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Processo: 035.857/2015-3
Natureza: Acompanhamento
Órgão/Entidade: Controladoria-geral da
União
DESPACHO
atividades ilícitas por ela praticadas, o que também é objeto destes autos, o douto
representante do parquet propõe a adoção das seguintes medidas:
“a) Oficiar ao Excelentíssimo Ministro do Supremo Tribunal Federal, Sr. Ricardo
Lewandovski, a fim de solicitar o compartilhamento das mensagens trocadas entre
os procuradores do Ministério Público e o ex-juiz Sr. Sérgio Moro;
b) Oficiar ao juízo da Recuperação Judicial da empresa Odebrecht S.A. a fim de
solicitar o compartilhamento da documentação relativa à escolha do administrador
judicial e as análises que fundamentaram a definição do juízo pela empresa de
consultoria Alvarez & Marsal, bem como os valores de remuneração que foram
estabelecidos;
c) Realizar oitivas das empresas Alvarez & Marsal e Odebrecht S.A para que se
manifestem quanto aos fatos narrados e;
d) Avaliar a conveniência e oportunidade de se estabelecer, cautelarmente, a
suspensão de qualquer pagamento à empresa Alvarez & Marsal, no âmbito da
Recuperação Judicial da empresa Odebrecht S.A, até que o Tribunal avalie o mérito
da questão.”
10. Feita esta breve introdução, passo ao exame dos pedidos.
II
11. Inicialmente, julgo que as supostas irregularidades narradas pelo
Subprocurador-geral no Ofício nº 002/2021 (GAB) guardam conexão com a matéria dos
autos, pois podem repercutir nas condições em que foi celebrado o acordo de leniência
em acompanhamento, devendo ser objeto de apuração.
12. Dito isso, estou integralmente de acordo com as medidas processuais
sugeridas pelo Subprocurador-geral e transcritas neste despacho, as quais devem ser
adotadas pela unidade instrutora imediatamente, visto que os elementos indicados são
necessários para melhor compreensão e posterior juízo sobre os indícios de
irregularidades apontados, assim como para avaliar a existência de pressupostos para
concessão de medida cautelar, conforme suscitado pelo parquet.
13. Com efeito, são gravíssimos os fatos reportados pelo Subprocurador-geral.
Como enunciado pelo parquet, ao ser nomeada como administradora judicial a Alvarez
& Marsal sujeita-se aos deveres de fidúcia, lealdade e diligência.
14. Como leciona Pontes de Miranda, “a fidúcia é o ato, entre declarantes ou
manifestantes de vontade, um dos quais confia (espera) que o outro se conduza como ele
deseja e, pois, tem fé”.
15. No entanto, soa deveras conflitante que, após ser investida na condição de
administradora judicial das empresas do grupo Odebrecht, em 17/6/2019, a Alvarez &
Marsal tenha incorporado ao seu quadro societário, em 30/11/2020, o ex-juiz Sérgio
Moro.
16. Isso porque, além de possuir informações privilegiadas sobre o
funcionamento das empresas do grupo Odebrecht, o então juiz teria tomado decisões
judiciais e orientado as condições de celebração de acordos de leniência, o que
naturalmente contribuiu para a situação econômico-financeira da empresa da qual
resultou o processo de recuperação judicial.
17. Além disso, mensagens tornadas públicas recentemente apontam para o fato
de que o ex-juiz teria orientado a forma de atuação de procuradores do MPF nas denúncias
e ações contra a empresa. Na visão do Subprocurador-geral, a atuação de agentes públicos
(Assinado eletronicamente)
BRUNO DANTAS
Relator
À Sua Excelência
BRUNO DANTAS
Ministro Relator dos TCs 005.262/2021-6, 016.991/2015-0 e 035.857/2015-3
Sendo, pois, o que tinha a informar, a encaminhar e a solicitar, aproveito o ensejo para
manifestar protestos de estima, respeito e consideração a V. Ex.ª.
Atenciosamente,
(Assinado Eletronicamente)
Lucas Rocha Furtado
Subprocurador-Geral
REPRESENTAÇÃO
com vistas a que essa Corte de Contas proceda à adoção das medidas de sua
competência necessárias a apurar os prejuízos ocasionados aos cofres públicos pelas
operações supostamente ilegais dos membros da Lava Jato de Curitiba e do ex-juiz
Sérgio Moro, mediante práticas ilegítimas de revolving door1, afetando a empresa
Odebrecht S.A., e lawfare2, conduzido contra pessoas investigadas nas operações
efetivadas no âmbito da chamada Operação Lava Jato, conforme revelado pela série
de reportagens denominada “Vaza Jato”3, em recente publicação da Revista Veja4 e
na Folha de São Paulo de hoje5, que evidencia mensagens trocadas entre o ex-Juiz
Sérgio Moro e o chefe da Operação Lava Jato em Curitiba, procurador Deltan
1 https://en.wikipedia.org/wiki/Revolving_door_(politics)
2http://www.justificando.com/2016/11/17/lawfare-representa-o-uso-indevido-dos-recursos-juridicos-para-fins-de-
perseguicao-politica/
3 https://pt.wikipedia.org/wiki/Vaza_Jato
4 https://veja.abril.com.br/politica/lewandowski-poe-sigilo-sobre-vaza-jato-veja-mensagens-obtidas-por-lula/
5https://www1.folha.uol.com.br/colunas/monicabergamo/2021/02/lewandowski-levanta-sigilo-e-novas-conversas-de-
moro-com-procuradores-podem-vir-a-publico.shtml
- II -
6https://g1.globo.com/economia/noticia/2019/06/17/4-anos-apos-se-ver-envolvida-nas-denuncias-da-lava-jato-
odebrecht-perdeu-cerca-de-80percent-do-quadro-de-funcionarios.ghtml
7 https://reinaldoazevedo.blogosfera.uol.com.br/2019/06/17/a-lava-jato-torra-a-riqueza-e-os-empregos-odebrecht-em-
recuperacao-judicia/
8https://valor.globo.com/empresas/noticia/2020/07/26/em-cartas-escritas-na-priso-marcelo-odebrecht-relatou-ameaa-
da-lava-jato.ghtml
11 https://apublica.org/2020/12/sergio-moro-entra-na-porta-giratoria-da-lava-jato/?amp
..................
Moro orienta Deltan sobre sistemas da Odebrecht
Em agosto de 2017, o então juiz diz que seriam necessárias perícias da PF e laudos
específicos: “do contrário, vai ser difícil usar”.
conduzi-la a uma recuperação judicial que comporta riscos de dano ao erário em razão
dos créditos tributários que eventualmente venham a ser renunciados pela União,
mediante transação, no curso do processo.
Na verdade, e sem medo de exagero, mais do que escandaloso.
Verdadeiramente estarrecedor, à vista das trocas de mensagens trocadas entre os
envolvidos, conforme divulgado na manhã de hoje na Folha de São Paulo e no UOL12,
após liberação de sigilo autorizada pelo Ministro Ricardo Lewandovki do STF,
conforme faço anexar à esta representação, juntamente com o conteúdo das
mensagens na forma produzida pela perícia da defesa.
Estão presentes, portanto, as condições previstas na Lei nº 8.443/1992 (art.
8º) relativas à prática de qualquer ato ilegal, ilegítimo ou antieconômico de que resulte
dano ao Erário, a ensejar providências com vistas à instauração da tomada de contas
especial para apuração dos fatos, identificação dos responsáveis e quantificação do
dano, nos termos do referido dispositivo legal.
Importa registrar que as perícias realizadas pela Polícia Federal no âmbito
da “Operação Spoofing” atestam a integridade das mensagens trocadas entre Dalagnol
e Moro13.
Considerando, ainda, que as mensagens reveladas pela Revista Veja,
representam apenas 1% de todo o material apreendido na Operação Spoofing, ao qual
teve acesso a defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (conforme revela o
jornalista Reinaldo Azevedo14, entendo adequado que o Tribunal de Contas da União,
para melhor aquilatar a gravidade da situação e conhecer mais adequadamente os
indícios que podem levar à anulação de grande parte dos processos da Lava Jato
julgados pelo ex-juiz Sérgio Moro, solicite ao Supremo Tribunal Federal, mediante
transferência de sigilo, acesso ao material de sete terabytes apreendido no vasto
arquivo que estava com os hackers investigados na Operação Spoofing.
Um segundo tipo de dano ao erário decorrente dos fatos e circunstâncias
relatados na presente representação – esse direto e facilmente mensurável – refere-se
aos custos incorridos por toda a Operação Lava Jato de Curitiba, caso se confirmem
a nulidade dos processos judiciais conduzidos pelo ex-juiz Sérgio Moro, em razão das
possíveis ilegalidades cometidas por ele e os procuradores da força tarefa, na
combinação absolutamente imprópria para conduzir investigações, produção de
12https://www1.folha.uol.com.br/colunas/monicabergamo/2021/02/lewandowski-levanta-sigilo-e-novas-conversas-
de-moro-com-procuradores-podem-vir-a-publico.shtml
13 https://www.conjur.com.br/2020-dez-29/pericia-atesta-integridade-mensagens-hackeadas-vaza-jato
14https://noticias.uol.com.br/colunas/reinaldo-azevedo/2021/01/29/operacao-spoofing-1-do-arquivo-revela-um-virus-
na-origem-da-era-do-horror.htm
a.2) custos incorridos por toda a Operação Lava Jato de Curitiba, caso se
confirmem a nulidade dos processos judiciais conduzidos pelo ex-juiz
Sérgio Moro, em razão das possíveis ilegalidades cometidas por ele e pelos
procuradores da força tarefa, na combinação absolutamente imprópria para
conduzir investigações, produção de provas e estratégias processuais entre
acusação e órgão julgador, cabendo, nessa hipótese, quantificar o dano
relativo a todo o dinheiro público desperdiçado por anos e anos, com o
pagamento de remuneração de procuradores e de servidores públicos do
MPF, horas de trabalho extraordinárias, funções, diárias, passagens,
recursos materiais, custos esses extensíveis aos órgãos judiciais que tiveram
que apreciar processos eivados de nulidade desde o início, em todas as
instâncias, até o Supremo Tribunal Federal;
b) solicitar ao Supremo Tribunal Federal acesso ao material apreendido na
Operação Spoofing, mediante transferência de sigilo;
c) dar ciência desta representação ao Supremo Tribunal Federal, ao
Procurador-Geral da República e ao Conselho Nacional de Justiça.
[assinado eletronicamente]
Lucas Rocha Furtado
Subprocurador-Geral
Reclamação n. 43007
Senhor Relator,
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RECLAMAÇÃO 43.007 DISTRITO FEDERAL
“[...]
4. Dentre as ocorrências sintetizadas no ofício, o membro
do parquet discorre sobre as recentes notícias divulgadas pela
mídia no sentido de que o ex-juiz Sérgio Moro teria se tornado
sócio da empresa de consultoria Alvarez & Marsal,
administradora judicial das empresas do grupo Odebrecht no
processo de recuperação judicial, bem como de que o ex-juiz
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RCL 43007 / DF
“[...]
28. Por fim, tal como pugnado pelo parquet, é o caso de
solicitar ao Excelentíssimo Ministro Ricardo Lewandovski, do
Supremo Tribunal Federal, também nesse esforço de
colaboração, o compartilhamento das mensagens trocadas entre
os procuradores do Ministério Público Federal e o ex-juiz Sérgio
Moro, uma vez que o teor dessas mensagens pode trazer
valiosas informações para as apurações dos indícios de
irregularidades elencados pelo Subprocurador-geral.
29. Por fim, tendo em vista a urgência em se obter a
documentação sugerida pelo parquet e em avaliar os
pressupostos para eventual concessão da medida cautelar, bem
como considerando que outras medidas processuais estão em
curso nestes autos, determino a constituição de apartado,
mantida a relatoria, na forma do parágrafo único do art. 24 da
Resolução-TCU 175/2005, para tratar especificamente das
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RCL 43007 / DF
eletrônicos 173, 178, 226, 264, 346, 353, 371, 375 e 388, para que sejam
encaminhadas ao Ministro Bruno Dantas, relator do Processo de
Acompanhamento 035.857/2015-3, instaurado no âmbito do Tribunal de
Contas da União.
Publique-se.
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PEÇA 24
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
COMARCA DE SÃO PAULO
Este documento é cópia do original assinado digitalmente por JOAO DE OLIVEIRA RODRIGUES FILHO. Para acessar os autos processuais, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/esaj, informe o processo
FORO CENTRAL CÍVEL
1ª VARA DE FALÊNCIAS E RECUPERAÇÕES JUDICIAIS
Praça João Mendes s/nº, Sala 1805, Centro - CEP 01501-900, Fone: (11)
2171-6505, São Paulo-SP - E-mail: sp1falencias@tjsp.jus.br
Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min
Processo TC 006.684/2021-1.
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cadastramento de profissionais perante o Tribunal, além dos deveres anexos aos deveres legais
que devem ser seguidos.
provisórios de R$1.100.000,00 (“no valor fixado anteriormente”) até realização de última AGC a
respeito do plano.
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À Sua Excelência
BRUNO DANTAS
Ministro Relator do TC 006.684/2021-1
Destaco, por fim, que não sou o membro do MPTCU sorteado para oficiar nos
autos, motivo pelo qual encaminho minhas considerações por meio deste ofício a fim de
que Vossa Excelência avalie previamente a pertinência da temática.
Apesar disso, sinto-me no dever de tentar colaborar com a melhor apuração dos
fatos no âmbito do Tribunal de Contas da União, visto que o processo foi originado de
ofício e representação de minha lavra; sem prejuízo ao resguardo da atribuição a outro
membro constante à peça 3 e em cumprimento à Portaria MP/TCU nº 02, de 31 de
agosto de 2020.
Sendo, pois, o que tinha a participar a V. Ex.ª, aproveito o ensejo para manifestar
protestos de estima, respeito e consideração.
Atenciosamente,
(Assinado Eletronicamente)
Lucas Rocha Furtado
Procurador - Geral em substituição
(conforme Ato de Designação-MP/TCU nº 4/2021)
Processo: 006.684/2021-1
Natureza: Representação
DESPACHO
c) à empresa Alvarez & Marsal com vistas a obter toda documentação relativa ao
rompimento do vínculo de prestação de serviços com o ex-juiz Sérgio Moro, incluindo
datas das transações e valores envolvidos.
Quanto à solicitação de peça 27, apreciarei o pedido oportunamente, tendo em
vista que não se trata de processo de intervenção obrigatória do Parquet de Contas e
considerando que estes autos se originam de representação de outro Procurador. Na
ocasião, poderei avaliar melhor quais as razões de interesse público justificariam o
pedido e a nova manifestação solicitada pelo Procurador Júlio Marcelo de Oliveira, caso
venham aos autos informações complementares em relação à peça apresentada por Sua
Excelência.
Encaminhem-se os autos à SeinfraOperações.
(Assinado eletronicamente)
Ministro BRUNO DANTAS
Relator
“a) obter junto ao Conselho Nacional de Justiça, bem como outros órgãos que integram o
Poder Judiciário, informações acerca do número de processos de recuperação judicial em
que as empresas do grupo Alvarez & Marsal atuaram desde o ano de 2013, em uma
perspectiva de evolução cronológica e;
b) obter junto à empresa toda documentação relativa ao rompimento do vínculo de
prestação de serviços com o agente cujos atos são objeto nos referidos autos, contendo
datas das transações e valores envolvidos”.
Nessa linha de ideias, sendo reconhecido pelo próprio Ilmo. Promotor subscritor
do Ofício n. 057/2021 não ser o Promotor natural para oficiar nesses autos6, dita manifestação
não merece sequer ser apreciada por esse Exmo. Ministro Relator, inclusive porque extrapola os
limites do objeto dessa representação [instaurada para apurar possível conflito de interesse na
atuação da empresa Alvarez & Marsal Administração Judicial Ltda., na qualidade de
administradora judicial da empresa Odebrecht, após a suposta inclusão ao seu quadro societário
do ex-juiz Sérgio Moro7] e traz como consequência o inevitável dispêndio de recursos públicos,
sem qualquer justificativa legítima para tanto.
1
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
2
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
3
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;
4
§ 5º Leis complementares da União e dos Estados, cuja iniciativa é facultada aos respectivos Procuradores-Gerais,
estabelecerão a organização, as atribuições e o estatuto de cada Ministério Público, observadas, relativamente a seus
membros:
I - as seguintes garantias:
b) inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, mediante decisão do órgão colegiado competente do
Ministério Público, pelo voto da maioria absoluta de seus membros, assegurada ampla defesa;
5
Art. 38. Os membros do Ministério Público sujeitam-se a regime jurídico especial e têm as seguintes garantias: II -
inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público;
6
Conforme peça 3 desses autos, o Membro do MPTCU designado para oficiar nesta representação é o Ilmo.
Procurador Júlio Marcelo de Oliveira.
7
Conforme se extrai do despacho referente ao pedido de providências, da lavra desse Exmo. Ministro Relator: “para
que se manifeste, no prazo de 48 horas, a respeito dos fatos narrados no Ofício no 002/2021-GAB (peça 75) e neste
despacho, com vistas a esclarecer os indícios de inobservância do dever de fidúcia, de lealdade e de diligência, assim
como de existência de conflito de interesses, no âmbito do processo de recuperação judicial das empresas do grupo
Odebrecht, podendo para tanto apresentar informações acerca do processo de contratação do ex-juiz Sérgio Moro e
2
Por fim, a A&M AJ reitera seu pedido formulado na primeira manifestação, pelo
arquivamento desta representação. Isso, porque está comprovado que não há conflito de
interesses na contratação do Sr. Sérgio Moro – que, inclusive, já rescindiu seu contrato com o
Grupo A&M, como já informado nestes autos – e muito menos houve violação ao dever de fidúcia,
lealdade e diligência da Administradora Judicial em sua atuação da Recuperação Judicial da
Odebrecht.
Pede deferimento.
De Curitiba para Brasília, 17 de dezembro de 2021.
das medidas adotadas com vistas a tratar e prevenir eventuais conflitos de interesse resultantes dessa contratação,
conforme indicado neste despacho”.
3
1. NOVOS ESCLARECIMENTOS.
Após a conclusão da instrução técnica do caso, foi proferida nestes autos decisão
que acolheu o pedido, formulado pelo Ilmo. Subprocurador-Geral Lucas Rocha Furtado, pela
adoção de novas providências no feito, nos seguintes termos:
Quanto ao comando contido no item “c” da decisão, importa reiterar que o Sr.
Sérgio Moro celebrou dois contratos com empresas do Grupo Alvarez & Marsal, ambos já
rescindidos. Nenhum deles, no entanto, foi firmado com a A&M AJ. Assim, não há fundamento
para que esta empresa seja intimada a apresentar qualquer documentação a respeito de
contratações das quais não participou.
Como já se esclareceu, o primeiro contrato foi celebrado com a Alvarez & Marsal
Disputas e Investigações Ltda e contém cláusula de confidencialidade, que remanesceu vigente
após o seu distrato. O segundo e último, celebrado com a empresa americana Alvarez & Marsal
Disputes and Investigations, também é gravado com cláusula de sigilo e sujeito à jurisdição dos
Estados Unidos da América.
1
MANDADO DE SEGURANÇA. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO. IMPOSSIBILIDADE.
SEGURANÇA CONCEDIDA. O Tribunal de Contas da União, a despeito da relevância das suas funções, não está
autorizado a requisitar informações que importem a quebra de sigilo bancário, por não figurar dentre aqueles a quem
3
“a) requer a atuação do presente parecer aos autos da representação objeto do processo
TC 006.684/2021-1, a fim de que seja regularmente considerado na solução desse feito;
b) pugna pelo desentranhamento das indevidas manifestações e elementos carreados aos
autos pelo Exmo. Subprocurador-Geral Lucas Rocha Furtado após a regular atribuição de
competência para neles oficiar a este membro do MP de Contas;
o legislador conferiu essa possibilidade, nos termos do art. 38 da Lei 4.595/1964, revogado pela Lei Complementar
105/2001. Não há como admitir-se interpretação extensiva, por tal implicar restrição a direito fundamental positivado
no art. 5º, X, da Constituição. Precedente do Pleno (MS 22801, rel. min. Menezes Direito, DJe-047 de 14.03.2008.)
Ordem concedida. (STF, 2ª T., MS 22934, Rel. Min. Joaquim Barbosa, j. 17.04.2021, g.n.)
Mandado de Segurança. Tribunal de Contas da União. Banco Central do Brasil. Operações financeiras. Sigilo. 1. A Lei
Complementar nº 105, de 10/1/01, não conferiu ao Tribunal de Contas da União poderes para determinar a quebra
do sigilo bancário de dados constantes do Banco Central do Brasil. O legislador conferiu esses poderes ao Poder
Judiciário (art. 3º), ao Poder Legislativo Federal (art. 4º), bem como às Comissões Parlamentares de Inquérito, após
prévia aprovação do pedido pelo Plenário da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do plenário de suas
respectivas comissões parlamentares de inquérito (§§ 1º e 2º do art. 4º). 2. Embora as atividades do TCU, por sua
natureza, verificação de contas e até mesmo o julgamento das contas das pessoas enumeradas no artigo 71, II, da
Constituição Federal, justifiquem a eventual quebra de sigilo, não houve essa determinação na lei específica que tratou
do tema, não cabendo a interpretação extensiva, mormente porque há princípio constitucional que protege a
intimidade e a vida privada, art. 5º, X, da Constituição Federal, no qual está inserida a garantia ao sigilo bancário. 3.
Ordem concedida para afastar as determinações do acórdão nº 72/96 - TCU - 2ª Câmara (fl. 31), bem como as
penalidades impostas ao impetrante no Acórdão nº 54/97 - TCU - Plenário. (STF, Pleno, MS 22801, Rel. Min. Menezes
Direito, j. 17.12.2007, g.n.).
2
“O sigilo de informações necessárias para a preservação da intimidade é relativizado quando se está diante do interesse
da sociedade de se conhecer o destino dos recursos públicos. Operações financeiras que envolvam recursos públicos não
estão abrangidas pelo sigilo bancário a que alude a LC 105/2001, visto que as operações dessa espécie estão
submetidas aos princípios da administração pública insculpidos no art. 37 da CF. Em tais situações, é prerrogativa
constitucional do Tribunal [TCU] o acesso a informações relacionadas a operações financiadas com recursos públicos.”
(MS 33.340, rel. min. Luiz Fux, j. 26-5-2015, 1ª T, DJE de 3-8-2015).
4
3. CONCLUSÃO.
Diante do quanto exposto, a A&M AJ reitera seu pedido pelo arquivamento desta
representação e manifesta sua concordância com as considerações do Parecer proferido pelo
MPTCU, cujo acolhimento requer.
Pede deferimento.
De Curitiba para Brasília, 12 de janeiro de 2022.
À Sua Excelência
BRUNO DANTAS
Ministro do Tribunal de Contas da União (TCU)
Atenciosamente,
(Assinado Eletronicamente)
Lucas Rocha Furtado
Subprocurador-Geral
Processo: 006.684/2021-1
Natureza: Representação
DESPACHO
(Assinado eletronicamente)
Ministro BRUNO DANTAS
Relator