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PEÇA 1

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO


Gabinete do Ministro Bruno Dantas

Processo: 035.857/2015-3
Natureza: Acompanhamento
Órgão/Entidade: Controladoria-geral da
União

DESPACHO

Cuidam os autos de processo de acompanhamento destinado a apurar a


legalidade, a legitimidade e a economicidade dos atos praticados pelo então Ministério da
Transparência e Controladoria-Geral da União (CGU) e Advocacia-Geral da União
(AGU) referente à celebração de acordo de leniência com fundamento na Lei
12.846/2013.
2. À peça 75 foi juntado o Ofício nº 002/2021 (GAB), no qual o Subprocurador-
geral do MPTCU, Dr. Lucas Rocha Furtado, noticia possíveis irregularidades que
guardam relação com o objeto destes autos, bem como com os assuntos tratados nos
processos TC 016.991/2015-0 e 005.262/2021-6, todos de minha relatoria, conforme
exposto por Sua Excelência.
3. O primeiro apura fraude à licitação da montagem da Usina de Angra III e o
segundo trata de representação sobre possíveis danos ao erário decorrentes de atos
praticados no âmbito da Operação Lava-Jato.
4. Dentre as ocorrências sintetizadas no ofício, o membro do parquet discorre
sobre as recentes notícias divulgadas pela mídia no sentido de que o ex-juiz Sérgio Moro
teria se tornado sócio da empresa de consultoria Alvarez & Marsal, administradora
judicial das empresas do grupo Odebrecht no processo de recuperação judicial, bem como
de que o ex-juiz teria orientado procuradores do Ministério Público Federal em questões
relativas a informações constantes nos sistemas daquela empresa.
5. O eminente Subprocurador-geral anota que o então juiz homologou acordos
de leniência firmados entre o Ministério Público Federal e as empresas do grupo
Odebrecht e que, em sua atuação, ele pode ter contribuído para a situação de insolvência
da empresa.
6. Relata suposto conflito de interesse do agente que, em um primeiro momento,
atuou em processo judicial com repercussões na esfera econômica e financeira da empresa
e que, posteriormente, aufere renda, ainda que indiretamente, no processo de recuperação
judicial para o qual seus atos podem ter contribuído.
7. Tal situação pode constituir afronta aos deveres de fidúcia, lealdade e
diligência que regem a atuação do administrador judicial.
8. O Subprocurador-geral acrescenta que o Excelentíssimo Ministro Ricardo
Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), retirou o sigilo das conversas entre
o ex-juiz e os procuradores da “Operação Lava-Jato”.
9. Considerando que a atuação do ex-juiz pode ter reflexos no
ressarcimento ao erário de valores devidos pela empresa em decorrência das

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atividades ilícitas por ela praticadas, o que também é objeto destes autos, o douto
representante do parquet propõe a adoção das seguintes medidas:
“a) Oficiar ao Excelentíssimo Ministro do Supremo Tribunal Federal, Sr. Ricardo
Lewandovski, a fim de solicitar o compartilhamento das mensagens trocadas entre
os procuradores do Ministério Público e o ex-juiz Sr. Sérgio Moro;
b) Oficiar ao juízo da Recuperação Judicial da empresa Odebrecht S.A. a fim de
solicitar o compartilhamento da documentação relativa à escolha do administrador
judicial e as análises que fundamentaram a definição do juízo pela empresa de
consultoria Alvarez & Marsal, bem como os valores de remuneração que foram
estabelecidos;
c) Realizar oitivas das empresas Alvarez & Marsal e Odebrecht S.A para que se
manifestem quanto aos fatos narrados e;
d) Avaliar a conveniência e oportunidade de se estabelecer, cautelarmente, a
suspensão de qualquer pagamento à empresa Alvarez & Marsal, no âmbito da
Recuperação Judicial da empresa Odebrecht S.A, até que o Tribunal avalie o mérito
da questão.”
10. Feita esta breve introdução, passo ao exame dos pedidos.
II
11. Inicialmente, julgo que as supostas irregularidades narradas pelo
Subprocurador-geral no Ofício nº 002/2021 (GAB) guardam conexão com a matéria dos
autos, pois podem repercutir nas condições em que foi celebrado o acordo de leniência
em acompanhamento, devendo ser objeto de apuração.
12. Dito isso, estou integralmente de acordo com as medidas processuais
sugeridas pelo Subprocurador-geral e transcritas neste despacho, as quais devem ser
adotadas pela unidade instrutora imediatamente, visto que os elementos indicados são
necessários para melhor compreensão e posterior juízo sobre os indícios de
irregularidades apontados, assim como para avaliar a existência de pressupostos para
concessão de medida cautelar, conforme suscitado pelo parquet.
13. Com efeito, são gravíssimos os fatos reportados pelo Subprocurador-geral.
Como enunciado pelo parquet, ao ser nomeada como administradora judicial a Alvarez
& Marsal sujeita-se aos deveres de fidúcia, lealdade e diligência.
14. Como leciona Pontes de Miranda, “a fidúcia é o ato, entre declarantes ou
manifestantes de vontade, um dos quais confia (espera) que o outro se conduza como ele
deseja e, pois, tem fé”.
15. No entanto, soa deveras conflitante que, após ser investida na condição de
administradora judicial das empresas do grupo Odebrecht, em 17/6/2019, a Alvarez &
Marsal tenha incorporado ao seu quadro societário, em 30/11/2020, o ex-juiz Sérgio
Moro.
16. Isso porque, além de possuir informações privilegiadas sobre o
funcionamento das empresas do grupo Odebrecht, o então juiz teria tomado decisões
judiciais e orientado as condições de celebração de acordos de leniência, o que
naturalmente contribuiu para a situação econômico-financeira da empresa da qual
resultou o processo de recuperação judicial.
17. Além disso, mensagens tornadas públicas recentemente apontam para o fato
de que o ex-juiz teria orientado a forma de atuação de procuradores do MPF nas denúncias
e ações contra a empresa. Na visão do Subprocurador-geral, a atuação de agentes públicos

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no âmbito da Operação Lava-Jato pode, inclusive, ter resultado em prejuízos ao erário, o


que precisa ser examinado por este Tribunal.
18. Em uma situação como essa, como muito bem pontuado pelo parquet, é
elevadíssimo o risco de conflito de interesse na atuação desse profissional. Em um
primeiro momento, contribui para a situação econômico-financeira atualmente
vivenciada pela empresa. Na sequência, passa a auferir renda junto à administradora
judicial nomeada na recuperação judicial. Como se diz popularmente, o mesmo agente
teria atuado nos “dois lados do balcão”.
19. Agindo como juiz nas ações penais contra os sócios e executivos da
Odebrecht, e na homologação de acordo de leniência da empresa junto ao Ministério
Público Federal, o então magistrado evidentemente teve acesso a assuntos sigilosos,
assim como informações com repercussões econômico-financeiras que não são de amplo
conhecimento público.
20. Aliás, no caso, pode-se estar diante de conflito de interesse superveniente, ou
seja, aquele que se verifica em caso de ocorrência de fato posterior que coloque o
administrador judicial em situação de conflito perante os deveres de confiança e lealdade.
A própria Lei 11.101/2005 estipula situações de impedimento e de destituição de
administrador judicial.
21. E mais, considere-se a hipótese de que se confirme que o ex-juiz não teve
quaisquer reservas para ingressar em sociedade que presta consultoria para as empresas
dirigidas por administradores outrora por ele condenados, ou ainda, cujas esferas
econômico-financeira e patrimonial foram impactadas por atos jurisdicionais por ele
proferidos. Nessa situação, permito-me indagar até que ponto não existiram tratativas
nesse sentido anteriores ao ato que encerrou a sua investidura no cargo de juiz federal.
22. Sobre isso, rememoro que tal situação não seria inédita, visto que há pouco
tempo foi revelado o caso de membro do Ministério Público Federal que negociou o
ingresso em escritório de advocacia quando ainda exercia o cargo no parquet.
23. Logo, até mesmo para esclarecer essa situação, no mínimo peculiar e
constrangedora, entendo ser o caso de facultar à Alvarez & Marsal a possibilidade de
fornecer informações completas a respeito do processo de contratação do ex-juiz Sérgio
Moro, demonstrando não se tratar de remuneração indireta por serviços anteriormente
prestados.
24. Ou ainda, afastar as dúvidas levantadas pelo parquet de que o contrato
celebrado com o ex-juiz se trataria, na verdade, da “compra” de informações privilegiadas
obtidas pelo então magistrado quando do processamento das ações penais e da celebração
de acordos.
25. Assim, a empresa poderá demonstrar todo o cuidado de que se cercou ao
contratar um profissional nessas condições, tais como a indicação da agência que
conduziu o processo seletivo de contratação, assim como dos executivos que conduziram
esse processo.
26. Poderá informar o tempo de duração desse procedimento, as cláusulas e
protocolos que impeçam ou mitiguem sobremaneira o conflito de interesse, assim como
os mecanismos financeiros que assegurem que, efetivamente, o ex-juiz não esteja sendo
remunerado por serviços prestados anteriormente ou em contrapartida a informações
privilegiadas que possa repassar.

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27. Em outra vertente, acolhendo também a sugestão do eminente


Subprocurador-geral, reputo ser o caso de solicitar ao juízo da recuperação judicial, em
regime de cooperação, o fornecimento da proposta de honorários e os desembolsos
efetuados à Alvarez & Marsal, assim como quaisquer outros documentos que a empresa
tenha coligido aos autos, posteriormente à contratação do ex-juiz Sérgio Moro, que
possam contribuir para demonstrar a ausência de conflito de interesse no caso.
28. Por fim, tal como pugnado pelo parquet, é o caso de solicitar ao
Excelentíssimo Ministro Ricardo Lewandovski, do Supremo Tribunal Federal, também
nesse esforço de colaboração, o compartilhamento das mensagens trocadas entre os
procuradores do Ministério Público Federal e o ex-juiz Sérgio Moro, uma vez que o teor
dessas mensagens pode trazer valiosas informações para as apurações dos indícios de
irregularidades elencados pelo Subprocurador-geral.
29. Por fim, tendo em vista a urgência em se obter a documentação sugerida pelo
parquet e em avaliar os pressupostos para eventual concessão da medida cautelar, bem
como considerando que outras medidas processuais estão em curso nestes autos,
determino a constituição de apartado, mantida a relatoria, na forma do parágrafo único do
art. 24 da Resolução-TCU 175/2005, para tratar especificamente das medidas elencadas
no Ofício nº 002/2021-GAB (peça 75).
30. Ante o exposto, decido:
30.1. determinar à SeinfraOperações, com fundamento nos arts. 43 e 44 da
Resolução-TCU 259/2014 c/c art. 24, parágrafo único, da Resolução-TCU 175/2005, que
autue processo apartado, mantida a relatoria, para tratar dos indícios de irregularidades
indicados no Ofício nº 002/2021-GAB (peça 75), fazendo juntar cópia do expediente e
deste despacho, e adotando as seguintes medidas:
30.1.1. oficiar ao Excelentíssimo Ministro Ricardo Lewandovski, do Supremo
Tribunal Federal, a fim de solicitar, em regime de cooperação, o compartilhamento
das mensagens trocadas entre os procuradores do Ministério Público e o ex-juiz Sr.
Sérgio Moro;
30.1.2. oficiar à 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo,
responsável pelo processamento da recuperação judicial das empresas do grupo
Odebrecht (processo 1057756-77.2019.8.26.0100) para solicitar, em regime de
cooperação:
30.1.2.1. o compartilhamento da documentação relativa à escolha do
administrador judicial e as análises que fundamentaram a definição do juízo
pela Alvarez & Marsal;
30.1.2.2. a proposta de honorários;
30.1.2.3. os desembolsos efetuados;
30.1.2.4. quaisquer outros documentos que a empresa tenha coligido aos
autos, posteriormente à contratação do ex-juiz Sérgio Moro, que possam
contribuir para demonstrar a ausência de conflito de interesse no caso;
30.1.3. notificar a empresa Alvarez & Marsal para que se manifeste, no prazo de
48 horas, a respeito dos fatos narrados no Ofício nº 002/2021-GAB (peça 75) e
neste despacho, com vistas a esclarecer os indícios de inobservância do dever de
fidúcia, de lealdade e de diligência, assim como de existência de conflito de
interesses, no âmbito do processo de recuperação judicial das empresas do grupo

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Odebrecht, podendo para tanto apresentar informações acerca do processo de


contratação do ex-juiz Sérgio Moro e das medidas adotadas com vistas a tratar e
prevenir eventuais conflitos de interesse resultantes dessa contratação, conforme
indicado neste despacho;
30.1.4. comunicar ao Subprocurador-Geral e fazer constar dos TCs 016.991/2015-
0 e 005.262/2021-6 a informação de a questão levantada no Ofício nº 002/2021-
GAB será aprofundada no âmbito do feito a ser autuado;
30.2. determinar à SeinfraOperações que, tão logo obtenha as informações
indicadas item I, instrua os autos com a urgência que o caso requer, inclusive sobre a
existência dos pressupostos para concessão de medida cautelar tendente a bloquear os
pagamentos à Alvarez & Marsal.
31. À SeinfraOperações para adoção das medidas indicadas neste despacho.

Brasília, 24 de fevereiro de 2021

(Assinado eletronicamente)
BRUNO DANTAS
Relator

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PEÇA 4
MINISTÉRIO PÚBLICO JUNTO AO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Gabinete do Subprocurador-Geral

Ofício nº 002/2021 (GAB)

Brasília-DF, em 09 de fevereiro de 2021.

À Sua Excelência
BRUNO DANTAS
Ministro Relator dos TCs 005.262/2021-6, 016.991/2015-0 e 035.857/2015-3

Assunto: indícios de irregularidades envolvendo a operação Lava Jato e a empresa Odebrecht


S.A

Excelentíssimo Senhor Ministro Bruno Dantas,

Recentemente, em 01.02.2021, ofereci representação junto a essa Corte no intuito


que o Tribunal apurasse os prejuízos ocasionados aos cofres públicos pelas operações
supostamente ilegais dos membros da Lava Jato de Curitiba e do ex-juiz Sérgio Moro,
mediante práticas ilegítimas de revolving door, afetando a empresa Odebrecht S.A., e lawfare,
conduzido contra pessoas investigadas nas operações efetivadas no âmbito da chamada
“Operação Lava Jato”.
As informações apresentadas foram juntadas ao TC 005.262/2021-6 cuja relatoria
é de Vossa Excelência por prevenção.
Diante da correlação dos temas e considerando os processos em curso que
acompanham os desdobramentos, no âmbito deste Tribunal, de acordos de leniência firmados
pela empresa Odebrecht com outros órgãos, em especial no âmbito dos TCs 016.991/2015-0
e 035.857/2015-3, ambos de relatoria de Vossa Excelência;
Considerando que o primeiro trata da análise de inidoneidade de empresas por
fraude à licitação de montagem eletromecânica da Usina Termonuclear de Angra III, no qual
se avalia, em profundidade, os efeitos dos acordos de leniência firmados pelo Ministério
Público Federal na declaração de inidoneidade das empresas participantes dos acordos, entre
elas a supracitada empresa;
Considerando que o segundo processo cuida de acompanhamento autuado com o
intuito de fiscalizar o processo de celebração do acordo de leniência entre a Controladoria
Geral da União (CGU) e a empresa Odebrecht S.A;

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Considerando as recentes notícias divulgadas pela mídia no sentido de que o ex-


juiz, Sr. Sérgio Moro, teria se tornado sócio da empresa de consultoria Alvarez & Marsal,
administradora judicial da Odebrecht S.A no processo de recuperação judicial;
Considerando as notícias de que o referido ex-juiz teria orientado procuradores do
Ministério Público em questões relativas a informações constantes nos sistema daquela
empresa;
Considerando que o Excelentíssimo Ministro Ricardo Lewandowski do Supremo
Tribunal Federal (STF) retirou o sigilo das conversas entre o ex-juiz e os procuradores da
“Operação Lava Jato”;
Considerando que, na qualidade de juiz federal, o Sr. Sérgio Moro homologou
acordos de leniência firmados entre o Ministério Público Federal e a empresa Odebrecht S.A;
Considerando que, na qualidade de juiz, a atuação do Sr. Sérgio Moro, seja nas
decisões proferidas nos processos judiciais, seja nas exigências contidas nos acordos de
leniência, pode ter contribuído para a situação de insolvência da empresa;
Considerando que o administrador judicial, do qual se exige que seja profissional
idôneo (Lei 11.101/2005, art. 21, caput), exerce múnus público, devendo observância aos
princípios constitucionais;
Considerando o dever de fidúcia, lealdade e diligência, que deve reger a atuação
do administrador judicial;
Considerando que está a cargo do Poder Público, na pessoa do juiz, designar como
administrador judicial pessoa que cumpra os requisitos jurídicos, fiscalizá-lo no cumprimento
de seus deveres, definir sua remuneração, bem como destituí-lo ( Lei 11.101/2005, arts. 21,
22 e 24);
Considerando o risco de conflito de interesses que pode surgir quando o mesmo
agente, em um primeiro momento, atua em processo judicial que interfere no desempenho
econômico e financeiro da empresa e, em em um segundo momento, aufere renda, ainda que
indiretamente com o processo de recuperação judicial para o qual seus atos podem ser
contribuído e;
Considerando, por fim, a repercussão e os impactos que o bom andamento da
Recuperação Judicial pode ter na possibilidade de o erário ser ressarcido dos prejuízos
causados pela atividades ilícitas da empresa Odebrecht S.A, e a evidente competência dessa
Corte de Contas para velar pela legitimidade e pela moralidade dos atos do poder público,
zelar pela economicidade e assegurar o devido ressarcimento de prejuízos ao erário:
Venho solicitar e propor a Vossa Excelência que, na qualidade de relator dos
TCs 005.262/2021-6, 016.991/2015-0 e 035.857/2015-3, adote medidas no sentido de:
a) Oficiar ao Excelentíssimo Ministro do Supremo Tribunal Federal, Sr. Ricardo
Lewandovski, a fim de solicitar o compartilhamento das mensagens trocadas
entre os procuradores do Ministério Público e o ex-juiz Sr. Sérgio Moro;
b) Oficiar ao juízo da Recuperação Judicial da empresa Odebrecht S.A a fim de
solicitar o compartilhamento da documentação relativa à escolha do
administrador judicial e as análises que fundamentaram a definição do juízo
pela empresa de consultoria Alvarez & Marsal, bem como os valores de
remuneração que foram estrabelecidos;
c) Realizar oitivas das empresas Alvarez & Marsal e Odebrecht S.A para que se
manifestem quanto aos fatos narrados e;

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d) Avaliar a conveniência e oportunidade de se estabelecer, cautelarmente, a


suspensão de qualquer pagamento à empresa Alvarez & Marsal, no âmbito da
Recuperação Judicial da empresa Odebrecht S.A, até que o Tribunal avalie o
mérito da questão.

Sendo, pois, o que tinha a informar, a encaminhar e a solicitar, aproveito o ensejo para
manifestar protestos de estima, respeito e consideração a V. Ex.ª.

Atenciosamente,

(Assinado Eletronicamente)
Lucas Rocha Furtado
Subprocurador-Geral

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PEÇA 7
Ministério Público
Gabinete do Subprocurador-Geral
LUCAS ROCHA FURTADO

Excelentíssima Senhora Ministra-Presidente do Tribunal de Contas da União

Com fundamento no artigo 81, inciso I, da Lei 8.443/1992, e no artigo 237,


inciso VII, do Regimento Interno do Tribunal de Contas da União, o Ministério
Público junto ao TCU oferece

REPRESENTAÇÃO

com vistas a que essa Corte de Contas proceda à adoção das medidas de sua
competência necessárias a apurar os prejuízos ocasionados aos cofres públicos pelas
operações supostamente ilegais dos membros da Lava Jato de Curitiba e do ex-juiz
Sérgio Moro, mediante práticas ilegítimas de revolving door1, afetando a empresa
Odebrecht S.A., e lawfare2, conduzido contra pessoas investigadas nas operações
efetivadas no âmbito da chamada Operação Lava Jato, conforme revelado pela série
de reportagens denominada “Vaza Jato”3, em recente publicação da Revista Veja4 e
na Folha de São Paulo de hoje5, que evidencia mensagens trocadas entre o ex-Juiz
Sérgio Moro e o chefe da Operação Lava Jato em Curitiba, procurador Deltan

1 https://en.wikipedia.org/wiki/Revolving_door_(politics)
2http://www.justificando.com/2016/11/17/lawfare-representa-o-uso-indevido-dos-recursos-juridicos-para-fins-de-
perseguicao-politica/
3 https://pt.wikipedia.org/wiki/Vaza_Jato
4 https://veja.abril.com.br/politica/lewandowski-poe-sigilo-sobre-vaza-jato-veja-mensagens-obtidas-por-lula/
5https://www1.folha.uol.com.br/colunas/monicabergamo/2021/02/lewandowski-levanta-sigilo-e-novas-conversas-de-
moro-com-procuradores-podem-vir-a-publico.shtml

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO


Gabinete do Subprocurador-Geral LUCAS ROCHA FURTADO

Dalagnol, mensagens essas obtidas a partir dos arquivos da Operação Spoofing, da


Polícia Federal.

- II -

Os possíveis prejuízos aos cofres públicos de que trata a presente


representação decorrem direta e indiretamente das possíveis práticas ilegítimas
estabelecidas entre membros da força tarefa da Força Tarefa da Lava Jato em Curitiba
(procuradores da república que integraram a referida força tarefa) e o ex-juiz da 13ª
Vara Federal daquela cidade, Sr. Sérgio Moro, à época responsável pela condução
dos processos judiciais da Lava Jato.
O primeiro tipo de dano ao erário – indiretamente ocasionado aos cofres
públicos – refere-se à perda de arrecadação tributária decorrente do processo de
recuperação judicial da empresa Odebrecht S.A., que foi levada a uma situação pré-
falimentar em consequência das investigações da Lava Jato, conforme amplamente
compreendido pela mídia brasileira:
Desde que se viu envolvida nas investigações da Operação Lava Jato, em 2015, a Odebrecht
viu seu quadro de funcionários se reduzir em cerca de 80% e sua receita bruta cair cerca de
20%. É o que apontam números divulgados pela empresa em seus relatórios anuais. Nesta
segunda-feira (17), empresa formalizou na Justiça de São Paulo um pedido de recuperação
judicial, sob peso de dívidas de R$ 65,5 bilhões.6

Eis a forma estúpida que o combate à corrupção tomou no Brasil.


No mundo inteiro, quando empresas são flagradas cometendo irregularidades, pagam
a multa que têm de pagar, seus dirigentes são afastados e punidos, mas as empresas
continuam a operar.
No Brasil, as coisas vão de cambulhada. A Lava Jato quebrou as empresas de
construção pesada. O desastre engole empregos, tecnologia nacional, expertise, tudo.
Essa é apenas uma das consequências nefastas da hipertrofia do Ministério Público no
país. Como estamos notando, o calvário não tem fim.
Engana-se quem acha que os prejudicados com a derrocada da Odebrecht são apenas
os sócios controladores. Não! É o país. São os milhares de desempregados.7

6https://g1.globo.com/economia/noticia/2019/06/17/4-anos-apos-se-ver-envolvida-nas-denuncias-da-lava-jato-
odebrecht-perdeu-cerca-de-80percent-do-quadro-de-funcionarios.ghtml

7 https://reinaldoazevedo.blogosfera.uol.com.br/2019/06/17/a-lava-jato-torra-a-riqueza-e-os-empregos-odebrecht-em-
recuperacao-judicia/

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO


Gabinete do Subprocurador-Geral LUCAS ROCHA FURTADO

Em cartas escritas na prisão, Marcelo Odebrecht relatou ameaça da Lava-Jato


Manuscritos do empreiteiro Marcelo Odebrecht feitos de dentro da cadeia, onde
esteve até 2017, mostram suposta pressão da força-tarefa da Lava-Jato durante a
negociação de um acordo com a empresa e relatam o inconformismo dele com os
rumos da delação da construtora.8
Enquanto professor das disciplinas de Falência e Direito Administrativo da
Universidade de Brasília (cujo semestre inicia-se nesta segunda-feira), avalio que,
caso o Tribunal de Contas da União, mediante as apurações que se mostram
necessárias acerca da possível atuação ilegítima da Lava Jato que resultou no processo
de recuperação judicial da Odebrecht, conclua que, efetivamente, foram utilizados
instrumentos de revolving door e lawfare por parte dos procuradores e do ex-juiz
(situação que deslegitima e torna nula toda a operação Lava Jato), esses deverão ser
responsabilizados e condenados em débito pela perda de arrecadação tributária federal
decorrente da recuperação judicial da Odebrecht.
Com efeito, embora os créditos tributários estejam relativamente protegidos
pela legislação, na medida em que a recuperação judicial constitui modalidade de
renegociação de débitos exclusivamente perante credores privados, não se sujeitando
o credito tributário aos efeitos modificativos do plano de recuperação (CTN, art. 187,
e Lei de Execução Fiscal – lei 6.830/80, art. 29), há uma importante inovação legal
que pode resultar no comprometimento desse crédito. Refiro-me à Lei nº
13.988/2020, que regula a transação tributária no âmbito federal. Por sua vez, a
Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, ao regulamentar a referida lei, mediante a
portaria PGFN 9.917/20, em seu artigo 3º, I, assim anuncia os objetivos da transação
tributária:
I - viabilizar a superação da situação transitória de crise econômico-financeira do
sujeito passivo, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora e do emprego dos
trabalhadores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o
estímulo à atividade econômica;
Ora, o inciso destacado é cópia fiel do art. 47 da lei 11.101/05, que trata da
recuperação judicial das sociedades empresárias, o que evidencia que a transação
tributária foi idealizada para permitir a negociação dos débitos tributários federais
pelas empresas com dificuldades financeiras, inclusive as empresas em recuperação
judicial. Ou seja, pode ocorrer, como é da natureza da transação, que a União renuncie
à parte de seus créditos tributários quando uma empresa estiver numa situação de
recuperação judicial.

8https://valor.globo.com/empresas/noticia/2020/07/26/em-cartas-escritas-na-priso-marcelo-odebrecht-relatou-ameaa-
da-lava-jato.ghtml

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO


Gabinete do Subprocurador-Geral LUCAS ROCHA FURTADO

Com relação à Odebrecht, seu plano de recuperação judicial está em curso,


tendo sido homologado judicialmente em julho do ano passado.9
Nessas condições, evidencia-se a necessidade de o Tribunal de Contas da
União, procedendo às averiguações cabíveis, verificar se, na ocorrência de transação
tributária desfavorável aos cofres públicos federais em razão de renúncia de recursos
tributários no curso da recuperação judicial da Odebrecht S.A., identificar os
responsáveis (procuradores e juízes federais) que, ao atuarem de forma supostamente
ilegal e ilegítima mediante as práticas de revolving door e lawfare, acarretaram a
situação pré-falimentar da empresa.
Os indícios da ocorrência de revolving door por parte do ex-juiz Sérgio
Moro são expostos de forma muito didática pelas seguintes publicações na Internet,
ao analisarem o ingresso do ex-juiz na empresa de consultoria Alvarez & Marsal, que
é justamente a administradora judicial da Odebrecht, neste momento em que a
construtora está em processo de recuperação judicial, após as investigações da Lava-
Jato:
Sergio Moro entrou para o mercado que a Lava Jato ajudou a criar10
Jornal GGN – Em janeiro de 2020, o GGN lançou uma série documental inédita
explicando a influência dos EUA na Lava Jato. O episódio 5 trata justamente da
indústria do compliance. A Lava Jato fomentou este mercado e, agora, o ex-juiz Sergio
Moro penetra nele.
Nos EUA é comum ver procuradores e juízes atuando contra empresas e, depois, saindo
do cargo público para oferecer a elas o serviço de compliance, agora como advogados.
Alguns até retornam para o Judiciário depois. O fenômeno é tão constante que criaram
a expressão “revolving door” (porta giratória) para ilustrar quando acontece. Foi o
que aconteceu com Moro.
A Lava Jato investigou a Odebrecht no Brasil e instigou apurações no exterior,
inclusive nos EUA. Moro atuou nos processos como juiz, condenou as empresas,
recomendou a contratação de compliance e, agora, vira o consultor do setor privado a
“desenvolver soluções para disputas complexas, investigações e questões de
compliance” para a Odebrecht.
Nenhuma surpresa. Seguindo o exemplo dos EUA, outros membros da Lava Jato
fizeram o mesmo movimento antes de Moro, todos rumos à advocacia privada,
vendendo a experiência que tiveram no combate à corrupção por dentro do Estado.

Sergio Moro entra na porta giratória da Lava-Jato11


Será na Vila Olímpia o próximo estágio da carreira do ex-juiz, ex-ministro e ex-
bolsonarista de carteirinha Sergio Moro, agora na iniciativa privada. A consultoria
9 https://www.conjur.com.br/2020-jul-27/justica-sao-paulo-concede-recuperacao-judicial-odebrecht
10 https://jornalggn.com.br/politica/sergio-moro-entrou-para-o-mercado-que-a-lava-jato-ajudou-a-criar/amp/

11 https://apublica.org/2020/12/sergio-moro-entra-na-porta-giratoria-da-lava-jato/?amp

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americana Alvarez e Marsal anunciou que Moro será o chefe de investigações,


disputas e compliance no seu escritório envidraçado à beira da Marginal Tietê,
pertinho do luxuoso Shopping JK.
Especializada em reestruturação corporativa, a Alvarez & Marsal é a
administradora judicial da Odebrecht, após a construtora ter pedido recuperação
judicial por causa das investigações da Lava-Jato no Brasil, nos EUA e em dezenas
de países da América Latina. A consultora já faturou 17,6 milhões com o serviço,
segundo reportagem do Uol. O Valor Econômico noticiou que o contrato de Moro
o exime de advogar em causas em que haja conflito de interesses.
Entre os sócios sêniores, a empresa orgulha-se de contar com um ex-agente do FBI,
um ex-procurador do Departamento de Justiça dos EUA (DOJ) e outro do governo
britânico, além de um ex-funcionário da NSA.
Há alguns anos críticos vêm apontando para a escandalosa “porta giratória”
entre os procuradores americanos que se dedicam a investigar corrupção e os
riquíssimos escritórios de advocacia que têm vendido serviços para empresas se
“blindarem” exatamente desse tipo de investigação.
São jovens com ar de auto-satisfação e luxuosos escritórios com vista para os
pontos mais cobiçados de Nova York ou Washington. O caso mais notório é Patrick
Stokes, que liderou entre entre 2014 e 2016 o departamento de FCPA (corrupção
transnacional) do DOJ e depois virou sócio no escritório Gibson, Dunn &
Crutcher’s, em uma posição cujo salário chegou a R$ 3,2 milhões em 2017. Detalhe:
a empresa foi a contratada pela Petrobras para negociar o acordo com o DOJ,
assinado no final de 2018, dois anos depois de Patrick sair do cargo. O contrato
traz a assinatura do advogado Joseph Warin, hoje sócio de Patrick.
Em um breve levantamento feito com a jornalista Raphaela Ribeiro, identificamos
que de 19 procuradores americanos envolvidos nas investigações da Lava Jato, do
DOJ e do Securities and Exchange Commission (Sec), pelo menos seis foram para
a iniciativa privada.
Kevin Gingras, que veio ao Brasil em nome do DOJ entrevistar Nestor Cerveró,
Paulo Roberto Costa e Alexandre Yousseff em julho de 2016, hoje é vice-presidente
de litígios na empresa fabricante de armas e tecnologia de defesa Lockheed Martin
Corporation.
Charles Duross não chegou a trabalhar nos casos da Lava-Jato, mas liderou a
unidade de corrupção internacional do DOJ até 2014. Estava nessa posição quando
o governo americano começou a investigar a Embraer por corrupção na República
Dominicana, o que levou a uma multa de mais de US$ 100 milhões para o governo
dos EUA.
Duross hoje é advogado associado no escritório Morrison & Foerster LLP. Ele foi
indicado pelo DOJ para acompanhar as práticas anticorrupção que vêm sendo
adotadas pela Odebrecht e o desenvolvimento do setor de “compliance”, depois da
empreiteira concordar em pagar uma multa bilionária aos americanos.
Do lado do FBI, George “Ren” McEachern liderou até 2017 a Unidade de
Corrupção Internacional em Washington, com mais de 40 agentes, supervisionando
todas as investigações de corrupção ligadas à Lava Jato. Pouco depois, deixou o
FBI para passar para a consultoria Exiger, onde ensina métodos de “compliance” e

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dá palestras para empresas como as médico-farmacêuticas Pfizer e


Johnson&Johnson e a fabricante de armas militares Raytheon. (Grifei).

É interessante notar como a publicação por último transcrita acima descreve


a prática da revolving door nos Estados Unidos e cita exemplos, inclusive, de agentes
americanos que estiveram envolvidos em investigações da própria Odebrecht, em
conjunto com os membros da Força Tarefa da Lava Jato, agentes esses que, depois,
foram trabalhar na iniciativa privada, em empresas que atuam em prol daquelas outras
por eles investigadas outrora. Situação semelhante à do ex-juiz Sérgio Moro agora.
Para reforçar os indícios de lawfare no caso da Odebrecht, a macular os
procedimentos supostamente ilegítimos e ilegais perpetrados pelos procuradores da
Lava Jato e pelo juízo encarregado de julgar os processos decorrentes, importante
transcrever excertos de recente publicação da Revista Veja
(https://veja.abril.com.br/politica/lewandowski-poe-sigilo-sobre-vaza-jato-veja-
mensagens-obtidas-por-lula/), que evidencia mensagens trocadas entre o ex-Juiz
Sérgio Moro e o chefe da Operação Lava Jato em Curitiba, procurador Deltan
Dalagnol, mensagens essas obtidas a partir dos arquivos da Operação Spoofing, da
Polícia Federal (destaques acrescidos):
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski determinou nesta
quinta-feira, 28, sigilo sobre a ação em que a defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva conseguiu acesso às mensagens da força-tarefa da Operação Lava
Jato vazadas por hackers, alvo da Operação Spoofing. Segundo o STF, o sigilo foi
decretado a pedido dos advogados do petista “por haver nos autos material que a
defesa considerou ser sigiloso”.
Nesta quarta-feira, 27, antes de o ministro determinar o sigilo, a defesa de Lula havia
incluído na ação uma petição em que os próprios advogados divulgam algumas
mensagens já analisadas por um perito judicial. Segundo a defesa, o profissional
analisou preliminarmente cerca de 10% dos 740 gigabytes de dados fornecidos de
mensagens apreendidas com o hacker Walter Delgatti Neto. Na decisão em que havia
determinado à Justiça Federal que fornecesse as mensagens aos defensores do petista,
em dezembro, Lewandowski havia determinado que o conteúdo ficasse “sob rigoroso
sigilo”.
VEJA teve acesso com exclusividade ao conteúdo apresentado ao STF pela defesa como
sua “análise preliminar”, encaminhado aos advogados na quarta-feira pelo perito
Cláudio Wagner, que mostra sete diálogos curtos entre o ex-juiz federal Sergio Moro e
o ex-coordenador da força-tarefa da Lava Jato no Paraná, Deltan Dellagnol.
O conteúdo mostra Moro questionando o procurador da Lava Jato sobre uma denúncia
contra Lula, orientando-o sobre o aproveitamento de provas e pedindo para ser
“informado” sobre os desdobramentos de apurações. Deltan chega a sugerir ao então
magistrado como conduzir a oitiva de um investigado e atende com rapidez um pedido
de Moro para protocolar uma manifestação em uma ação, além de citar a ele reuniões
com “suíços” e “americanos”.

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Para os advogados de Lula, “é possível desde já constatar, para além da escancarada


ausência de equidistância que deveria haver entre juiz e partes, por exemplo: (i) a
efetiva existência de troca de correspondência entre a “Força Tarefa da Lava Jato” e
outros países que participaram, direta ou indiretamente, do Acordo de Leniência da
Odebrecht, como, por exemplo, autoridades dos Estados Unidos da América e da
Suíça; (ii) documentos e informações que configuram quebra da cadeia de custódia
relacionados aos sistemas da Odebrecht; e (iii) a busca selvagem e a lavagem de provas
pelos órgãos de persecução, com a ciência e anuência do juízo de piso”.
Em uma das mensagens, trocadas em 23 de fevereiro de 2016 e incluídas pela defesa
de Lula na ação, Moro pergunta se os procuradores têm uma “denúncia sólida o
suficiente”. Em seguida, Deltan Dallagnol informa a ele linhas gerais do que os
procuradores pretendiam apresentar contra Lula:

Reunião sigilosa com suíços


Em mensagens trocadas entre 28 de novembro e 1º de dezembro de 2015, Deltan e Moro
tratam de investigações da Lava Jato sobre contas no exterior. O procurador chega a
citar uma reunião com “os suíços, que vêm pra cá pedindo extremo sigilo quanto à
visita”. Em mensagens seguintes, diante de informações de Deltan sobre contas da
Odebrecht no exterior, o então juiz pergunta se o beneficiário dos repasses delas seria
“JS”, referência ao marqueteiro João Santana, responsável por campanhas
presidenciais do PT, preso em fevereiro de 2016. O procurador responde que sim e
informa o nome de uma conta no exterior usada por Santana para receber pagamentos
da empreiteira, a “shellbill”:

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..................
Moro orienta Deltan sobre sistemas da Odebrecht
Em agosto de 2017, o então juiz diz que seriam necessárias perícias da PF e laudos
específicos: “do contrário, vai ser difícil usar”.

A meu ver, o teor das mensagens acima revela um escândalo sem


precedentes: juiz e acusador combinando as ações processuais e de investigação. Essa
conduta absolutamente ilegal é apta, a meu juízo, a comprometer todos os atos
processuais que culminaram em acordos de leniência e multas aplicadas à Odebrecht,
que culminaram na deterioração financeira e econômica da empresa, a ponto de

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conduzi-la a uma recuperação judicial que comporta riscos de dano ao erário em razão
dos créditos tributários que eventualmente venham a ser renunciados pela União,
mediante transação, no curso do processo.
Na verdade, e sem medo de exagero, mais do que escandaloso.
Verdadeiramente estarrecedor, à vista das trocas de mensagens trocadas entre os
envolvidos, conforme divulgado na manhã de hoje na Folha de São Paulo e no UOL12,
após liberação de sigilo autorizada pelo Ministro Ricardo Lewandovki do STF,
conforme faço anexar à esta representação, juntamente com o conteúdo das
mensagens na forma produzida pela perícia da defesa.
Estão presentes, portanto, as condições previstas na Lei nº 8.443/1992 (art.
8º) relativas à prática de qualquer ato ilegal, ilegítimo ou antieconômico de que resulte
dano ao Erário, a ensejar providências com vistas à instauração da tomada de contas
especial para apuração dos fatos, identificação dos responsáveis e quantificação do
dano, nos termos do referido dispositivo legal.
Importa registrar que as perícias realizadas pela Polícia Federal no âmbito
da “Operação Spoofing” atestam a integridade das mensagens trocadas entre Dalagnol
e Moro13.
Considerando, ainda, que as mensagens reveladas pela Revista Veja,
representam apenas 1% de todo o material apreendido na Operação Spoofing, ao qual
teve acesso a defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (conforme revela o
jornalista Reinaldo Azevedo14, entendo adequado que o Tribunal de Contas da União,
para melhor aquilatar a gravidade da situação e conhecer mais adequadamente os
indícios que podem levar à anulação de grande parte dos processos da Lava Jato
julgados pelo ex-juiz Sérgio Moro, solicite ao Supremo Tribunal Federal, mediante
transferência de sigilo, acesso ao material de sete terabytes apreendido no vasto
arquivo que estava com os hackers investigados na Operação Spoofing.
Um segundo tipo de dano ao erário decorrente dos fatos e circunstâncias
relatados na presente representação – esse direto e facilmente mensurável – refere-se
aos custos incorridos por toda a Operação Lava Jato de Curitiba, caso se confirmem
a nulidade dos processos judiciais conduzidos pelo ex-juiz Sérgio Moro, em razão das
possíveis ilegalidades cometidas por ele e os procuradores da força tarefa, na
combinação absolutamente imprópria para conduzir investigações, produção de

12https://www1.folha.uol.com.br/colunas/monicabergamo/2021/02/lewandowski-levanta-sigilo-e-novas-conversas-
de-moro-com-procuradores-podem-vir-a-publico.shtml
13 https://www.conjur.com.br/2020-dez-29/pericia-atesta-integridade-mensagens-hackeadas-vaza-jato
14https://noticias.uol.com.br/colunas/reinaldo-azevedo/2021/01/29/operacao-spoofing-1-do-arquivo-revela-um-virus-
na-origem-da-era-do-horror.htm

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provas e estratégias processuais entre acusação e órgão julgador. Refiro-me, nesse


caso, a todo o dinheiro desperdiçado por anos e anos, com o pagamento de
remuneração de procuradores, servidores públicos do MPF, horas de trabalho
extraordinárias, funções, diárias, passagens, recursos materiais, custos esses todos
extensíveis aos órgãos judiciais que tiveram que apreciar processos eivados de
nulidade desde o início, em todas as instâncias, até o Supremo Tribunal Federal. É
evidente que devem ser responsabilizados os agentes públicos que incorreram nas
possíveis ilegalidades que podem culminar na nulidade dos processos judiciais
conduzidos sob toda essa parcialidade revelada nos indícios de apenas 1% examinado
até o momento pela defesa do ex-presidente Lula, do total dos arquivos apreendidos
pela Polícia Federal.
Por fim, ressalte-se que este Ministério Público junto ao TCU possui
legitimidade para oferecer representações junto a essa Corte, os fatos foram
apresentados em linguagem clara e objetiva e estão acompanhados, em anexo, dos
dados informados no bojo desta representação.
- III -

Ante o exposto, este representante do Ministério Público junto ao Tribunal


de Contas da União, com fulcro no artigo 81, inciso I, da Lei 8.443/1992, e no artigo
237, inciso VII, do Regimento Interno do TCU, requer, pelas razões acima aduzidas,
que o Tribunal conheça desta representação para, no cumprimento de suas
competências constitucionais de controle externo de natureza contábil, financeira,
orçamentária, operacional e patrimonial da Administração Pública Federal, proceda à
adoção das medidas de sua competência necessárias para:
a) apurar os prejuízos ocasionados aos cofres públicos pelas operações
supostamente ilegais dos membros da Operação Lava Jato de Curitiba e do ex-juiz
Sérgio Moro, mediante práticas ilegítimas de revolving door e lawfare, conduzidas
contra pessoas investigadas nas operações efetivadas no âmbito da referida operação,
prejuízos esses oriundos de:
a.1) perda de arrecadação tributária decorrente do processo de recuperação
judicial da empresa Odebrecht S.A., caso o Tribunal de Contas da União,
mediante as apurações que se mostram necessárias acerca da possível
atuação ilegítima da Lava Jato que resultou no processo de recuperação
judicial da Odebrecht, conclua que, efetivamente, foram utilizados
instrumentos de revolving door e lawfare por parte dos procuradores e do
ex-juiz (situação que deslegitima e torna nula toda a operação Lava Jato),
cabendo, no caso, a apuração do dano e a identificação dos responsáveis;

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a.2) custos incorridos por toda a Operação Lava Jato de Curitiba, caso se
confirmem a nulidade dos processos judiciais conduzidos pelo ex-juiz
Sérgio Moro, em razão das possíveis ilegalidades cometidas por ele e pelos
procuradores da força tarefa, na combinação absolutamente imprópria para
conduzir investigações, produção de provas e estratégias processuais entre
acusação e órgão julgador, cabendo, nessa hipótese, quantificar o dano
relativo a todo o dinheiro público desperdiçado por anos e anos, com o
pagamento de remuneração de procuradores e de servidores públicos do
MPF, horas de trabalho extraordinárias, funções, diárias, passagens,
recursos materiais, custos esses extensíveis aos órgãos judiciais que tiveram
que apreciar processos eivados de nulidade desde o início, em todas as
instâncias, até o Supremo Tribunal Federal;
b) solicitar ao Supremo Tribunal Federal acesso ao material apreendido na
Operação Spoofing, mediante transferência de sigilo;
c) dar ciência desta representação ao Supremo Tribunal Federal, ao
Procurador-Geral da República e ao Conselho Nacional de Justiça.

Ministério Público, em 1 de fevereiro de 2021.

[assinado eletronicamente]
Lucas Rocha Furtado
Subprocurador-Geral

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PEÇA 22 (sem os anexos)
Supremo Tribunal Federal

Ofício eletrônico nº 2530/2021


Brasília, 3 de março de 2021.

A Sua Excelência o Senhor


Ministro BRUNO DANTAS
Relator do Processo de Acompanhamento n. 035.857/2015-3 no Tribunal de Contas da
União

Reclamação n. 43007

RECLTE.(S) : LUIZ INACIO LULA DA SILVA


ADV.(A/S) : CRISTIANO ZANIN MARTINS (32190/DF, 96503/PR, 153599/RJ,
172730/SP) E OUTRO(A/S)
RECLDO.(A/S) : JUIZ FEDERAL DA 13ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE
CURITIBA
ADV.(A/S) : SEM REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS
BENEF.(A/S) : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA

Senhor Relator,

De ordem, nos termos do(a) despacho/decisão de reprodução anexa,


encaminho-lhe cópias dos documentos eletrônicos 173, 178, 226, 264, 346, 353, 371, 375 e
388 dos autos em epígrafe.

No ensejo, apresento votos de elevada estima e consideração.

Patrícia Pereira de Moura Martins


Secretária Judiciária
Documento assinado digitalmente

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RECLAMAÇÃO 43.007 DISTRITO FEDERAL

RELATOR : MIN. RICARDO LEWANDOWSKI


RECLTE.(S) : LUIZ INACIO LULA DA SILVA
ADV.(A/S) : CRISTIANO ZANIN MARTINS E OUTRO(A/S)
RECLDO.(A/S) : JUIZ FEDERAL DA 13ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO
JUDICIÁRIA DE CURITIBA
ADV.(A/S) : SEM REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS
BENEF.(A/S) : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA

Trata-se de ofício encaminhado a esta Suprema Corte pela


Presidência do Tribunal de Contas da União (documento eletrônico 427),
instruído com decisão proferida pelo Ministro Bruno Dantas, nos autos
do Processo de Acompanhamento 035.857/2015-3, no qual se requer o
compartilhamento dos diálogos abrigados na Ação Penal 1015706-
59.2019.4.01.3400, em trâmite na 10ª Vara Federal Criminal de Brasília.

O expediente supra referido foi instaurado naquela Corte de Contas


após requerimento do Subprocurador-Geral do Ministério Público do
TCU, Lucas Rocha Furtado, o qual noticiou possíveis irregularidades que
guardariam relação com questões tratadas nos processos TC-TCU
016.991/2015-0 e 005.262/2021-6, sob a relatoria do Ministro Bruno Dantas.

Da decisão do mencionado Ministro do Tribunal de Contas da União


consta o quanto segue:

“[...]
4. Dentre as ocorrências sintetizadas no ofício, o membro
do parquet discorre sobre as recentes notícias divulgadas pela
mídia no sentido de que o ex-juiz Sérgio Moro teria se tornado
sócio da empresa de consultoria Alvarez & Marsal,
administradora judicial das empresas do grupo Odebrecht no
processo de recuperação judicial, bem como de que o ex-juiz

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RCL 43007 / DF

teria orientado procuradores do Ministério Público Federal em


questões relativas a informações constantes nos sistemas
daquela empresa.
5. O eminente Subprocurador-geral anota que o então juiz
homologou acordos de leniência firmados entre o Ministério
Público Federal e as empresas do grupo Odebrecht e que, em
sua atuação, ele pode ter contribuído para a situação de
insolvência da empresa.
6. Relata suposto conflito de interesse do agente que, em
um primeiro momento, atuou em processo judicial com
repercussões na esfera econômica e financeira da empresa e
que, posteriormente, aufere renda, ainda que indiretamente, no
processo de recuperação judicial para o qual seus atos podem
ter contribuído.
7. Tal situação pode constituir afronta aos deveres de
fidúcia, lealdade e diligência que regem a atuação do
administrador judicial.” (documento eletrônico 427, fl. 2).

E conclui da seguinte maneira:

“[...]
28. Por fim, tal como pugnado pelo parquet, é o caso de
solicitar ao Excelentíssimo Ministro Ricardo Lewandovski, do
Supremo Tribunal Federal, também nesse esforço de
colaboração, o compartilhamento das mensagens trocadas entre
os procuradores do Ministério Público Federal e o ex-juiz Sérgio
Moro, uma vez que o teor dessas mensagens pode trazer
valiosas informações para as apurações dos indícios de
irregularidades elencados pelo Subprocurador-geral.
29. Por fim, tendo em vista a urgência em se obter a
documentação sugerida pelo parquet e em avaliar os
pressupostos para eventual concessão da medida cautelar, bem
como considerando que outras medidas processuais estão em
curso nestes autos, determino a constituição de apartado,
mantida a relatoria, na forma do parágrafo único do art. 24 da
Resolução-TCU 175/2005, para tratar especificamente das

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medidas elencadas no Ofício nº 002/2021-GAB (peça 75).


30. Ante o exposto, decido:
30.1. determinar à SeinfraOperações, com fundamento nos
arts. 43 e 44 da Resolução-TCU 259/2014 c/c art. 24, parágrafo
único, da Resolução-TCU 175/2005, que autue processo
apartado, mantida a relatoria, para tratar dos indícios de
irregularidades indicados no Ofício nº 002/2021-GAB (peça 75),
fazendo juntar cópia do expediente e deste despacho, e
adotando as seguintes medidas:
30.1.1. oficiar ao Excelentíssimo Ministro Ricardo
Lewandovski, do Supremo Tribunal Federal, a fim de solicitar,
em regime de cooperação, o compartilhamento das mensagens
trocadas entre os procuradores do Ministério Público e o ex-juiz
Sr. Sérgio Moro;” (documento eletrônico 427, fls. 5-6).

É o breve relatório. Decido.

Destaco, inicialmente, que esta reclamação foi proposta por Luiz


Inácio Lula da Silva contra decisões proferidas pelo Juízo da 13ª Vara
Federal Criminal de Curitiba, no âmbito da Ação Penal 5063130-
17.2016.4.04.7000, envolvendo o Acordo de Leniência 5020175-
34.2017.4.04.7000, celebrado pela Odebrecht.

Segundo o reclamante, tais decisões estariam contrariando a


autoridade do Supremo Tribunal Federal por limitarem o seu acesso à
totalidade dos documentos que se contém naquele processo, em ofensa à
Súmula Vinculante 14 e ao decidido na Rcl 33.543/PR-AgR-AgR-ED-AgR,
de relatoria do Ministro Edson Fachin, da qual fui designado redator para
o acórdão.

Por essa razão, foi-lhe concedido acesso ao material apreendido pela


Polícia Federal em poder de hackers, na Operação Spoofing, abrigado na
Ação Penal 1015706-59.2019.4.01.3400, em trâmite na 10ª Vara Federal
Criminal de Brasília, a fim de que pudesse exercer o direito constitucional
de contestar, amplamente, as acusações contra ele deduzidas na

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mencionada Ação Penal 5063130-17.2016.4.04.7000, em curso na 13ª Vara


Federal Criminal de Curitiba.

Embora o objeto desta reclamação esteja limitado à obtenção, por


parte do reclamante, de elementos de convicção contidos no material
arrecadado na referida operação policial, que possam, eventualmente,
subsidiar a sua defesa, nada impede, como já consignei anteriormente, ao
decidir pedidos semelhantes ao presente, sejam fornecidas cópias de
documentos encartados nestes autos aos interessados, desde que não
estejam cobertos pelo segredo de Justiça.

Isso porque a Constituição Federal garante a todos o direito de


“receber dos órgãos públicos informações de seu interesse, ou de
interesse coletivo ou geral [...], ressalvadas aquelas cujo sigilo seja
imprescindível à segurança da sociedade ou do Estado”, assegurando-
lhes, ainda, “a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa
de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal”,
independentemente do pagamento de taxas judiciais (art. 5º, XXXIII e
XXXIV, b, da CF).

Não fosse isso, registro que, na qualidade de órgão auxiliar do


Congresso Nacional, responsável pela fiscalização contábil, financeira,
orçamentária, operacional e patrimonial da União e respectivas entidades,
compete ao TCU, dentre outras atribuições, “julgar as contas dos
administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores
públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e
sociedades instituídas e mantidas pelo poder público federal, e as contas
daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de
que resulte prejuízo ao erário público” (art. 71, II, da CF), constituindo
dever dos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, “apoiar o controle
externo no exercício de sua missão institucional” (art. 74, IV, da CF).

Em face do exposto, determino a extração de cópias dos documentos

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço
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RCL 43007 / DF

eletrônicos 173, 178, 226, 264, 346, 353, 371, 375 e 388, para que sejam
encaminhadas ao Ministro Bruno Dantas, relator do Processo de
Acompanhamento 035.857/2015-3, instaurado no âmbito do Tribunal de
Contas da União.

Publique-se.

Brasília, 3 de março de 2021.

Ministro Ricardo Lewandowski


Relator

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PEÇA 24
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
COMARCA DE SÃO PAULO

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OFÍCIO GAB – 44/2021

Processo Digital n°: 1057756-77.2019.8.26.0100


Classe – Assunto: Recuperação Judicial - Concurso de Credores
Requerente: Odebrecht S.a. e outros
Requerido: Odebrecht S.a.

São Paulo, 17 de março de 2021.

Excelentíssimo Senhor Ministro Bruno Dantas,

Venho por meio deste ofício, em regime de cooperação, prestar as


informações que me foram solicitadas através do Ofício 0006/2021 – TCU/SeinfraOperações –
1057756-77.2019.8.26.0100 e o código A98D23B.

Processo TC 006.684/2021-1.

A escolha dos administradores judiciais em processos de falência


e recuperação judicial tem por fundamento o art. 21 da Lei 11.101/2005, derivando de
discricionariedade judicial em razão da confiança necessária ao exercício do cargo. Em relação ao
Estado de São Paulo, há determinação do Egrégio Tribunal de Justiça de São Paulo de que as
nomeações de auxiliares da justiça observem o Provimento CSM nº 2.306/2015, editado pelo
Conselho Superior da Magistratura, o qual prevê, dentre outras disposições, a necessidade de

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cadastramento de profissionais perante o Tribunal, além dos deveres anexos aos deveres legais
que devem ser seguidos.

Especificamente em relação ao processo de recuperação judicial


de parte do Grupo Odebrecht, a escolha de Alvarez Marsal Administração Judicial Ltda., decorreu
não só dos elementos acima mencionados, mas da expertise e do profissionalismo que a aludida
pessoa jurídica demonstrou em outros processos que tramitam nesta Vara Judicial, a exemplo da
recuperação judicial do Grupo OAS.

Os honorários deferidos à Alvarez Marsal Administração Judicial


Ltda., por intermédio da decisão de fls. 18.120/18.127 dos autos principais foram fixados em
caráter provisório, em razão da complexidade da operação e da fragmentação de planos e AGCs
realizadas. Assim, pelo fato de ainda não haver consolidação do que será objeto de supervisão
judicial, os honorários provisórios foram mantidos.

Abaixo, elenco a ordem das decisões relativas aos honorários da


administração judicial no processo de recuperação judicial de parte do Grupo Odebrecht:

Fls. 18.120/18.127 – Decisão fixando honorários provisórios de


R$ 1.500.000,00 ao mês, por 9 meses.

Fls. 20.488/20.489 – Petição da Odebrecht pedindo redução para


R$ 1.100.000,00.

Fls. 22.800/22.808 – Decisão reduzindo os honorários provisórios


para R$ 1.100.000,00 ao mês, por 9 meses.

Fls. 36.094/36.097 – Decisão prorrogando os honorários


1057756-77.2019.8.26.0100 e o código A98D23B.

provisórios de R$1.100.000,00 (“no valor fixado anteriormente”) até realização de última AGC a
respeito do plano.

Fls. 36.876/36.879 – Petição da Odebrecht concordando com a


prorrogação, porém, apresenta fluxo decrescente de pagamentos e solicita a fixação de valores
definitivos, sendo R$ 1.100.000,00 até outubro de 2020, R$ 400.000,00 de novembro de 2020 a
abril de 2021 e R$ 300.000,00 de maio de 2021 a dezembro de 2021, além de R$ 20.000,00 por
assembleia que vier a ser realizada a partir de maio de 2021.

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Fls. 37.354/37.356 – Decisão rejeitando a petição da Odebrecht e


mantendo a decisão de fls 36.094/36.097.

Fls. 37.385/37.388 – Petição do Administrador Judicial


requerendo a fixação dos honorários definitivos, sendo R$ 400.000,00 de novembro de 2020 a
abril de 2021 e R$ 300.000,00 de maio de 2021 a dezembro de 2021, além de R$ 20.000,00 por
assembleia que vier a ser realizada a partir de maio de 2021; (ainda sem decisão).

Os valores pagos à Administradora Judicial estão relatados no


incidente nº 0065405-13.2019.8.26.0100 e de julho/2019 até fevereiro/2021 (20 meses)
totalizaram R$19.200.000,00 (0,02% do passivo sujeito a RJ). De novembro/2020 até
fevereiro/2021 as recuperandas estão pagando um valor menor, de R$400.000,00 ao mês,
aguardando a apreciação acerca da fixação dos honorários definitivos.

O passivo sujeito a recuperação judicial (com a taxa de câmbio do


dia do pedido de recuperação) é de R$ 98 bilhões. Se for atualizado pela taxa do câmbio da data
de ontem o passivo monta a R$ 112 bilhões.

Por fim, na data de hoje, como medida de cautela para


preservação da lisura do processo e da atuação do próprio administrador judicial, determinei que
ele prestasse informações sobre o organograma societário do Grupo Alvarez e Marsal, os termos
contratuais que impeçam qualquer ingerência do Sr. Sérgio Moro à atuação de Alvarez e Marsal
Administração Judicial Ltda, em relação a este feito, bem como as medidas de compliance,
nacionais e estrangeiras, que objetivamente funcionem para garantir qualquer ingerência,
intervenção e participação do Sr. Sérgio Moro em questões relacionadas a esta recuperação
judicial. Prazo de 15 dias.
1057756-77.2019.8.26.0100 e o código A98D23B.

Também houve determinação, como cautela aos objetivos


exarados na decisão mencionada, que as recuperandas passassem a depositar nos autos da
recuperação judicial os honorários que vêm sendo recebidos pelo administrador judicial, até a
prestação de informações no processo judicial e até o desfecho do procedimento instaurado
perante o TCU, nesta última hipótese com avaliação de conveniência e oportunidade de
manutenção da medida ante à soberania jurisdicional, ocasião na qual haverá deliberação sobre a
destinação dos valores existentes em conta judicial.

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Entendo serem estas as informações que deveriam ser prestadas


em colaboração à esta Corte de Contas.

Renovo meus protestos de elevada estima e consideração.

São Paulo, 17 de março de 2021.

Juiz(a) de Direito: Dr. João de Oliveira Rodrigues Filho

Excelentíssimo Senhor Ministro


BRUNO DANTAS
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE NOS TERMOS DA LEI 11.419/2006,


CONFORME IMPRESSÃO À MARGEM DIREITA

1057756-77.2019.8.26.0100 e o código A98D23B.

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PEÇA 56
MINISTÉRIO PÚBLICO JUNTO AO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Gabinete do Subprocurador-Geral

Ofício nº 057/2021 (GAB)

Brasília-DF, em 10 de dezembro de 2021.

À Sua Excelência
BRUNO DANTAS
Ministro Relator do TC 006.684/2021-1

Assunto: novas considerações e complemento de pedido relacionado ao Ofício nº


002/2021-GAB (peça 4 do TC 006.684/2021-1).

Excelentíssimo Senhor Ministro,

Cuidam os autos de representação autuada em cumprimento à decisão


monocrática (peça 1) que Vossa Excelência proferiu no TC 035.857/2015-3, em que
determinou a adoção de medidas com vistas a apurar os indícios de irregularidades
noticiados no Ofício nº 002/2021-GAB (peça 4) envolvendo a Operação Lava-Jato e a
empresa Odebrecht S.A.
Destaco que o Ofício nº 002/2021-GAB (peça 4) foi por mim encaminhado a
Sua Excelência tendo em vista a correlação de assuntos com representação oferecida
visando apuração dos prejuízos ocasionados aos cofres públicos pelas operações
supostamente ilegais dos membros da Lava Jato de Curitiba e do ex-juiz Sérgio Moro,
mediante práticas ilegítimas de revolving door, afetando a empresa Odebrecht S.A., e
lawfare, conduzido contra pessoas investigadas nas operações efetivadas no âmbito da
chamada “Operação Lava Jato” (peça 7).
Nesse cenário, em complemento à manifestação anterior (peça 4), em que
se avaliam questões relativas a possíveis conflitos de interesse, favorecimentos,
manipulação e troca de favores entre agentes públicos e organizações privadas e;

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Considerando a magnitude e a relevância do processo de recuperação judicial
de que tratam os autos, o que sugere a necessidade de se buscarem mais informações
acerca do histórico da empresa nesse mercado, de modo a se compreenderem as razões
que levaram à sua escolha;
Considerando que informações obtidas em análise preliminar e constantes
destes autos (à exemplo da peça 21) indicam existir no quadro societário da empresa
agentes ligados a setores de inteligência dos Estados Unidos da América;
Considerando as informações constantes dos autos (peça 55), que informam o
rompimento dos vínculos de prestação de serviços entre o agente cujas ações estão sendo
apuradas e a empresa contratada para administrar a recuperação judicial;
Venho solicitar e propor a Vossa Excelência que, na qualidade de relator
do TC 006.684/2021-1, adote medidas no sentido de:
a) obter junto ao Conselho Nacional de Justiça, bem como outros órgãos
que integram o Poder Judiciário, informações acerca do número de
processos de recuperação judicial em que as empresas do grupo
Alvarez & Marsal atuaram desde o ano de 2013, em uma perspectiva
de evolução cronológica e;
b) obter junto à empresa toda documentação relativa ao rompimento do
vínculo de prestação de serviços com o agente cujos atos são objeto nos
referidos autos, contendo datas das transações e valores envolvidos.

Destaco, por fim, que não sou o membro do MPTCU sorteado para oficiar nos
autos, motivo pelo qual encaminho minhas considerações por meio deste ofício a fim de
que Vossa Excelência avalie previamente a pertinência da temática.
Apesar disso, sinto-me no dever de tentar colaborar com a melhor apuração dos
fatos no âmbito do Tribunal de Contas da União, visto que o processo foi originado de
ofício e representação de minha lavra; sem prejuízo ao resguardo da atribuição a outro
membro constante à peça 3 e em cumprimento à Portaria MP/TCU nº 02, de 31 de
agosto de 2020.
Sendo, pois, o que tinha a participar a V. Ex.ª, aproveito o ensejo para manifestar
protestos de estima, respeito e consideração.

Atenciosamente,

(Assinado Eletronicamente)
Lucas Rocha Furtado
Procurador - Geral em substituição
(conforme Ato de Designação-MP/TCU nº 4/2021)

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PEÇA 57
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Gabinete do Ministro Bruno Dantas

Processo: 006.684/2021-1
Natureza: Representação

DESPACHO

Cuidam os autos de representação autuada com vistas a apurar os indícios de


irregularidades noticiados pelo Ministério Público de Contas no Ofício nº 002/2021-GAB
(peça 4) envolvendo a Operação Lava-Jato e a empresa Odebrecht S.A.
Em síntese, no aludido expediente, o Subprocurador-Geral Dr. Lucas Rocha
Furtado requer a “apuração de prejuízos ocasionados aos cofres públicos pelas operações
supostamente ilegais dos membros da Lava Jato de Curitiba e do ex-Juiz Sergio Moro,
mediante práticas ilegítimas de revolving door, afetando a empresa Odebrecht S.A., e
lawfare, conduzido contra pessoas investigadas nas operações efetivadas no âmbito da
chamada Operação Lava Jato. (...)”.
Em manifestação complementar à inicial, a partir de novos fatos que vieram aos
autos, o Ministério Público de Contas propõe (peça 56):
a) obter junto ao Conselho Nacional de Justiça, bem como outros órgãos que
integram o Poder Judiciário, informações acerca do número de processos de recuperação
judicial em que as empresas do grupo Alvarez & Marsal atuaram desde o ano de 2013,
em uma perspectiva de evolução cronológica e;
b) obter junto à empresa toda documentação relativa ao rompimento do vínculo
de prestação de serviços com o agente cujos atos são objeto nos referidos autos, contendo
datas das transações e valores envolvidos.
De fato, considero necessário colher maiores informações acerca dessas questões
para subsidiar a decisão de mérito a ser proferida.
Nesse sentido, determino, com fundamento no art. 157 do Regimento Interno, a
identificação das empresas que integram o grupo Alvarez & Marsal e a realização das
seguintes diligências:
a) ao Conselho Nacional de Justiça, bem como às corregedorias dos Tribunais de
Justiça, para que, a título de cooperação, encaminhem informações acerca do número de
processos de recuperação judicial em que empresas do grupo Alvarez & Marsal atuam ou
atuaram na qualidade de administradora judicial desde o ano de 2013, em uma perspectiva
de evolução cronológica, informando as empresas que se encontravam em processo de
recuperação judicial, a identificação das respectivas varas e valores de honorários
arbitrados pelo juiz;
b) à empresa Alvarez & Marsal para que, a título colaborativo com as apurações
desta Corte de Contas, informe o número de processos de recuperação judicial em que as
empresas do grupo atuam ou atuaram na qualidade de administradora judicial desde 2013,
informando as empresas que se encontravam em processo de recuperação judicial, a
identificação das respectivas varas e valores de honorários arbitrados pelo juiz;

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Gabinete do Ministro Bruno Dantas

c) à empresa Alvarez & Marsal com vistas a obter toda documentação relativa ao
rompimento do vínculo de prestação de serviços com o ex-juiz Sérgio Moro, incluindo
datas das transações e valores envolvidos.
Quanto à solicitação de peça 27, apreciarei o pedido oportunamente, tendo em
vista que não se trata de processo de intervenção obrigatória do Parquet de Contas e
considerando que estes autos se originam de representação de outro Procurador. Na
ocasião, poderei avaliar melhor quais as razões de interesse público justificariam o
pedido e a nova manifestação solicitada pelo Procurador Júlio Marcelo de Oliveira, caso
venham aos autos informações complementares em relação à peça apresentada por Sua
Excelência.
Encaminhem-se os autos à SeinfraOperações.

Brasília, 17 de dezembro de 2021

(Assinado eletronicamente)
Ministro BRUNO DANTAS
Relator

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PEÇA 60
Excelentíssimo Senhor Ministro Bruno Dantas d. integrante da c. 2ª Câmara do e. Tribunal de
Contas da União

Ref. Processo n. 006.684/2021-1

ALVAREZ & MARSAL ADMINISTRAÇÃO JUDICIAL LTDA (““A&M AJ””), já qualificada


nesses autos de representação, vem, muito respeitosamente, perante Vossa Excelência, por
intermédio de seus procuradores adiante assinados, manifestar-se em relação ao Ofício nº
057/2021, de acordo com os apontamentos adiante expostos.

Em 13 de dezembro de 2021, foi protocolado nestes autos de representação o


Ofício nº 057/2021 subscrito pelo Ilmo. Procurador-Geral Lucas Rocha Furtado, por meio do qual
requer a adoção de medidas, por esse Exmo. Ministro Relator, no seguinte sentido:

“a) obter junto ao Conselho Nacional de Justiça, bem como outros órgãos que integram o
Poder Judiciário, informações acerca do número de processos de recuperação judicial em
que as empresas do grupo Alvarez & Marsal atuaram desde o ano de 2013, em uma
perspectiva de evolução cronológica e;
b) obter junto à empresa toda documentação relativa ao rompimento do vínculo de
prestação de serviços com o agente cujos atos são objeto nos referidos autos, contendo
datas das transações e valores envolvidos”.

Ao final, o Ilmo. Procurador faz a ressalva de não ser o “membro do MPTCU


sorteado para oficiar nos autos”, razão pela qual submete à apreciação desse Exmo. Ministro
Relator a pertinência das considerações e requerimentos expostos no mencionado ofício.

Em primeiro lugar, a A&M AJ requer, com muito acatamento, o desentranhamento


do referido Ofício, eis que vai de encontro ao Princípio Constitucional do Promotor Natural.
1

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O princípio do Juiz e Promotor Naturais encontra-se expresso na Constituição
Federal de 1988, precisamente nos arts. 5º1, XXXVII2 e LIII3, bem como 128, §5.º, I, b4. Na Lei
Orgânica do Ministério Público (LOMP), vem disposto no art. 38, II 5 . Trata-se de corolário do
Estado de Direito, por meio do qual se garante que o jurisdicionado seja processado e julgado pelo
órgão competente, de modo que o julgador e o promotor tenham sido pré-constituídos na forma
da lei. Proíbe-se, assim, tribunais de exceção e eventuais imparcialidades.

Nessa linha de ideias, sendo reconhecido pelo próprio Ilmo. Promotor subscritor
do Ofício n. 057/2021 não ser o Promotor natural para oficiar nesses autos6, dita manifestação
não merece sequer ser apreciada por esse Exmo. Ministro Relator, inclusive porque extrapola os
limites do objeto dessa representação [instaurada para apurar possível conflito de interesse na
atuação da empresa Alvarez & Marsal Administração Judicial Ltda., na qualidade de
administradora judicial da empresa Odebrecht, após a suposta inclusão ao seu quadro societário
do ex-juiz Sérgio Moro7] e traz como consequência o inevitável dispêndio de recursos públicos,
sem qualquer justificativa legítima para tanto.

1
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
2
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
3
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;
4
§ 5º Leis complementares da União e dos Estados, cuja iniciativa é facultada aos respectivos Procuradores-Gerais,
estabelecerão a organização, as atribuições e o estatuto de cada Ministério Público, observadas, relativamente a seus
membros:
I - as seguintes garantias:
b) inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, mediante decisão do órgão colegiado competente do
Ministério Público, pelo voto da maioria absoluta de seus membros, assegurada ampla defesa;
5
Art. 38. Os membros do Ministério Público sujeitam-se a regime jurídico especial e têm as seguintes garantias: II -
inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público;
6
Conforme peça 3 desses autos, o Membro do MPTCU designado para oficiar nesta representação é o Ilmo.
Procurador Júlio Marcelo de Oliveira.
7
Conforme se extrai do despacho referente ao pedido de providências, da lavra desse Exmo. Ministro Relator: “para
que se manifeste, no prazo de 48 horas, a respeito dos fatos narrados no Ofício no 002/2021-GAB (peça 75) e neste
despacho, com vistas a esclarecer os indícios de inobservância do dever de fidúcia, de lealdade e de diligência, assim
como de existência de conflito de interesses, no âmbito do processo de recuperação judicial das empresas do grupo
Odebrecht, podendo para tanto apresentar informações acerca do processo de contratação do ex-juiz Sérgio Moro e
2

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De qualquer sorte, em relação ao pedido a do referido Ofício, a A&M AJ, sempre
com o escopo de colaborar com o bom desenvolvimento dessa representação e a fim de se evitar
gastos desnecessários de recursos públicos, sobretudo porque são informações públicas, requer
a juntada da planilha anexa, em que estão listados todos os termos de compromisso assinados
nos processos de recuperação judicial e falência em que atua ou atuou.

Por fim, a A&M AJ reitera seu pedido formulado na primeira manifestação, pelo
arquivamento desta representação. Isso, porque está comprovado que não há conflito de
interesses na contratação do Sr. Sérgio Moro – que, inclusive, já rescindiu seu contrato com o
Grupo A&M, como já informado nestes autos – e muito menos houve violação ao dever de fidúcia,
lealdade e diligência da Administradora Judicial em sua atuação da Recuperação Judicial da
Odebrecht.
Pede deferimento.
De Curitiba para Brasília, 17 de dezembro de 2021.

Luiz Rodrigues Wambier Patrícia Yamasaki


OAB/DF 38.828 OAB/PR 34.143

Tatiana Lahóz Evie Malafaia


OAB/PR 49.732 OAB/RJ 185.020

das medidas adotadas com vistas a tratar e prevenir eventuais conflitos de interesse resultantes dessa contratação,
conforme indicado neste despacho”.
3

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PEÇA 61
Data do Termo de
Processo Tipo Vara Estado Juiz de Origem Nº Processo
Compromisso
KOWARICK RJ/Falência 2ª SP Paulo Furtado 1069200-83.2014.8.26.0100 18/08/2014
BVA Falência 1ª SP Daniel Carnio 1087670-65.2014.8.26.0100 15/10/2014
ZOO CLUB Falência 2ª SP Paulo Furtado 1079906-77.2013.8.26.0100 24/11/2014
SERVATIS Recuperação Judicial Comarca Resende RJ Hidenburg Kohler 0014118-50.2014.8.19.0045 11/12/2014
JJ MARTINS Recuperação Judicial 1ª RJ Luiz Roberto Ayoub 0053441-63.2015.8.19.0001 23/03/2015
PLUNA Falência 2ª SP Paulo Furtado 0048550-03.2012.8.26.0100 24/03/2015
GALVÃO ENGENHARIA Recuperação Judicial 7ª RJ Fernando Cesar 009371569.2015.8.19.0001 30/03/2015
OAS Recuperação Judicial 1ª SP Daniel Carnio 1030812-77.2015.8.26.0100 06/04/2015
CARVAJAL Recuperação Judicial 1ª SP João de Oliveira 1092334-08.2015.8.26.0100 06/10/2015
POLICARNE RJ/Falência 2ª SP Paulo Furtado 1129640-11.2015.8.26.0100 21/01/2016
COTIA Recuperação Judicial 1ª SP João de Oliveira 1115829-47.2016.8.26.0100 07/11/2016
COSENZA Falência 1ª SP João de Oliveira 0201318-84.2007.8.26.0100 14/02/2017
MORADA Falência 1ª RJ Alexandre Mesquite 0318527-31.2014.8.19.0001 25/04/2017
CONSTRUIR Recuperação Judicial 1ª RJ Alexandre Mesquite 0117608-21.2017.8.19.0001 05/06/2017
LAGROTTA Recuperação Judicial 2ª SP Marcelo Sacramone 1042841-91.2017.8.26.0100 06/06/2017
ATITUD Falência 2ª SP Marcelo Sacramone 1093501-94.2014.8.26.0100 04/08/2017
AGROSERRA Recuperação Judicial 2ª SP Marcelo Sacramone 1107703-71.2017.8.26.0100 22/11/2017
CULTURA Recuperação Judicial 2ª SP Marcelo Sacramone 1110406-38.2018.8.26.0100 26/10/2018
AVIANCA RJ/Falência 1ª SP Thiago Papaterra 1125658-81.2018.8.26.0100 14/12/2018
CAPITAL Falência 1ª SP Thiago Papaterra 0225061-26.2007.8.26.0100 22/03/2019
ATVOS Recuperação Judicial 1ª SP João de Oliveira 1050977-09.2019.8.26.0100 31/05/2019
ODB Recuperação Judicial 1ª SP João de Oliveira 1057756-77.2019.8.26.0100 19/06/2019
ENSEADA Recuperação Judicial 1ª RJ Alexandre Mesquite 0248791-47.2019.8.19.0001 11/10/2019

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PEÇA 142
Excelentíssimo Senhor Ministro Bruno Dantas d. integrante da c. 2ª Câmara do e. Tribunal de
Contas da União

Ref. Processo n. 006.684/2021-1

ALVAREZ & MARSAL ADMINISTRAÇÃO JUDICIAL LTDA (““A&M AJ””), já qualificada


nesses autos de representação, vem, muito respeitosamente, perante Vossa Excelência, por
intermédio de seus procuradores adiante assinados, em atenção à decisão proferida por V. Exa.
no dia 17.12.2021, apresentar os esclarecimentos adiante expostos.

1. NOVOS ESCLARECIMENTOS.

Após a conclusão da instrução técnica do caso, foi proferida nestes autos decisão
que acolheu o pedido, formulado pelo Ilmo. Subprocurador-Geral Lucas Rocha Furtado, pela
adoção de novas providências no feito, nos seguintes termos:

“Nesse sentido, determino, com fundamento no art. 157 do Regimento Interno, a


identificação das empresas que integram o grupo Alvarez & Marsal e a realização das
seguintes diligências:
a) ao Conselho Nacional de Justiça, bem como às corregedorias dos Tribunais de Justiça,
para que, a título de cooperação, encaminhem informações acerca do número de processos
de recuperação judicial em que empresas do grupo Alvarez & Marsal atuam ou atuaram na
qualidade de administradora judicial desde o ano de 2013, em uma perspectiva de evolução
cronológica, informando as empresas que se encontravam em processo de recuperação
judicial, a identificação das respectivas varas e valores de honorários arbitrados pelo juiz;
b) à empresa Alvarez & Marsal para que, a título colaborativo com as apurações desta Corte
de Contas, informe o número de processos de recuperação judicial em que as empresas do

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grupo atuam ou atuaram na qualidade de administradora judicial desde 2013, informando
as empresas que se encontravam em processo de recuperação judicial, a identificação das
respectivas varas e valores de honorários arbitrados pelo juiz;
c) à empresa Alvarez & Marsal com vistas a obter toda documentação relativa ao
rompimento do vínculo de prestação de serviços com o ex-juiz Sérgio Moro, incluindo datas
das transações e valores envolvidos.”

Ratificando sua atitude colaborativa, a A&M AJ, sociedade intimada a prestar


informações nesta Representação, apresentou, antes da prolação de decisão por V. Exa., em
17.12.2021 (Peças 60-80 destes autos), os esclarecimentos sobre todos os termos de
compromisso assinados, informando números dos processos, local, data e juízo de origem, nos
processos de recuperação judicial e falência em que atua ou atuou, a fim de se evitar gastos
desnecessários de recursos públicos. Destaque-se que são informações públicas, decorrentes de
decisões judiciais, sujeitas ao escrutínio dos credores, devedores e do Ministério Público.

Além disso, conforme determinado, a A&M AJ apresenta o organograma societário


das empresas do Grupo com a devida indicação daquelas que firmaram contratos com o Sr. Sergio
Moro ou sua empresa de consultoria (em amarelo):

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Ainda, quanto ao cumprimento ao item “b” da referida decisão, a A&M AJ
apresenta, nesta oportunidade, os valores médios mensais recebidos em cada processo a título
de honorários brutos, que incluem também os honorários advocatícios, assim como os valores
não pagos, em ordem cronológica das nomeações, informações que também são públicas (Doc.
01).

Com relação às referidas informações, vale observar que todos os percentuais


determinados judicialmente estão dentro dos limites do art. 24 da Lei nº 11.101/05, e que a A&M
AJ conta com uma equipe multidisciplinar de engenheiros, economistas, administradores,
contadores e advogados. Foram analisadas e fiscalizadas 89 (oitenta e nove) empresas, em 26
(vinte e seis) processos, sendo que em alguns casos não houve nenhum tipo de remuneração.

Quanto ao comando contido no item “c” da decisão, importa reiterar que o Sr.
Sérgio Moro celebrou dois contratos com empresas do Grupo Alvarez & Marsal, ambos já
rescindidos. Nenhum deles, no entanto, foi firmado com a A&M AJ. Assim, não há fundamento
para que esta empresa seja intimada a apresentar qualquer documentação a respeito de
contratações das quais não participou.

Como já se esclareceu, o primeiro contrato foi celebrado com a Alvarez & Marsal
Disputas e Investigações Ltda e contém cláusula de confidencialidade, que remanesceu vigente
após o seu distrato. O segundo e último, celebrado com a empresa americana Alvarez & Marsal
Disputes and Investigations, também é gravado com cláusula de sigilo e sujeito à jurisdição dos
Estados Unidos da América.

A apresentação destes contratos por empresa terceira encerra verdadeira quebra


de sigilo de informações privadas, providência que se encontra além dos poderes conferidos a essa
E. Corte de Contas, conforme decidido pelo E. Supremo Tribunal Federal1. De acordo com a E.

1
MANDADO DE SEGURANÇA. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO. IMPOSSIBILIDADE.
SEGURANÇA CONCEDIDA. O Tribunal de Contas da União, a despeito da relevância das suas funções, não está
autorizado a requisitar informações que importem a quebra de sigilo bancário, por não figurar dentre aqueles a quem
3

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Corte Suprema, esse E. Tribunal de Contas pode quebrar sigilos de operações financeiras que
envolvam recursos públicos2, o que jamais seria o caso dos autos, uma vez que, aqui, demandou-
se a apresentação de contratos celebrados entre empresas privadas e um consultor privado, sem
qualquer vinculação com o Erário.

2. INDISPENSÁVEIS CONSIDERAÇÕES DO MPTCU NO ÚLTIMO PARECER APRESENTADO NESTES AUTOS.

Importante destacar, ainda, a mais recente manifestação do Ministério Público de


Contas da União, cujas conclusões foram as seguintes:

“a) requer a atuação do presente parecer aos autos da representação objeto do processo
TC 006.684/2021-1, a fim de que seja regularmente considerado na solução desse feito;
b) pugna pelo desentranhamento das indevidas manifestações e elementos carreados aos
autos pelo Exmo. Subprocurador-Geral Lucas Rocha Furtado após a regular atribuição de
competência para neles oficiar a este membro do MP de Contas;

o legislador conferiu essa possibilidade, nos termos do art. 38 da Lei 4.595/1964, revogado pela Lei Complementar
105/2001. Não há como admitir-se interpretação extensiva, por tal implicar restrição a direito fundamental positivado
no art. 5º, X, da Constituição. Precedente do Pleno (MS 22801, rel. min. Menezes Direito, DJe-047 de 14.03.2008.)
Ordem concedida. (STF, 2ª T., MS 22934, Rel. Min. Joaquim Barbosa, j. 17.04.2021, g.n.)

Mandado de Segurança. Tribunal de Contas da União. Banco Central do Brasil. Operações financeiras. Sigilo. 1. A Lei
Complementar nº 105, de 10/1/01, não conferiu ao Tribunal de Contas da União poderes para determinar a quebra
do sigilo bancário de dados constantes do Banco Central do Brasil. O legislador conferiu esses poderes ao Poder
Judiciário (art. 3º), ao Poder Legislativo Federal (art. 4º), bem como às Comissões Parlamentares de Inquérito, após
prévia aprovação do pedido pelo Plenário da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do plenário de suas
respectivas comissões parlamentares de inquérito (§§ 1º e 2º do art. 4º). 2. Embora as atividades do TCU, por sua
natureza, verificação de contas e até mesmo o julgamento das contas das pessoas enumeradas no artigo 71, II, da
Constituição Federal, justifiquem a eventual quebra de sigilo, não houve essa determinação na lei específica que tratou
do tema, não cabendo a interpretação extensiva, mormente porque há princípio constitucional que protege a
intimidade e a vida privada, art. 5º, X, da Constituição Federal, no qual está inserida a garantia ao sigilo bancário. 3.
Ordem concedida para afastar as determinações do acórdão nº 72/96 - TCU - 2ª Câmara (fl. 31), bem como as
penalidades impostas ao impetrante no Acórdão nº 54/97 - TCU - Plenário. (STF, Pleno, MS 22801, Rel. Min. Menezes
Direito, j. 17.12.2007, g.n.).
2
“O sigilo de informações necessárias para a preservação da intimidade é relativizado quando se está diante do interesse
da sociedade de se conhecer o destino dos recursos públicos. Operações financeiras que envolvam recursos públicos não
estão abrangidas pelo sigilo bancário a que alude a LC 105/2001, visto que as operações dessa espécie estão
submetidas aos princípios da administração pública insculpidos no art. 37 da CF. Em tais situações, é prerrogativa
constitucional do Tribunal [TCU] o acesso a informações relacionadas a operações financiadas com recursos públicos.”
(MS 33.340, rel. min. Luiz Fux, j. 26-5-2015, 1ª T, DJE de 3-8-2015).
4

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c) manifesta-se de acordo com a proposta de encaminhamento apresentada pela unidade
técnica, acima transcrita (PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO CONSOLIDADA, Tópico II
deste Parecer).” (grifos nossos)

Em sua fundamentação, o Ilmo. Procurador Julio Marcelo de Oliveira destacou a


ausência de competência do Subprocurador-Geral Lucas Rocha Furtado para funcionar nos autos
desta Representação, em violação à garantia do promotor natural e inúmeras garantias
constitucionais, confira-se:

“De plano, cabe destacar e lamentar a irregular, indevida e reiterada intervenção do


Exmo. Subprocurador-Geral Lucas Rocha Furtado nos autos, fazendo tábula rasa da vigente
regra de atribuição impessoal de competência aos membros do MP de Contas após a
autuação dos processos do TCU, incluídas as representações.
A PORTARIA-MP/TCU Nº 02, de 31/8/2020, que entrou em vigor em 1º/12/2020,
“Estabelece critérios para atribuição de processos aos Membros do Ministério Público
junto ao Tribunal de Contas da União e dá outras providências”. Tal normativo teve como
uma de suas orientações mais relevantes a atribuição de competência a Procurador para
atuar em processo por meio de sorteio eletrônico (art. 3º).
Esse normativo também veda que membro do MP de Contas que haja oferecido
uma dada representação siga atuando no respectivo processo:
“Art. 4º O sorteio eletrônico de Membro para oficiar no processo é aleatório,
observada a modulação de probabilidades definida no inciso I, do art. 2º desta
Portaria.
(...)
§ 2º No caso de Representação formulada por Membro, o autor da Representação
deve ser excluído do sorteio.” (grifou-se)
O Exmo. Subprocurador-Geral Lucas Rocha Furtado subscreveu a peça que resultou
nesta representação. Após a autuação do processo de representação e sorteio do membro
do MP de Contas a quem foi atribuída competência para oficiar nos autos, cabia a Sua
Excelência, em respeito à sua própria instituição, ao princípio do procurador natural, ao
devido processo legal e ao Estado Democrático de Direito, abster-se de qualquer
intervenção nos autos. Nem mesmo a manifestação produzida em atenção ao despacho
de Vossa Excelência, na condição de Relator do feito (peça 25), pode ser considerada lícita.
Era de esperar que o Exmo. Subprocurador-Geral, em razão do princípio da unidade que
orienta o funcionamento do Ministério Público, remetesse o processo a este membro do
MP de Contas, que recebeu atribuição de competência para nele oficiar.
[...]
Ora, não é dado aos membros do Ministério Público ou da magistratura atuarem por
sentimento pessoal, por uma particular visão de mundo, por voluntarismo, tampouco por
5

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apego aos processos por eles iniciados. A atuação somente é lícita quando autorizada em
regras de competência que conferem legitimidade ao agir, porque o agir não é do membro
do MP, mas da instituição. Daí porque a impessoalidade não pode ser afastada para dar
vazão a sentimentos pessoais, ainda que apresentados com a nobre roupagem de
“sentimento de dever”.
Ao atravessar no processo, o Exmo. Subprocurador-Geral Lucas Rocha Furtado
atuou como verdadeiro procurador de exceção.”

Em seguida, quanto ao mérito desta Representação, “o Ministério Público de


Contas endossa integralmente a proposta de encaminhamento apresentada pelo titular da Seinfra
Operações acima transcrita e registra também que as manifestações produzidas pelo sr. Auditor
(peça 47), pelo sr. Diretor-substituto (peça 48) e pelo sr. Secretário dessa unidade técnica (peça
49) contêm fundamentos necessários e abundantes a justificar a proposta de encaminhamento
apresentada, no sentido de que não se conheça da representação por falta de competência desta
Corte de Contas e por falta de indícios mínimos das supostas irregularidades apontadas, e de que,
alternativamente, caso conhecida, seja considerada improcedente”.

Diante disso, A&M AJ endossa todas as considerações do MPTCU e requer o


acolhimento do Parecer ministerial.

3. CONCLUSÃO.

Diante do quanto exposto, a A&M AJ reitera seu pedido pelo arquivamento desta
representação e manifesta sua concordância com as considerações do Parecer proferido pelo
MPTCU, cujo acolhimento requer.

Pede deferimento.
De Curitiba para Brasília, 12 de janeiro de 2022.

Luiz Rodrigues Wambier Patrícia Yamasaki


OAB/DF 38.828 OAB/PR 34.143

Tatiana Lahóz Evie Malafaia


OAB/PR 49.732 OAB/RJ 185.020

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PEÇA 143
# Empresas em # Meses trabalhados Honorários Médios Honorários Médios
Fls. dos Autos Principais com % Sobre a Dívida Sujeita ao Valor Não Pago
Empresa Recuperação Tipo de Processo até Dez/21 ou Mensais por Mensais por Empresa Estágio
a decisão de honorários* Concurso/Valor Arrecadado** (R$)
Judicial/ Falência Encerramento Processo (R$) em RJ/ Falência (R$)
KOWARICK e Outra 2 Recuperação Judicial 466 2,00% 21 50.476,19 25.238,10 - Convolação em falência.
Não houve definição até o
KOWARICK e Outra 2 Falência Não há pagamentos 68 Zero Zero - Em andamento
momento.
BVA 1 Falência 13.282/13.286 5,00% 88 255.457,11 255.457,11 - Em andamento
Não houve definição de
ZOO CLUB 1 Falência Não houve pagamento 26 Zero Zero - Encerrado
honorários.
SERVATIS 1 Recuperação Judicial 930 2,50% 16 11.155,34 11.155,34 - Renúncia
Grupo JJ MARTINS 7 Recuperação Judicial 139/150 1,19% 56 76.428,57 10.918,37 - Encerrado
PLUNA 1 Falência 2278 Honorários Provisórios 82 121,95 121,95 4.000,00 Em andamento
GALVÃO ENGENHARIA 2 Recuperação Judicial 3.550/3.551 0,23% 22 150.000,00 75.000,00 - Substituição
Encerrado, porém, as funções do AJ estão
mantidas há 21 meses, aguardando o
Grupo OAS 10 Recuperação Judicial 40.574/40.575 0,04% 60 96.992,33 9.699,23 180.460,00 julgamento das impugnações remanescentes e a
consequente consolidação do Quadro Geral de
Credores.

Encerrado, porém, as funções do AJ estão


mantidas há 26 meses, aguardando o
CARVAJAL 1 Recuperação Judicial 4265/4266 2,66% 46 21.521,74 21.521,74 - julgamento das impugnações remanescentes e a
consequente consolidação do Quadro Geral de
Credores.
POLICARNE 1 Recuperação Judicial 147/151 3,00% 31 4.928,91 4.928,91 - Convolação em falência.
POLICARNE 1 Falência 3831 5,00% 51 332,75 332,75 9.552,90 Em andamento
Cotia e Outra 2 Recuperação Judicial 989/990 0,50% 43 92.790,70 46.395,35 - Processo suspenso.
Não houve definição até o
COSENZA 1 Falência Não há pagamentos 59 Zero Zero - Em andamento
momento.
MORADA 4 Falência 6.887/6.888 3,50% 36 124.568,50 31.142,13 4.196.310,67 Substituição
CONSTRUIR 1 Recuperação Judicial 75/90 2,00% 30 16.287,07 16.287,07 - Encerrado
Grupo LAGROTTA 5 Recuperação Judicial 2062 2,21% 30 9.773,61 1.954,72 756.791,67 Em andamento
Não houve definição de
ATITUD 1 Falência Não houve pagamento 4 Zero Zero - Encerrado
honorários.
Grupo AGROSERRA 14 Recuperação Judicial 2204/2205 Pagamento fase administrativa 6 20.000,00 1.428,57 - Renúncia
Livraria Cultura e Outra 2 Recuperação Judicial 16.717/16.718 1,05% 38 55.796,05 27.898,03 819.750,00 Em andamento
OCEANAIR 1 Recuperação Judicial 17.829/17.833 0,80% 30 12.168,48 12.168,48 4.309.945,57 Convolação em falência.

OCEANAIR 1 Falência 81.491/81.482 5,00% 18 Zero Zero - Em andamento

Não houve definição de


CAPITAL 1 Falência Não houve pagamento 1 Zero Zero - Encerrado
honorários.
Grupo ATVOS 8 Recuperação Judicial 13.872/13.876 0,09% 31 348.387,10 43.548,39 - Em andamento
Grupo ODB 20 Recuperação Judicial 18.120/18.127 0,01% 30 746.666,67 37.333,33 - Em andamento
ENSEADA 1 Recuperação Judicial 1.846/1.847 Pagamento fase administrativa 1,5 115.000,00 115.000,00 - Substituição
* Decisão inicial de cada processo.
** Lei 11.101/05, art. 24

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PEÇA 150
MINISTÉRIO PÚBLICO JUNTO AO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Gabinete do Subprocurador-Geral

Ofício nº 001/2022 (GAB)

Brasília-DF, em 17 de janeiro de 2022.

À Sua Excelência
BRUNO DANTAS
Ministro do Tribunal de Contas da União (TCU)

Assunto: transparência processual e possível suspeição.

Excelentíssimo Senhor Ministro,

Buscando acompanhar as demandas por mim submetidas a essa Corte de Contas,


pude notar em consulta ao TC 006.684/2021-1 e, especialmente ao TC 035.857/2015-3, que
diversas peças se encontram com permissões insuficientes para acesso ao conteúdo.
O TC 006.684/2021-1 trata-se representação autuada em cumprimento à decisão
monocrática (peça 1) que Vossa Excelência proferiu no TC 035.857/2015-3, em que
determinou a adoção de medidas com vistas a apurar os indícios de irregularidades
noticiados no Ofício nº 002/2021-GAB envolvendo a Operação Lava-Jato e a empresa
Odebrecht S.A.
Destaco que o Ofício nº 002/2021-GAB foi por mim encaminhado a Sua
Excelência tendo em vista a correlação de assuntos com representação oferecida visando
apuração dos prejuízos ocasionados aos cofres públicos pelas operações supostamente
ilegais dos membros da Lava Jato de Curitiba e do ex-juiz Sérgio Moro, mediante práticas
ilegítimas de revolving door, afetando a empresa Odebrecht S.A., e lawfare, conduzido
contra pessoas investigadas nas operações efetivadas no âmbito da chamada “Operação
Lava Jato”.

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Sendo assim, destaco que, no âmbito do nosso Estado Democrático de Direito, a
transparência é a regra, e o sigilo a exceção. Essa premissa inclusive configura princípio
fundante expresso da Administração estatal (art. 37, Constituição Federal). De certo,
existem casos em que o sigilo deve ser aplicado, porém, o sigilo nunca pode servir como
suposta blindagem e/ou ocultação de informações.
Portanto, venho solicitar e propor a Vossa Excelência que, na qualidade de
relator dos TCs 006.684/2021-1 e 035.857/2015-3, adote medidas no sentido de tornar
público todas as peças dos processos envolvendo o ex-juiz Sérgio Moro, especialmente
relacionados à Odebrecht S.A e à empresa Alvarez & Marsal, com ressalvas àquelas que
motivadamente devam ser resguardadas sob sigilo.
Por fim, mas não menos importante, informo que chegou ao meu conhecimento
possível atuação do Sr. Júlio Marcelo, procurador deste Ministério Público junto ao TCU,
perante Vossa Excelência solicitando que os processos acima referenciados não sejam
despachados a mim, mas que vão a sorteio.
Conforme último ofício encaminhado a Sua Excelência (Ofício nº 057/2021
(GAB) de 10 de dezembro de 2021), sinto-me no dever de tentar colaborar com a melhor
apuração dos fatos no âmbito do Tribunal de Contas da União, visto que o processo foi
originado de ofício e representação de minha lavra; sem prejuízo ao resguardo da atribuição
a outro membro e em cumprimento à Portaria -MP/TCU nº 02, de 31 de agosto de 2020.
Dessa forma, ressalto que minha atuação se encontra respaldada nos
regulamentos internos, não havendo suspeição de minha parte. Em caso de suposta
suspeição a ser verificada, entendo que deveria avaliar a do próprio Sr. Júlio Marcelo, visto
ele ser amigo do responsável em análise (ex-juiz Sérgio Moro).
Sendo, pois, o que tinha a participar a V. Ex.ª, aproveito o ensejo para manifestar
protestos de estima, respeito e consideração.

Atenciosamente,

(Assinado Eletronicamente)
Lucas Rocha Furtado
Subprocurador-Geral

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PEÇA 155
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
Gabinete do Ministro Bruno Dantas

Processo: 006.684/2021-1
Natureza: Representação

DESPACHO

Cuidam os autos de representação autuada com vistas a apurar os indícios de


irregularidades noticiados pelo Ministério Público de Contas no Ofício nº 002/2021-GAB
(peça 4) envolvendo a Operação Lava-Jato e a empresa Odebrecht S.A.
Em síntese, no aludido expediente, o Subprocurador-Geral Dr. Lucas Rocha
Furtado requer a “apuração de prejuízos ocasionados aos cofres públicos pelas operações
supostamente ilegais dos membros da Lava Jato de Curitiba e do ex-Juiz Sergio Moro,
mediante práticas ilegítimas de revolving door, afetando a empresa Odebrecht S.A., e
lawfare, conduzido contra pessoas investigadas nas operações efetivadas no âmbito da
chamada Operação Lava Jato. (...)”.
Em recente manifestação nos autos (peça 150), o Subprocurador-Geral Dr. Lucas
Rocha Furtado enfatiza que “no nosso Estado Democrático de Direito, a transparência é
a regra, e o sigilo a exceção”. Nesse sentido, solicita a este relator que torne públicas todas
as peças do processo, especialmente aquelas relacionadas à Odebrecht S.A e à empresa
Alvarez & Marsal, exceto eventuais peças que motivadamente devam ser protegidas por
sigilo.
Previamente à análise do pedido do Dr. Lucas Rocha Furtado, a qual demandará
o exame dos fundamentos acostados a cada uma das peças atualmente classificadas como
sigilosas, concedo, desde já, o acesso integral a todas as peças dos autos ao eminente
Subprocurador-Geral, por entender que, na qualidade de autor da representação e membro
do Ministério Público junto ao TCU, não há razões para impedir o amplo acesso ao acervo
documental do processo.

Brasília, 18 de janeiro de 2022

(Assinado eletronicamente)
Ministro BRUNO DANTAS
Relator

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