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FACULDADE MAURÍCIO DE NASSAU

CURSO DE PSICOLOGIA

INGRID FABIANNE PEREIRA COSTA

RELATÓRIO FINAL DE PRÁTICA INTEGRATIVA II (ESTÁGIO


BÁSICO)

GARANHUNS
2023
INGRID FABIANNE PEREIRA COSTA

RELATÓRIO FINAL DE PRÁTICA INTEGRATIVA II (ESTÁGIO


BÁSICO)

Relatório final de Prática Integrativa II


(Estágio Básico), do 7º Período do
Curso de Psicologia da Faculdade
Maurício de Nassau, sob a orientação
da professora Andrielly Maria Pereira.

GARANHUNS
2023
INGRID FABIANNE PEREIRA COSTA

RELATÓRIO FINAL DE PRÁTICA INTEGRATIVA II (ESTÁGIO BÁSICO)

Relatório final apresentado à Faculdade


Mauricio de Nassau como parte das
exigências para a obtenção da nota da
disciplina de Prática Integrativa II (Estágio
Básico).

Garanhuns – PE, 27 de Junho de 2023

__________________________________
Prof. Andrielly Maria Pereira

__________________________________
Elielma Teixeira Paes
RESUMO

O Estágio se configura como uma atividade realizada fora do âmbito


acadêmico com o intuito de proporcionar ao estudante a oportunidade de entrar
em contato com a realidade da prática da profissão que escolheu seguir. Uma
das ferramentas que se utiliza para descrever e analisar as experiencias do
estudante no campo de estágio é o relatório, instrumento obrigatório por lei. É
diante disso que o presente relatório visa expor as atividades realizadas no
Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) – demarcando a
importância da psicologia nesse âmbito, uma vez que trata-se de um dos
pilares para se pensar no indivíduo em sua completude, um ser de direitos e
subjetividades – e visa trazer também conhecimentos adquiridos através de
oficinas ofertadas pela própria Universidade acerca de temas pertinentes ao
estagiário de psicologia.

Palavras-chaves: Estágio. Relatório. CRAS. Psicologia. Subjetividades.


Oficinas.
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.........................................................................................................5

2. DESCRIÇÃO DE ATIVIDADES...............................................................................7

2.1 ABRAÇAR 01 – VISITA TÉCNICA............................................................................7

2.2 CRAS – VISITA TÉNICA E OBSERVAÇÃO.............................................................8

2.3 CRAS – PRIMEIRO CONTATO: COMUNICAÇÃO E VÍNCULO............................10

2.4 CRAS – COOPERAÇÃO E TRABALHO EM EQUIPE............................................12

2.4 AUTISMO: ACOLHIMENTO AOS PAIS E PROPOSTA DE ATIVIDADE................14

2.5 CRAS – UM DIÁLOGO SOBRE DEPENDÊNCIA QUÍMICA...................................16

2.6 CRAS – FAKE NEWS.............................................................................................17

2.7 UNINASSAU – OFICINAS.......................................................................................19

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................21

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................22
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1. INTRODUÇÃO
De acordo com a Lei de Estágio, de 2008, o estágio é entendido como
uma atividade educativa realizada em ambiente de trabalho que tem por
objetivo preparar o estudante que frequenta o ensino superior (e entre outros)
de forma regular, o fazendo adquirir competências da atividade profissional que
escolheu seguir, e assim estar apto à vida cidadã e ao trabalho.

O inciso IV do caput do art. 7º da referida Lei traz ainda a exigência da


apresentação periódica do relatório das atividades. É nesse sentido que o
presente relatório vem com a proposta de descrever as atividades
desenvolvidas no Centro de Referência da Assistência Social (CRAS)
demonstrando a aplicação dos conhecimentos adquiridos durante o curso de
Psicologia da Faculdade Mauricio de Nassau, Garanhuns – PE. Sendo também
o mencionado relatório, uma das exigências para a obtenção de nota na
disciplina “Prática Integrativa II (Estágio Básico)”, composta por 80h de carga
horária dividida em aulas práticas e aulas teóricas com a orientação da
professora Andrielly Maria Pereira. O Estágio iniciou no dia 09 de Março de
2023 e terminou no dia 27 de Junho de 2023.

Consoante à Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), de 1993, O


CRAS é uma unidade pública municipal, que deve ser localizado em áreas de
maiores índices de vulnerabilidade social. Atua identificando as demandas do
território para a realização de serviços socioassistenciais, visando prevenir
situações de vulnerabilidade e risco social por meio do fortalecimento de
vínculos familiares e comunitários. Com a implementação do Sistema Único de
Assistência Social (SUAS), em 2005 e a elaboração da Norma Operacional
Básica (NOB-SUAS/2012), o psicólogo passou a ser definido como um dos
profissionais que deveria compor o CRAS. Com relação a isso, autores como
Afonso, Vieira-Silva, Abade, Abrantes e Fadul (2012) expõem que esse fato se
deu pelo reconhecimento da subjetividade, junto a questões sociais e políticas,
como elemento fundamental que impacta o acesso aos direitos dos indivíduos.

O objetivo do psicólogo no CRAS, segundo o CREPOP (2008), é de,


junto à Assistência Social, fortalecer o usuário como um sujeito de direito, um
sujeito ativo que conquiste e se aproprie de sua condição, para assim romper
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com o ciclo de pobreza, construindo a emancipação do sujeito e a consolidação


das políticas públicas.

Diante desse contexto, os objetivo do estágio no CRAS foram levar os


conhecimentos teóricos de forma ética e crítica para a prática assistencial,
demonstrando a importância da psicologia, ampliando o conhecimento dos
participantes na perspectiva da saúde mental e dos direitos sociais e dando voz
e espaço a pessoas em situação de vulnerabilidade. Para atingir esses
objetivos foram realizados vários momentos de reflexão e acolhimento através
de dinâmicas e discussões sobre os temas abordados, que por sua vez foram
pensados em decorrência das demandas específicas percebidas na
comunidade. Pôde-se, dessa forma, trabalhar com dois grupos de
adolescentes acerca do primeiro emprego, e da vida pessoal, tratando temas
como comunicação, trabalho em equipe, dependência química e “Fake News”,
pôde-se também trabalhar com o grupo de mulheres acerca da dependência
química e ter um momento de acolhimento e escuta com um grupo de mães e
educadoras de pessoas com TEA.

O CRAS, enquanto campo de estágio em questão, está situado no bairro


COHAB III, na cidade de Garanhuns – PE. Sua estrutura organizacional é
composta por uma coordenadora, uma assistente social, uma psicóloga, duas
educadoras e uma recepcionista. Sua estrutura física conta com o espaço
térreo, composto por uma recepção e quatro salas, entre elas a sala da
coordenação e o primeiro andar, que conta com uma sala para eventos e
encontros, um banheiro, um almoxarifado e uma cozinha.

Os procedimentos metodológicos utilizados foram rodas de conversas,


para promover momentos de acolhimento e reflexão, dinâmicas, para tornar o
aprendizado mais dinâmico e palestras, que visaram repassar informações
sobre saúde mental e direitos sociais.

O relatório está dividido em oito capítulos, onde o primeiro traz


brevemente o primeiro dia de estágio ocorrido na Instituição Abraçar 01, que
findou-se com apenas uma visita técnica. O segundo capítulo trata sobre a
importância da comunicação na vida pessoal e no trabalho, tema discutido no
CRAS. O terceiro capítulo explora a temática cooperação e trabalho em equipe
7

trabalhado com adolescentes no CRAS. O quarto capítulo traz a respeito do


Transtorno de Espectro Autista (TEA) e atenção aos pais e cuidadores,
trazendo também atividades planejadas para crianças que possuem o
transtorno. O quinto capítulo fala a respeito da dependência química, tema
trabalhado com mulheres e adolescentes usuários do CRAS. O sexto capítulo
fala a respeito de “Fake News” e o sétimo capítulo, por sua vez, tratará acerca
das oficinas acadêmicas oferecidas pela Universidade para complementar a
prática dos estagiários.

2. DESCRIÇÃO DE ATIVIDADES

2.1 ABRAÇAR 01 – VISITA TÉCNICA


O abrigo Abraçar 01, situado na cidade de Garanhuns – PE, é uma
unidade do serviço de acolhimento institucional, que funciona de forma integral
e que possui como finalidade o acolhimento de crianças e adolescentes que
estão afastados de suas famílias por motivos de medida protetiva, situação de
abandono ou ainda por impossibilidade temporária de suas famílias lhes
garantirem cuidado e proteção. Dessa forma, a instituição oferece moradia,
alimentação, saúde, educação, lazer, esportes e cuidados diários e constantes.

Na visita técnica foi possível conhecer o ambiente e fazer uma roda de


conversa com educadores, psicóloga e equipe profissional que trabalha lá. Na
conversa com a equipe percebeu-se queixas como falta de disciplina e
interesse escolar por parte dos acolhidos, temáticas sensíveis que envolvem
tentativas de suicídio, preconceito, sexualidade e gênero, além da falta de
comunicação e programação entre a equipe profissional. Queixaram-se
também da necessidade de serem ouvidos e de não saberem lidar com
demandas pessoais e sensíveis do ambiente de trabalho ao mesmo tempo.
Dada essas circunstâncias e considerando que as crianças e os adolescentes
do local estariam estudando em horário integral, tornou-se insustentável a
operação do estágio dos alunos do 7º período de psicologia nesse ambiente,
ficando a cargo dos estagiários do 9º período do curso por estarem aptos ao
atendimento individual. Ao 7º período coube o campo de estágio no CRAS.
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2.2 CRAS – VISITA TÉNICA E OBSERVAÇÃO


O primeiro dia de estágio no CRAS iniciou com uma visita técnica para
conhecer a Instituição, a equipe profissional, entender as demandas da
comunidade, definir horários do estágio no campo e observar as atividades que
foram desempenhadas por estagiários de outra Universidade que estavam lá.

De forma geral, é possível afirmar que essa visita possuiu um caráter


estritamente observacional, que também é um dos fenômenos essenciais que
compõem a prática do psicólogo. A palavra observação vem do latim, que é a
junção de ob (diante) e servare (olhar, conservar), porém, a observação é mais
do que olhar, envolve diversos outros elementos como o ouvir e o imaginar. A
partir disso, consequentemente também envolve a reflexão e as afetações. É
por isso que, de acordo com alguns autores, é possível entender a observação
como um recurso de investigação. Dentro da psicologia a observação pode
funcionar, por exemplo, como a investigação dos sentidos, interações,
significações humanas produzidas nos comportamentos, entre outros. A
observação se trata, nesse caso, de escuta e olhar com atenção para as
diversas e interligadas sensibilidades que uma situação/fenômeno pode
apresentar, e a partir disso, descrever, estudar e explicar. De acordo com
Arpini et.at.:

A observação em psicologia tem por objetivo capturar o que não é visível


a olho nu, ou seja, o que determina, orienta e o que poderia explicar os
comportamentos. Não se pode ficar limitado àquilo que foi visto e à sua
descrição. Se uma observação pretende ir além do visível, ela não pode se
fundar unicamente sobre o que a visão é capaz de registrar, mas ela deve
poder considerar a sensibilidade do observador. (ARPINI ET. AL. (2018, p.
248).

Vale lembrar que os comportamentos possuem significados que diferem


de lugar para lugar e de cultura para cultura, logo, toda observação deve
ocorrer considerando o contexto social e histórico deles

No dia em questão esteve presente cerca de doze adolescentes. Os


estagiários responsáveis pelo encontro fizeram uma série de dinâmicas, as
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quais pudemos observar durante todo o momento. Para iniciar o encontro, os


estagiários realizaram algumas dinâmicas quebra-gelo. Pediram para os
adolescentes ficarem em círculo e com uma bola feita de papel deram a
instrução de que quem possuísse a bola escolheria uma pessoa para jogar
para ela, mas só poderia fazê-lo se a outra permitisse ou estivesse pronta, o
objetivo era conseguir chegar até o número 10 sem a bola cair ou sem mandar
a bola antes que o outro permitisse. Depois de muitas tentativas e erros
conseguiram chegar até o 10. A próxima dinâmica continuava no mesmo
círculo e com a mesma bola, mas dessa vez ao invés de fazer uma contagem
de número o objetivo era completar uma história, um dos estagiários começou
a história e passou a bola para outro adolescente para que a completasse e
assim sucessivamente. A próxima dinâmica foi muito semelhante, mas ao invés
de uma bola de papel, utilizaram um novelo de lã, o objetivo era manter a
coerência da história. Criaram a personagem de uma menina e foram dando
rumo à vida dela a cada repasse de novelo. No fim ficou visível o
entrelaçamento dos fios de lã e fizeram uma associação com a vida, em como
os outros podem afetar as narrativas de nossas vida e muitas vezes não
conseguimos controlar, existiu todo o caráter de ver a história o rumo que tinha
dado à personagem e assim que se passa o novelo vê-se a narrativa sendo
completamente mudada. Percebeu-se que as temáticas que mais surgiram
nessa brincadeira foram gravidez e relacionamento, sempre que alguém
tentava prezar o aspecto da educação e independência da personagem, a
narrativa de relacionamento e gravidez surgia novamente.

A próxima dinâmica tinha o intuito de fazer uma espécie de revisão de


todos os encontros que foram feitos com esses adolescentes anteriormente, foi
feito um caminho de peças de emborrachado colorido no chão, um adolescente
se voluntariava para começar e ele começava sorteando um número num pote
e andava a quantidade de casas que saísse no número, cada casa que
parasse havia uma situação com relação à vida ou ambiente de trabalho para
que resolvessem, questões sobre conflitos no trabalho, sobre o que iriam fazer
quando terminasse a escola, o que deveria conter no currículo e entre outras.
Cada um dos adolescentes presentes deveria participar dessa dinâmica e iam
tirando números do pote até chegarem no fim do caminho. Por último, como
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atividade final, entregaram uma cartolina, tintas, lápis e canetas e pediram para
os adolescentes se juntarem para desenhar, escrever ou pinto o que
quisessem acerca do que levarão para si dos encontros que tiveram. Por fim,
fizeram uma roda de conversa, onde foi perguntado o que tinham feito no
cartaz, e pedido uma espécie de “feedback” onde deveriam trazer suas
afetações com todos os encontros até agora. Quando todos foram embora nos
juntamos para discutir as impressões e o que poderia ser trabalhado com eles
na semana seguinte.

2.3 CRAS – PRIMEIRO CONTATO: COMUNICAÇÃO E VÍNCULO


No evento anterior observamos uma pequena intriga entre duas
adolescentes, onde uma teve um comportamento indesejado diante da outra,
que por sua vez, ficou chateada e afastou-se num canto isolada. A partir disso
e pensando na ideia de construir um vínculo com eles, pensamos em trazer a
temática “Comunicação”, que também estaria de acordo com os encontros
anteriores que tiveram com os estagiários acerca do mundo do trabalho.

Num primeiro momento, nos apresentamos e fizemos uma roda de


conversa em que cada um dos adolescentes deveria dizer seu nome e sua
idade e tirar um papel de uma caixa onde teria alguma pergunta aleatória para
responderem sobre si mesmos. Os adolescentes tinham entre 14 e 16 anos,
todos frequentavam a escola na comunidade e a maioria se aproximou em
decorrência dos encontros no CRAS. Após a roda de conversas foi feita uma
dinâmica chamada “Telefone sem fio”. Pedimos para que todos ficassem em
pé, de costas para o outro em uma fila que segue uma mesma direção. A
pessoa que está em uma das pontas (e que possui a visão de toda a fila) deve
começar fazendo uma série de gestos para a pessoa que está de costas à sua
frente, que por sua vez, deve repassar o que viu para o colega também à sua
frente e assim sucessivamente. À medida que vão passando a informação,
possuem visão do que está sendo passado e assim percebem as mudanças
que ocorreram na comunicação. Escolhemos um de nós, estagiários, para
iniciar a série de movimentos, o movimento conseguiu ser repassado até a
terceira pessoa, que daí em diante não olhou para trás para saber o que
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precisava fazer e a série de movimentos do início se tornou apenas toques no


braço até o final da fila, sem ninguém olhar para trás.

. Na Abordagem Centrada na Pessoa, fundada por Carl Rogers, há o


conceito chamado “Campo fenomenal da experiência”, que explica que as
experiencias individuais do indivíduo, tais como necessidades, interesses,
dificuldades, etc. formam uma espécie de “quadro referencial”, ou seja,
influenciam as percepções, os sentimentos e os pensamento dos indivíduos, o
fazendo enxergar o mundo de determinada maneira. A respeito disso, Hall e
Lindzey trazem que:

O que uma pessoa experimenta ou pensa não é de fato a realidade, é


meramente uma hipótese que pode ou não ser verdadeira – em muitos casos
as pessoas aceitam suas experiências como representações ideias da
realidade e se esquecem de tratá-las como hipóteses a respeito da realidade.
Em consequência formulam frequentemente uma grande quantidade de noções
erradas a seu próprio respeito ou sobre o mundo externo. (HALL; LINDZEY,
1984, p. 62)

Nesse trecho Hall e Lindzey retratam a importância da comunicação,


pois a partir do momento que individuo para a trata os próprios pensamentos
como hipóteses, abandona a ideia de tomá-los como absoluto e verdadeiro,
desde o que se interpreta como o que se passa para o outro e passa-se a
comunicar, clarificar, explicar, perguntar, correr atrás da veracidade dessa
hipótese. Para além da abordagem fenomenológica, alguns autores como
Chiavenato (1989, p. 39) contribuem falando que:

Comunicar não é somente transmitir uma mensagem é, sobretudo, fazer


com que a mensagem seja compreendida pela outra pessoa. Se não houver
compreensão do significado, não há comunicação. Se uma pessoa transmitir
uma mensagem e esta não for compreendida pela outra pessoa, a
comunicação não se torna efetiva. (CHIAVENATO, 1989, p. 39).

Quando essa perspectiva é trazida para se pensar o mundo do trabalho


na contemporaneidade, tomado pela ideia do empreendedorismo e gestão
empresarial, percebe-se que temas como “comunicação” são cada vez mais
buscadas. Katz e Khan (1986) são autores que consideram a comunicação
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uma atividade essencial para a vida da organização, pois estabelece uma


ligação entre os elementos que a constitui, oferecendo, dessa forma, sua
característica essencial, que é a de ser um sistema.

Com base no que foi exposto, fica evidente que a comunicação é um


recurso importante dentro das empresas para que possam obter bons
resultados e atingir objetivos. Percebe-se, então, que as empresas buscam
cada vez mais uma boa comunicação entre seus funcionários. Portanto, os
adolescentes usuários do CRAS, enquanto buscarem qualidade tanto em suas
vidas pessoais como no trabalho que encontrarem, precisarão reconhecer a
importância do desenvolvimento de uma boa comunicação e da
autoconsciência para resolverem seus problemas de forma eficaz e perdurarem
no trabalho que quiserem.

2.4 CRAS – COOPERAÇÃO E TRABALHO EM EQUIPE


Em decorrência da Páscoa, o CRAS organizou uma “oficina de
chocolate” com esses adolescentes para ensiná-los a fazer pirulitos de
chocolate. Momentos antes da oficina, foi nos encarregado de trabalhar a
temática “cooperação e trabalho em equipe” com eles.

Elaboramos algumas dinâmicas que funcionassem como um quebra-


gelo e uma dinâmica que trabalhasse a cooperação e o trabalho em equipe.
Iniciamos o encontro pedindo para que todos se organizassem em um círculo,
depois, ao som de uma música, pedimos para que se distribuíssem pela sala
de forma aleatória e quando a música parasse deveriam voltar aos seus
lugares, na exata posição em que estavam. Conseguiram desempenhar bem
esse primeiro momento, até que movemos um dos adolescentes para outra
posição do círculo, pedimos para que todos se organizassem nas mesmas
posições levando em consideração o adolescente que mudamos de lugar.
Tiveram muita dificuldade nessa etapa da dinâmica, pois dessa vez exigiu que
lembrassem quem estavam do seu lado ao invés de se basear pelo lugar
geométrico da sala. Repetimos a atividade mais uma vez até passarmos para a
outra. Ainda em círculo pedimos para que todos prestassem atenção aos
colegas que estavam ali presentes no círculo, sendo necessário notar detalhes
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de roupa, cabelo e etc. Depois, pedimos para fecharem os olhos e apontar a


direção onde acham que se situa a pessoa com a característica que íamos
falar. Ambas as dinâmicas exigiram de cada um prestar atenção aos seus
colegas, a quem estava ao seu redor, prestar atenção no outro, sendo uma
prática sutil que pode ser levada como um pontapé para desenvolver o
fenômeno da empatia, algo importante quando se fala em trabalho em equipe.

O autor Krznaric (2015) entende a empatia como a arte de se colocar no


lugar do outro através da imaginação, compreendendo sentimentos e
perspectivas do outro e usando essa compreensão para conduzir as próprias
ações. Ainda conforme o autor, se colocar no lugar do outro pode ser visto
como um desafio, pois exige uma série de atitudes e práticas diárias que tiram
o indivíduo da posição de egoísmo e lhe convida a compreender como os
outros veem o mundo e se situam nele. Portanto, a empatia como prática diária
não é apenas uma relação entre sujeitos, mas também é uma prática
fundamental na vida, pois é capaz de alterar os contornos da paisagem social.

Para finalizar o encontro, dividimos os adolescentes em três grupos de


três a quatro pessoas e disponibilizamos cartolinas, tintas, canetas coloridas,
lápis, borracha, réguas e tesouras para que cada grupo pudesse elaborar de
forma criativa um cubo em 3d num período determinado de tempo. Um dos
grupos foi bastante metódico e se ajudaram em todas as etapas da produção
do cubo, e portanto não tiveram tempo de fazer detalhes. O segundo grupo
optou por colorir com tinta antes de recortar, o que deixou o cubo deformado no
resultado final, porém, todos também foram participativos em todas as etapas.
O último grupo, por sua vez, não conseguiu produzir o cubo em equipe, pois
cada um tinha opiniões diferentes de como fazer, enquanto tentavam
solucionar uma forma de fazer o cubo, uma das integrantes fez, sozinha, um
menor com o resto de cartolina. Aproveitamos a atividade para dar
continuidade à temática que já vinham trabalhando com os estagiários acerca
de emprego, currículo e entre outros.

Peduzzi et. al. (2018, apud Brandt et al., 2014 e Chang et al., 2009),
destacam o reconhecimento de que o trabalho em equipe está relacionado a
um potencial de melhora, tanto com relação à atenção à saúde de usuários,
família e comunidade como também à satisfação no trabalho por parte dos
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profissionais e trabalhadores. Segundo Thomson et al. (2009), o trabalho em


equipe traz muitas vantagens, por exemplo o aumento na capacidade criativa e
de elaboração de alternativas inovadoras, melhora na capacidade de resolver
problemas complexos e na capacidade de tomada de decisões e
principalmente na redução do tempo para a execução das tarefas. Por isso as
empresas hoje em dia tendem a investir em trabalho em equipe, pois é
benéfico tanto para a saúde dos indivíduos como para os negócios.

Em vista do que foi exposto, após a atividade em equipe proposta para


os adolescente, dialogamos a respeito da necessidade de se adequar à essa
modalidade de trabalho, uma vez que é uma realidade existente nos lugares
que futuramente irão trabalhar.

2.4 AUTISMO: ACOLHIMENTO AOS PAIS E PROPOSTA DE ATIVIDADE


O Transtorno do Espectro Autista (TEA) tem sido um diagnóstico que
cresce cada vez mais no Brasil e vem exigindo uma maior atenção,
principalmente em comunidades vulneráveis. Conforme a American
Psychological Association (2014), o TEA caracteriza-se como um transtorno do
neurodesenvolvimento que pode suscitar prejuízos ao desenvolvimento global
de um indivíduo em três principais domínios, tais como interação social,
comunicação e comportamento. Segundo alguns autores como Grokoski
(2016) e Quaresma e Silva (2010), os primeiros sinais e sintomas costumam
ficar em evidência no decorrer dos primeiros anos de vida, porém, os traços
característicos do espectro são amplos, variando não apenas sob a perspectiva
do sintoma como também quanto ao grau de comprometimento em cada
indivíduo, o que contribui para que a origem do transtorno continue sendo
incerta.

É nesse sentido que junto ao CRAS, e pensando no mês de abril, um


mês dedicado à conscientização sobre o autismo, identificamos a necessidade
de fazer algo pensando nos pais, cuidadores e educadores de pessoas que
possuem o TEA da comunidade onde o CRAS se insere.

Sabe-se que um diagnóstico pode ter impactos não apenas para o


indivíduo como também para a família inteira. Pinto et al. (2016) explica que o
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nascimento de uma criança costuma vir acompanhada de diversas


expectativas por parte dos pais e por toda a família acerca desse indivíduo.
Dessa forma, receber um diagnóstico como o TEA pode acabar sendo
devastador, permeado de diversos sentimentos como luto, culpa, negação,
medo, insegurança, preocupação, desespero, e desesperança. Pensando
nisso, o evento teve como objetivo dar voz para esse público, proporcionando
um espaço acolhedor onde pudessem compartilhar suas experiências e
manifestar seus apelos e angústias.

Consoante Caminha et al. (2016), o TEA não possui cura mas existe
tratamento multidisciplinar, envolvendo médicos, fisioterapeutas, psicólogos,
fonoaudiólogos e entre outros. A precariedade e superlotação dos serviços
públicos torna a realidade ainda mais difícil para famílias vulneráveis que não
possuem condições de arcar com os custos do tratamento.

O evento no CRAS contou com mães e educadoras, todas do sexo


feminino. Pensando na conscientização, o evento iniciou com um vídeo
informativo intitulado “Autismo / Vídeo Especial” disponível no canal do
YouTube “Mayra Giato – Autismo e Desenvolvimento Infantil”, que trouxe
informações sobre o diagnóstico, visando combater o estigma que permeia
crianças e pessoas que possuem o TEA. Num segundo momento, fizemos
algumas considerações acerca do vídeo e a Psicóloga do CRAS
complementou informando acerca dos benefícios que a Instituição oferece,
como por exemplo, o BPC, um salário-mínimo mensal para autistas que possui
alguns pré-requisitos para ser concedido, sendo essa uma informação
essencial para ser repassada para poder evitar equívocos por parte dos
familiares que buscam o auxílio.

Após esse momento informativo, algumas mães se sentiram à vontade


para narrar um pouco das suas próprias experiencias, algumas ainda
aproveitaram o momento para deixar um apelo, não apenas para profissionais
e estagiários para levar a realidade da comunidade para fora daquele
ambiente, mas também para as mães e educadoras ali presentes acerca da
necessidade de um apoio mútuo de todos na comunidade.
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Ainda sobre essa temática, em momentos posteriores surgiu a


oportunidade de trabalhar com crianças autistas na Clínica Psicológica da
Faculdade Maurício de Nassau. Embora esse encontro não tenha sido
realizado por motivos maiores, vale pontuar o planejamento de atividades que
fizemos para trabalhar com essas crianças. Pensando e avaliando tudo o que
foi dito anteriormente acerca do transtorno, as atividades visaram trabalhar o
reconhecimento das emoções e a autopercepção das crianças e estimular a
interação entre elas. Num primeiro momento, planejou-se utilizar imagens de
coelhos que correspondem a diversas expressões faciais, desenvolvidas pela
Psicóloga e Neuropsicóloga Débora Barboza Rodrigues Martins, em seu
projeto Criativar – Recursos Terapêuticos, para reforçar o reconhecimento das
emoções de forma que pudessem também identificar como estavam se
sentindo. Em seguida, planejou-se estimular a interação entre as crianças
através de uma dinâmica de pareamento de números que funciona através de
cartas com numeração de um a cinco no chão e cartas com a mesma
numeração porém em forma de dominó, cada criança deveria associar as
cartas de dominó com os números no chão. Por último, exercitaríamos mais
uma vez a autopercepção das crianças uma vez que entregaríamos os
desenhos dos coelhos em suas variadas emoções e cada uma escolheria um
para pintar de acordo com a emoção que estariam sentindo após a dinâmica,
trabalhando também suas coordenações motoras através do pintar.

2.5 CRAS – UM DIÁLOGO SOBRE DEPENDÊNCIA QUÍMICA


Outra demanda pertinente percebida pelo CRAS foi a respeito da
dependência química entre os adolescentes, uma ocorrência que também vem
crescendo na comunidade. Tendo em vista que falar de prevenção ou combate
à dependência química requer uma atenção não apenas ao usuário como à
família inteira, decidiu-se fazer uma série de eventos com os grupos de
usuários que o CRAS captou e costuma trabalhar semanalmente, entre eles há
o grupo de mulheres às quartas pela manhã das 07h00 às 09h00 e dois grupos
de adolescentes às quintas, um pela manhã e o outra pela tarde.
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Segundo Amélia Prado, Psicóloga Especialista em Dependência


Química e Transtornos do impulso, ser mãe de um indivíduo com dependência
química é um momento muito complicado, pois exige da família se deparar com
uma série de mudanças de comportamento do filho, por vezes tornando difícil
reconhecê-lo e ainda carregar o sentimento de impotência, frustração e culpa.
Ainda segundo a psicóloga, muitas vezes, na tentativa de fazer de tudo para
ajudar o filho, a mãe vai se consumindo em sua dor e esquece que antes de
ser mãe é um ser e em meio ao seu desejo de salvar o filho dessa situação
pode também adoecer. Ser mãe vira sinônimo de sofrimento, de angústia e
tristeza, até conseguir reconhecer que é impotente perante o uso de substância
do filho, que mesmo o amor e cuidado não serão suficientes. Em caso de filhos
adolescentes, a psicóloga orienta que é preciso investir no relacionamento
familiar para que seja possível criar vínculo com o adolescente e entender
melhor os motivos pelos quais ele passou a usar drogas e permanece com
essa prática, quais comportamentos mudaram, quais seus hábitos, rotinas,
amizades, qual o tempo de uso e assim estabelecer limites, lembrando de
sempre tentar procurar ajuda profissional.

Amélia Prado atenta ainda para a busca de ajuda para si enquanto mãe
e familiar de alguém que é dependente químico, pois é um momento de
apreensão e descontrole emocional. Buscar atendimento psicológico e grupos
de apoio se faz, dessa forma, essencial.

O encontro com as mulheres ocorreu no dia 20 de abril, na quadra onde


se encontram semanalmente para a prática de exercícios físicos, e para que
nos adequássemos aos horários disponíveis para elas, tomamos uma hora da
manhã para discutir sobre o tema. O encontro possuiu como objetivo levar
informações a respeito da dependência química, desde como ocorre no
cérebro até mudanças comportamentais que provocam. Objetivou também
proporcionar um espaço em que pudessem compartilhar suas experiências,
visto a importância de serem ouvidas, porém, esse objetivo não pôde atingido
devido às circunstâncias e tempo do evento. Por fim, a psicóloga do CRAS
trouxe também informações sobre o serviços e alternativas existentes na
comunidade que pudessem ajudá-las ou quem quer que conheçam que precisa
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de ajuda, convidando também a procurarem-na para obter mais informações


caso tivessem.

2.6 CRAS – FAKE NEWS


Outra temática proposta pelo CRAS foi o tema “Fake News” (termo
comum que se refere a notícias falsas, em inglês) devido ao dia 20 de abril,
reconhecido mundialmente pelo Massacre de Columbine. Percebeu-se que
muitas desinformações estavam sendo propagadas a respeito dessa tragédia,
sendo, dessa forma, pertinente trabalhar a temática com os adolescentes.

Segundo Juliana Antero Luciano (2018), as “Fake News” são espalhadas


facilmente pela internet como notícias reais, mas que possuem conteúdos
distorcidos e não verídicos. Podem ser criados por variados motivos, sendo
muito comum serem usadas para influenciar posições políticas, por exemplo, e
influenciar correntes de opiniões sobre os mais variados temas. Ainda segundo
a autora, essas notícias falsas ganharam importância devido ao grande poder
de disseminação e consequentemente ao forte impacto que causa na
sociedade.

Luciano (2018, apud Dizikes, 2018) trouxe a respeito de um Estudo


realizado por cientistas em Massachusetts Institute of Technology (MIT3) nos
Estado Unidos, que concluiu que as notificas falsas possuem 70% mais
chances de se espalharem do que as verdadeiras, que por sua vez alcançam
muito mais pessoas. Isso porque as pessoas tendem a procurar informações
que se aproximam das próprias ideias já estabelecidas, fortalecendo, dessa
forma, pensamentos de pertencimento a um grupo. É por esse motivo que as
redes sociais investem no mecanismo chamado “Algoritmo”, que identifica o
interesse dos usuários, filtrando os conteúdos que vão aparecendo para cada
um, ainda de acordo com a relevância baseada no que a pessoa ou seus
amigos curtiram, podendo ocasionar o “fenômeno bolha”, ao redor do usuário,
pois este estará em contato prioritariamente com informações que reforcem a
opinião que possui.

Diante disso, num primeiro momento do encontro com os adolescentes,


fizemos uma roda de conversa para entender o que sabiam sobre o tema.
19

Posteriormente, passamos um vídeo educativo intitulado “Como identificar


Fake News?” do canal do YouTube “Social Good Brasil” que fala não apenas
do que se trata a temática e como identificá-las, mas também traz orientações
do que fazer para procurar informações que sejam verídicas. Após o vídeo,
houve um momento descontraído de conversa, onde cada um que se sentisse
à vontade trouxe um pouco da experiência do dia a dia com relação a notícias
falsas, demonstrando que as “Fake News” também podem ocorrer na escola,
com os colegas e até em casa com a família.

Devido a importância de se falar sobre as “Fake News”, no final do


encontro entregamos figuras, charges e imagens variadas a respeito do tema,
bem como folhas A4, canetas coloridas, tesouras, régua e lápis, para que
produzissem um mini cartaz informativo sobre o que absorveram do encontro,
visando ser algo que pudesse ser mostrado aos amigos e familiares.

2.7 UNINASSAU – OFICINAS


Pode-se considerar as oficinas como uma metodologia de ensino que se
caracteriza por oferecer momentos de interação e troca de saberes de forma
democrática, não vendo o educador como o detentor de todo o saber, bem
como explica a educadora Vera Maria Candau (1995), que considera as
oficinas pedagógicas como espaços onde se pode construir conhecimento de
forma coletiva, analisando a realidade e trocando experiências, dessa forma,
torna-se um espaço propício à reflexão e ação, permitindo integrar teoria e
prática. Diante disso, a Faculdade Maurício de Nassau (UNINASSAU) buscou
ofertar oficinas que pudessem complementar a vivência dos alunos com
relação aos estágios.

A primeira oficina realizada foi acerca da Psicologia Hospitalar, que


contou com duas residentes em psicologia do hospital da região, convidadas
pela Universidade para compartilhar suas experiências e rotinas. A oficina foi
uma espécie de roda de conversas em que os alunos puderam fazer perguntas
e tirar suas dúvidas diretamente com as residentes. Foi um momento pertinente
aos estagiários, uma vez que proporcionou abrir o leque de possibilidades que
a área oferece.
20

A segunda oficina trouxe um reforço com relação à triagem e serviço-


escola, sendo esse último um espaço que existe para auxiliar estagiários e
estudantes, proporcionando ensino, pesquisa, extensão e o desenvolvimento
de habilidades necessárias para a prática da profissão, além de contribuir com
a sociedade oferecendo atendimento a quem precisa e procura. Na oficina foi
possível esclarecer o fato de que, quando se fala em serviço-escola fala-se
necessariamente em triagem, pois esta é uma ferramenta que funciona como
uma porta de entrada, direcionando as demandas para as especialidades mais
apropriadas a elas, por isso é tida como a primeira etapa quando alguém
procura atendimento psicológico, sendo útil para os profissionais conhecerem
de antemão as dificuldades que aquela demanda irá exigir como também é um
momento de acolhimento e escuta, onde pode-se preparar o paciente
deixando-o ciente do que estará por vir. Dessa forma, foi uma temática muito
pertinente a todos os estagiários, pois precisam entrar em contato com essa
prática desde o início, sendo um momento importante para propiciar o
desenvolvimento não apenas profissional como também pessoal.

A terceira oficina contou com a presença de quatro estudantes do 9º


período do curso de psicologia, que compartilharam suas experiências de
estágio com crianças através do uso da ludoterapia, trazendo a temática
psicodiagnóstico interventivo. Trouxeram materiais e dinâmicas utilizadas
durante o estágio, contribuindo, dessa forma, para abrir o leque de
possibilidades dos alunos enquanto estagiários e futuros profissionais.

A última oficina realizada foi acerca da Rede de atenção psicossocial


(RAPS), um tema importante quando se fala em saúde mental, pois com a
Reforma Psiquiátrica a Lei 10.216 de 6 de abril de 2001 veio para consolidar
um modelo de atenção aberto e de base comunitária, propondo garantir o
cuidado das pessoas em sofrimento psíquico pelos serviços ofertados. Na
oficina foi entregue quatro tipos de estudo de caso para a turma dividir-se em
grupos e discutir para qual rede de atenção o paciente em questão poderia ser
encaminhado. Foi discutido caso a caso enquanto montava-se um grande
mapa mental da rede que compõe a atenção psicossocial. Em termos
didáticos, pode-se dividir em atenção básica, constituída pela Unidade Básica
de Saúde (USB) – consideradas portas de entrada do Sistema Único de Saúde
21

(SUS) – o Núcleo de apoio a Saúde da Família – servindo como um


fortalecimento da atenção básica a partir do acompanhamento e ações de
promoção de saúde de famílias em situação de rua – o Consultório de Rua, as
Unidades de Acolhimento e os Centros de Convivência e Cultura; atenção
psicossocial estratégica, constituída pelo Centro de Atenção Psicossocial
(CAPS) – um serviço comunitário do SUS que pode ser do tipo I, II, III, álcool e
drogas (CAPSad) e infanto-juvenil (CAPSi); atenção de urgência e emergência,
constituído pelo Serviço de Atendimento Móvel e Urgência (SAMU), UPAS 24
horas e Hospital Geral; estratégia de desinstitucionalização, constituída pelos
Serviços Residenciais Terapêuticas (SRT) e o Programa de Volta para Casa
(PCV) e estratégias de reabilitação psicossocial, constituídas, por sua vez, em
iniciativas de geração de trabalho e renda e empreendimentos solidários e
cooperativos sociais.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se que a experiência de estágio, para além da aprendizagem na
qual se deve associar a teoria vista em sala de aula com a prática, tem sido um
momento rico com relação a um desenvolvimento pessoal e criação de
identidade profissional, proporcionando amadurecimento, principalmente frente
às situações estressoras comuns da profissão. Tem sido, acima de tudo, um
momento de quebra de expectativas irreais e intensa humanização frente à
realidade da vulnerabilidade e risco social.

Os usuários do CRAS se fizeram receptivos e participativos nas


propostas oferecidas, todas pensadas no acolhimento e num espaço onde se
possa perpetuar suas subjetividades enquanto indivíduos e sujeitos de direitos,
evidenciando, dessa forma, a importância tanto da psicologia nesses
ambientes como também da Assistência Social enquanto áreas que se
transversalizam. Com relação às Oficinas, fizeram-se importantes
complementos para o entendimento dos alunos, pois trouxeram temáticas
pertinentes de forma dinâmica e coletiva.

Diante disso, entende-se a importância que o estágio possui para o


estudante, que não apenas aprende a colocar seus conhecimentos em prática,
22

como também leva consigo um crescimento pessoal e uma postura profissional


que o ajudará a se preparar perante qualquer situação que se depare durante
sua vida.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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