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O site "aliado a hackers criminosos"

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The Intercept Brasil <newsletter.brasil@emails.theintercept.com> sáb, 15 de jun de 2019 às 16:36


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Sábado, 15 de junho de 2019

O site "aliado a hackers


criminosos"
No último domingo, o Brasil foi surpreendido por três reportagens explosivas
publicadas pelo TIB. Nelas, nós mostramos as entranhas da Lava Jato e
mergulhamos fundo em poderes quase nunca cobertos pela imprensa. Quase
todos os jornalistas que eu conheço preferem se manter afastados disso:
apontar o dedo para procuradores e juízes é, antes de tudo, perigoso em
muitos níveis – eles têm razão.

As primeiras reações dos envolvidos no escândalo foram essas: O MPF


preferiu focar em hackers, e não negou a autenticidade das mensagens. Sergio
Moro disse que não viu nada de mais, ou seja: não negou a autenticidade das
mensagens.

Moro, na verdade, se emparedou: em entrevista ao Estadão, ele inicialmente


não reconhece como autêntica uma frase que ele mesmo disse. Mas depois
diz que pode ter dito. E depois ainda diz que não lembra se disse. Moro está
em estado confusional.

Horas depois, à Folha, Moro confirmou um dos chats que publicamos: em uma
coletiva, ele chamou de “descuido” o episódio no qual, em 7 de dezembro de
2015, passa uma pista sobre o caso de Lula para que a equipe do MP
investigue. Confessou que ajudou a acusação informalmente, o que é contra a
lei. Como dizem as piores línguas: tirem suas próprias conclusões. 

Deltan Dallagnol não negou tampouco. Ele está bastante preocupado com o
que diz ser um “hacker”, mas sequer entregou seu celular para a perícia.
É evidente que nem Moro, nem Deltan e nem ninguém podem negar o que
disseram e fizeram. O Graciliano Rocha, do BuzzFeed news, mostrou que atos
da Lava Jato coincidiram com orientações de Moro a Deltan no Telegram.
Moro mandou, o MPF obedeceu. Isso não é Justiça, é parceria. Ontem nós
mostramos a mesma coisa: Moro sugeriu que o MPF atacasse a defesa de
Lula usando a imprensa, e o MPF obedeceu. Quem chefiava os procuradores?
Só não vê quem não quer.

A imprensa séria virou contra Sergio Moro e Deltan Dallagnol em uma semana
graças às revelações do TIB. O Estadão, mesmo que ainda fortemente aliado
de Curitiba, pediu a renúncia de Moro e o afastamento dos procuradores. A
Veja escreveu um editorial contundente (“Moro ultrapassou de forma
inequívoca a linha da decência e da legalidade no papel de magistrado.”) e
publicou uma capa demolidora. A Folha está fazendo um trabalho importante
com os diálogos, publicando reportagens de contexto absolutamente
necessárias.

Durante cinco anos, a Lava Jato usou vazamentos e relacionamentos com


jornalistas como uma estratégia de pressão na opinião pública. Funcionou, e a
operação passou incólume, sofrendo poucas críticas enquanto abastecia a
mídia com manchetes diárias. Teve pista livre para cometer ilegalidades em
nome do combate a ilegalidades. Agora, a maior parte da imprensa está pondo
em dúvida os procuradores e o superministro.

Mas existe uma força disposta a mudar essa narrativa. A grande preocupação
dos envolvidos agora, com ajuda da Rede Globo – já que não podem negar
seus malfeitos – é com o “hacker”. E também nunca vimos tantos jornalistas
interessados mais em descobrir a fonte de uma informação do que com a
informação em si. Nós jamais falamos em hacker. Nós não falamos sobre
nossa fonte. Nunca.

Já imaginou se toda a imprensa entrasse numa cruzada para tentar descobrir


as fontes das reportagens de todo mundo? A quem serve esse desvio de rota?
Por enquanto nós vamos chamar só de mau jornalismo, mas talvez muito em
breve tudo seja esclarecido. Nós já vimos o futuro, e as respostas estão lá.

A ideia é tentar nos colar a algum tipo de crime – que não cometemos e que a
Constituição do país nos protege. Moro disse que somos “aliados de
criminosos”, em um ato de desespero. Isso não tem qualquer potencial para
nos intimidar. Estamos apenas no começo.

Esse trabalho todo que estamos fazendo só acontece graças ao esforço de


uma equipe incrível aqui no TIB. De administrativo a redes sociais, de editorial
a comunicações, todos estão sendo absolutamente fantásticos. Nós queremos
agradecer imensamente por tudo, e pedir para que vocês nos ajudem a
continuar reportando esse arquivo. 

Faça parte do Intercept Brasil.

Sem vocês, nada disso tem sentido. 

Abraços e ótimo fim de semana 

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Leandro Demori
Editor Executivo

Glenn Greenwald
Editor Fundador e Colunista

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