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Excelentíssimo Senhor, Doutor Desembargador da () Câmara Cível do

Egrégio Tribunal de Justiça de Tocantins.

Autos nº (xxxxx).

A embargante (), já devidamente qualificados e por meio de sua advogada já


qualificado, vêm perante Vossa Excelência, interpor, nos moldes do Art 1022 do
CPC, o presente recurso de

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO COM EFEITOS INFRINGENTES E


PARA EFEITOS DE PREQUESTIONAMENTO.

em face da decisão do acórdão proferido nos presentes autos em epígrafe, com


base nos seguintes fundamentos fáticos e jurídicos a serem expostos a seguir:

I) Dos Fatos:

Após recurso de Agravo de Instrumento conhecido e provido pelo Tribunal em


relação à Tutela de Urgência pelo fato da impetrante depender diariamente da
utilização de medicamentos essenciais à saúde e terem eles sido negados sem
qualquer fundamentação em um pedido administrativo realizado pela autora. O
juiz de primeiro grau julgou a ação improcedente, denegando a segurança,
fundamentando sua decisão no sentido de que o artigo 196 da Constituição
Federal define o direito à prestação de saúde por parte do Estado de forma
genérica, não criando direitos subjetivos a cada um dos cidadãos, a ponto de
poderem exigir aquilo que melhor lhes provier.
Diante de tal decisão, foi interposto recurso sobre a referida decisão de primeiro
grau, tendo o Acórdão do Tribunal de Justiça dado improvimento ao recurso, sem
qualquer fundamentação na norma constitucional, somente dando razão à decisão
do magistrado a quo, sem analisar qualquer dispositivo constitucional indicado
no Recurso de Apelação o Acórdão do Tribunal. Apontando apenas que a
realidade enfrentada pelo Estado não permite que o Judiciário estabeleça deveres.
A turma de desembargadores entendeu que a realidade do Poder Público não
pode ser ignorada pelo Poder Judiciário. Assim, não poderia o Poder Judiciário
impelir o Executivo a fornecer medicamento específico para um cidadão sem
norma que expressamente previsse essa hipótese, não havendo como aplicar a
norma constitucional de forma ampla sendo que ela tem caráter meramente
programático.

Com base nesse dispositivo desse acórdão, pretende os autores, opor o respectivo
recurso de embargos de declaração para efeitos de prequestionamento para
possibilitar a interposição recurso extraordinário ao Supremo Tribunal Federal.

II) Do Direito:

2.1.) Da Tempestividade do Recurso:

A decisão do acórdão foi publicada no dia xx/xx/xxxx. Dessa forma, o prazo para
recorrer começou dia xx/xx/xxxx, sendo que os embargantes têm cinco dias para
opor o presente recurso de embargos de declaração, nos termos do art. 1023, do
CPC. Sendo cinco dias de prazo para interpor esse recurso, tem a embargante até
o dia xx/xx/xxxx, para apresentar esse recurso.
Acarretando na tempestividade do presente recurso, por ter sido protocolado no
dia xx/xx/xxxx.

2.2.) Do Cabimento do Recurso de Embargos de Declaração:

Diz o Art. 1.022:


“Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para:

I - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição;


II - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de
ofício ou a requerimento. “

Dessa forma, é cabível a interposição do recurso de embargos de declaração


quando a decisão ou sentença for omissa, contraditória ou obscura. Existem
alguns pontos que a embargante entende que devem ser objeto de análise e
respectiva correção no acórdão supracitado para fins de preenchimento de
algumas lacunas, bem como para efeitos de prequestionamento para autorizar a
embargante a interpor o recurso extraordinário frente ao Supremo Tribunal
Federal em face da decisão do acórdão proferido nos autos em epígrafe.

2.2.1.) Das omissões e obscuridades da Decisão do Acórdão proferido nos


presentes autos:

Pelo fato do tema tratar de violação do artigo 1º, inciso III da Carta Maior, vez
que atinge diretamente a dignidade da pessoa humana, o objeto tratado na
obscuridade, faz parte de um relevante direto fundamental que abarca os
interesses sociais, já que embora o artigo 196 da Carta Magna tenha eficácia
limitada com característica programática, a saúde é um direito social e segundo a
Constituição Federal “A saúde é direito de todos e dever do Estado”.
Apesar de sua natureza (eficácia limitada programática), a própria constituição
ao tratar da saúde aponta a sua universalidade, obrigatoriedade e gratuidade.
Vejamos:
“Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante
políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de
outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua
promoção, proteção e recuperação. ”
De acordo com o § 1º do art. 1.035 do CPC/15: “Para efeito da repercussão geral,
será considerada a existência, ou não, de questões relevantes do ponto de vista
econômico, político, social ou jurídico, que ultrapassem os interesses subjetivos
do processo”.

In casu, existem questões relevantes do ponto de vista social, jurídico e


econômico, haja vista que direitos fundamentais como o direito à saúde
ultrapassam os interesses subjetivos da causa, atingindo de forma contundente
qualquer tentativa de vida digna.

III) Do Pedido:

Em vista dos argumentos apresentados, requer:

- Que seja recebido e processado esse recurso de embargos de declaração com


efeitos infringentes e para fins de prequestionamento;
- Que seja deferido os efeitos infringentes desse recurso, reformando a decisão do
acórdão objeto do recurso, deferindo-se o recurso em favor da embargante nos
termos do pedido;
- Que sejam sanadas as omissões e obscuridades da decisão do acórdão proferido,
no sentido de enfrentarem o mérito da questão.

Termos em que,
Pede deferimento.

Palmas, (dia) de (mês) de (ano).

Renata

OAB- nº

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