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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO
DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA

Plantão Psicológico da UFRRJ: Uma Análise dos Motivos de Busca e


Percepções dos Clientes

Aluno: Cláudio Yuri R da Silva


Matrícula: 20190075869
Prof Orientadora: Carla Cristine de Vicente

Seropédica
2023

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SUMÁRIO

1. APRESENTAÇÃO ------------------------------------------------------------------------ 3
2. INTRODUÇÃO ----------------------------------------------------------------------------- 5
3. JUSTIFICATIVA ----------------------------------------------------------------------------6
4. OBJETIVOS -------------------------------------------------------------------------------- 7
5. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ------------------------------------------------------- 8
6. MÉTODO ----------------------------------------------------------------------------------- 20
7. CRONOGRAMA -------------------------------------------------------------------------- 23
8. REFERÊNCIAS --------------------------------------------------------------------------- 23
9. ANEXOS ------------------------------------------------------------------------------------ 25

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1. APRESENTAÇÃO

A elaboração deste estudo foi possível graças a minha participação como


bolsista de apoio técnico no programa de estágio/extensão "Plantão Psicológico:
Acolhimento e Prevenção na UFRRJ". O programa de apoio técnico da UFRRJ é
possível graças à bolsa concedida pelo Programa de Desenvolvimento Acadêmico e
Institucional (PDAI). Essa bolsa é financiada pelo Programa Nacional de Assistência
Estudantil (PNAES), sendo a PROAES a responsável pela execução na UFRRJ. O
PDAI destina-se a alunos dos cursos presenciais de graduação, prioritariamente em
situação de vulnerabilidade socioeconômica, visando oferecer outras oportunidades
acadêmicas para o desenvolvimento acadêmico, cultural e profissional, nos
diferentes ambientes da Universidade ("Programa de Desenvolvimento Acadêmico e
Institucional - PDAI 2014)".

Minha participação no programa plantão psicológico foi um marco significativo


em meu início na profissão, proporcionando desenvolvimento profissional e pessoal.
Percebi sua importância desde minha participação no treinamento inicial para
plantonistas. As atividades que desempenhamos no projeto eram desafiadoras e
gratificantes, e me instruíram a desenvolver habilidades e conhecimentos essenciais
para a prática da psicologia.

Essa vivência me possibilitou aprimorar habilidades como a aplicação da escuta


ativa, a ampliação de um olhar sensível, a capacidade de acolher o cliente, a
compreensão das demandas de emergência e as maneiras de lidar com casos
inesperados, focando sempre no processo de autodescoberta, em vez de fornecer
soluções prontas, além do desenvolvimento da empatia e fortalecimento da minha
capacidade de me comunicar de modo mais assertivo.

A abordagem centrada na pessoa (ACP), foi o pilar instrutivo que fundamenta


os ideais teóricos do projeto, instruindo a manter a serenidade e a escuta atenta,
mesmo diante de crises. Esse aprendizado foi fundamental no desenvolvimento da
habilidade em compreender a complexidade e o sofrimento humano. Durante as
minhas experiências como voluntário no projeto "Plantão psicológico: Acolhimento e

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prevenção da UFRRJ" coordenado pela Professora Carla Cristine Vicente, do
departamento de psicologia do curso de psicologia da UFRRJ, me surgiu o interesse
em participar de modo mais profundo, e foi então que a participei do processo
seletivo para ser bolsista e obtendo aprovação e passando a compor a equipe de
gerenciamento e organização do projeto supracitado.

No contexto desse projeto, tornei-me bolsista e desempenhei atividades


voltadas para a prestação de atendimento psicológico, tanto no formato on-line,
quanto presencialmente no Campus da UFRRJ em Seropédica. Realizei e venho
desenvolvendo uma diversidade de tarefas, incluindo a realização de plantões
psicológicos para atender às demandas das pessoas da comunidade universitária,
de seropédica e adjacências, participação ativa em reuniões de supervisão visando
aprimorar habilidades clínicas e compartilhar experiências, elaboração de relatórios
detalhados referentes aos atendimentos realizados, documentando as intervenções
realizadas e os aprendizados adquiridos, contribuição para as atividades de
administração e organização do serviço de Plantão Psicológico incluindo tarefas
relacionadas à captação de clientes, distribuição pelos plantonistas,
acompanhamento de plantonistas, e participação em eventos científicos e iniciativas
relacionadas ao propósito de divulgar e aprofundar as temática do plantão
psicológico. Essas diversas responsabilidades dos bolsistas refletem a natureza
abrangente do projeto "Plantão Psicológico: Acolhimento e prevenção da UFRRJ",
que se adapta às necessidades da comunidade e busca promover o compromisso
social da Psicologia.

Assim, de acordo com a experiência narrada, surgiu o interesse em conhecer quais


são as motivações mais frequentes dos clientes ao buscarem atendimento no
plantão psicológico da UFRRJ.

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2. INTRODUÇÃO

Ao adentrarmos nos corredores da UFRRJ, acompanhamos a jornada do


Plantão Psicológico, desde os primeiros passos dados pela professora Carla
Cristine Vicente em 2016 até as inovações necessárias durante a pandemia de
COVID-19, quando o atendimento presencial se transmutou em uma experiência
virtual. Neste contexto, exploraremos não apenas os desafios enfrentados, mas
também os benefícios inesperados que surgiram com a adaptação às novas
tecnologias.

Ao abraçar a Abordagem Centrada na Pessoa (ACP) como pilar teórico, o


projeto estabelece um compromisso com a serenidade, a escuta atenta e a
compreensão profunda, mesmo em situações de crise. A complexidade e
diversidade dos casos enfrentados pelos plantonistas refletem a natureza
abrangente do projeto, adaptando-se continuamente às necessidades emergentes
da comunidade universitária. Ao explorar as motivações dos clientes e suas
percepções em relação aos atendimentos, esperamos identificar áreas de destaque
e aspectos passíveis de aprimoramento. Dessa forma, contribuímos não apenas
para a eficácia do serviço, mas também para a formação contínua dos estudantes
de psicologia envolvidos. O projeto "Plantão Psicológico na UFRRJ: Acolhimento e
Prevenção" continua evoluindo e adaptando-se às demandas emergentes. A
reintrodução dos atendimentos presenciais, juntamente com a manutenção do
formato online, reflete a flexibilidade e a abertura para inovações. A continuidade do
projeto destaca sua relevância na promoção do bem-estar psicológico e na
integração da universidade com a comunidade.

Portanto, a trajetória do Plantão Psicológico na UFRRJ ilustra não apenas a


eficácia do modelo de atendimento, mas também a capacidade de adaptação a
cenários desafiadores. Diante da necessidade de compreender os motivos que
levam as pessoas a buscar atendimento no plantão psicológico da UFRRJ, bem
como suas percepções sobre o serviço prestado, esta pesquisa vem como
estratégia para identificar áreas de excelência e lacunas a serem aprimoradas

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3. JUSTIFICATIVA

Este estudo se justifica por buscar compreender os motivos que levam as


pessoas a buscar um atendimento no plantão psicológico da UFRRJ, bem como
conhecer suas percepções em relação aos atendimentos realizados pelos
plantonistas (estudantes do curso de psicologia, treinados e supervisionados pela
coordenadora do projeto). A ideia é identificar áreas de excelência e lacunas que
demandam melhorias, colhendo informações às percepções e necessidades dos
clientes. Este conhecimento poderá evidenciar o compromisso social da UFRRJ em
cuidar e apoiar cuidados com a saúde mental dos estudantes e de toda a
comunidade acadêmica.

Além disso, os dados coletados poderão aprimorar a qualidade do


atendimento e dos serviços prestados pelos plantonistas e equipe organizadora do
projeto, revertendo em otimizações nos treinamentos e melhor formação dos
estudantes de psicologia da UFRRJ.

Os resultados do estudo podem ser utilizados para orientar o


desenvolvimento de políticas de saúde mental estudantis, que promovam a
prevenção, o tratamento e o apoio emocional aos estudantes. Inclusive se
estendendo a outras instituições universitárias que se dispuserem a adotar práticas
de cuidados semelhantes ampliando a possibilidade de acesso à população em
geral.

A melhoria dos serviços pode incentivar mais pessoas a buscar ajuda quando
necessário, contribuindo para uma comunidade mais inclusiva e solidária, com
serviços de atendimento psicológico comunitários pontuais, eficientes e menos
burocráticos.

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4. OBJETIVOS

OBJETIVO GERAL: Conhecer quais as motivações das pessoas ao buscarem


atendimento no plantão psicológico da UFRRJ e suas percepções em relação aos
atendimentos realizados pelos plantonistas, estudantes do curso de psicologia.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS :

● Levantar os motivos mais frequentes descritos pelas pessoas ao


preencherem os formulários de inscrição no plantão psicológico da
UFRRJ.
● Discutir os principais motivos encontrados e sua contextualização na
contemporaneidade.
● Investigar as percepções dos clientes sobre o atendimento no plantão
psicológico.
● Avaliar as percepções dos clientes em relação ao ambiente físico e
psicológico percebidos nos plantões que participaram.

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5. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

5.1 Histórico do Plantão Psicológico no Brasil .

De acordo com a literatura existente sobre o tema, as práticas de serviços


em plantão psicológico só passaram a ser oferecidas no Brasil, na década de 1960,
em São Paulo (CFP, 1994; Santos, 1999; Perfeito & Melo, 2004; Schmidt, 2006;
Furigo et al., 2008; Mozena, 2009; Rocha, 2011; Vieira & Boris, 2012 apud SEI,
2021, p.75). O plantão psicológico surgiu como uma modalidade de atendimento
proposta pelo Serviço de Aconselhamento Psicológico (SAP) do Instituto de
Psicologia da Universidade de São Paulo (IPUSP) em 1969, tendo como
coordenadora a professora Rachel Lea Rosenberg (REBOUÇAS; DUTRA, 2010.
MOTA; GOTO,2009. SCHMIDT, 2015), em função da necessidade de oferecer aos
alunos da disciplina de Aconselhamento Psicológico uma oportunidade de estágio e
atendimento psicológico à clientela (REBOUÇAS; DUTRA, 2010). É importante
mencionar que sua origem data da primeira década do reconhecimento da profissão
de psicólogo no Brasil (SCORSOLINI-COMIN, 2015). Esse movimento pioneiro
demonstra a percepção de um modo prático de ensino na formação em Psicologia,
a iniciativa contribuiu não apenas para a formação dos estudantes, mas também
para a consolidação e expansão do plantão psicológico como uma ferramenta
fundamental no campo da psicologia, atendendo a necessidades emergentes de
apoio e escuta psicológica da comunidade.

O serviço de atendimento em Plantão Psicológico foi criado e aperfeiçoado ao


longo dos anos (MOTA; GOTO, 2009), aos poucos, com a criação do SAP, o plantão
foi se tornando uma prática estruturada em torno da disposição de estagiários de
psicologia e profissionais para o atendimento de todas aqueles que chegassem em
períodos determinados e amplamente divulgados (SCHMIDT, 2015), e haviam
estagiários disponíveis para realizar tal tarefa durante turnos pré-definidos
(BRANCO, 2021). Assim, em nosso solo brasileiro a experiência de Plantão
Psicológico tomou corpo de uma maneira original (MAHFOUD, 2012,p.13).

De acordo com Mahfoudh (2012, p.17), a expressão “plantão” está associada a


certo tipo de serviço, exercido por profissionais que se mantêm à disposição de

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quaisquer pessoas que deles necessitem, em períodos de tempo previamente
determinados e ininterruptos. Trazendo para a ideia do plantão psicológico,
Mahfoudh (2012, p.17) fala que esse sistema pede uma disponibilidade do
profissional para se defrontar com o não-planejado e com a possibilidade (nem um
pouco remota) de que o encontro com o cliente seja único. Sendo assim, o Plantão
Psicológico é pensado e praticado, basicamente, como um modo de acolher e
responder a demandas por ajuda psicológica. Na prática, essa atitude significa
disponibilidade para atender uma gama bastante ampla de demandas, já que o foco
se define pelo próprio referencial do cliente e não pela especialização do
profissional (MAHFOUD, 2012, p.18). Trata-se, então, de enfrentar a problemática
que é apresentada, via a própria pessoa que está presente.(MAHFOUD, 2012, p.19)

O trabalho do plantonista, para Mahfoud (2012, p.138) é o de ajudar o cliente a


ter uma visão mais ampliada de si e do mundo estando disponível para
compreender e acolher a experiência deste, no momento de sua expressão, isto é,
frente àquela problemática que gerou o pedido de ajuda. Assim, cabe ao plantonista
a disponibilidade e a abertura para caminhar junto daquele que o procura, sabendo
que não é ele quem escolhe a rota ou o ritmo (SILVA, 2022, p.19). Desse modo,
para o Plantão Psicológico acontecer, basta a disponibilidade e abertura do
plantonista para acolher aquele que procura ajuda (SILVA, 2022, p. 22), é estar
atento à forma de relação que se estabelece e à forma como o cliente percebe sua
problemática, para bem ajudá-lo também nas diversas possibilidades de
continuidade e/ou encaminhamento (MAHFOUD, 2012, p.26).

Logo, os serviços de plantão de psicólogos oferecidos, funcionam como um


espaço que “dá ouvidos” às demandas da comunidade (SEI, 2021, p.75), que é, ele
próprio, um espaço de acolhimento (SEI, 2021, p.7). Consistindo se como um tipo
de ajuda, ou atendimento imediato, aberto às pessoas da comunidade, que se
sentem desesperadas, com problemas ou em crise, caracterizado para fornecer
alívio, orientação e apoio em situações de urgência (MAHFOUD, 2012,p.136). Em
2003, Tassinari através de pesquisa bibliográfica em sua tese de doutorado adota a
definição de urgência psicológica como: desconforto emocional (de qualquer
magnitude) que desloca a pessoa do seu centro de poder, e que a faz buscar ajuda.
Tassinari então propôs a clínica da urgência e não emergência, com a intenção de

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diminuir o viés psicopatologizante da emergência (crise), e aponta mais uma vez o
plantão psicológico como a melhor expressão da clínica da urgência (apud,
ARAÚJO, 2021, p.18).

A prática pode ser embasada em diferentes aportes teóricos, mas seu histórico
no Brasil está vinculado à Abordagem Centrada na Pessoa (EISENLOHR, 1999
apud SEI, 2021, p.42). Para Mota e Goto (2009), contam que desde sua gênese, a
proposta do Plantão Psicológico é que os profissionais envolvidos estejam em
sintonia com a Abordagem Centrada na Pessoa (ACP), formulada inicialmente por
Carl Rogers. Tal abordagem define seu foco a partir do referencial do cliente e não
pela especialização do profissional, se referindo dessa forma, à possibilidade de
responder à pessoa que coloca sua demanda, já no momento presente, no
momento atual da situação de encontro (MOTA, et al. 2009).

Então, baseado no modelo de aconselhamento psicológico proposto por Carl


Rogers, o qual, inicialmente, esteve atrelado ao exame da personalidade por meio
dos testes psicológicos. No entanto, Rogers, a partir de sua prática, começa a
questionar esse modelo de aconselhamento e propõe uma mudança de perspectiva,
passando a dar importância ao cliente e não ao problema, à relação e não ao
instrumental de avaliação, ao processo ao invés do resultado. (REBOUÇAS;
DUTRA, 2010). Rogers propõe um modelo de clínica que não se baseia ou parte de
recursos psicométricos, técnicos e psicodiagnósticos para estabelecer uma relação
de ajuda (BRANCO, 2021). Portanto o objetivo nunca foi e nem será o de mensurar,
de controlar, de diagnosticar, de julgar, de solucionar (ROCHA, 2009; MAHFOUD,
2012; EVANGELISTA, 2016; apud SILVA, 2022, p.20). A ênfase está no sujeito
diante de sua questão (MAHFOUD, 2012, p.103).

O Plantão Psicológico não foi concebido como uma alternativa “tampão” para
acabar com filas de espera em serviços de assistência psicoterapêutica, já que não
pretende substituir a psicoterapia (MAHFOUD, 2012, p.35). Seu objetivo não é
substituir a psicoterapia, mas oferecer um atendimento urgencial e de acolhimento a
pessoas que estão passando por crises emocionais de urgência. De tal forma que
se conseguiu um formato de atendimento mais fluido e que eliminou em grande
parte as filas de espera que geralmente se pode encontrar em serviços públicos

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direcionados à população de massa (MOTA et al. 2009). Portanto esse movimento
implicou na migração do psicólogo do modelo clínico tradicional ou clássico, que
tem a perspectiva de atendimento em consultórios particulares como paradigma,
para um modelo de atendimento “além muros do consultório”, numa perspectiva de
clínica-ampliada, promovida em ambientes e situações insólitas que fazem com que
obrigatoriamente o profissional crie e desenvolva novos modelos de atendimento
que contemplem as necessidades do novo campo de trabalho (MOTA et al. 2009).
Então, a novidade vem da vitalidade da experiência, mesma de um atendimento,
que aceita outros parâmetros para orientar seu desenvolvimento (MAHFOUD,
2012,p.14). Por acolher a diversidade de demandas que se apresentam, sem
nenhuma previsibilidade, a cada período, o Plantão Psicológico requer sensibilidade
e invenção nos modos de responder, que também se caracterizam pela diversidade,
singularidade e pluralidade (SCHMIDT, 2004). Se tal sistema de plantão psicológico
descortina um horizonte amplo para atendimentos psicológicos, não se pode dizer,
porém, que suas possibilidades sejam ilimitadas. (MAHFOUD, 2012, p.28)

5.2 Plantão Psicológico na UFRRJ

Acerca do tema, nota-se que, inicialmente o plantão psicológico esteve


vinculado a abordagens teóricas de base humanista, com atendimentos realizados
em serviços vinculados a instituições de ensino (SEI, 2021, p.8). Quanto ao histórico
do serviço na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), não é
diferente, pode se considerar como um serviço recente, porém apresentando muitas
modificações e avanços ao longo dos últimos anos.

De acordo com os relatos de Araujo (2021, p.8) e de Vicente (2023) em


comunicação pessoal, o serviço passou a ser conhecido pelos alunos da UFRRJ,
quando a professora Carla Cristine Vicente, no ano de 2016 participou de um
congresso de psicologia de sua linha teórica, a Psicoterapia Fenomenologia
Existencial, no qual assistiu uma apresentação sobre o plantão psicológico como
modalidade de atendimento, relembrando seu valor, e se motivou a organizá-lo na
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).

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No primeiro ano, foi organizado um grupo de estudo e início da prática no
Instituto de Educação (IE) da UFRRJ, no qual funciona o curso de psicologia. No
ano seguinte um projeto institucional vinculado à PROAES foi instituído e uma bolsa
de apoio técnico foi concedida. Assim, se iniciou o projeto "Plantão Psicológico na
UFRRJ", contando com um estudante bolsista e cinco estudantes plantonistas
voluntários, que realizavam os plantões presencialmente, nos quais os plantonistas
ficavam dispostos para os atendimento em alguns institutos da universidade, junto a
um cartaz, escrito: “Você quer conversar?”, e onde uma cadeira livre aguardava
qualquer pessoa que desejasse receber o atendimento.

Ainda em 2017, no segundo semestre, o projeto passou a ser realizado


também no Colégio Técnico da Universidade (CTUR) como uma das ações de
promoção da saúde mental dos estudantes do CTUR, através do projeto de
extensão universitária conhecido como Projeto SER, coordenado pelas Professoras
Luciene de Fatima Rochinholi e Carla Cristine Vicente. Elas associaram a proposta
da clínica peripatética e do plantão psicológico e começaram a experiência com o
plantão psicológico no pátio da escola, embasadas na literatura sobre o plantão
psicológico e suas relações com o existencialismo e a clínica transdisciplinar.
Apesar de uma aconchegante sala de psicologia ter sido montada no colégio, para ir
na direção dos alunos e da clínica ampliada que se desejava realizar, os
plantonistas foram orientados a ocupar as áreas sociais, construindo ousadamente
o setting terapêutico nas varandas, no gramado, debaixo de árvores, onde houvesse
um cantinho visível, que pudesse garantir privacidade, e foi assim que vários
plantões psicológicos no colégio, foram acontecendo.

Em março de 2020, com o início e agravamento da pandemia da COVID-19


(SARS-COV-2) no Brasil, foi decretado o distanciamento social como estratégia de
redução do contágio do novo coronavírus. A indicação da OMS fez com que as
atividades acadêmicas fossem suspensas e se reiniciaram um período depois em
formato online/remoto. Diante disto o Conselho Federal de Psicologia – CFP, a partir
de 16/03/20, autorizou as consultas psicológicas on-line mediante o “cadastro ePsi”
(lista de profissionais autorizados pelo Sistema de Conselhos de Psicologia a
prestarem serviços remotos) e a autorização para a realização do trabalho remoto,
como forma de facilitar a continuidade dos atendimentos psicológicos necessários

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para cuidar da saúde mental da população durante a pandemia. (ARAÚJO, 2021,
p.8). Houve uma flexibilização das normas, permitindo o atendimento on-line de
pessoas em situação de urgência e emergência, ou situações de violação de
direitos e violência, haja vista a maior necessidade de uso das Tecnologias de
Informação e Comunicação (TICs) na atenção psicológica (SEI, 2021, p.58).

Neste momento, pelo entendimento da gravidade da situação e necessidade


de acolher a comunidade acadêmica em momento de urgência e crise social
ocasionada pela pandemia, o "Projeto Plantão Psicológico na UFRRJ" foi
transformado em atendimentos realizados de modo remoto. Nasce assim, o projeto
de pesquisa Plantão Psicológico On-line: Acolhimento e Prevenção da – UFRRJ,
sob a coordenação das docentes: Carla Cristine Vicente e Luciene de Fátima
Rocinholi (ARAÚJO, 2021) .

Este projeto não surgiu como uma proposta pronta para uma suposta
realidade, não havia literatura de suporte e a situação social era completamente
nova e impactante para a saúde mental da população. Assim, na prática remota
mediada pela internet, o dispositivo de plantão psicológico on-line foi construído à
medida que foi sendo realizado (ARAÚJO, 2021). A partir disso, foi necessário a
adesão de alguns cuidados para a realização do Plantão Psicológico On-line. Os
plantonistas precisavam de acesso à internet e tecnologia, assim como um local
adequado que garantisse a privacidade do cliente, fones de ouvido e materiais para
anotação, caso fosse necessário.

As inscrições foram realizadas de modo on-line por meio da ferramenta


Google Forms, gerando uma planilha excel, contendo informações pessoais,
motivacionais e uma relação de pessoas interessadas em receber um atendimento
por um plantonista. Os contatos recebidos eram distribuídos entre os plantonistas e
em caráter emergencial, foi se construindo um protocolo para agendar o encontro,
que acontecia por meio de mensagem de texto pelo WhatsApp, visando marcar o
dia e horário para o atendimento. (ARAÚJO, 2021).

Diante das desistências (ou ausência de resposta) ocorridas, uma outra


mensagem foi criada a fim de deixar claro que o projeto buscou fazer contato com o

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inscrito e manteve sua proposta de oferta de acolhimento, como também apontamos
o número do telefone do CVV (Centro de Valorização da Vida) no momento único
serviço de atendimento a distância de referência, supondo algum sofrimento que
pudesse colocar em risco de suicídio (ARAÚJO, 2021, p. 14) .

Quando o encontro era marcado, pedia-se ao cliente para usar um fone de


ouvido, como forma de potencializar o sigilo e garantir que somente o cliente nos
ouviria, como também somente o plantonista ouviria o cliente, assim como um
ambiente sigiloso e aconchegante na qual pudesse ser realizado o atendimento
(ARAÚJO, 2021)

A supervisão dos plantonistas foi realizada por meio do referencial teórico da


Abordagem Centrada na Pessoa, através de um encontro grupal remoto, com
frequência semanal, em que os casos atendidos eram discutidos pela equipe de
plantonistas, em parceria com um docente-supervisor (SEI, 2021), que nesse caso
eram as professoras Carla Cristine Vicente e Luciene Rocinholi. O encontro grupal
de discussão configura-se como uma estratégia de ensino-aprendizagem. Assim, é
possível aprender por meio da experiência dos demais colegas, adquirindo
habilidades e competências para o manejo de situações diversas, lembrando que o
plantão psicológico usualmente propõe um encontro com o inesperado.

Tendo em vista e apesar de o Plantão Psicológico On-line ter sido concebido


em caráter emergencial para suprir demandas restritivas da pandemia do Covid-19,
que impactou gravemente a saúde mental dos estudantes e da população em geral,
este prossegue ativo devido aos benefícios adicionais, como o atendimento através
de equipamentos eletrônicos, a redução de custos e, consequentemente, o acesso
maior de pessoas em situações de vulnerabilidade social, a promoção de saúde
para além do câmpus universitário, o aperfeiçoamento profissional do plantonista. A
implementação do formato on-line trouxe de fato muitos resultados positivos,
considerando que a ampliação do alcance do projeto para além do câmpus
universitário permitiu a promoção de saúde para pessoas que talvez não teriam
acesso a esse tipo de apoio em outras circunstâncias. O uso da tecnologia e dos
canais de comunicação contribuiu para que mais pessoas pudessem se beneficiar
das atividades desenvolvidas, fortalecendo o propósito social do Projeto e

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impactando positivamente a comunidade em geral. A implementação de medidas
que resultam em redução de custos tem proporcionado um acesso ampliado de
pessoas em situações de vulnerabilidade social ao nosso projeto. Essa iniciativa
não apenas beneficia aqueles que mais precisam, mas também reforça o caráter
social e inclusivo da Psicologia como ciência e profissão.

Em março de 2022, a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)


retomou as atividades presenciais (UFRRJ, 2022). Nesse contexto, os encontros
presenciais foram restabelecidos, mas o projeto continuou online. Novos alunos
interessados se uniram ao projeto, e iniciaram no treinamento para capacitá-los
como plantonistas, nova organização elaborada para formalizar o acesso à teoria e
prática dos plantões psicológicos. Estabeleceu-se supervisões semanais online,
acompanhadas por um referencial teórico fundamentado na Abordagem Centrada
na Pessoa e na literatura específica sobre os plantões psicológicos.

No treinamento, faz parte o relato dos casos atendidos em supervisão e a


escuta dos casos pela equipe, desse modo é possível aprender por meio da
experiência dos demais colegas, adquirindo habilidades e competências para o
manejo de possíveis situações diversas. No período acadêmico de 2022-1, foi
aberto o primeiro processo seletivo para bolsistas de apoio técnico da PROAES,
para o projeto. Foram oferecidas três bolsas para alunos do curso de psicologia, e
apenas um aluno foi cadastrado como bolsista, após a seleção. No período seguinte
a seleção se abriu novamente e outras duas vagas foram preenchidas para ajudar a
administração e desenvolvimento do projeto. No mesmo período foi criada uma rede
social para melhor divulgação, na qual o Instagram foi uma ferramenta util nesse
processo, divulgações online através de postagens na página e um
compartilhamento em massa das informações sobre o projeto, foram repassadas
para uma boa parte dos alunos de psicologia, além de iniciarmos uma parceria de
divulgação, com canais e projetos que complementam as ações da UFRRJ e
posteriormente da comunidade de Seropédica .

O Plantão Psicológico voltou a ser disponibilizado no formato presencial


durante primeiro período acadêmico de 2023, acontecendo em diversos prédios da
universidade, sendo realizado pelos plantonistas capacitados, estagiários do plantão

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psicológico e bolsistas de apoio técnico, em diversos horários. A divulgação dos
plantões online foi feita através da página do Instagram e os plantonistas ficavam a
postos nos institutos com um cartaz e duas cadeiras. Nesse sentido, o "Plantão
Psicológico não se limita a alguma, ou algumas demandas específicas, mas está
disponível para quem o procurar, sem importar a razão desta procura" (SILVA, 2022,
p.17). Segundo a Abordagem Centrada na Pessoa, o papel do plantonista é o de
um ouvinte ativo, a pessoa é quem conduz o próprio processo e nós “apenas” a
acompanhamos, o que não quer dizer que seja pouco (MAHFOUD, 2012).

Atualmente, o projeto "Plantão Psicológico na UFRRJ: Acolhimento e


prevenção" continua ativo, de modo presencial e on-line, sendo coordenado pela
professora Carla Cristine Vicente, e conta no momento com 4 alunos bolsistas de
apoio técnico, 2 alunas em estágio profissional, 12 alunos plantonistas ativos e 15
alunos em treinamento. As supervisões semanais se dividem em duas categorias: a
primeira contemplando os bolsistas, estagiários e outras plantonistas do Colégio
Técnico da Rural (CTUR), e a segunda ocorre em outro horário para os treinandos e
plantonistas capacitados. São realizados atendimentos presenciais em
determinados dias e horários em locais determinados previamente divulgados.
Assim, por acolher a diversidade de demandas que se apresentam, sem nenhuma
previsibilidade, a cada período, o Plantão Psicológico requer sensibilidade e
invenção nos modos de responder, que também se caracterizam pela diversidade,
singularidade e pluralidade (SCHMIDT, 2004).

Assim, a trajetória do "Plantão Psicológico na UFRRJ: Acolhimento e


Prevenção" reflete uma contínua evolução desde sua concepção em 2016 até os
dias atuais. O projeto passou por transformações significativas, especialmente com
a adaptação ao formato online em resposta à pandemia de COVID-19.

Ao longo de boa parte da pandemia, e dos períodos atuais caracterizados


como pós-pandemia, nota se que ao eliminar os pré-requisitos administrativos e
burocráticos, possibilitou-se a oferta de uma escuta terapêutica oportuna, atendendo
às necessidades imediatas das pessoas em momentos de vulnerabilidade,
constituindo um avanço significativo na prestação de serviços psicológicos à
comunidade, destacando a capacidade de responder à pessoa que apresenta sua

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demanda, no encontro imediato. A transição para o atendimento remoto não apenas
permitiu a continuidade dos serviços em tempos de crise, mas também ampliou o
alcance, proporcionando suporte psicológico a uma gama mais ampla de indivíduos,
inclusive além do campus universitário. A utilização de tecnologias e estratégias de
comunicação contribuiu para a eficácia do atendimento, beneficiando não apenas os
estudantes da UFRRJ, mas também a comunidade em geral. O sucesso contínuo
do projeto, agora com atendimentos presenciais e online, destaca sua relevância e
eficácia na promoção do bem-estar psicológico e na formação profissional dos
envolvidos.

5.3 Sintomas e demandas principais

As demandas que chegam aos plantões psicológicos da UFRRJ são variadas


e incluem uma gama de sintomas de transtornos emocionais e psicológicos,
relações e experiências existenciais e os sentimentos advindos destas. Esse
dispositivo se configura como um modo privilegiado de responder à pluralidade e à
diversidade de demandas por ajuda psicológica advindas da clientela (SCHMIDT,
2004).

Nem todos que procuram um serviço psicológico querem ou precisam de


psicoterapia, talvez o que eles precisem seja um contato verdadeiro e acolhedor
naquele momento, no qual as pessoas se sintam realmente ouvidas e à vontade
para colocar o que quer que lhes estejam afligindo, e assim, poderem ampliar o seu
nível de consciência e de clareza sobre o que estão vivenciando (REBOUÇAS;
DUTRA 2010). Os Indivíduos têm se encontrado frequentemente imersos em
complexas vivências e sentimentos, se deparando com desafios que refletem as
nuances da sociedade moderna e esses obstáculos são exacerbados pela
dificuldade no acesso aos serviços da saúde mental.

Pensamos que o plantão enquanto prática clínica contemporânea não


apenas consolida a relação da formação acadêmica com a realidade de novas
demandas, mas, sobretudo, determina o papel fundamental da universidade de
estabelecer diálogo junto à comunidade e um serviço voltado à saúde pública de
qualidade (DANTAS, 2016)

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Em um mundo dinâmico e acelerado, as pressões sociais, as expectativas
digitais, e as mudanças rápidas podem intensificar os sintomas contemporâneos,
tornando evidente a necessidade crucial de suporte emocional/psicológico. A
complexidade das demandas modernas muitas vezes sobrecarrega os recursos
disponíveis para o cuidado com a saúde mental, exacerbando a importância de
espaços como o plantão psicológico. A acessibilidade limitada aos serviços de
saúde mental ressalta a urgência de criar ambientes onde os indivíduos possam
compartilhar suas experiências, explorar seus sentimentos e receber a orientação
necessária quando precisarem.

No plantão, ouve-se a queixa e o pedido do cliente e caminha-se para um


projeto de cuidado de si, o que chamamos de esclarecimento da demanda. A partir
do que a impulsiona a procurar ajuda psicológica (o que a incomoda) e de onde
quer chegar (seu pedido), constrói-se um processo narrativo e vivencial de como
tem lidado com o problema que provoca a queixa (passado), como se relaciona,
agora, com essa questão (presente) e como projeta cuidar de si mesma a partir do
que viveu, tem vivido e quer viver (futuro) (ROCHA, 2011). Desse modo as
demandas que chegam aos plantões psicológicos também podem estar
relacionadas às questões e desafios vivenciais da contemporaneidade, que junto às
demandas sentimentais chegam aos plantões psicológicos em narrativas
carregadas de angústias, tristezas, raivas, entre outras demandas que se
apresentam conforme as múltiplas nuances da experiência humana.

Desde então, este Serviço vem se desenvolvendo e se consolidando em uma


nova modalidade de atendimento, por meio de estudos, pesquisas, projetos de
extensão e práticas. Outro ponto importante é que o Plantão surgiu para atender à
grande demanda de sofrimento advinda da atual situação econômica, social, política
e cultural em que se encontra a população brasileira, a qual muitas vezes, não tem
recursos ou acesso a atendimento nos consultórios particulares (ORMROD ,2008).
Os sintomas psicológicos que se manifestam nos atendimentos psicológicos muitas
vezes refletem as complexidades advindas das rápidas mudanças sociais, das
demandas incessantes por produtividade e sucesso, da instabilidade que permeia o
ambiente de trabalho contemporâneo e das interações cada vez mais digitais. A
complexidade das emoções vivenciadas pelos indivíduos reflete não apenas as

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pressões externas da sociedade moderna, mas também as batalhas internas
relacionadas à autoaceitação, desenvolvimento pessoal e relacionamentos
interpessoais.

Ao reconhecer e enfrentar os desafios específicos da sociedade moderna, os


profissionais do plantão psicológico desempenham um papel crucial na promoção
da saúde mental e na construção de resiliência em indivíduos que, de outra forma,
poderiam sentir-se isolados diante de suas lutas emocionais e ao abordar essas
demandas, os profissionais em plantões psicológicos desempenham um papel
crucial na ajuda aos indivíduos para que compreendam e processem suas emoções.

A procura pelo plantão psicológico pode ser o primeiro passo em direção a


qualquer possibilidade de mudança e transformação pessoal e social. Questionar,
problematizar e falar sobre o que o leva à clínica tem-se mostrado ferramentas
eficazes para esta direção, pois é através do discurso que o sujeito constrói
possibilidades de ressignificação, permitindo a inserção de novas formas de
concepção dos sentidos, dos significados, das práticas e de si próprio. Pensamos
que o plantão enquanto prática clínica contemporânea não apenas consolida a
relação da formação acadêmica com a realidade de novas demandas, mas,
sobretudo, consolida o papel fundamental da universidade de estabelecer diálogo
junto à comunidade e um serviço voltado à saúde pública de qualidade (DANTAS,
2016). Ao questionar, problematizar e oferecer um espaço para o discurso, esse
serviço desempenha um papel essencial na jornada de transformação pessoal e
social, representando o primeiro passo significativo em direção à busca de mudança
e bem-estar psicológico.

Evidencia-se que, o plantão psicológico emerge como uma resposta para as


demandas contemporâneas, refletindo a complexidade das experiências humanas
na sociedade moderna. Ao proporcionar um espaço acolhedor e genuíno, este
serviço transcende a mera oferta de psicoterapia, destacando-se como um meio
privilegiado para atender à diversidade de necessidades emocionais e psicológicas.
Além disso, o plantão psicológico transcende a esfera clínica tradicional,
consolidando-se como uma prática clínica ampliada contemporânea que estabelece
um diálogo essencial entre a formação acadêmica e as demandas emergentes da

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comunidade. Este serviço representa um compromisso fundamental da universidade
com a saúde pública de qualidade, estendendo seus benefícios além dos limites do
ambiente acadêmico.

6. MÉTODO

6.1 TIPO DE PESQUISA

Trata-se de uma pesquisa quali-quantiativa que será baseada em dois métodos


distintos: o método documental e o método descritivo. No primeiro método, será
realizada uma análise sistemática dos formulários de inscrição preenchidos pelos
clientes no período de 2020 a 2023. O foco será na contabilização e organização de
categorias que representem os principais motivos descritos pelos clientes para
participar do plantão. Para isso, será empregada a técnica de análise de conteúdo,
identificando tópicos emergentes e buscando temas recorrentes. A análise de
conteúdo permitirá agrupar demandas semelhantes e identificar categorias
principais que refletem as necessidades e preocupações dos clientes que buscaram
o serviço de Plantão Psicológico on-line da UFRRJ.

O método descritivo será empregado para categorizar os dados obtidos sobre a


percepção dos participantes, buscando conhecer e identificar padrões nas
percepções dos clientes sobre a experiência vivenciada no plantão psicológico.
Essa abordagem permitirá identificar tendências e lacunas no serviço prestado pelo
projeto, oferecendo uma compreensão mais aprofundada dos fenômenos
subjacentes. A análise descritiva buscará estabelecer uma conexão entre os dados
quantitativos e as percepções qualitativas dos clientes, fornecendo uma visão
abrangente das demandas e experiências vivenciadas pelos usuários do Plantão
Psicológico on-line da UFRRJ.

6.2 PARTICIPANTES

Os participantes deste estudo se encontram em uma planilha de dados de


pessoas inscritas no projeto Plantão Psicológico da UFRRJ, desde março de 2020
até o período atual, dezembro de 2023 e que efetivamente foram atendidas.

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Atualmente, a base de dados conta com 2330 inscritos e 1653 efetivamente
atendidos, os quais serão contatados por e-mail para participar da pesquisa.

6.3 INSTRUMENTOS

A pesquisa será conduzida através de duas etapas, numa primeira etapa


utilizaremos o banco de dados do projeto plantão psicológico da UFRRJ, que foi
alimentado através de um formulário online, em que os clientes adquirem o acesso
através dos canais de divulgação do projeto e da universidade e podem se inscrever
para obterem o atendimento. Nesta primeira etapa utilizaremos uma análise
documental, buscando na base de dados das as inscrições, o item 5 do formulário,
no qual o cliente explica brevemente sobre o motivo da sua busca pelo atendimento.
Depois, proceder-se-á à análise de conteúdo deste item em específico, agrupando
demandas semelhantes e identificando as principais categorias.

A segunda etapa inclui outro instrumento, a formulação e envio de um


questionário direcionado, para todas as pessoas que participaram efetivamente de
um encontro no plantão psicológico da UFRRJ. O questionário será semiaberto,
com dez perguntas, das quais cinco são objetivas e as cinco últimas perguntas são
abertas, proporcionando a oportunidade de expressar detalhes adicionais ou
compartilhar experiências mais específicas. Este questionário será enviado de modo
online a todos os clientes que através de seus e-mails, que foram cadastrados na
base de dados do projeto. O formulário se encontra em anexo.

6.4 PROCEDIMENTOS

Os procedimentos serão divididos em 2 etapas distintas: O primeiro passo


consiste em acessar o banco de dados do projeto Plantão Psicológico da UFRRJ.
Esse banco de dados é restrito e apenas a equipe do projeto pode acessá-lo
mediante autorização da professora responsável pelo Projeto. Após a autorização, a
etapa seguinte é selecionar todas as inscrições realizadas no período entre 2020 e
2023, utilizando um filtro de datas para essa finalidade. A informação a ser extraída
refere-se ao quinto item do formulário de inscrição, no qual o cliente explica
brevemente o motivo que o levou a buscar atendimento.

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Na segunda etapa, o primeiro passo é elaborar o questionário, o questionário
deve ser semiaberto, com 10 perguntas, das quais 5 são de múltipla escolha e 5 são
abertas. As perguntas devem ser elaboradas de forma clara e objetiva, e devem ser
relevantes para o objetivo da pesquisa. Após elaborar o questionário, é necessário
enviar o questionário por e-mail para todos os clientes que participaram
efetivamente de um encontro no plantão psicológico. O e-mail deve conter uma
breve explicação sobre o objetivo da pesquisa e um link para o questionário. As
respostas do questionário serão coletadas por meio de um formulário online. O
pesquisador deve acompanhar o envio e a coleta das respostas, para garantir que
todos os clientes tenham recebido o questionário e que as respostas sejam
coletadas de forma adequada.

A análise das percepções dos clientes não se restringirá apenas à interação


direta, mas também se estenderá à revisão e compreensão de materiais pertinentes
ao tema. Isso inclui uma análise detalhada dos serviços de plantão psicológico no
Brasil, oferecendo uma visão ampla e aprofundada das experiências e
necessidades dos clientes. No contexto desta pesquisa, a análise de conteúdo visa
identificar as principais categorias de demandas dos clientes, agrupando temas
recorrentes. Uma vez completada essa análise, será possível identificar as
principais categorias de demandas e percepções dos clientes, e discuti-las à luz da
literatura existente sobre os temas.

22
7. CRONOGRAMA

Atividades Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun

X X X
Elaboração do
projeto

Entrega do X
pré projeto

Levantamento X X X X X X
bibliográfico

Análise e X X X
discussão de
dados

Conclusão X

Entrega do X
TCC

Defesa do X
TCC

8. REFERÊNCIAS

ARAÚJO, S. M. S. Cartografia do plantão psicológico on-line na pandemia Covid 19.


2021. 54 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia) - Instituto de Educação,
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, 2021.

BRANCO, P. C. C. ASPECTOS EPISTEMOLÓGICOS, HISTÓRICOS E


CONTEMPORÂNEOS DO SERVIÇO DE PLANTÃO PSICOLÓGICO: ENSAIO
REFLEXIVO. Phenomenology, Humanities and Sciences, Fortaleza, Ceará, Brasil,
v. 2.2, n. 2021, p. 265-274, mar./2022.

DANTAS et al. Plantão psicológico: ampliando possibilidades de escuta. Revista de


psicologia , Fortaleza, v. 7, n. 1, p. 232-241, jun./2016.

23
MAHFOUF et al. Plantão Psicológico: novos horizontes. 2. ed. São Paulo : Disal ,
2012. p. 3-456.

MOTA, S. T.; GOTO, T. A. Plantão psicológico no CRAS em Poços de Caldas.


Fractal: Revista de Psicologia, v. 21, n. 3, p. 521-530, 30 dez. 2009.

ORMROD, R. C. P. L. F. K. M. S. L. S. Z. R. F. F. R. C. B. T. Plantão psicológico: uma


prática que se consolida. Boletim de Psicologia, São Paulo, v. 58, n. 129, p.
185-192, dez./2008.

PORTAL UFRRJ. UFRRJ adia o retorno integral das atividades acadêmicas


presenciais.

PORTAL-UFRRJ. Programa de Desenvolvimento Acadêmico e Institucional (PDAI).

REBOUÇAS; M. S. S. E; DUTRA, E. Plantão psicológico: uma prática clínica da


contemporaneidade. Revista da Abordagem Gestáltica, Goiânia, v. 1, n. 16, p.
19-28, jun./2010.

ROCHA, M. C. Plantão psicológico e triagem: aproximações e distanciamentos. Rev.


NUFEN, São Paulo , v. 3, n. 1, p. 119-134, dez./2011.

SCHMIDT, M. L. S.. Plantão psicológico, universidade pública e política de saúde


mental. Estudos de Psicologia (Campinas), v. 21, n. 3, p. 173–192, set. 2004.

SCHMIDT, M. L. S.. Aconselhamento psicológico como área de fronteira. Psicologia


USP, v. 26, n. 3, p. 407–413, set. 2015.

SCORSOLINI-COMIN, F.. Plantão psicológico e o cuidado na urgência: panorama


de pesquisas e intervenções. Psico-USF, v. 20, n. 1, p. 163–173, jan. 2015.

SEI, M. B. Plantão Psicológico: Um Retrato de Ações. 1. ed. Londrina: Clínica


Psicológica da UEL, 2021. p. 1-134.

SILVA, M. C. R. F. Plantão Psicológico na UFMG : história de um serviço. 1. ed.


Brasil: Universidade Federal de Minas Gerais, 2022. p. 1-126.

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9. ANEXOS

Formulário de Avaliação de Percepção do Plantão Psicológico On-line da UFRRJ

Sua opinião é fundamental para aprimorarmos nossos serviços. Por favor,


responda às perguntas com honestidade e considerando sua experiência com o
Plantão Psicológico On-line. Agradecemos sua participação nesta avaliação.

1. Informações Demográficas:
a) Idade:

18-24 anos
25-34 anos
35-44 anos
45-54 anos
55 anos ou mais

b) Gênero:

Feminino
Masculino
Não binário
Outro (especificar)

2. Utilização do Serviço:
a) Com que frequência você utilizou o Plantão Psicológico on-line da UFRRJ
nos últimos 12 meses?

Nunca
Ocasionalmente (1-2 vezes)
Regularmente (3-5 vezes)

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Frequentemente (mais de 5 vezes)

b) Como você ficou sabendo sobre o serviço?

Indicação de um amigo/familiar
Site da UFRRJ
Redes sociais
Outro (especificar)

c) Você diria que teve uma experiência:

Positiva
Negativa
Nem positiva, nem negativa
Por que? ______________________________________________________________
_______________________________________________________________________

3. Motivações e Expectativas:
a) Qual foi o principal motivo que o(a) levou a buscar o Plantão Psicológico
on-line?

b) Quais eram suas expectativas em relação ao serviço antes de utilizá-lo?

4. Experiência de Atendimento:

a) Em que medida você percebeu que o Plantão Psicológico on-line


ofereceu um espaço acolhedor e compreensivo para você?

b) Você percebeu alguma diferença em sua condição emocional após


utilizar o serviço?

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c) Houve alguma dificuldade durante o uso do serviço? Se sim, poderia
especificar?

5. Percepção de Melhoria:
a) O que você acha que poderia ser melhorado no serviço?

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