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Como contributo para esta temática trago-vos uma situação particular, verídica , vivida ente

2015/2016 , no Brasil, por um dos rostos mais expressivos da atualidade na comunicação


mediática , no ativismo social, na luta pelos direitos humanos e abolição da escravidão e na
defesa da liberdade de expressão democrática.

Trago-vos um episódio de um esquema de “fake news” vivido por Leonardo Sakamoto,


Jornalista e Professor, Doutorado em Ciência Política , Presidente da Repórter Brasil ( ONG) e
representante da mesma na Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo ,
consequentemente é conselheiro do Fundo das Nações Unidas para Formas Contemporâneas
de Escravidão e comissário da Liechtenstein Initiative - Comissão para o Setor Financeiro
contra a Escravidão Moderna e o Tráfico de Seres Humano. É o rosto e a “mão” do famoso
Blogue do Sakamoto , no portal UOL Brasil, onde põe a descoberto assuntos sobre política e
direitos humanos ; que muitas vezes, tal como o próprio afirma “Deixam muitas pessoas
insatisfeitas” .

Passemos à partilha:

Irei narrar parte de um depoimento dado numa palestra , num evento da Gi , no ano passado,
onde este relata o esquema de fake news em que deteve o papel principal como vítima do
logro, à medida que nos vai apresentando a sua visão sobre o “universo fake news” .

Sakamoto começa por nos enquadrar temporalmente -2015- foi neste momento em que
começa a ser vítima, do mais tarde se viria a reconhecer como um esquema de fake news para
manchar a credibilidade da a sua voz veraz .Tudo demorou cerca de mais de um ano; fora
várias a incursões feitas , ladeado por advogados, em busca da verdade. E conseguiram. Foi
descoberto que uma determinada instituição tinha contratado uma empresa de Marketing
Digital para encetar o processo engajado num “sistema maior” , segundo Sakamoto.

Nas palavras de Leonardo : “ Por vezes a resistência que encontramos nos meios
políticos/empresariais em termos profissionais não são fruto de um simples azar – ás vezes, o
“azar” é pago, construído e comprado por um milhão de visualizações” (…) Há notícias falsas
que são geradas com um intuito específico … há uma orquestração – são relações causa-efeito,
mentiras construídas para causar problemas. Algo partilhado sucessivamente na Internet
tornasse verdade, uma vez que uma quantidade grande de likes é suficiente para gerar
credibilidade”.

Sakamoto alerta para uma problemática maior, que se esconde por detrás da simples “fake
news” que facilmente se detetam por serem, tantas vezes obviamente falsas; ou as fake news
que designa como “ sanduiches de mentira” , muitas vezes entremeadas entre várias verdades
para serem “engolidas” como tal; mas para ele o problema maior reside no “sistema maior”, o
que está ligado à desinformação, á manipulação e à híper- partidarização .Para ele o conceito
de desinformação estái além da fake news, e este , juntamente com os “discurso de ódio”
pode ser usado para manipular a democracia.

Leonardo Sakamoto refere que não há ainda uma definição mundial para este fenómeno,
porque ele é visto de forma diferente, mundo fora, dependendo dos lugares e das pessoas. É
por isso que se torna um desafio enorme. A dado momento ele chega a referir quue a
sociedade em geral não sabe sequer o que são “news” , quanto mais “fake news”(!!)

Esta é uma questão extraordinariamente importante, e vai de encontro aos conteúdos que de
maneira geral vamos aflorando nesta licenciatura em Educação; estou a falar da alfabetização
mediática.

Este tema não é o foco direto deste fórum, mas é de extrema relevância, pois nesta questão
poderá residir a solução para a compreensão destes fenómenos.

Sakamoto refere que as “pessoas não sabem distinguir um texto narrativo-reportagem de um


texto de opinião-análise/editorial”, e que , portanto, aclamam erroneamente que algo é fake ,
apenas por não concordarem , “verdade na net é tudo o que nós concordamos e mentira tudo
aquilo que discordamos, aplicamos o nosso parecer de validação de acordo com a nossa visão
do mundo- tudo o que não bate com esta visão já não é verdade” .

Segundo Sakamoto, e os restantes membros da mesa desta palestra, a sociedade não tem
“educação para o debate ( pensamento crítico);somos precários na leitura e interpretação de
texto; não temos uma alfabetização mediática e as pessoas não estão preparadas para
consumir informação”.

A evolução tecnológica vertiginosa e o acesso ao mundo da informação transformou-nos em


leitores/consumidores e produtores de informação, mas sem “acompanhamento , no sentido
de saber ler e distribuir notícias”

É preciso sermos “ comunicadores responsáveis”. Sakamoto afirma que falta essa capacidade
de entender o “processo de prodição e receção de notícias” e que por isso, num “ambiente
olarizado” como o das sociedades atuais é fácil acontecer este fenómeno.

“o problema não é tecnologia”, segundo Leonardo; o problema é como utilizar toda esta
“grandiosidade de conhecimento”. Como a “maioria não sabe” , enfrentamos problemas.

Sakamoto termina dizendo que - ”Quando a informação não é vista como subsídio para a
construção de significados coletivos mas como armamento de batalha, torna-se incontrolável”
– esta afirmação é contundente , e tão certa.

“As pessoas não precisam de uma arma pra se matarem…usam apenas as mãos( teclando) (..)
matam-se simbolicamente”( nota: é o que assistimos com os discursos de ódio - como
recentemente temos observado no casos da Greta Thunberg; direitos da mulher;
homossexuais…etc).

Sakamoto retrata o contexto vivido no seu país, Brasil ( mas as realidades- Brasil/Portugal e
resto do mundo , tocam-se em muitas áreas) porém , tal como este afirma, o importante é
todos “caminhemos no sentido da Alfabetização Digital, para melhorar a educação” .

Ele afirma que não será possível retirar todas as notícias falsas do mundo; mas que é possível
atacar a “causa”- reduzindo a polarização social, alfabetizando para os media e ampliando os
projetos de diálogo entre os jovens; para ele ,esta é a única saída possível para que se respeite
a democracia, para que se respeite a liberdade de expressão como direito que assiste ao ser
humano, sem repressão e censura; sem que as forças do poder não controlem em co-
produção os media ( ou seja, tal como na afirmação em Lopes(p.11) “ expondo os desvios das
normas ao público e (…) devido a esta última função (…) são (…) criticados, por exporem
também o que para muitos não interessava divulgar..) ditando o que é “verdade e mentira”.

A verdade é este assunto é ainda muito insipiente. Há vários estudos que indicam , segundo a
mesma fonte do link I ,em anexo, que estas notícias se disseminam mais rapidamente que as
verdadeiras; mas que em contraponto são apenas pequenos núcleos que acreditam nelas.
Todavia, também ficou demonstrado que pequenos núcleos, em situações como eleições ,
podem fazer diferença;, e de facto fizeram , segundo os dados revelados pelo whatsapp
ontem, relativamente às eleições de Trump ( link II).

Ainda não se sabe como reagir; nem como prever quando e de onde vêm esta Fake News;
porém, como é referido nesta palestra, “quando lidamos com valores transversais ,
mobilizamos o nosso entorno” ; creio que “todos “ nos mobilizaremos para um
enquadramento melhor; concordam?

LAMENTO a extensão de texto; mas, de facto, é um assunto deveras fecundo para “editar”
raciocínio!

Continuação de bom trabalho.

Até breve

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