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As Fake News e seus malefícios

Resumo:

Nosso trabalho defende o porquê as fake news prejudicam a humanidade, esse artigo
está separado em 2 tópicos, fake news durante a pandemia e fake news durante as
eleições, tudo isso no Brasil, mostrando dados para um entendimento melhor e para dar
um panorama geral sobre o assunto.

Introdução:

Fake News é uma expressão que surgiu no século XIX para substituir o termo ‘false
news’, segundo Teixeira (2018) ‘para representar as notícias fabricadas e fraudadas
pelos meios de comunicação de massa e impostas como verdades por revistas, jornais,
rádios e canais de televisão’. Como forma de atingir um número maior de pessoas, elas
costumam apelar para pontos que ativam emoções fortes no leitor. Dessa maneira, antes
mesmo que questionar a veracidade do conteúdo, o espectador já está contaminado e
consumido pelo material falso.
Esse termo se popularizou mais durante as eleições presidenciais dos EUA, onde
apoiadores e simpatizantes do presidente Donald Trump começaram a criar e
compartilhar textos falsos sobre o seu maior rival na época, Hillary Clinton. Alguns
textos como “Papa Francisco choca o mundo e endossa Donald Trump para presidente”;
“Wikileaks confirma que Hillary Clinton vendeu armas para o Estado Islâmico”; “E-
mail de Hillary para o Estado Islâmico vaza e é pior do que alguém jamais imaginou”;
entre outros (SILVERMAN, 2016).
Inegavelmente grave foi, contudo, o episódio conhecido como “Pizzagate”, que
significou uma onda agressiva de acusações de que a candidata pelo Partido Democrata,
Hillary Clinton, junto ao coordenador da campanha, John Podesta, gerenciavam uma
rede de pedofilia dentro de uma pizzaria em Washington. Um jovem de 28 anos foi
preso após atirar contra a pizzaria e afirmou que cometeu o ato porque queria investigar
pessoalmente a suposta ação criminosa (FISHER; COX; HERMANN, 2016). O caso foi
difundido especialmente pelo Infowars, site de extrema-direita comandado por Alex
Jones e que apoiou a candidatura Trump. No Reino Unido, sondagem sobre o referendo
apelidado de “Brexit”, um neologismo baseado na expressão “Britain exit” (ou saída
britânica) já incorporado como palavra pelo dicionário Oxford, mostrou que os
apoiadores da desvinculação do Reino Unido da União Europeia eram mais propensos a
sustentar crenças incorretas como a presunção de que entrada de imigrantes teria
aumentado os indicadores criminais ou o desemprego entre os ingleses menos
qualificados (DUFFY, 2018). Fake news também integraram campanhas de
desinformação nas eleições francesas de 2017, um processo eleitoral que chamou
atenção pelo uso massivo de robôs sociais orientados a inflamar o debate político no
Twitter (FERRARA, 2017a; GU; KROPOTOV; YAROCHKIN, 2017).
Entre outros exemplos ao redor do mundo, as eleições do México no primeiro semestre
de 2018 foram prenúncio para o Brasil, especialmente por mostrar os perigos da
distribuição de fake news por redes de conversas privadas como o WhatsApp, sendo que
a ampla maioria das mensagens se voltou contra o candidato de esquerda, Andrés
Manuel López Obrador, do Movimento de Regeneração Nacional (Morena), que venceu
a disputa (ROSSI, 2018). Na Índia, país onde o WhatsApp também se sobrepõe em
popularidade como no México e no Brasil, fake news exploraram sentimento de um
novo nacionalismo hindu e foram mais volumosas em benefício da direita. Uma
pesquisa chegou a apontar que, para parte do eleitorado, “os fatos eram menos
importantes do que o desejo de reforçar a identidade nacional” (BBC, 2018).
Considerado o país com a maior eleição do mundo, que começou em 2018 e se estendeu
até 2019, a distribuição de rumores e fake news em plataformas de mídias sociais se
alastraram a ponto de gerar ondas de violências e tentativas de linchamento público
(COSTA, 2019).

Método:
O método utilizado por nós é o método quantitativo, nosso artigo apresenta estatísticas
que comprovam o que estamos defendendo durante o artigo.

As fake news durante a pandemia:


Durante a pandemia, temos um aumento imenso das fake news, foram separados
tópicos para explicar sobre: os temas das fake news relacionadas à Covid-19 são:
a) origem e propagação do vírus;
b) estatísticas falsas e enganosas;
c) impactos econômicos (e sanitários) da pandemia;
d) descrédito dos jornalistas e dos meios de comunicação;
e) ciência médica: sintomas, diagnóstico e tratamento;
f) impactos na sociedade e no meio ambiente;
g) politização com ponto de vista;
h) conteúdos promovidos para lucro fraudulento, a partir dos dados pessoais;
i) sobre celebridades que supostamente foram contaminadas;
Ressaltamos que algumas das fake news podem se inserir em mais de uma categoria,
pois elas não são excludentes. Na categoria ‘origem e propagação do vírus’, entre as
notícias falsas disseminadas nas redes sociais (como Facebook e Twitter) e nos
aplicativos de troca de mensagens (como o WhatsApp) está a afirmação de que
“animais de estimação podem transmitir a Covid-19 aos humanos” (MARCONDES,
2020). O Ministério da Saúde aponta que não há evidências sobre isso. Vários cães e
gatos que estiveram em contato com humanos infectados testaram positivo para a
Covid-19, mas não é possível dizer que esses animais possam transmitir a doença aos
seres humanos e espalhar o vírus. Ainda nessa categoria, também têm sido
compartilhadas as afirmações de que ‘somente pessoas sintomáticas transmitem a
Covid-19’ e de que ‘consumo de álcool protege contra a Covid-19’, ambas já taxadas
como falsas pelo Ministério da Saúde. As fake news com receitas caseiras e indicação
de produtos naturais para imunização contra a doença estão entre as mais comuns no
WhatsApp. Tem sido muito difundida a categoria ‘ciência médica: sintomas,
diagnóstico e tratamento’ que, supostamente, previne ou cura a Covid-19: ‘Café previne
o coronavírus’; ‘Alimentos alcalinos evitam coronavírus’; ‘Beber água de 15 em 15
minutos cura o coronavírus’; ‘Chá de limão com bicarbonato quente cura coronavírus’;
‘Beber muita água e fazer gargarejo com água morna, sal e vinagre previne
coronavírus’; ‘Tomar bebidas quentes para matar o coronavírus’; ‘Coronavírus pode ser
curado com tigela de água de alho recém-fervida’; ‘Chá de erva doce cura coronavírus’;
‘Chá de abacate com hortelã previne coronavírus’; ‘Chá imunológico contra o novo
coronavírus’; ‘Uísque e mel contra coronavírus’; ‘Óleos para combater coronavírus’;
‘Vitamina C + zinco e o novo coronavírus’. As categorias ‘descrédito dos jornalistas e
dos meios de comunicação’ e ‘estatísticas falsas e enganosas’ aparecem frequentemente
juntas. Nas fake news com esse teor, é possível identificar uma forte desconfiança a
respeito dos números oficiais, bem como a conduta dos gestores públicos: ‘Software das
UPAS obrigam registro de coronavírus’, o que significa dizer que os números oficiais
possam ser fraudulentos; ‘Governo esconde números sobre o novo coronavírus’;
‘Número de óbitos por Covid é de 946’; ‘Aplicativo Coronavírus SUS, do Governo do
Brasil, é inseguro’; ‘O SUS-COVID-19 é um aplicativo falso e quando instalado no
celular capta todas as informações do seu aparelho’. Durante a coleta de material para
este trabalho, nos deparamos com falsas notícias que não estavam contempladas na
categorização das autoras, portanto, foi necessário criar algumas categorias extras. É o
caso dos ‘gatilhos de pânico’, falsas notícias que têm algum fator gerador de angústia,
medo e/ou confusão: Vacina da gripe aumenta risco de adoecer por coronavírus’;
‘Máscaras de doação da China são contaminadas com coronavírus’; ‘Tribunal chinês
para matar 20 mil pacientes com coronavírus’; ‘Semelhança do vírus HIV com o
coronavírus’ ‘Utilizar álcool em gel nas mãos para prevenir coronavírus altera
bafômetro nas blitz’; ‘Novo coronavírus causa pneumonia de imediato’; ‘Cientistas
chineses dizem que coronavírus tornara a maiorias dos infectados do sexo masculino
infértil’. Outra categoria extra, criada por nós, é a ‘falsa cura’, que contempla
afirmações como: ‘Governo do Brasil anuncia vacina do coronavírus’; ‘Paciente com
coronavírus curada em 48h com medicamentos de aids’; ‘Médicos tailandeses curam
coronavírus em 48h’; ‘Rússia anuncia cura para coronavírus’. Já na categoria ‘apelos à
religiosidade’: ‘Óleo consagrado para curar coronavírus’. Por fim, na segmentação
‘declarações de profissionais da saúde’ são compartilhados textos e/ou áudios
supostamente produzidos por médicos, enfermeiros, técnicos e por autoridades da área:
‘Aúdio do ministro da Saúde sobre pico de infecção do coronavírus’. Por fim,
identificamos também a existência da categoria extra ‘informações surreais’ (SANTOS,
2020), que abarca afirmações como: ‘Urina de vaca como remédio contra o novo
coronavírus’; ‘Plástico bolha pode passar coronavírus’; ‘Termômetro infravermelho
mata neurônios’; ‘Consumidores de carne bovina seriam imunes ao novo coronavírus’;
‘Secador de cabelo destrói o coronavírus’, entre muitas outras como os falsos relatos
‘Primo do porteiro aqui do prédio’. Entre tantas checagens, algumas das informações
disseminadas foram identificadas pelo Ministério como corretas, por exemplo: ‘Fumar
aumenta o risco da forma grave de coronavírus’; ‘Colocar luvas para manusear dinheiro
e evitar coronavírus’; ‘Código genético do coronavírus é diferente nos 2 brasileiros
infectados’. Contudo, o fato de essas informações verdadeiras serem divulgadas em
meio a tantas fake news faz com que as pessoas não saibam em quais notícias acreditar.
No Brasil, as fake news contam com um aliado no mínimo curioso. Trata-se do próprio
presidente da República, Jair Bolsonaro, que desde o início da pandemia vem tratando o
assunto como apenas uma “gripezinha” (FOLHAPRESS, 2020a). Mesmo após a
confirmação do primeiro caso de Covid-19 no Brasil, Bolsonaro disse que a pandemia
era uma “fantasia” (G1, 2020) e, ignorando as recomendações dos órgãos de saúde, o
presidente cumprimentou apoiadores durante manifestações, quando a orientação era
evitar aglomerações (OTTA, 2020). O líder do Executivo brasileiro fez diversas
aparições sem máscara – mesmo quando o uso já era obrigatório no país – e afirmou,
em pronunciamento na TV, no dia 24 de março, que o coronavírus não o afetaria “pelo
[seu] histórico de atleta” (REDAÇÃO, 2020). Em 29 de março, durante um passeio em
Brasília, Bolsonaro disse que: “– É a vida. Todos nós iremos morrer um dia”
(CAIXETA, 2020). Em 10 de abril, em mais um de seus passeios, mesmo quando da
necessidade de isolamento social, ele afirmou: “– Ninguém vai tolher meu direito de ir e
vir” (AGÊNCIA ESTADO, 2020), enquanto cumprimentava apoiadores dentro de uma
farmácia. Em 20 de abril, ao ser perguntado sobre o número de mortes, o presidente
respondeu: “– Eu não sou coveiro” (FOLHAPRESS, 2020b); Em 28 de abril, ele
também disse: “– E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Sou Messias, mas não faço
milagre”, em alusão ao nome do meio (GARCIA; GOMES; VIANA, 2020). Ele
também se posicionou diversas vezes contra o isolamento social, defendendo que “a
economia não pode parar” (SILVA; PASTI, 2020). No dia 11 de junho, em live no
Facebook, o presidente incentivou que seus apoiadores entrassem em hospitais e
filmassem a ocupação de leitos (FLORES, 2020), alegando que havia uma
supernotificação de mortes por Covid-19 no país. Segundo relatórios da própria
Agência Brasileira de Inteligência (Abin), o número de casos da doença pode ser, na
verdade, de oito a dez vezes maior do que o notificado. Após a sugestão de Bolsonaro,
cinco deputados do Espírito Santo invadiram o Hospital Dório Silva, no município de
Serra, no dia 12 de junho. Em entrevista, eles afirmaram que quase todos os leitos
estavam ocupados por pacientes com Covid-19 (APÓS..., 2020). Além disso, o
Ministério da Saúde está há mais de dois meses sem um titular (SOUZA; FERREIRA,
2020), em pleno contexto de pandemia – a pasta está sob o comando interino do general
da ativa Eduardo Pazuello. Os ministros anteriores, Nelson Teich e Henrique Mandetta,
deixaram o cargo por divergências com o presidente a respeito da crise sanitária
(ASSIM..., 2020). Outra conduta questionável do Governo Federal foi em relação ao
acesso à informação, direito previsto na Constituição de 1988 e na Lei de Acesso à
Informação (LAI). Já sob a gestão de Pazuello, o Ministério da Saúde parou de divulgar
o número acumulado de casos e mortes pela Covid-19 no Brasil (RODRIGUES, 2020).
Também passou a atrasar o horário de divulgação dos dados, a fim de que o Jornal
Nacional (TV Globo) não conseguisse exibi-los diariamente (GARCIA, 2020). A
divulgação dos dados se regularizou depois de ordem do Supremo e do surgimento de
iniciativas independentes de apuração das informações (PONTES, 2020). Destacam-se
ainda as fake news que afirmam que ‘existe um medicamento específico para o
tratamento ou a prevenção da Covid-19’ (categoria ‘ciência médica: sintomas,
diagnóstico e tratamento’) – essa é a notícia falsa mais disseminada pelo presidente Jair
Bolsonaro. Segundo o Ministério da Saúde, os ensaios clínicos ainda estão em
andamento e não há nenhuma comprovação de que a hidroxicloroquina ou qualquer
outro medicamento possa curar ou prevenir a Covid-19. Mesmo diante da ausência de
comprovação científica, Bolsonaro fez propaganda da cloroquina em inúmeras ocasiões
– entrevistas, publicações nas redes sociais, fotos, vídeos e lives (ZYLBERKAN, 2020).
Depois de divulgar seu resultado positivo para a doença, em 7 de julho, o presidente
continuou fazendo propaganda do remédio em suas redes sociais, usando o próprio caso
como exemplo (TEÓFILO, 2020a). O presidente também determinou que o Exército
aumentasse a produção de cloroquina, desconsiderando a ausência de comprovação
científica de sua eficácia, bem como os seus efeitos colaterais (VELEDA, 2020).
Especialistas alertam que o uso da substância não deveria ser feito sem
acompanhamento médico direto, por causa da gravidade de possíveis reações ao
remédio. Um dos principais efeitos colaterais do medicamento seriam as complicações
cardíacas (MENDONÇA, 2020). Em agosto, foi divulgada outra possível cura – a
aplicação de ozonioterapia por via retal. Nas redes sociais, o prefeito de Itajaí (Santa
Catarina), Volnei Morastoni (MDB), anunciou que a cidade faria parte de um estudo
para utilizar o método no tratamento de pacientes infectados por coronavírus
(WAGNER, 2020). O caso gerou controvérsias e o Conselho Nacional de Ética em
Pesquisa (Conep) afirmou que, embora tenha autorizado três estudos para investigar a
relação do ozônio com a Covid-19, não há comprovação de que o método funcione
(GRANCHI, 2020). Matéria publicada pelo UOL (SANTOS, 2020) destaca que a
International Fact-Checking Network (IFCN) – ou Rede Internacional de Verificação de
Fatos, em tradução livre para o português – reuniu mais de 80 veículos em mais de 70
países em uma grande aliança de verificação de notícias falsas. Coincidentemente – ou
não –, os três países com mais fake news verificadas são os mesmos que lideram os
rankings de casos de Covid-19 no mundo: Índia, Estados Unidos e Brasil. “Uma guerra
nas redes sociais envolvendo informações enganosas, ambíguas e falsas, além das
consequências negativas para a saúde pública, prejudicaram a adesão a medidas de
distanciamento social” (CRUZ, 2020). Esta conclusão está no relatório técnico do
Centro de Estudos e Pesquisas em Emergências e Desastres em Saúde (Cepedes), da
Fiocruz. De acordo com o levantamento, os baixos índices de isolamento social teriam
contribuído, significativamente, para a sobrecarga do sistema de saúde, para o
comprometimento do atendimento médico-hospitalar e, também, para a inclusão de
medicamentos sem eficácia comprovada no tratamento da doença.

As fake News durante as eleições


As novas mídias interferem atualmente no mundo político e social, fazendo inclusive
regimes com tendências autoritárias intervir diretamente nessa esfera (Sorj & Fausto,
2016). Mas não é apenas em regimes autoritários que o Estado atua diretamente no
mundo virtual. Em governos democráticos, como o do Brasil, há grupos políticos que
também tentam fazer seu próprio caminho dentro das redes sociais digitais, seja
financiando influenciadores, seja construindo plataformas de grande inserção social,
cuja narrativa atende ao desejo ideológico do grupo. Sendo assim, da mesma forma que
as mídias digitais servem para trazer mais conhecimento e velocidade de comunicação
às pessoas, elas também são utilizadas para a desinformação e manipulação ideológica.
No Brasil, desde as eleições presidenciais de 2014 as influências das mídias sociais se
mostraram um fator predominante no ambiente político. Antes disso, em 2013, grandes
mobilizações articuladas principalmente pela internet levaram milhões de brasileiros às
ruas protestando contra o governo da ex-presidente Dilma Rousseff (Barboza &
Jardelino, 2019; Oliveira, 2014; Sousa & Souza, 2013). Esses protestos já
demonstravam que a maneira de se fazer política (ou marketing político) estava
mudando. Já não duraria muito e a participação do público viria a crescer de forma
exponencial nos debates políticos.
Ao longo de 2016, grandes partidos brasileiros enfrentavam problemas internos: o
movimento Democrático Brasileiro (MDB) se tornou situação e começou a ser
massacrado pela opinião pública, sendo classificado diretamente pela esquerda como
“golpista” e pela direita como incompetente, levando a avaliação do governo do então
presidente Michel Temer, que assumiu a presidência após o impeachment de Dilma
Rousseff, a obter números baixos; (b) o Partido da Social Democracia Brasileira
(PSDB), com o então presidente Aécio Neves, que respondia na justiça por crimes de
corrupção; © e o fragilizado Partido dos Trabalhadores (PT), que acabara de sair do
poder pelo impeachment após 13 anos de domínio na presidência (Codas , Cruz &
Kaysel 2015; Chaloub & Perlatto, 2015). Além disso, vários integrantes do PT
enfrentavam graves acusações na operação Lava Jato. Naquele ano, assim que foi
alçado à categoria de presidenciável, Bolsonaro passou a atuar maciçamente em suas
redes sociais digitais. Surfando na onda de pessimismo da sociedade perante a política,
utilizou uma narrativa de “forasteiro” que luta contra a velha política. Sem se preocupar
com alianças político-partidárias, conseguiu agregar simpatizantes em torno de um
partido político até então desconhecido, o Partido Social Liberal (PSL), reforçando a
narrativa do não político. Chegando em 2018, essa realidade foi comprovada pela
campanha do candidato vitorioso nas eleições presidenciais, Jair Bolsonaro, com sua
maciça presença nas redes sociais digitais. De fato, Bolsonaro foi um dos primeiros a
perceber essa mudança na comunicação política e tirou vantagem disso, investindo
muitos recursos nessas redes. Rejeitando coligações, Bolsonaro assim desafiava os
grandes partidos que desde a redemocratização se alternavam no poder.
Esse conturbado ambiente político continuou e se deteriorou até 2018. Naquele ano,
meses antes da eleição, Bolsonaro estrategicamente se reuniu com digital influencers da
chamada Nova Direita, crescendo a passos galopantes nas redes sociais digitais. Porém,
também era de conhecimento dos estrategistas políticos que ele teria apenas oito
segundos de tempo de televisão. Esse foi o meio em que apostaram os grandes partidos,
que, com tempo na TV, tentavam novamente o protagonismo nas eleições presidenciais.
O PSDB viria a concorrer com Geraldo Alckmin, o então governador de São Paulo, a
capital econômica do Brasil. Do outro lado havia o PT, com o ex-prefeito de São Paulo
Fernando Haddad, que representava o ex-presidente Lula, preso por corrupção por causa
de acusações na Operação Lava Jato. Houve outros candidatos, inclusive do MDB, e de
partidos menores.
As notícias falsas em questão contemplaram os campos políticos preponderantes nas
eleições brasileiras de 2018 – o campo da esquerda, representado por Fernando Haddad,
do Partido dos Trabalhadores (PT), e o campo da direita, liderado por Jair Bolsonaro, do
Partido Social Liberal (PSL). A opção de estudar as Fake News relacionadas com o
candidato da direita à Presidência da República foi tomada devido ao alcance e à
relevância que o respectivo candidato possuía na conjuntura nacional e no ciberespaço,
com milhões de seguidores.
A campanha de Jair Bolsonaro, marcada pelo desprezo pelos meios de comunicação
tradicionais, caracterizou-se pelo uso de estratégias computacionais, entre as quais está
a propagação de Fake News por meio de robôs e de algoritmos (Ituassu et al., 2019).
Pesquisas recentes (FGV, 2017) mostram que o uso de robôs sociais (social bots) e de
redes de robôs é muito importante para a propagação de notícias falsas, atingindo
diretamente processos políticos por meio da influência que têm na opinião pública, seja
criando falsos consensos, seja manipulando os trending topics (assuntos “do momento”
em redes sociais). Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV, 2017), robôs sociais são
usados maciçamente no Brasil contemporâneo, principalmente pelo Twitter (entre
outros fatores, o padrão de texto do Twitter, de 140 caracteres, gera uma limitação de
comunicação que facilita a imitação da ação humana), já há um tempo. Tais robôs são
utilizados por vários partidos políticos e ideologias, a exemplo das eleições brasileiras
de 2014, em que a FGV identificou significativas postagens de robôs no Twitter pró-
Dilma Rousseff e pró-Aécio Neves – à época candidato à presidência. Além disso,
robôs foram usados no Brasil no processo de impeachment (por ambos os lados
políticos), na eleição paulista de 2016, em greves gerais e em votações no Congresso,
como a da Reforma Trabalhista de 2017 (FGV, 2017). Mas o que são robôs sociais?
Grosso modo, são contas controladas por um programa que geram conteúdos e
interagem com não robôs. Na política, um dos objetivos deles é ter um comportamento
similar ao humano, o que permite interferir em debates espontâneos e até criar
discussões. Vale frisar, no entanto, que os robôs sociais também podem contribuir
positivamente para a sociedade, a exemplo dos chatbots ( chats operados por robôs) que
facilitam o atendimento a consumidores.
Embora as Online Social Networks tenham trazido novos elementos para o processo
democrático, como as plataformas de consultas ao cidadão, abaixo-assinados on-line,
entre outros, também nelas se mantêm os mesmos atores do mundo off-line, com
indivíduos/organizações que controlam o fluxo de informações (Barabási, 2009;
Christakis, 2009). Um exemplo é o ciberativismo (ou ativismo on-line), que ganhou
corpo a partir do final da primeira década deste século. Mobilizações que se iniciaram
nas redes sociais digitais aconteceram em todo o globo, como a Primavera Árabe
(Oriente Médio e África), os Indignados (Espanha), as Paneladas (Islândia), o Occupy
Wall Street (OWS, EUA) e as Jornadas de 2013 (Brasil), nas quais atos de rua
ocorreram paralelamente a atividades na arena on-line
Algumas Fake News que beneficiaram Jair Bolsonaro ao longo das eleições
presidenciais brasileiras de 2018. Foram selecionados três assuntos que se tornaram
virais nas mídias sociais brasileiras na época da eleição. Dentro destes tópicos,
verificámos quando eles se tornaram populares, a época em que atingiram um maior
número de pessoas e o alcance deles.
As três notícias falsas em questão foram escolhidas de maneira intencional, após um
levantamento prévio das principais Fake News de 2018 em jornais, revistas e no
Google. Assim, os temas selecionados foram
- Kit gay: Circularam pelas redes sociais digitais fotos, vídeos e textos que atribuíam ao
candidato Fernando Haddad (PT), ex-ministro da educação de Lula, a criação do kit gay
para crianças. Em agosto de 2018, em entrevista ao Jornal Nacional (principal telejornal
brasileiro), Jair Bolsonaro afirmou que um livro chamado “Aparelho Sexual e Cia”
estava dentro do material distribuído pelo kit gay.
Explicação: Aquilo a que Bolsonaro chamou kit gay fez parte do projeto Escola sem
homofobia do governo do PT. Ele teria como fim a formação de educadores e não tinha
previsão de distribuição do material para alunos. O programa, no entanto, não foi posto
em prática.
- Fraude nas urnas: Vídeo falso mostrou uma fraude na urna eletrônica: ao digitar o
número “1”, o aparelho “preencheria” o voto automaticamente no candidato Fernando
Haddad (número 13). O vídeo foi impulsionado por Flávio Bolsonaro, filho de Jair
Bolsonaro, em seu perfil no Twitter. Durante a campanha 2018, Jair Bolsonaro ficou
conhecido por desacreditar as urnas eletrônicas.
Explicação: O vídeo na verdade era uma montagem. Diante da enorme difusão das
imagens nas mídias sociais, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) afirmou à época que
não havia indícios de fraude.
- Jesus é travesti: Propagaram-se nas redes sociais digitais uma imagem em que a
candidata a vice-presidente de Haddad, Manuela D'Ávila (PCdoB), aparecia com uma
camiseta com os dizeres Jesus é travesti.
Explicação: Manuela usou o Twitter para mostrar a imagem falsa ao lado da original,
que tinha a palavra “rebele-se”.
As Fake News acima são apenas um pequeno recorte entre tantas outras compartilhadas
em mídias sociais nas últimas eleições brasileiras, em especial no Facebook e no
WhatsApp.
Vale ressaltar que durante as eleições de 2018 também ocorreram Fake News que
beneficiaram o candidato petista, Fernando Haddad, tais como: uma jovem marcada
com uma suástica no pescoço (suspostamente agredida por eleitores de Bolsonaro); Um
áudio de uma mulher gritando “eu voto Lula” em um vídeo do ex-candidato a presidente
Geraldo Alckmin (PSDB); e algumas pesquisas de intenção de voto falsas que
mostravam Haddad à frente de Bolsonaro.
No entanto, a ênfase aqui foi dada em Fake News pró-Bolsonaro devido à forte presença
do então presidente em mídias sociais (hoje continua sendo o político brasileiro que tem
maior número de seguidores no Facebook e Instagram), por seus eleitores se
informarem e acreditarem mais em notícias veiculadas via redes sociais digitais e
devido ao fato de a maioria das Fake News ter beneficiado Bolsonaro.
De acordo com a pesquisa Datafolha divulgada a quatro dias do primeiro turno das
eleições 2018, 81% dos eleitores de Bolsonaro afirmavam ter conta em mídias sociais,
enquanto no caso dos demais candidatos competitivos os números eram: Ciro Gomes
(PDT), 72%; Fernando Haddad (PT), 58%; e Geraldo Alckmin (PSDB), 53%. Os
eleitores de Bolsonaro também foram os que reconheceram ler mais notícias no
WhatsApp (61%) e compartilhá-las (40%) – Ciro Gomes (PDT) registrou 46% e 22%,
respectivamente; Fernando Haddad (PT), 38% e 22%; e Alckmin, 31% e 13%. No
Facebook o domínio se manteve, com mais da metade dos eleitores de Bolsonaro
afirmando que liam (57%) e compartilhavam (31%) conteúdo político. Alckmin
registrou 31% e 14%, respectivamente; Haddad, 40% e 21%; e Ciro, 50% e 22%.
Em relação à quantidade de Fake News em prol de Haddad e Bolsonaro, um
levantamento do site Congresso em Foco mostrou que, entre 123 Fake News
identificadas por três agências de checagem de notícias (fact-checking) – Lupa, Aos
Fatos e o projeto Fato ou Fake, do Grupo Globo –, 104 foram contra Haddad e o PT e
19 contra Bolsonaro e aliados.

Conclusão:
As Fake News prejudicaram muito em ambos os lados, durante a pandemia, as Fake
News nos atingiram em um momento muito delicado e de muita vulnerabilidade,
abalando emocionalmente, atrapalhando e preocupando os civis, durante as eleições,
muitas das Fake News foram usadas contra os próprios concorrentes, e acabou minando
uns mais que os outros, assim prejudicando e muito a política do nosso país.

Referencias:
Tese_Tatiana Dourado.pdf (ufba.br)

Pandemia de desinformação: as fake news no contexto da Covid-19 no Brasil (fiocruz.br)

https://scholar.google.com.br/scholar?hl=pt-BR&as_sdt=0%2C5&q=fake+news+elei
%C3%A7%C3%B5es+2018&lr=lang_pt&oq=Fake+News+ele#d=gs_qabs&t=1654643
682292&u=%23p%3D8gk_wiKNlRoJ

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