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➛ Casos citados:
• Caso 01: Em 2015, o então presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou
que uma base militar ( Jade Helm ) seria construída na cidade de Bastrop, Texas.
Rapidamente, várias pessoas, sem base alguma, começaram a espalhar boatos na internet
de que a base seria, na verdade, um centro de detenção para dissidentes políticos de
Obama.
• Caso 02: Em 2016, ano de eleição nos EUA, um rumor iniciado no Reddit afirmava que a
famosa pizzaria de Washington "Comet Ping-Pong" era a base de um esquema criminoso de
abuso infantil, que teria a então candidata a presidência, Hillary Clinton, como chefe.
• Caso 03: Também em 2016, Seth Rich, na época funcionário do DNC ( Comitê Nacional
do Partido Democrata ) foi assassinado em o que a polícia acredita ter sido uma tentativa de
assalto. Rumores rapidamente se espalharam na internet de que Seth foi morto por estar
ligado à um vazamento de e-mails do DNC ocorrido algumas semanas antes.
TEMA: Efeitos da desinformação e fake news na era digital
O documentário “Depois da verdade: desinformação e o custo das fake news”, disponível na
plataforma de streaming HBO GO, traz casos ocorridos nos Estados Unidos que demonstram o perigo
que as notícias falsas apresentam aos cidadãos comuns. A par disso, em um dos casos citados na obra,
um rumor iniciado nas redes sociais acusava a famosa pizzaria de Washington, D.C. “Comet Ping-Pong”
de ser a principal base de uma organização criminosa envolvendo abuso infantil, episódio que
terminou quando um homem armado entrou no estabelecimento procurando por “pistas” de um
possível crime. Dessa forma, não só o risco à saúde pública como também a perda de confiança nas
mídias sociais são fatores que se relacionam à problemática.
Sob esse prisma, é necessário ponderar que a disseminação de fake news pode levar parte da
população, desinformada, a colocar sua segurança e sua saúde em risco. Nesse contexto, Mário
Sergio Cortella, filósofo e sociólogo brasileiro, afirma que vive-se em uma “cidadania obscena”, onde
os problemas sociais são amplamente expostos e discutidos, mas nada se faz para resolvê-los.
Semelhantemente à tese filosófica, fica evidente uma falha na conduta do governo, o qual
negligencia o fato de notícias falsas induzirem pessoas ignorantes a tomarem atitudes e decisões que
colocam em risco, além de si mesmos, a segurança em sociedade, desde atitudes como auto
tratamentos e evitar vacinas, até o armamento desmedido. Assim, é inegável que o Estado,
juntamente com a sociedade, precisam tomar atitudes que mitiguem a divulgação de informações
enganosas.
Ademais, convém mencionar que a perda de credibilidade das redes sociais é um efeito
irrefutável da desinformação e das fake news. Nesse enfoque, de acordo com a noção do “habitus”
do sociólogo francês Pierre Bourdieu, a coletividade se orienta por percepções e comportamentos
incorporados e partilhados, os quais são reproduzidos repetidamente e constituem hábitos
sociais. Diante disso, percebe-se que a disseminação de notícias falsas é uma reação em cadeia, onde
a informação postada por uma pessoa incentiva outra a reproduzi-la, semelhantemente à assertiva
de Bourdieu, haja vista o excesso de fatos inventados nas mídias sociais. Por efeito, observa-se que a
internet deixa de ser um importante meio de comunicação, democratização da notícia e fonte de
conhecimento a um risco para a população.
À vista do exposto, a desinformação e fake News na era digital necessitam de medidas urgentes
para serem resolvidas. Para esse fim, o Poder Legislativo, na figura dos deputados e senadores, deve
criar normas rígidas a respeito da disseminação de notícias falsas, por meio da punição e suspensão
de redes sociais que não as identificarem e excluírem, a fim de mitigar os riscos das notícias falsas à
segurança e saúde pública. Além disso, a mídia, por intermédio de portais de notícia especializados e
confiáveis – a exemplo de jornais televisivos – deve promover debates e campanhas sobre fake News
e esclarecê-las, a fim de conscientizar a população sobre os riscos de se confiar em qualquer
informação publicada na internet. Doravante, casos como os citados no documentário “Depois da
verdade” não se repetirão.