Distrito


Federal quando a parte autora for incapaz (menor de idade ou interditada)
ou quando o valor da causa ultrapassar 60 (sessenta) salários-mínimos
(R$78.120,00). Fora desses casos, a petição inicial deverá ser endereçada
a um dos Juizados de Fazenda Pública do Distrito Federal.

No Juizado de Fazenda Pública do Distrito Federal não é admitida a


representação de pessoas capazes. A própria pessoa autora da demanda
deverá assinar a declaração de hipossuficiência e o formulário de avaliação

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socioeconômica, exceto em casos de UTI.

✅ 5 - VALOR DA CAUSA:

O valor da causa deverá corresponder ao custo estimado da providência


que o(a) paciente pretende. Nos casos de consultas, exames, cirurgias e
tratamentos: consulte o valor do tratamento na Tabela SUS
(http://sigtap.datasus.gov.br/tabelaunificada/app/sec/inicio.jsp)

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DESTINATÁRIO: JUIZADO DA FAZENDA PÚBLICA DO DISTRITO FEDERAL

OU

5ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA E DA SAÚDE PÚBLICA DO DISTRITO


FEDERAL

Obs: A Competência será da Vara da Fazenda Pública nos seguintes casos: (i)
incapacidade da parte autora; (ii) medicamentos e tratamentos não
padronizados; (iii) internação compulsória; (iv) valor da causa superior a 60
salários mínimos.

SUMÁRIO DA AÇÃO:
AÇÃO DE CONHECIMENTO – OBRIGAÇÃO DE FAZER
COM PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA

PRETENSÃO:
- FORNECIMENTO DE _
CLASSIFICAÇÃO DE
- EMERGÊNCIA OU URGÊNCIA OU NÃO URGENTE
RISCO:

TEMPO DE ESPERA:
- DESDE _
JUSTIFICATIVA:
- URGÊNCIA/EMERGÊNCIA: Informar riscos decorrentes da demora.
OU
- DEMORA NO FORNECIMENTO DE PROVIDÊNCIA ELETIVA: Enunciado
n. 93 das Jornadas de Direito da Saúde do Conselho Nacional de
Justiça: “Nas demandas de usuários do Sistema Único de Saúde –
SUS por acesso a ações e serviços de saúde eletivos previstos nas
políticas públicas, considera-se excessiva a espera do paciente por
tempo superior a 100 (cem) dias para consultas e exames, e de 180
(cento e oitenta) dias para cirurgias e tratamentos”.
PRIORIDADE
- PESSOA IDOSA (MAIOR DE 80 ANOS)
LEGAL:
- PESSOA IDOSA (MAIOR DE 60 ANOS)
- PESSOA COM DOENÇA GRAVE (art. 1.048, inc. I, do CPC).
PROCESSO/SEI DE
-_
REFERÊNCIA:

QUALIFICAÇÃO DA PARTE REQUERENTE:

NOME, data de nascimento: _ (_ anos de idade); nacionalidade: _; estado civil:_;


profissão: _; filiação: filho(a) de _ e de _; titular do CPF nº _, e do Documento de
Identidade n. _ SSP-DF; domicílio residencial: _; CEP: _; telefone(s): (61) 9.xxxx-
xxxx e (61) 9.xxxx-xxxx; e-mail: _.

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QUALIFICAÇÃO DA PARTE REQUERIDA:

DISTRITO FEDERAL, pessoa jurídica de direito público interno, inscrito no CNPJ sob
o n. 00.394.601.0001/26, que deverá ser intimado e citado na pessoa do(a)
Procurador(a)-Geral do Distrito Federal, com domicílio no SAM, Projeção I, Edifício
Sede da Procuradoria-Geral do Distrito Federal, CEP 70620-000, telefone (61) 3325-
3367, e-mail: procuradoria@pg.df.gov.br.

DIREITO DE ACESSO GRATUITO À JUSTIÇA:

A parte autora não possui condições de arcar com os custos financeiros do processo e
os honorários advocatícios, em caso de eventual sucumbência, conforme declaração
de hipossuficiência anexa. Diante disso, pede a oportuna concessão dos benefícios da
gratuidade judiciária, nos moldes preconizados pelo art. 98 do CPC.

FUNDAMENTOS FÁTICOS: (A) DESCRIÇÃO DO QUADRO DE SAÚDE DA PARTE


AUTORA E DAS PROVIDÊNCIAS NECESSÁRIAS AO RESTABELECIMENTO DE
SUA SAÚDE.

> A presente ação judicial pretende a obtenção de providência prevista na Relação


Nacional de Ações e Serviços de Saúde (RENASES), comumente ofertada pelo SUS e,
portanto, prevista nas políticas públicas nacionais de saúde, mas que não está sendo
oferecida com a celeridade exigida pelo quadro clínico da parte autora. Dessa forma,
o provimento judicial pretendido implica apenas em determinar que a Administração
Pública observe a disciplina de política pública que já existe.

> O(s) relatório(s) médico(s) anexo(s), subscrito(s) pelo(a) médico(a) que assiste
o(a) paciente, possui(em) o detalhamento do quadro clínico da parte requerente e
descreve(m) as seguintes informações relevantes:

I - Diagnóstico clínico do(a) paciente:

A parte requerente possui _ anos de idade e foi diagnosticada com [DESCREVER A


DOENÇA E AS COMORBIDADES, SE HOUVER].

II – Providência prescrita para a recuperação da saúde do(a) paciente:

O(a) médico(a) assistente, dr(a). Nome (CRM/DF XXX), indicou a realização de


[DESCREVER A PROVIDÊNCIA PRETENDIDA NESTA AÇÃO].

III - Classificação de risco:

De acordo com as informações anexas, a providência vindicada deve ser realizada


com EMERGÊNCIA/URGÊNCIA/ELETIVIDADE.

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IV – Tempo de espera pela providência:

O pedido da parte autora consta em lista de espera do Sistema de Regulação da


SES/DF desde _.

V – Riscos decorrentes da demora no oferecimento da providência:

De acordo com as informações anexas, a demora na realização da providência


vindicada acarreta os seguintes riscos:

- RISCO DE VIDA,

- RISCO DE PERDA PERMANENTE DE FUNÇÕES VITAIS,

- RISCO DE INTENSIFICAÇÃO DO SOFRIMENTO FÍSICO,

- RISCO DE INTENSIFICAÇÃO DO SOFRIMENTO PSÍQUICO,

- RISCO DE COMPROMETIMENTO DA EFICÁCIA DO TRATAMENTO.

FUNDAMENTOS FÁTICOS: (B) DESCRIÇÃO DAS TENTATIVAS DE RESOLUÇÃO


EXTRAJUDICIAL DO CONFLITO, DA RESPOSTA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
E DO INTERESSE DE AGIR.

> Antes do ajuizamento desta ação, houve a requisição extrajudicial da prestação do


serviço demandado para a resolução do problema de saúde apresentado pela parte
requerente, mas a Administração Pública não apresentou informações claras, precisas
e conclusivas sobre a previsibilidade concreta de atendimento da pretensão, podendo
a omissão perdurar por tempo indeterminado (cf. doc. anexo).

> Destaca-se, da resposta apresentada, a seguinte justificativa para o não-


atendimento da pretensão:

“[descrever os trechos relevantes da resposta ao ofício ]”.

> Portanto, restou infrutífera a tentativa de resolução extrajudicial da controvérsia.

> A parte autora segue sem ter a sua demanda atendida, convivendo com os
desconfortos gerados por sua enfermidade e com o risco provável de agravamento de
seu quadro de saúde.

> A parte autora e seus familiares não possuem condições de prover, com seus
recursos econômico-financeiros, o tratamento de saúde prescrito. Eles dependem da
Rede Pública de Saúde para o custeio e a obtenção dos cuidados necessários para o
restabelecimento da saúde da parte demandante.

> Em razão da ausência de previsão de atendimento de sua demanda em tempo

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razoável, a judicialização da controvérsia se tornou necessária.

FUNDAMENTOS JURÍDICOS: JUSTICIABILIDADE DO DIREITO DE ACESSO À


SAÚDE.

> A Constituição Brasileira garante aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no


país a inviolabilidade do direito à vida (art. 5º, caput) e impõe ao Poder Público
assegurar a saúde a todos, mediante políticas sociais e econômicas que visem (i) à
redução do risco de doença e de outros agravos e (i) ao acesso universal e igualitário
às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação (art. 196).

> Esses deveres objetivam ao atendimento do direito humano à saúde, previsto no


art. 25, item I, da Declaração Universal dos Direitos Humanos, nos seguintes termos:
“Toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para lhe assegurar e à sua
família a saúde e o bem-estar, principalmente quanto à alimentação, ao vestuário, ao
alojamento, à assistência médica e ainda quanto aos serviços sociais necessários, e
tem direito à segurança no desemprego, na doença, na invalidez, na viuvez, na
velhice ou noutros casos de perda de meios de subsistência por circunstâncias
independentes da sua vontade”.

> O direito de toda pessoa de desfrutar o mais elevado nível de saúde física e mental,
por meio da criação de condições que assegurem, a todos, assistência médica e
serviços médicos em caso de enfermidade, também está consignado no artigo 26 da
Convenção Americana de Direitos Humanos e no art. 12 do Pacto Internacional de
Proteção dos Direitos Econômicos Sociais e Culturais.

> No âmbito do Sistema Interamericano (SIDH), a Corte Interamericana de Direitos


Humanos (Corte IDH), ao julgar o caso Poblete Vilches vs. Chile, exprimiu o alcance
do direito à saúde (cf. sentença disponível em:
https://biblioteca.corteidh.or.cr/documento/53887).

> A Corte IDH afirmou que esse direito, sobretudo em situações de necessidade e
urgência, exige aos Estados velar por uma adequada regulação dos serviços de
saúde, oferecendo aos indivíduos necessitados os serviços necessários, de acordo
com os elementos de disponibilidade, acessibilidade, qualidade e aceitabilidade, em
condições de igualdade e sem discriminação, mas também tomando medidas
positivas relativas a grupos em situação de vulnerabilidade. A referida Corte destacou
quatro elementos essenciais e interrelacionados, que devem ser garantidos pelo
Estado em prestações de índole sanitária:

i) qualidade: deve ser fornecida, em prazo adequado, infraestrutura adequada e


necessária para tratamentos médicos, o que inclui qualquer tipo de ferramenta ou
suporte vital;

ii) acessibilidade: devem os serviços de emergência de saúde ser acessíveis a toda e


qualquer pessoa de maneira inclusiva;

iii) disponibilidade: deve haver estabelecimentos, bens e serviços públicos de saúde


necessários para atender a demanda básica populacional; e

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iv) aceitabilidade: deve ser respeitada a ética médica e os critérios culturalmente


estabelecidos.

> A Corte IDH assinalou que, “cuando se trata de competencias esenciales


relacionadas con la supervisión y fiscalización de la prestación de servicios de interés
público, como la salud, la atribución de responsabilidad puede surgir por la omisión
en el cumplimiento del deber de supervisar la prestación del servicio para proteger el
bien respectivo (https://www.corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/seriec_349_esp.pd,
p. 41). Sendo assim, “respecto al derecho a la salud, sea en la esfera privada como
en la pública, el Estado tiene el deber de asegurar todas las medidas necesarias a su
alcance, a fin de garantizar el mayor nivel de salud posible, sin discriminación
(https://www.corteidh.or.cr/docs/casos/articulos/seriec_349_esp.pd, p. 43).

> Não é demasiado registrar que o Supremo Tribunal Federal já reconheceu que a
Convenção Americana sobre Direitos Humanos compõe o bloco de tratados
internacionais em matéria de direitos humanos e o sistema de proteção dos direitos
básicos da pessoa humana, cuja posição hierárquica no ordenamento positivo interno
do Brasil é de natureza constitucional ou supralegal, conforme tenham ou não sido
aprovados em cada Casa do Congresso Nacional, em 2 turnos, por 3/5 dos votos dos
respectivos membros (CF, art. 5º e §§ 2º e 3º).

> O acesso universal e igualitário às ações e serviços de promoção, proteção e


recuperação da saúde constitui diretriz de políticas públicas revestida de conteúdo
programático e dotada de caráter cogente e vinculante, como já afirmou o Supremo
Tribunal Federal, em diversos julgamentos (entre os quais destacam-se: ADPF 45,
STA 175, RE 367.432-AgR, RE 543.397, RE 556.556 e RE 574.353).

> De acordo com o entendimento do Supremo Tribunal Federal, “o direito público


subjetivo à saúde representa prerrogativa jurídica indisponível assegurada à
generalidade das pessoas pela própria Constituição da República (art. 196). Traduz
bem jurídico constitucionalmente tutelado, por cuja integridade deve velar, de
maneira responsável, o Poder Público, a quem incumbe formular - e implementar -
políticas sociais e econômicas idôneas que visem a garantir, aos cidadãos, o acesso
universal e igualitário à assistência farmacêutica e médico-hospitalar. O direito à
saúde - além de qualificar-se como direito fundamental que assiste a todas as
pessoas - representa consequência constitucional indissociável do direito à vida. O
Poder Público, qualquer que seja a esfera institucional de sua atuação no plano da
organização federativa brasileira, não pode mostrar-se indiferente ao problema da
saúde da população, sob pena de incidir, ainda que por censurável omissão, em grave
comportamento inconstitucional. O caráter programático da regra inscrita no art. 196
da Carta Política - que tem por destinatários todos os entes políticos que compõem,
no plano institucional, a organização federativa do Estado brasileiro - não pode
converter-se em promessa constitucional inconsequente, sob pena de o Poder Público,
fraudando justas expectativas nele depositadas pela coletividade, substituir, de
maneira ilegítima, o cumprimento de seu impostergável dever, por um gesto
irresponsável de infidelidade governamental ao que determina a própria Lei
Fundamental do Estado. O reconhecimento judicial da validade jurídica de programas
de saúde pública dá efetividade a preceitos fundamentais da Constituição da
República (arts. 5º, caput, e 196) e representa, na concreção do seu alcance, um
gesto reverente e solidário de apreço à vida e à saúde das pessoas, especialmente
daquelas que nada têm e nada possuem, a não ser a consciência de sua própria
humanidade e de sua essencial dignidade" (cf. AgR-RE 393.175 e RE 271.286).

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> É certo que não se inclui, ordinariamente, no âmbito das funções institucionais do
Poder Judiciário a atribuição de implementar políticas públicas, pois, nesse domínio, o
encargo reside, primariamente, nos Poderes Legislativo e Executivo. Todavia, a
incumbência de fazer implementar políticas públicas fundadas na Constituição deverá,
excepcionalmente, ser exercida pelo Poder Judiciário, se e quando os órgãos estatais
competentes, por descumprirem os encargos político-jurídicos que sobre eles incidem
em caráter vinculante, vierem a comprometer a eficácia e a integridade e direitos
individuais e/ou coletivos impregnados de estatura constitucional. A missão
institucional do Poder Judiciário impõe o compromisso de fazer prevalecer os direitos
fundamentais da pessoa, dentre os quais avultam, por sua inegável precedência, o
direito à vida e o direito à saúde. Tais direitos não se expõem, em seu processo de
concretização, a avaliações meramente discricionárias da Administração Pública nem
se subordinam a razões de puro pragmatismo governamental. Subtrair as políticas
públicas na área da saúde ao controle jurisdicional apenas contribuiria para agravar o
presente quadro de violação massiva e persistente de direitos fundamentais.

> No âmbito do Distrito Federal, a Lei Orgânica do Distrito Federal é clara em afirmar
a responsabilidade desse ente político em garantir o direito à saúde de todos, em
seus artigos 204 e 205. A responsabilidade dos entes federativos (União, Estados,
Distrito Federal e Municípios), nas ações que buscam o fornecimento de
medicamentos, é solidária, podendo figurar no polo passivo qualquer um deles em
conjunto ou isoladamente. O chamamento ao processo da União, nas demandas
propostas contra os demais entes federativos responsáveis para o fornecimento de
medicamentos ou prestação de serviços de saúde, não é impositivo, mostrando-se
inadequado opor obstáculo inútil à garantia fundamental do cidadão à saúde (Tema
nº 793, da Repercussão Geral do STF; e Tema nº 686, da Repercussão Geral do STJ).

> Bem por isso, de acordo com a jurisprudência dessa Corte de Justiça “cabe ao
Distrito Federal, por meio da rede pública de saúde, auxiliar todos aqueles que
necessitam de tratamento, disponibilizando profissionais, equipamentos, hospitais,
materiais, acesso a exames indicados e remédios prescritos, já que os cidadãos
pagam impostos para também garantir a saúde aos mais carentes de recursos, sendo
dever do Estado colocar à disposição os meios necessários, mormente se para
prolongar e qualificar a vida e a saúde do paciente diante dos pareceres dos médicos
especialistas” (Acórdão nº 1026103).

> Essa orientação jurisprudencial está em absoluta conformidade com dois dos
princípios que regem as ações e serviços públicos de saúde: I - universalidade de
acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência; e II - integralidade
de assistência, entendida como conjunto articulado e contínuo das ações e serviços
preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os
níveis de complexidade do sistema (art. 7º da Lei Federal n. 8.080/1990, que dispõe
sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização
e o funcionamento dos serviços correspondentes).

> Como já salientou o Supremo Tribunal Federal, a ineficiência administrativa, o


descaso governamental com direitos básicos do cidadão, a incapacidade de gerir os
recursos públicos, a incompetência na adequada implementação da programação
orçamentária em tema de saúde pública, a falta de visão política na justa percepção,
pelo administrador, do enorme significado social de que se reveste a saúde, a
inoperância funcional dos gestores públicos na concretização das imposições
constitucionais estabelecidas em favor das pessoas carentes não podem nem devem

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representar obstáculos à execução, pelo Poder Público, notadamente pelo Estado, das
normas inscritas nos arts. 5º e 196 da Constituição da República (cf. RE 581.352
AgR).

> Não se ignora que a destinação de recursos públicos, sempre tão dramaticamente
escassos, faz instaurar situações de conflito, quer com a execução de políticas
públicas definidas no texto constitucional, quer, também, com a própria
implementação de direitos sociais assegurados pela Constituição da República, daí
resultando contextos de antagonismo que impõem, ao Estado, o encargo de superá-
los mediante opções por determinados valores, em detrimento de outros igualmente
relevantes, compelindo, o Poder Público, em face dessa relação dilemática, causada
pela insuficiência de disponibilidade financeira e orçamentária, a proceder a
verdadeiras “escolhas trágicas”. Todavia, a cláusula da “reserva do possível” –
ressalvada a ocorrência de justo motivo objetivamente aferível – não pode ser
invocada, pelo Estado, com a finalidade de exonerar-se, dolosamente, do
cumprimento de suas obrigações constitucionais, notadamente quando, dessa
conduta governamental negativa, puder resultar nulificação ou, até mesmo,
aniquilação de direitos constitucionais impregnados de um sentido de essencial
fundamentalidade, como também já afirmou o Supremo Tribunal Federal (cf. ADPF
45).

> Ressalte-se, ainda, que a pretensão da parte requerente está incluída na relação
nacional de ações e serviços de saúde (Renases)
(http://sigtap.datasus.gov.br/tabela-unificada/app/sec/inicio.jsp), compondo,
portanto, o conjunto de políticas públicas assistenciais e terapêuticas que o Poder
Público se comprometeu a fornecer de modo universal e igualitário, para promover a
preservação da autonomia e da integridade física e moral das pessoas (art. 2º, §1º;
art. 6º, I, “d”; art. 7º, art. 19-M, incs. I e II, da Lei Federal nº 8.080/1990).

FUNDAMENTOS JURÍDICOS: DIREITO À PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS


EFICIENTES.

> A existência de fila de espera pelo serviço postulado também não pode ser
argumento suficiente para se ignorar o dever constitucional e supralegal de
concretização do direito à saúde.

> Os serviços públicos devem ser fornecidos com equidade - de modo a priorizar as
pessoas mais necessitadas - mas também devem ser providos com eficiência.

> O atendimento eficiente nos serviços públicos é direito do cidadão brasileiro,


disposto no artigo 37, 'caput', da Constituição Brasileira, bem como no artigo 22, do
Código de Defesa do Consumidor.

> A Carta dos Direitos e Deveres da Pessoa Usuária da Saúde, instituída pela
Resolução nº 553/2017, aprovada pelo Plenário do Conselho Nacional de Saúde, no
uso de suas atribuições conferidas pela Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, e
homologada pelo Ministério da Saúde, também acolhe o princípio da eficiência na
prestação dos serviços de saúde, ao dispor as seguintes normas:

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“Primeira diretriz: toda pessoa tem direito, em tempo hábil, ao acesso a


bens e serviços ordenados e organizados para garantia da promoção,
prevenção, proteção, tratamento e recuperação da saúde.

[...]

Segunda diretriz: toda pessoa tem direito ao atendimento integral, aos


procedimentos adequados e em tempo hábil a resolver o seu problema de
saúde, de forma ética e humanizada.

Parágrafo único. É direito da pessoa ter atendimento adequado, inclusivo e


acessível, com qualidade, no tempo certo e com garantia de continuidade do
tratamento, e para isso deve ser assegurado:

I - atendimento ágil, com estratégias para evitar o agravamento, com


tecnologia apropriada, por equipe multiprofissional capacitada e com
condições adequadas de atendimento;

[...]

Terceira diretriz: toda pessoa tem direito ao atendimento inclusivo,


humanizado e acolhedor, realizado por profissionais qualificados, em
ambiente limpo, confortável e acessível.

[...]

§3º Os serviços de saúde serão organizados segundo a demanda da


população, e não limitados por produção ou quantidades de atendimento
pré-determinados.

[...]

§5º Haverá regulamentação do tempo de espera em filas de


procedimentos”.

> Portanto, as políticas públicas essenciais devem acompanhar o crescimento da


demanda pelo serviço e superar as dificuldades administrativas existentes.

> A existência de lista de espera para procedimento de natureza eletiva, não urgente,
é legítima e garante respeito ao princípio da isonomia, quando a prioridade de acesso
é ordenada de acordo com os critérios clínicos de cada paciente, a classificação de
risco e o tempo de espera.

> Todavia, quando resta demonstrado que a fila de espera para a realização do
serviço extrapola o prazo razoável, bem como que a demora no atendimento do
paciente que necessita do procedimento pode ocasionar-lhe risco de prejuízo grave,
impõe-se, excepcionalmente, a intervenção do Poder Judiciário, com a fixação de
prazo para o atendimento da demanda em tempo razoável, com o intuito de garantir
a efetivação do direito constitucional à saúde. Essa intervenção é legítima, sobretudo
quando o Poder Público não fornece estatísticas sobre a movimentação da fila de
espera e permanece, ano após ano, disponibilizando recursos muito mais expressivos
para rubricas orçamentárias de menor relevância e urgência.

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> Nesse cenário, a intervenção jurisdicional não caracteriza violação aos princípios da
isonomia e da impessoalidade, uma vez que não inibe a atuação do ente distrital em
buscar solucionar, pelas vias administrativas, os problemas relacionados à espera
imposta a outros usuários do Sistema Único de Saúde.

> Se faltam recursos para a saúde pública, a eventual insuficiência orçamentária


pode ser suprida mediante contingenciamento, remanejamento de verbas
orçamentárias para gastos de menor relevância social ou mesmo a compensação de
gastos particulares com créditos fiscais ou financeiros do Estado com o prestador
privado.

> Leis financeiras e orçamentárias não são ferramentas inalteráveis. Frequentemente,


por lei e por decreto, ocorrem remanejamentos nas programações orçamentárias.
Com notável frequência, ocorrem anulações e cancelamentos de dotações
orçamentárias e gerações de créditos suplementares voltados para o atendimento de
necessidades mais relevantes ou urgentes para a sociedade. Nesse contexto, admitir
a falta de recursos geradora da longa fila de espera pelo recebimento do serviço como
motivo para negar o direito dos pacientes necessitados é ser condescendente com a
omissão administrativa em cumprir suas obrigações constitucionais e legais e
implementar as medidas ao seu alcance para que direitos elementares sejam
observados pelo Poder Público.

> O Estado não pode, legitimamente, invocar o seu próprio descaso com o direito à
saúde, que origina o déficit na prestação do serviço e as longas listas de espera, para
forjar a ofensa ao princípio da isonomia. Tal argumentação se baseia em uma lógica
insidiosa, segundo a qual, por existirem outras pessoas que não têm o seu direito
respeitado, nenhuma outra pode obter em juízo o reconhecimento do seu próprio
direito subjetivo. O acolhimento dessa argumentação penalizaria os pacientes pela
ineficiência administrativa, pelo descaso governamental com direitos básicos do
cidadão, pela incapacidade de gerir os recursos públicos, pela incompetência na
adequada implementação da programação orçamentária em tema de saúde pública e
pela inoperância funcional na concretização das imposições constitucionais
estabelecidas em favor das pessoas carentes.

> A preponderar o uso distorcido do princípio da isonomia, em contextos de lentidão


no atendimento, todos podem ser tratados com igual desdém e descaso. Basta que
todo o atendimento de saúde seja interrompido para que o Poder Público passe a não
ter obrigação nenhuma com a saúde dos seus cidadãos, pois estariam todos em
situação igual: igual desassistência, igual dor, igual esquecimento, igual indignidade.
O princípio da isonomia estaria devidamente prestigiado, mas ele não é o único
princípio a ser considerado quando depreendemos uma situação de desassistência
pela enorme fila de espera por um serviço que é previsto nas políticas públicas.

> Ao dar concretude ao princípio da eficiência em ações e serviços de saúde voltados


ao tratamento oncológico, a Lei Federal nº 12.732/12 estabeleceu que "o paciente
com neoplasia maligna tem direito de se submeter ao primeiro tratamento no Sistema
Único de Saúde (SUS), no prazo de até 60 (sessenta) dias contados a partir do dia
em que for firmado o diagnóstico em laudo patológico ou em prazo menor, conforme
a necessidade terapêutica do caso registrada em prontuário único". Por outro lado,
"nos casos em que a principal hipótese diagnóstica seja a de neoplasia maligna, os
exames necessários à elucidação devem ser realizados no prazo máximo de 30
(trinta) dias, mediante solicitação fundamentada do médico responsável".

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> Para suprir a omissão legislativa sobre critérios objetivos de eficiência nos demais
serviços públicos de saúde, o Enunciado nº 93, do Conselho Nacional de Justiça,
aprovado pela magistratura brasileira em 21/03/2019, afirma que "nas demandas de
usuários do Sistema Único de Saúde - SUS por acesso a ações e serviços de saúde
eletivos previstos nas políticas públicas, considera-se excessiva a espera do paciente
por tempo superior a 100 (cem) dias para consultas e exames, e de 180 (cento e
oitenta) dias para cirurgias e tratamentos."

> Observe-se que esses parâmetros servem para procedimentos eletivos. Em casos
de urgência e de emergência, tais prazos não devem ser aplicados, pois o
atendimento deve ser imediato, como dispõe a Resolução do Conselho Federal de
Medicina - CFM nº 1.451, de 1995: “a) Define-se por urgência a ocorrência imprevista
de agravo à saúde com ou sem risco potencial de vida, cujo portador necessita de
assistência médica imediata; e b) Define-se por emergência a constatação médica de
condições de agravo à saúde que impliquem em risco iminente de vida ou sofrimento
intenso, exigindo portanto, tratamento médico imediato.”

> A Lei Federal n. 9.656, de 03/06/1998, que dispõe sobre os planos e seguros
privados de assistência à saúde, define atendimentos de emergência e de urgência
nos seguintes termos: a) emergência: aqueles que implicam “risco imediato de vida
ou de lesões irreparáveis para o paciente, caracterizado em declaração do médico
assistente”; e b) urgência: aqueles que resultam “de acidentes pessoais ou de
complicações no processo gestacional” (cf. art. 35-C, com a redação dada pela Lei nº
11.935, de 2009).

> A jurisprudência do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios tem adotado


esses parâmetros e, em diversos julgados, tem salientado que tendo sido
demonstrado que a fila de espera para a realização do serviço na rede pública do
Distrito Federal extrapola o prazo considerado como razoável pelo Conselho Nacional
de Justiça, impõe-se a intervenção do Poder Judiciário, com a imposição de prazos
para o atendimento da demanda reprimida em tempo razoável, com o intuito de
garantir a efetivação do direito constitucional à saúde (TJDFT, Acórdão 1327233,
Processo n. 07000638020218070000, Relator Des. Esdras Neves, 6ª Turma Cível,
Data de Julgamento: 17/03/2021).

> Portanto, o entendimento que vem se consolidando no Tribunal de Justiça é, em


suma, o seguinte:

a) as ações e serviços de saúde de urgência e de emergência exigem dos profissionais


da saúde prioridade absoluta no cuidado a esses pacientes, sob risco de configurar
risco de vida ou de lesões irreparáveis e, por conseguinte, omissão de socorro;

b) o paciente com neoplasia maligna tem direito de se submeter ao primeiro


tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS), no prazo de até 60 (sessenta) dias
contados a partir do dia em que for firmado o diagnóstico em laudo patológico ou em
prazo menor, conforme a necessidade terapêutica do caso registrada em prontuário
único;

c) nos casos em que a principal hipótese diagnóstica seja a de neoplasia maligna, os


exames necessários à elucidação devem ser realizados no prazo máximo de 30
(trinta) dias, mediante solicitação fundamentada do médico responsável;

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d) quanto às demais ações e serviços de saúde eletivas (não-urgentes), de acordo


com os parâmetros fixados pelo Conselho Nacional de Justiça, estes devem ser
prestados pelo Poder Público no prazo de 100 (cem) dias para consultas e exames, e
de 180 (cento e oitenta) dias para cirurgias e tratamentos, de acordo com os critérios
administrativos de classificação de risco à saúde e a precedência na lista de espera; e

e) a intervenção do Poder Judiciário, para garantir a efetivação do direito


constitucional à saúde, é legítima quando a Administração Pública deixa de seguir os
parâmetros acima mencionados e a excessiva demora para o atendimento do
paciente provoca riscos de morte, de dano irreparável ou de agravamento do seu
estado de saúde.

> Fixadas essas premissas, deve-se constatar que, no presente caso, não há
controvérsia quanto ao delicado estado de saúde da parte autora nem quanto à
recomendação médica da providência solicitada por meio desta causa. A cientificidade
e a necessidade da medida encontram-se justificadas pelos relatórios médicos
acostados aos autos.

> Observa-se, por outro lado, a omissão da prestação do serviço público de saúde,
pois o DISTRITO FEDERAL não se dignou a dar previsão concreta de atendimento à
presente demanda, limitando-se à tentativa de se eximir do dever de concretizar as
medidas necessárias para garantir à parte requerente o direito à saúde e ao bem-
estar.

> O relatório médico anexado à petição inicial deixa clara a necessidade do


procedimento, bem como os riscos de agravamento do estado de saúde do(a)
paciente devido à espera pelo procedimento postulado.

> O direito fundamental dos pacientes do SUS a serviços de saúde prestados com
integralidade, eficiência, qualidade, acessibilidade, disponibilidade e aceitabilidade
deve ser respeitado pelo Poder Público. A missão institucional do Poder Judiciário
impõe o compromisso de fazer prevalecer os direitos fundamentais da pessoa, dentre
os quais avultam, por sua inegável precedência, o direito à vida e o direito à saúde.
Tais direitos não se expõem, em seu processo de concretização, a avaliações
meramente discricionárias da Administração Pública nem se subordinam a razões de
puro pragmatismo governamental. Subtrair as políticas públicas na área da saúde ao
controle jurisdicional apenas contribuiria para agravar o presente quadro de violação
massiva e persistente de direitos fundamentais.

PEDIDO LIMINAR DE TUTELA DE URGÊNCIA:

> O art. 300, do CPC, afirma que a tutela de urgência será concedida quando houver
elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao
resultado útil do processo.

> A probabilidade do direito da parte requerente decorre:

I - do fato de que as garantias à vida e à saúde encontram-se alçadas na Constituição


Federal (art. 196) e na Lei Orgânica do Distrito Federal (art. 207) à categoria de
direitos fundamentais, e, portanto, de aplicabilidade e eficácia imediatas, cabendo ao
Estado velar por sua promoção e proteção;

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DEFENSORIA PÚBLICA DO DISTRITO FEDERAL NÚCLEO DE ASSISTÊNCIA JURÍDICA DE DEFESA DA SAÚDE

II - da comprovação, por meio de laudo médico fundamentado e circunstanciado,


expedido por médico(a) que assiste o(a) paciente, da imprescindibilidade/necessidade
da providência pleiteada neste processo; e

III - da circunstância de a espera para a satisfação nas necessidades do(a) paciente


extrapolar o prazo considerado razoável pela jurisprudência para situações clínicas
que se enquadram na mesma classificação de risco.

> Por sua vez, o perigo de dano à parte requerente e o risco ao resultado útil do
processo podem ser constatados pelos documentos anexados nos autos, que são
aptos a demonstrar:

I - o critério de classificação de risco do caso;

II - a ameaça de agravamento do quadro geral de saúde do(a) paciente devido à


demora no atendimento da pretensão; e

III – a ausência de previsibilidade concreta do atendimento da pretensão, por parte


do DISTRITO FEDERAL, em prazo razoável.

DOS PEDIDOS:

> Com essas considerações, pede-se:

a) a oportuna concessão dos benefícios da gratuidade judiciária, pois a parte


autora não possui condições de arcar com as custas processuais e honorários
advocatícios, sem prejuízo de seu sustento próprio e familiar, em caso de
sucumbência;

b) a concessão da tutela de urgência para determinar ao DISTRITO FEDERAL que


forneça à parte requerente, imediatamente: <DESCREVER A PRETENSÃO>, nos
termos da prescrição médica anexa, em qualquer hospital da rede pública, ou, no
caso de impossibilidade, em qualquer hospital da rede particular, com todo o
tratamento que vier a se fazer necessário (transferência, cirurgia, medicamentos,
insumos, exames, apartamento, enfermaria, acompanhamento, assistência etc.), às
expensas do Réu, até a plena recuperação da saúde do(a) paciente;

c) a realização de diligência de intimação para cumprimento da tutela de urgência,


inclusive em horário especial, nos termos do art. 212, § 1º, do CPC;

d) a citação do requerido, na pessoa do seu representante legal para que


apresente resposta no prazo legal, sob pena de incidência dos efeitos da revelia;

e) a intimação do NÚCLEO DE JUDICIALIZAÇÃO (NJUD) DA ASSESSORIA


LEGISLATIVA DA SECRETARIA DE SAÚDE DO DF: I - para que esclareça, em 05
(cinco) dias úteis: a) quais são os obstáculos fáticos e jurídicos ao cumprimento da
obrigação no prazo fixado; b) se há alguma previsão de cumprimento da obrigação
(na rede pública ou na rede privada) e, na hipótese afirmativa, quando o
cumprimento ocorrerá; e c) caso não seja possível o cumprimento da obrigação, que
informem as medidas em curso para a regularização da oferta do serviço pretendido;
e II – para que seja cientificado de que, na hipótese de descumprimento da
obrigação, poderá ser determinada a realização de medidas eficazes à efetivação da

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decisão judicial, podendo, se necessário, ser realizado o sequestro de valores do


devedor (bloqueio), conforme entendimento vinculante do STF (Tema Repetitivo nº
289) e do STJ (Tema Repetitivo nº 84), até o limite do valor contido no orçamento de
menor valor contido nos autos;

f) a intimação do(a) representante do Ministério Público;

g) a prolatação de sentença que confirme a tutela de urgência (ou que a conceda,


caso não tenha sido concedida initio litis), para que o DISTRITO FEDERAL seja
condenado a fornecer à parte autora, imediatamente: <DESCREVER A
PRETENSÃO>, nos termos da prescrição médica anexa, em qualquer hospital da
rede pública, ou, no caso de impossibilidade, em qualquer hospital da rede particular,
com todo o tratamento que vier a se fazer necessário (transferência, cirurgia,
medicamentos, insumos, exames, apartamento, enfermaria, acompanhamento,
assistência etc.) às expensas do Réu, até a plena recuperação da saúde do(a)
paciente; e

h) a condenação do DISTRITO FEDERAL ao pagamento dos encargos


sucumbenciais em prol do Fundo de Apoio e Aparelhamento da Defensoria Pública do
DF, de conformidade com o decidido na Ação Rescisória nº 1937, julgada pelo
STF, e nos termos do artigo 3º, inciso I, da Lei Complementar Distrital nº 744/2007,
e do Decreto Distrital nº 28.757/2008.

PEDIDO DE PRODUÇÃO DE PROVAS:

> Caso os documentos anexados aos autos não sejam suficientes para demonstram o
fato constitutivo do direito alegado pela parte autora, pede-se o deferimento do
pedido de produção de prova documental complementar e de pericial (ou prova
técnica simplificada), acerca (i) da necessidade da intervenção jurisdicional para
assegurar o tratamento de saúde vindicado na petição inicial, frente às condições
clínicas especificamente apresentadas pela parte autora, bem como (ii) sobre a
impossibilidade de aguardar o desenrolar da eventual lista de espera pelo serviço
requisitado, devido aos riscos e problemas de saúde a que a parte autora está
exposta. Quanto à prova técnica simplificada, de acordo com o art. 464, §§ 2º e 3º,
do CPC, "o juiz poderá, em substituição à perícia, determinar a produção de prova
técnica simplificada, quando o ponto controvertido for de menor complexidade"; e a
prova técnica simplificada "consistirá apenas na inquirição de especialista, pelo juiz,
sobre ponto controvertido da causa que demande especial conhecimento científico ou
técnico". No caso de deferimento do pedido de produção de prova pericial, pede-se
que esse Juízo faculte às partes a apresentação de quesitos, no prazo de 15 dias,
após a nomeação de perito ou especialista (art. 465, §1º, inc. III, do CPC).

INDICAÇÃO DO VALOR DA CAUSA:

> Atribui-se à causa o valor de R$ _, conforme previsão da Tabela SIGTAP do SUS


(http://sigtap.datasus.gov.br/tabelaunificada/app/sec/inicio.jsp ).

> A Câmara de Uniformização do TJDFT, no julgamento do Incidente de Resolução de


Demandas Repetitivas nº 2016.00.2.024562-9, firmou a tese de que as ações que

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têm como objeto o fornecimento de serviços de saúde, inclusive o tratamento


mediante internação, encartam pedido cominatório, e, por isso, o valor da causa deve
ser fixado de forma estimativa. Como a presente demanda cominatória não possui
conteúdo econômico imediatamente aferível, atribui-se à causa, por estimativa, o
valor anteriormente mencionado.

> Caso o entendimento desse Juízo divirja quanto ao valor dado à causa, pede-se que
este seja corrigido de ofício, nos termos do art. 292, §3º, do CPC.

Brasília/DF, _ de _ de 2023.

Assinatura do(a) requerente ou representante:


___________________________________________________________________________________________
DIGITE AQUI O NOME DO(A) REQUERENTE/REPRESENTANTE

Assinatura do(a) responsável pelo atendimento:


___________________________________________________________________________________________
DIGITE AQUI O NOME DO(A) RESPONSÁVEL PELO ATENDIMENTO – ESTAGIÁRIO/SERVIDOR/COLABORADOR

Assinatura do(a) Defensor(a) Público(a):


___________________________________________________________________________________________
DIGITE AQUI O NOME DO(A) DEFENSOR(A) PÚBLICO(A)

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