Você está na página 1de 20

DIREITO ADMINISTRATIVO II

TURMA DA NOITE - 2º ANO

REGENTE: Prof. Doutor Paulo Otero


COLABORADORES: Mestre Miguel Prata Roque
Mestre Pedro Moniz Lopes

PLANO DE AULAS PRÁTICAS


Formas de exercício da actividade administrativa
Duração – 21 de Fevereiro a 02 de Março (1 semana e meia)
- Regulamentos (recapitulação)
- Acto administrativo
. Evolução constitucional, doutrinária e jurisprudencial
. Definitividade/Executoriedade Vs Lesividade da esfera jurídica dos particulares
- Operações materiais
- Contratos administrativos
Princípios de procedimento administrativo
Duração – 03 de Março a 25 de Março (3 semanas)
- princípio da participação dos administrados (v.g., audiência prévia, instrução, solicitação de
informações e esclarecimentos) – resolução de casos práticos
- direito de acesso aos documentos administrativos (breve referência) – resolução de caso prático

- princípio da boa fé (breve referência) – resolução de caso prático


- responsabilidade civil da Administração Pública – resolução de casos práticos
. contratual
. extracontratual
- por facto ilícito
- pelo risco
- “imprópria” – por sacrifícios excessivos
A tramitação procedimental
1.1. Marcha do procedimento
Duração – 28 de Março (1 aula)
- Fases da tramitação procedimental (breve excurso)
1.2. Regime das invalidades
Duração – 30 de Março a 15 de Abril (2 semanas e meia)
- Teoria geral do desvalor do acto administrativo
. ineficácia
. inexistência
. irregularidade (?)
. invalidade
- anulabilidade
- nulidade
- Usurpação de poder / incompetência / desvio de poder – resolução de casos práticos
- Delegação de poderes – resolução de casos práticos
- Vícios da vontade - resolução de casos práticos

1
1º Teste: 11 de Abril (Teórica) / 13 de Abril (Práticas)
2. Procedimentos em especial

2.1. Regulamentos

Duração – 26 de Abril a 29 de Abril (1 semana)

(resolução de casos práticos)

2.2. Actos administrativos

Duração – 2 a 20 de Maio (3 semanas)

- actos integrativos – resolução de casos práticos


- actos desintegrativos (v.g. revogação) - resolução de casos práticos
- actos modificativos - resolução de casos práticos
- actos tácitos - resolução de casos práticos

2º Teste: 16 de Maio (Teórica) / 18 de Maio (Práticas)

2.3. Contratos administrativos

Duração – 23 de Maio a 27 de Maio (1 semana)

2
Caso n.º 1
Em 02 de Março de 2011, ANTÓNIO MÁ FORTUNA, desempregado, tendo ouvido na comunicação social
que teria lugar um alargamento do período de concessão do subsídio de desemprego decide dirigir-se ao
centro distrital da segurança social da sua área de residência e requerer ao Ministro do Trabalho e da
Segurança Social que lhe fosse estendida a atribuição do referido subsídio.
Após 30 de Abril de 2011, o subsídio de desemprego deixa de ser transferido para a conta bancária de
ANTÓNIO MÁ FORTUNA, tendo este estranhado aquela ocorrência. Porém, aquele decide aguardar que a
situação seja resolvida no mês seguinte e apenas se dirige, de novo, ao centro distrital da segurança
social em 03 de Junho de 2011. Nessa data, é informado que:
i. O pedido foi indevidamente endereçado ao Ministro do Trabalho e da Segurança Social, quando
devia ter sido dirigido ao Presidente do Instituto da Segurança Social, I.P., nos termos do Decreto-Lei n.º
220/2006, de 03 de Novembro;
ii. Durante a fase de recolha de documentos, foi detectada a falta de documento comprovativo do
início da situação de despedimento involuntário;
iii. Do procedimento consta um parecer jurídico segundo o qual o novo regime jurídico do
desemprego não abrange a situação do requerente;
iv. O director de serviços do centro de segurança social decidiu não atribuir a extensão temporal do
subsídio de desemprego ao requerente, tendo a mesma sido comunicada, através de chamada telefónica
efectuada por um funcionário daquele centro, para o número de telefone fixo de ANTÓNIO MÁ FORTUNA.
Aprecie a actuação administrativa do centro de segurança social e aconselhe ANTÓNIO MÁ
FORTUNA sobre os modos de reacção ao seu dispor.

3
Caso n.º 2
Em 02 de Janeiro de 2011, DELFINA CUMPRIDORA solicitou à Câmara Municipal de Cascais autorização
para construir uma garagem a anexar à sua moradia, sita em São Domingos de Rana.
Uma das suas vizinhas, que era a funcionária encarregue da organização dos processos de pedidos de
licenças para obras na Divisão de Urbanismo da Câmara Municipal de Cascais, encontra-a perto de casa,
em 25 de Fevereiro de 2011, e solicita-lhe que entregue naqueles serviços plantas actualizadas do prédio
misto onde se encontrava implantada a morada.
DELFINA CUMPRIDORA crê que tais plantas já se encontram juntas aos autos do procedimento
administrativo e, como tal, nada faz. Em 02 de Março de 2011, temendo que haja demora na apreciação
do pedido apresentado, aquela desloca-se à Divisão de Urbanismo e solicita uma informação escrita
sobre o estado do processo. O funcionário que a atende informa-a que não pode emitir tal informação no
próximo mês, visto que a chefe daqueles serviços se encontra de gozo de licença de maternidade e só
regressará em 15 de Abril de 2011.
1. Pronuncie-se sobre eventuais deveres que recaiam sobre DELFINA CUMPRIDORA.
2. Aprecie a actuação da Administração Pública e as consequências da sua inacção.

4
Caso n.º 3
ALBERTINO SEM-PAVOR, lojista na Marina de Cascais, é informado pela MARCASCAIS, S.A., concessionária
da exploração da referida marina, que aquela sociedade comercial não tenciona realizar quaisquer obras
de conservação daquele espaço público, ainda que tal obrigação conste do contrato de concessão,
alegando que a crise financeira mundial afectou a sua capacidade de tesouraria.
Contudo, corre o boato entre os lojistas que a MARCASCAIS, S.A. tem gasto avultadas somas de dinheiro
na contratação de pareceres jurídicos ao irmão de um dos membros do Conselho de Administração.
Em 10 de Março de 2011, com vista a instaurar acção administrativa de condenação à prática de acto
devido, ALBERTINO SEM-PAVOR solicita à MARCASCAIS, S.A. que lhe entreguem cópias dos contratos de
prestação de serviços de consultadoria jurídica, dos recibos de pagamento daqueles serviços e dos
pareceres jurídicos entregues pelo irmão do membro do Conselho de Administração.
A Secretária do Conselho de Administração informa ALBERTINO SEM-PAVOR que tais documentos fazem
parte da escrituração comercial da MARCASCAIS, S.A., pelo que não podem ser facultados a terceiros.
Para além disso, um dos pareceres jurídicos versava sobre uma situação de alegado assédio sexual a
uma das funcionárias, pelo que não seria ético permitir que ALBERTINO SEM-PAVOR dele tomasse
conhecimento.
Explique de que modo e com que extensão poderia ALBERTINO SEM-PAVOR reagir de modo a obter cópia
dos documentos pretendidos.

5
Caso n.º 4
CESALTINA SIMPLÍCIA, reformada de 89 anos, gaba-se de cumprir escrupulosamente todos os seus
deveres legais, apesar de ser analfabeta. Todos os anos, dirige-se à Junta de Freguesia de Marvila para
proceder ao pagamento da licença do seu cão, ZEBEDEU.
Porém, este ano, em 02 de Janeiro, a funcionária da Junta de Freguesia que trata das licenças de cães
recebeu de CESALTINA SIMPLÍCIA o pagamento da taxa respectiva, mas não lhe entregou a respectiva
vinheta comprovativa do pagamento, visto que aquelas se encontravam esgotadas por atrasos na
encomenda à tipografia. A funcionária tranquilizou CESALTINA SIMPLÍCIA de que não haveria problema e
que logo que chegassem as vinhetas as enviaria por correio.
Em 09 de Março de 2011, quando passeava ZEBEDEU, CESALTINA SIMPLÍCIA foi abordada por MACÁRIO
MÁS-CARAS, agente da PSP, que lhe solicitou o comprovativo de pagamento da taxa. Perante a
impossibilidade de apresentação do mesmo, MACÁRIO MÁS-CARAS abriu um procedimento de contra-
ordenação contra CESALTINA SIMPLÍCIA, que foi enviado para a Junta de Freguesia.
Indignada, CESALTINA SIMPLÍCIA dirigiu-se pessoalmente ao Presidente da Junta de Freguesia de Marvila
que, informado dos acontecimentos, lhe garantiu que iria arquivar de imediato o procedimento
sancionatório em causa.
Contudo, ainda que o tenha afirmado, em 01 de Abril de 2011, CESALTINA SIMPLÍCIA recebe em sua casa
uma notificação para pagamento de coima por contra-ordenação relativa ao não pagamento de taxa pela
licença de animal doméstico, assinada pelo próprio Presidente da Junta de Freguesia de Marvila. Ao abrir
o envelope e ler o seu conteúdo, CESALTINA SIMPLÍCIA morre de ataque cardíaco.
Comente a conduta das entidades administrativas supra referidas.

6
Caso n.º 5
Em 01 de Fevereiro de 2011, foi lançada uma consulta pública relativa à construção de um novo lanço de
auto-estrada entre Cascais e Malveira da Serra. Durante a construção do referido lanço, os operários da
SEMPRE-EM-FRENTE, S.A., empresa que venceu o concurso para construção da auto-estrada, não
respeitaram o projecto de construção apresentado a consulta pública, tendo utilizado cerca de 800 m2 de
um terreno pertencente a EDUARDO POUCA-SORTE, que não tinha sido alvo de expropriação. Para além
disso, por ter descoberto diversos vestígios arqueológicos do período pré-glaciar, o Engenheiro
responsável pela obra da SEMPRE-EM-FRENTE, S.A. optou por desviar o percurso da auto-estrada e ocupar
cerca de 1.200 m2 de um outro terreno pertencente a DIAMANTINA PROGRESSO.
EDUARDO POUCA-SORTE, logo que vislumbrou operários da SEMPRE-EM-FRENTE, S.A. nos seus terrenos,
dirigiu-se à sede da ESTRADAS DE PORTUGAL, S.A., entidade concedente da obra, e comunicou a SUZETE
CATA-VENTO, funcionária do Departamento de Obras, que aquela empresa se encontrava a construir, de
modo ilegal, a auto-estrada num terreno que lhe pertencia. Mais exigiu que a ESTRADAS DE PORTUGAL,
S.A. ordenasse de imediato a paragem dos trabalhos de construção.
Porém, como EDUARDO POUCA-SORTE constatou que os dias passavam e as obras não paravam, dirigiu-
se novamente à ESTRADAS DE PORTUGAL, S.A. e exigiu que lhe dessem conta do andamento do pedido
por si formulado. Depois de ter sido obrigado a pedir o livro de reclamações e de chamar a chefe do
Departamento de Obras, constatou que o requerimento por si apresentado não se encontrava nos
arquivos daquele serviço público, apesar de haver registo informático da sua entrega.
Mais tarde, DEOLINDA METEDIÇA, funcionária de limpeza daquela empresa, viria a contar a EDUARDO
POUCA-SORTE que vários documentos administrativos tinham sido destruídos porque, durante uma greve
de professores, várias funcionárias daquele serviço tinham levado os seus filhos para o local de trabalho,
tendo aqueles provocado um pequeno incêndio que havia consumido parte do arquivo.
1. Analise a eventual responsabilidade civil de cada um dos intervenientes, relativamente aos
danos provocados a EDUARDO POUCA-SORTE.
2. Imagine que, em sede de contestação, um dos réus invoca que a circunstância de EDUARDO
POUCA-SORTE não ter reagido jurisdicionalmente impede que este venha a ser indemnizado.
“Quid iuris”?
3. Pondere e qualifique a eventual responsabilidade civil dos intervenientes, relativamente aos
danos provocados a DIAMANTINA PROGRESSO.

7
Caso n.º 6
É aprovada a Lei n.º 44/2011, nos termos da qual os Conselhos de Disciplina da Ordem dos Advogados
passam a deter poderes para o julgamento de acções de responsabilidade civil dos Advogados, por
acção ou omissão no exercício da sua profissão. Após a entrada em vigor da referida lei, a 10ª Vara Cível
de Lisboa profere despacho saneador, em processo relativo a acção de responsabilidade civil contra
Advogado, invocando a sua incompetência para apreciar o pedido formulado.
Após arquivamento imediato do processo pelo Conselho de Disciplina do Conselho Distrital do Porto, da
Ordem de Advogados, o autor da acção, FELISBERTO CRÉDULO, dirige um pedido ao Provedor de Justiça
para que aquele revogue a decisão de arquivamento. Considerando que a decisão de arquivamento não
acautelou o direito de acesso à Justiça Administrativa, o Provedor de Justiça determina a reabertura do
processo.
Após ter sido notificado daquela decisão, o Conselho de Disciplina do Conselho Distrital do Porto, da
Ordem de Advogados, afirma que não a cumprirá, visto que só o Conselho de Deontologia detém poderes
para revogar as suas decisões. Surpreendido por quer o Provedor de Justiça quer a Ordem de
Advogados reivindicarem poderes para decidir aquela questão, FELISBERTO CRÉDULO decide solicitar ao
Ministro da Justiça que resolva qual daquelas entidades deve decidir a título definitivo a questão
controvertida.
1. Aprecie a decisão tomada pela 10ª Vara Cível de Lisboa.
2. Pronuncie-se sobre a actuação do Provedor de Justiça.
3. Comente o mecanismo de solução de litígio escolhida por FELISBERTO CRÉDULO.

8
Caso n.º 7
LUÍSA FORTUNATA, Directora da Escola Secundária Emídio Navarro, em Almada, incumbiu BELINDA
LABUTA, Chefe da Secretaria da referida escola de conduzir, negociar e executar todas as diligências
necessárias à realização de obras de conservação da escola em causa. Ocupada com inúmeros
trabalhos burocráticos BELINDA LABUTA transfere essas tarefas para uma das funcionárias da secretaria da
Escola Secundária Emídio Navarro.
Após queixa de uma empresa preterida quanto à empreitada a realizar na escola, que alegou que, para
além de nunca ter tido conhecimento de que tivessem sido transferidos aqueles poderes, BELINDA LABUTA
havia atribuído as obras à OBRAS-A-METRO, LDA. Sociedade comercial cujo gerente era seu namorado, o
Conselho Executivo delibera revogar o acto de contratação. Como LUÍSA FORTUNATA se encontrava fora
do país, a Directora-Adjunta, JUSTINA VERTICAL, assina, em nome da Directora, um ofício nos termos do
qual comunica à empresa vencedora que a decisão de contratar era revogada.
Revoltada com esta reviravolta, a OBRAS-A-METRO, LDA. Apresenta um pedido de alteração da decisão
tomada por JUSTINA VERTICAL, perante o Gabinete do Ministro da Presidência do Conselho de Ministros.
Após envio de tal questão à Secretária de Estado da Modernização Administrativa, esta viria a ordenar a
manutenção do contrato originário, em homenagem ao princípio da confiança jurídica. A Directora-Adjunta
fica perplexa pois julgava só estar sujeita a ordens emitidas pela Ministra da Educação.
Analise todas as questões jurídico-administrativas relevantes.

9
Caso n.º 8
Em 20 de Abril de 2011, o Vereador do Ambiente da Câmara Municipal de Lisboa ordena a remoção de
um cartaz do Partido Nacional Renovador [PNR], notificando os seus dirigentes de que “a afixação do
cartaz supra identificado viola os preceitos legais aplicáveis” . O Presidente daquele partido invoca a total
carência de força jurídica da decisão, por não ser possível descortinar quais os motivos da mesma, e,
juntamente com diversos militantes, opõe-se à retirada do cartaz e impede que os funcionários
camarários procedam à sua remoção, em 24 de Abril de 2011.
Chamados ao local, dois efectivos do corpo de segurança da Polícia Municipal tomam conhecimento da
ocorrência e, partilhando as críticas do PNR, recusam-se a fazer executar a decisão tomada pelo
Vereador do Ambiente. Informado, pelos funcionários camarários, da recusa de actuação da Polícia
Municipal, o referido Vereador envia um SMS para o telemóvel de um dos funcionários, ordenando-lhe
que notifique imediata e pessoalmente os dois membros da Polícia Municipal de que foram expulsos
daquele corpo de segurança.
De seguida, o Vereador do Ambiente desloca-se ao local da afixação do cartaz e notifica pessoalmente o
Presidente do PNR de um despacho onde pormenoriza que o cartaz deverá ser removido por a sua
afixação não ter sido precedida de pedido de licenciamento ao Presidente da Câmara Municipal, nos
termos do n.º 1 do artigo 1º da Lei n.º 97/88, de 17 de Agosto, e de o cartaz impedir a circulação de peões
e, em especial de deficiente, conforme vedado pela alínea f) do n.º 1 do artigo 4º do mesmo diploma legal
e pelo Regulamento Municipal de Afixação de Propaganda Comercial. Finalmente, após intervenção da
Polícia de Segurança Pública, o cartaz é removido, apesar de os dirigentes do PNR exibirem uma
certidão de que foi requerida, no dia anterior, uma providência cautelar para suspensão da ordem de
remoção.
1. Qualifique o desvalor jurídico associado à decisão administrativa de remoção do cartaz de
propaganda.
2. Comente a admissibilidade da reacção dos militantes do PNR.
3. Analise a conduta dos membros da Polícia Municipal.
4. Qualifique o desvalor jurídico associado à decisão administrativa de expulsão dos membros da Pm.
5. Aprecie as consequências da justificação apresentada pelo Vereador do Ambiente e da apresentação
em tribunal de uma providência cautelar de suspensão da decisão.
6. Pondere os demais meios processuais disponíveis para fazer face ao acto de remoção do cartaz.

10
Caso n.º 9
Na sequência da aprovação da Lei n.º ZZZ/11, que estabelecia medidas de prevenção do contágio da
gripe sazonal de tipo A, o Governo Regional dos Açores aprovou o Decreto Legislativo Regional n.º
AAA/11 que permitia a delegação de competência regulamentar no Instituto Regional da Saúde Pública.
Ao abrigo de tal decreto, o referido Instituto aprovou a Circular n.º ABC/11, nos termos da qual se
determinava que os indivíduos que entrassem no arquipélago dos Açores, provenientes de países com
casos detectados de contaminação pelo vírus da gripe sazonal de tipo A, ficavam sujeitos a uma
quarentena vigiada, com duração até 90 dias, em estabelecimento médico público.
Após o início da execução daquelas medidas, várias empresas de turismo e viagens protestaram contra a
medida, alegando que a decisão era muito lesiva dos seus interesses, diminuindo o fluxo de turistas, e
que ninguém as tinha ouvido, antes da adopção da Circular n.º ABC/11.
Mais tarde, a Lei n.º ZZZ/11 vem a ser substituída pela Lei n.º WWW/11, que reduz a intensidade das
medidas de combate ao contágio e as empresas de turismo e viagens acentuam o seu protesto,
invocando que a Circular n.º ABC/11 se encontra desfasada do novo regime legal aplicável.
Perante o crescimento dos protestos, o Governo Regional aprova a Portaria n.º CBA/11, que procede à
revogação integral da Circular n.º ABC/11.
1. Analise a conformidade legal da Circular n.º ABC/11.
2. Pondere a admissibilidade de vigência da Circular n.º ABC/11, em face da Lei n.º WWW/11 e da
Portaria n.º CBA/11.

11
Caso n.º 10
Em 04 de Maio de 2011, a pedido da empresa IN-SHORE, LDA., ISABEL LIGEIRA, funcionária do
Departamento de Turismo da Câmara Municipal de Cascais, concede autorização para instalação de um
“stand” amovível de aluguer de pranchas de “surf” nas dunas da Praia do Guincho.
Ao passear pela zona, num domingo ensolarado, o Presidente da Câmara Municipal constata a instalação
daquele “stand” e fica furioso, por se encontrar em período de pré-campanha eleitoral e ter prometido que
nunca autorizaria a instalação de qualquer actividade comercial nas dunas da Praia do Guincho. Na 2ª
feira, de manhã, ordena ao Director do Departamento de Turismo que retire a autorização ao particular,
ordem que aquele cumpre de imediato, notificando a IN-SHORE, LDA. de que a autorização cessa todos os
efeitos, desde a data de autorização originária.
Em 12 de Maio de 2011, aquela empresa decide convocar uma conferência de imprensa, no decurso da
qual invoca nunca ter sido alvo de qualquer contacto pela Câmara Municipal de Cascais, antes da tomada
de decisão. De imediato, o Director do Departamento de Turismo decide convocar o gerente da IN-SHORE,
LDA., procedendo à sua audição e proferindo nova decisão de cessação de vigência da autorização.
1. Comente a actuação administrativa do Directo do Departamento de Turismo.
2. Aprecie as possibilidades de reacção pela IN-SHORE, LDA. relativamente ao acto que faz
extinguir a autorização administrativa.

12
Formas de exercício da actividade administrativa

A. REGULAMENTOS

Regulamento Administrativo: são actos jurídico-políticos criados pelo Governo contendo normas jurídicas,
gerais e abstractas (desenvolvem e densificam a lei mas que não inovam) dirigidas aos administrados,
que dependem de lei pré-existente
1. Devem indicar expressamente a lei que visa regulamentar (112.º-7 CRP) (senão serão ilegais -133.º-
1, a) do CPA) ou inconstitucionais senão respeitarem a Constituição
2. A sua estipulação é vinculativa (para a Administração e para os tribunais -202.º-1 da CRP.), pois que
enquanto estiver em vigor não pode a Administração agir em contrário
3. Distinguem-se das directivas normativas (circulares), uma vez que estas são desprovidas de
imperatividade e externalidade (vinculam apenas no interior da própria organização), embora tenham
eficácia não-jurídica (124.º.-1, d) do CPA)
4. Com excepção da AR (para aprovação do seu Regimento) só as Assembleias Legislativas e o
Governo (Decretos-Regulamentares – 112.º-6 e 199.º CRP) possuem competência regulamentar

Espécies. Têm que ser apurados à luz de quatro critérios


1. Face à lei
a) Complementares ou de execução: desenvolvem ou aprofundam a disciplina jurídica constante de
uma lei
b) Independentes ou autónomos: aqueles que os órgãos administrativos elaboram no exercício da
sua competência, para assegurar a realização das suas atribuições específicas, sem cuidar de
desenvolver nenhuma lei em especial
2. Quanto ao objecto
a) De organização: procedem à distribuição das funções pelos vários departamentos e unidades do
serviço público, bem como à repartição de tarefas pelos diversos agentes que aí trabalham
b) De Funcionamento: disciplina a vida quotidiana dos serviços públicos
c) Processuais: procedem em particular à fixação das regras de expediente
d) De Policia: impõe limitações à liberdade individual com vista a evitar a produção de danos
sociais.
3. Quanto à aplicação
a) Gerais: destinam-se a vigorar em todo o território
b) Locais: têm o seu domínio de aplicação limitado a uma dada circunscrição territorial
c) Institucionais: emanam dos institutos públicos e associações públicas, para terem aplicação
apenas às pessoas que se encontrem sob a sua jurisdição
4. Quanto à eficácia
a) Internos: produzem os seus efeitos jurídicos unicamente no interior da esfera jurídica da pessoa
colectiva pública cujos órgãos os elaborem
b) Externos: produzem efeitos jurídicos em relação a outros sujeitos de direitos diferentes

Modos de produção
1. Faculdade de iniciativa procedimental dos interessados na regulamentação de certa matéria,
exercitável mediante pedido fundamentado dirigido ao órgão competente (115º e 116º CPA);
2. O direito de participação procedimental dos interessados na elaboração dos projectos de
regulamento (117º CPA);
3. A apreciação pública dos projectos de regulamento (118º CPA).

Lmites do Poder Regulamentar: aqueles que decorrem do seu posicionamento na hierarquia das Fontes
de Direito
1. Os Princípios Gerais de Direito; A Constituição; Princípios Gerais do Direito Administrativo; A lei;

13
2. Reserva de competência legislativa da Assembleia da República (164º e 165º CRP) nas matérias que
integram esta o Governo somente pode aprovar regulamentos de execução;
3. Disciplina jurídica constante dos regulamentos editados por órgãos que hierarquicamente se situem
num plano superior ao do órgão que editou o regulamento considerado (241º CRP);
4. Não podem ter eficácia retroactiva
5. O poder regulamentar está sujeito a limites de competência e de forma.
DISTINÇÃO ENTRE LEI E REGULAMENTO
1. Ponto de vista orgânico: a lei provém do poder político, o regulamento emana do poder
administrativo;
2. Ponto de vista formal: a norma legal contrária à norma regulamentar revoga esta; a norma
regulamentar contrária à norma legal é uma norma ferida de ilegalidade;
3. Ponto de vista material: a lei é o acto típico da função legislativa, é inovadora, altera ordem jurídica e
visa disciplinar relações jurídicas entre pessoas, o regulamento inclui-se na função administrativa, é
executivo; não traz alterações à ordem jurídica e visa assegurar a boa execução das leis.
4. Outros pontos
a) A lei: baseia-se unicamente na Constituição; só caduca ou é revogada por facto ocorridos no
plano constitucional ou legislativo; é interpretada por si mesma, à luz dos critérios gerais da
interpretação das leis; uma lei contrária a outra lei revoga-a, ou então coexistem ambas na
ordem jurídica com diversos domínios de aplicação; só pode ser impugnada contenciosamente
junto do Tribunal Constitucional e com fundamento em inconstitucionalidade
b) O Regulamento: só será válido se uma lei de habilitação atribuir competência para a sua
emissão; caduca ou é revogado por factos ocorridos não apenas no plano regulamentar mas
também no plano legislativo; não pode ser interpretado por si mesmo, mas à luz da lei que visa
regulamentar ou da lei de habilitação; um regulamento contrário a uma lei é ilegal; o regulamento
ilegal é impugnável junto dos Tribunais Administrativos e com fundamento em ilegalidade
propriamente dita (excepcionalmente, o regulamento poderá ser impugnado como norma
inconstitucional perante o Tribunal Constitucional)
DISTINÇÃO ENTRE REGULAMENTO E ACTO ADMINISTRATIVO: ambos são comandos jurídicos
unilaterais emitidos por um órgão da Administração no exercício de um poder público de autoridade
1. O Regulamento como norma é uma regra geral e abstracta
2. O acto, como acto jurídico é uma decisão individual e concreta
Competência e forma
1. Do Governo
a) Decreto regulamentar: forma obrigatória dos regulamentos independentes (112º/6 CRP)
b) Resolução do Conselho de Ministros,: podem ter ou não natureza regulamentar
c) Portaria: quando possuem poder regulamentar são regulamentos da autoria de um ou mais
Ministros, em nome do Governo;
d) Despacho normativo, regulamento editado por um ou mais Ministros em nome próprio;
e) Despacho simples, deveria sempre constituir a forma de um acto administrativo, contudo, por
vezes estes despachos apresentam natureza regulamentar.
2. Das Regiões autónomas
a) Para regulamentar uma lei da República (112º/4 CRP), a competência pertence à Assembleia
Legislativa Regional e a forma é a de decreto regional (232º/1 e 27º/1-d) segunda parte, CRP);
b) Se tem por objecto um decreto legislativo regional, a competência pertence ao Governo
Regional, sob a forma de decreto regulamentar regional.
3. Das Autarquias Locais (241.º CRP)
a) Assembleia de freguesia: pode aprovar regulamentos sob proposta da junta de freguesia (17º/2-
j), e 34.º-1, a) LAL – Lei 169/99);
b) Assembleia Municipal: pode aprovar regulamentos, sob proposta da Câmara Municipal (54º/2-a)
da Lei 169/99)
c) Câmara Municipal: tem competência para aprovar, designadamente em matéria de águas
públicas sob jurisdição municipal, de trânsito e estacionamento na via publica e ainda de
deambulação de animais nocivos (65.º-7, a) da Lei 169/99).
4. Dos Governadores Civis : Dispõem de competência para editar regulamentos de polícia (4º/3-c) DL
252/92 de 19 de Novembro).

14
Vigência: após publicação no Diário Oficial (119.º-1, h) CRP) entram em vigor nos termos das leis e
podem cessar a sua vigência por caducidade, pela revogação (119º/1 CPA) ou ainda pela anulação
contenciosa ou pela declaração da sua ilegalidade.
1. A falta de publicação implica a ineficácia jurídica (111.º-2 CRP)
2. Em regra, desde que padeçam de um vício são nulos (72.º e 76.º CPTA atento o 112.º-5 da CRP)
A IMPUGNAÇÃO DOS REGULAMENTOS ILEGAIS
1. Regulamentos exequíveis por si mesmos (que podem ofender os direitos ou interesses dos
particulares): através do sistema da impugnação directa (os regulamentos ilegais são directamente
impugnáveis perante o contencioso administrativo, tal como se de actos administrativos se tratasse)
2. Regulamentos exedquíveis através de acto administrativo ou jurisdicional (só ofendem os particulares
quando aplicados por acto concreto): sistema de não aplicação (mas se qualquer Tribunal, em três
casos concretos, considerar ilegal um regulamento, a partir daí o regulamento pode ser impugnado
directamente junto do Tribunal Administrativo)
3. O sistema actual assenta numa dupla distinção (consagrada através do recurso e do pedido de
declaração de ilegalidade)
a) Entre regulamentos directamente exequíveis e regulamentos não directamente exequíveis, por
um lado;
b) Entre dois meios processuais, o recurso dos regulamentos e a declaração de ilegalidade de
normas regulamentares
4. A declaração de ilegalidade tanto pode ser feita pelos Tribunais Administrativos de Círculo como pelo
Tribunal Central Administrativo
5. Para haver recorribilidade do Regulamento é necessário que ele seja proveniente de um acto externo
(definitivo e executório)
a) Qualquer particular pode impugnar regulamentos quando «seja prejudicado pela aplicação da
norma ou venha a sê-lo, previsivelmente, em momento próximo» (73.º-1 – CPTA)
b) O Ministério Público também pode impugnar qualquer regulamento ilegal (73.º-3 CPTA)
c) Pode ser feita a todo o tempo (74.º CPTA)
d) Quanto aos efeitos (76.º CPTA)
 a decisão de provimento declara, com força obrigatória geral, a ilegalidade da norma, mas
também não tem, por via de regra, eficácia retroactiva (11º/1 ETAF), a menos que o Tribunal, por
razões de equidade ou de interesse público de excepcional relevo, resolva, em decisão
“especificamente fundamentada”, conferir eficácia retroactiva à sentença (11º/3 ETAF).
6. Impugnação de Regulamentos da Competência do Tribunal Constitucional: Em regra, os
regulamentos administrativos ilegais são impugnados perante os Tribunais Administrativos, excepto
quando: (281º CRP)
a) A ilegalidade de quaisquer normas constantes de diploma regional, com fundamento em violação
do estatuto da região ou de lei geral da República (281.º-1-c) da CRP)
b) A ilegalidade de quaisquer normas constantes de diploma emanado dos órgãos de soberania
com fundamento em violação dos direitos de uma região consagrados no seu estatuto (281.º 1-
d) da CRP)
c) O Tribunal Constitucional aprecia e declara ainda, com força obrigatória geral, a
inconstitucionalidade ou a ilegalidade de qualquer norma, desde que tenha sido por ele julgada
inconstitucional ou ilegal em três casos concretos (281.º-3 da CRP).

15
B. ACTO ADMINISTRATIVO

      . Evolução constitucional, doutrinária e jurisprudencial


      . Definitividade/Executoriedade Vs Lesividade da esfera jurídica dos particulares

C. OPERAÇÕES MATERIAIS

D. CONTRATOS ADMINISTRATIVOS

Início de Simulação (procedimento concursal para contrato administrativo de empreitada de obra


pública) – 10 de Março de 2009 

Princípios de procedimento administrativo


Duração – 10 de Março a 29 de Março (2 semanas e meia) 

- princípio da participação dos administrados (v.g., audiência prévia, instrução, solicitação de


informações e esclarecimentos) – resolução de casos práticos

os cidadãos devem intervir nas eleições dos órgãos da Administração e na vida quotidiana da
Administração Pública e participar na tomada de decisões a adoptar, para o que a Administração Pública:

16
a) De um ponto de vista estrutural: deve ser organizada de forma que nela existam órgãos em que
os particulares participem, para poderem ser consultados acerca das orientações a seguir, ou
mesmo para tomar parte nas decisões a adoptar. (267.º-5 CRP)
b) De um ponto de vista funcional: o que decorre do princípio da participação é a necessidade da
colaboração da Administração com os particulares (7º CPA) e a garantia dos vários direitos de
participação particulares na actividade administrativa, através da audiência (8º e 100.º-1 CPA)
 Segundo a jurisprudência do TC e do STA, a sua falta não implica qualquer violação de
um direito fundamental, pelo que consubstancial uma anulabilidade
 A doutrina alega que segundo a aplicação analógica de vários normativos
constitucionais (16.º, 17.º, 48.º, 267.º-5, 268.º-1, da CRP) atento ao teor do 133.º-2 do
CPA e 58.º do CPTA, se estiver em causa um direito fundamental o acto é nulo, mas se
envolver uma mera violação de um direito subjectivo público então é anulável

- direito de acesso aos documentos administrativos (breve referência) – resolução de caso


prático 

- princípio da boa fé  (breve referência) – resolução de caso prático 

A Administração Pública não deve atraiçoar a confiança que os particulares interessados puseram num
certo comportamento seu (6.º-A, CPA)

- responsabilidade civil da Administração Pública – resolução de casos práticos 


      . contratual
      . extracontratual
            - por facto ilícito
            - pelo risco
            - “imprópria” – por sacrifícios excessivos 

1º  Teste: 07 de Abril 


A tramitação procedimental
 
Marcha do procedimento
 
      Duração – 08 de Abril (1 aula) 
      - Fases da tramitação procedimental (breve excurso)

17
REGIME DAS INVALIDADES
 
Duração – 12 de Abril a 30 de Abril (2 semanas e meia) 
- Teoria geral do desvalor do acto administrativo
INEFICACIA

INEXISTÊNCIA

IRREGULARIDADE

INVALIDADE
Anulabilidade

nulidade 
- Usurpação de poder / incompetência / desvio de poder – resolução de casos práticos
- Delegação de poderes – resolução de casos práticos
- Vícios da vontade - resolução de casos práticos 

Procedimentos em especial
 
Regulamentos
 
Duração – 03 a 07 de Maio (1 semana) 
(resolução de casos práticos) 

18
Actos administrativos
 
Duração – 10 a 28 de Maio (3 semanas) 
- actos integrativos – resolução de casos práticos

- actos desintegrativos (v.g. revogação) - resolução de casos práticos

- actos modificativos - resolução de casos práticos

- actos tácitos - resolução de casos práticos 

2º  Teste: 19 de Maio 


Contratos administrativos
 
Duração – 31 de Maio a 04 de Junho (1 semana) 
 
________________________________ 
 
Sinopse da Simulação 
 
Hipótese: A Universidade de Lisboa pretende mandar construir um parque de estacionamento
subterrâneo na Alameda da Universidade e uma rede de transporte eléctrico entre os vários
edifícios do “campus” universitário. Para tal, o órgão competente encontra-se a preparar o
lançamento de um concurso público para selecção do empreiteiro que será encarregue da
realização dos trabalhos necessários a tal concretização. 
No caderno de encargos, previu-se a divisão das obras de construção, por dez zonas
geográficas (A a J). As zonas A a G correspondiam a um custo económico de 500.000,00 €, por
cada, e as zonas H a J a um custo económico de 140.000,00 €, por cada. 
Determine quais os procedimentos necessários à selecção e contratação do empreiteiro,
adoptando todas as diligências legalmente exigidas. 
Intervenientes: 
1. Dirigentes da entidade contratante (3 a 5)
 
2. Concorrentes (5 a 10)
 
3. Júri (3-5)
 
 
10/03/2010 – notificações pré-procedimentais 

19
22/03/2009 –  decisão de contratar, designação do júri e lançamento do concurso com
publicitação de convite a apresentação de propostas, programa de procedimento e caderno de
encargos (sintético) 
12/04/2009 – apresentação de propostas 
19/04/2009 – análise preliminar de propostas e exclusão pelo júri 
26/04/2009 – apresentação de providência cautelar administrativa contra decisão do júri 
03/05/2009 – relatório de análise pelo júri 
12/05/2009 – decisão de adjudicação e publicitação 
24/05/2009 – celebração do contrato

20

Você também pode gostar