Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Escola: Data:
Ano: Turma:
Marcelo Vitorino divide o que ele chama de guerrilha para distribuição de notícias
falsas em quatro elementos principais. O criador, que pode ser uma agência ou profissionais
contratados, cidadãos comuns, ativistas e militantes ideológicos. Os hospedeiros são
profissionais especializados em hospedar os conteúdos sem deixar rastros. Os
disseminadores, na maioria das vezes, são cidadãos comuns, mas podem ser ativistas
também. E há o motivador, que é quem paga a conta. Vitorino explica como é esse
funcionamento, a partir de quando um criador recebe uma demanda.
Marcelo Vitorino: "Ele adquire equipamentos no mercado paralelo de forma que não
se consegue rastrear o código do aparelho. Ele abre contas em ferramentas e em
plataformas. Depois disso, ele pesquisa públicos e canais e desenvolve conteúdos, e
desenvolve um ambiente de hospedagem, que é onde, efetivamente, vai colocar a
notícia falsa. Ele tem que ter uma casinha, tem que ter um site. Aí há o hospedeiro que
vai lá e simplesmente deixa esse conteúdo todo ativo. Ele passa a não ter contato mais
com o criador... Isso é como se fosse uma quadrilha. Eu estou deixando isto claro para
vocês: isso é uma quadrilha. É como quando os sequestradores passaram a terceirizar
quem sequestra, quem mantém no cativeiro. Isso é fake news hoje. Esse é o tipo de fake
news que bagunça uma eleição. Não é a do usuário comum. Depois disso, há o
disseminador, que é aquele que dissemina o conteúdo usando perfis falsos. Ele
impulsiona usando cartão de crédito pré-pago. E ele envia o conteúdo pelo serviço de
e-mail e WhatsApp."
O jornalista Rodrigo Flores, diretor de conteúdo do UOL, frisa que fake news não é
boato. Para ele, a palavra boato passa a ideia de alguma coisa despretensiosa. Enquanto que,
as notícias falsas são estruturadas e pensadas para atingir um objetivo.
Rodrigo Flores: "Fake news, para mim, é um conteúdo deliberadamente falso. Ou seja,
não é erro; ninguém errou ali; não foi sem querer. A imprensa erra – erra mais do que
deveria, inclusive –, mas é erro. Nós corrigimos os nossos erros: nós temos páginas de
errata, nós temos o "erramos". A gente vê com maus olhos o erro; a gente luta para
não errar. Esse conteúdo, não. Ele é fabricado para ser errado. Ele é deliberadamente
falso. Ele mimetiza a notícia. Então, não estamos falando de veículos estabelecidos.
Estamos falando de uma página de internet, ou de uma página de celular, que parece
notícia. Só parece; só tem o leiaute; tem o mesmo tipo de letra, fundo branco, e é isso
aí. Não é notícia."
Rodrigo Flores acrescentou que só é possível distribuir conteúdo falso porque existe
um canal para que ele escolha, através das redes sociais. Para ele, qualquer discussão sobre
fake news necessariamente tem que passar pelas redes sociais.
Já a jornalista Bia Barbosa, Secretária-Geral do Fórum Nacional pela Democratização
da Comunicação, alerta que o fenômeno das chamadas fake news não se restringe à internet.
Bia Barbosa: "A internet é uma plataforma que, claro, concordando com os que me
antecederam, potencializa, aumenta brutalmente a velocidade e o alcance desses
conteúdos, mas ela é um ambiente onde esses conteúdos se desenvolvem e não é o
único ambiente em que esses conteúdos se desenvolvem. É fundamental a gente
lembrar, se a gente está tão preocupado com esse debate porque estamos às vésperas
de um processo eleitoral, a gente precisa lembrar também o quanto os meios
tradicionais também, historicamente, incidiram em processos eleitorais no Brasil."
https://www.em.com.br/app/noticia/tecnologia/2018/03/14/interna_tecnologia,944119/fake-n
ews-por-que-se-espalham-e-como-evitar.shtml