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A CAMINHADA ACADÊMICA EM HARMONIA COM A SAÚDE

PSÍQUICA: A importância do Núcleo de Apoio Estudantil em uma


Universidade Pública Estadual 1

Elizabeth Guimarães Jordão Kehl 2


Anna Maria Dalmonico Moser 3

RESUMO

A presente pesquisa abordou os resultados positivos pela implementação do Núcleo de Apoio Estudantil (NAE)
dentro da UDESC no Centro de Educação Superior da Foz do Itajaí. O objetivo geral deste trabalho foi de
conscientizar acerca da importância do NAE na IES, trazendo benefícios à saúde psíquica aos acadêmicos dos
cursos de Engenharia de Petróleo e Administração Pública. Os específicos foram identificar e analisar a
necessidade de acompanhamento Psicológico através das demandas apresentadas; destacar a visão, percepção do
usuário a respeito do NAE e propor a permanência do NAE, representado por profissionais e estagiários da área
de Psicologia à UDESC de Balneário Camboriú. Assim, os sujeitos da pesquisa foram precisamente seis
participantes de ambos os sexos, com idade entre 19 a 25 anos. Esta pesquisa foi de abordagem qualitativa de
caráter explanatório e de levantamento bibliográfico. A coleta de dados realizou-se através de uma entrevista
semiestruturada e a análise dos mesmos foi análise do conteúdo. Os resultados deste estudos apontam que no
contexto do ensino superior no Brasil, existem diversos desafios e o maior deles é as dificuldades em resolver
seus conflitos interpessoais sem um aporte direcionado. Por esta razão os objetivos propostos foram atendidos
respondendo à pergunta norteadora deste estudo, tornando-se evidente os resultados obtidos e o crescente
reconhecimento pelo o NAE.

Palavras-chave: Núcleo de Apoio. Saúde mental. Psicologia.

TÍTULO: SUBTÍTULO EM LÍNGUA ESTRANGEIRA

ABSTRACT

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Keywords: Palavra 1. Palavra 2. Palavra 3.

1 INTRODUÇÃO
1 Trabalho apresentado à disciplina de TCC, do Curso de Psicologia da Universidade Avantis, 2019/02.
2 Acadêmica do curso de Psicologia. E-mail: lizajordaokehl@gmail.com
3 Psicóloga e Especialista: E-mail: anna.moser@avantil.edu.br
2

Com as mudanças ocorridas ao longo do tempo, a Psicologia tem conquistado mais


espaço, principalmente nas Instituições de Ensino Superior, especificamente com aumento na
procura por apoio psicológico por parte dos acadêmicos e demais profissionais que compõe a
comunidade universitária. De acordo Dias et al. (2015), tanto por conflitos quanto por
exigências de prazos a serem cumpridos, os alunos podem manifestar psicopatologias. Por
essa e outras razões, é importante a execução de projetos psicológicos dentro de instituições
de ensino visando a saúde mental das pessoas.
O tema foi motivado pela a atuação desta pesquisadora na implantação do projeto
intitulado Núcleo de Apoio Estudantil (NAE), desenvolvido no Centro de Educação Superior
da Foz do Itajaí – CESFI, e ter percebido os grandes desafios de atuar em parceria com a
gestão de uma universidade. As atividades realizadas pelo núcleo são desde acolhimentos
individuais, rodas de conversa em grupo, ações em datas comemorativas e participação em
demais eventos conforme demanda da instituição. O NAE em 2019, iniciou-se
acompanhamento terapêutico individual em parceria com o curso de Psicologia de outra
instituição de ensino da região.
Para Moura e Facci (2016) o profissional de psicologia que atua no ensino superior
pode ser considerado um privilegiado, não apenas por estar atuando na educação, mas
também por vivenciar uma atuação das mais diversas ordens. Essa implementação de apoio
aos acadêmicos é uma prática adquirida e percorrida por algumas instituições desde os anos
90, com um trabalho em equipe multidisciplinar entre: psicólogos, psicopedagogos e em
alguns casos, acompanhamentos psiquiátricos.
A Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde
(OPAS/OMS) aponta que no Brasil, desde 2012 mais de 800 mil pessoas morrem por suicídio
todos os anos no mundo, sendo considerada a segunda principal causa de morte entre jovens
com idade entre 15 e 29 anos. Olhando para o contexto acadêmico do último demonstrativo
do Censo da Educação Superior de 2017, a faixa etária dos matriculados da modalidade de
ensino superior presencial é de 21 anos e da modalidade a distância é 29, sendo que o sexo
feminino predomina em ambas as modalidades de ensino (INEP/MEC, 2017).
Desta forma, observa-se que a faixa etária da população mais vulnerável é também a
faixa etária que está dentro das Instituições de Ensino Superior, o que aponta a necessidade de
pesquisas e intervenções neste espaço e com esse público.
Diante do exposto a pesquisa pretendeu responder à seguinte questão problema: A
implantação, no ano de 2018, do Núcleo de Apoio Estudantil, na Instituição Centro de
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Educação Superior da Foz do Itajaí – CESFI trouxe benefícios à saúde psíquica dos
acadêmicos dos cursos de Engenharia de Petróleo e Administração Pública?
Para conseguir suprir a demanda levantada na questão problema foi elaborado um
objetivo geral com o intuito de conscientizar acerca da importância da implantação do Núcleo
de Apoio Estudantil, na Instituição Centro de Educação Superior da Foz do Itajaí – CESFI
trazendo benefícios à saúde psíquica aos acadêmicos dos cursos mencionados acima. Para
complementar construiu-se também os objetivos específicos de identificar e analisar a
necessidade de acompanhamento Psicológico através das demandas apresentadas; Destacar a
visão, percepção do usuário a respeito do NAE e propor a permanência do NAE, profissionais
e estagiários da área de Psicologia a UDESC de Balneário Camboriú-Sc.
Espera-se reconhecimento de impactos positivos pela IES e acadêmicos dos cursos
Engenharia de Petróleo e Administração Pública na UDESC do Litoral de Balneário
Camboriú pela implementação do NAE. A importância dessa pesquisa aparece tanto para o
aprendizado e desafios da pesquisadora como para a Instituição onde foi efetuado o projeto
em vigor. Parceria entre ambos, juntos conquistaram a confiança e credibilidade pouco a
pouco de todos da Instituição de Ensino Superior (IES).
O Centro de Educação Superior da Foz do Itajaí – CESFI teve o pleito inicial
tornando-se realidade com a instalação do curso de Engenharia de Petróleo no ano de 2011,
depois em 2014 com o curso de Administração Pública, no decorrer dessa trajetória ocorreu a
procura e necessidade por parte dos acadêmicos por um núcleo de apoio principalmente pelos
alunos do curso de Engenharia de Petróleo por ser período integral e em épocas de trabalhos e
provas na questão de ansiedade.
Considerando tais necessidades foi realizada a incorporação de um apoio para os
acadêmicos sendo então chamado de: Núcleo de Apoio Estudantil (NAE) em julho de 2018.
Com essa contribuição para as carências emergenciais foram elaboradas várias atividades
direcionadas e acolhimentos individuais.
Com esta proposta procura-se registrar por meio desta pesquisa a importância desse
apoio psicológico na trajetória dos jovens acadêmicos, sendo a maior parte de outras regiões
do Brasil, longe de seus familiares sentindo-se vulneráveis sem rede de apoio.
Através da prática, percebe-se que é de suma importância a valorização e respeito à
saúde mental no âmbito acadêmico, justificando dessa forma a implantação do núcleo de
apoio psicológico nas instituições de ensino superior em todo território nacional.
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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A fundamentação teórica consiste na revisão da literatura com base em estudiosos que


norteiam os assuntos a seguir: educação superior; inserção de núcleos nas IES; e a
importância da psicologia como rede de apoio dentro da IES.

2.1 EDUCAÇÃO SUPERIOR

Conforme Bolzan e Dewes (2018) aconteceram grandes modificações no decorrer dos


tempos no ensino superior, com o aparecimento de novas grades curriculares, novas
metodologia, dinâmicas na aplicação (ensino virtual, educação a distância), facilitação
governamental em financiamentos assim como obtenção de parcelamentos próprio da
instituição. Alterações estas, que permitiram a universidade visualizar e acompanhar o
progresso extrínseco inovando sua aplicabilidade, resultando em perspectivas inovadoras.
Para sustentar todos estes objetivos, existem metas sobre o ensino superior nos planos
municipais e estaduais, vinculadas ao Plano Nacional de Educação (PNE). A meta de número
12 retrata o seguinte:

Elevar a taxa bruta de matrícula na educação superior para 50% (cinquenta por
cento) e a taxa líquida para 33% (trinta e três por cento) da população de 18
(dezoito) a 24 (vinte e quatro) anos, assegurada a qualidade da oferta e expansão
para, pelo menos, 40% (quarenta por cento) das novas matrículas, no segmento
público (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2014, p.13).

Ou seja, buscando um aumento significativo da população universitária e ampliando


demandas já existentes.
São muitas dificuldades encontradas na gestão de uma Universidade, destacando
questões distintas dos setores como insolvência, expansão da competição, análise do
Ministério da Educação (MEC), entre outros. São situações fatigantes para o administrador e
podem proporcionar contribuições respeitáveis no aperfeiçoamento da gestão, que empenha-
se com a finalidade de capacitar as advindas concepções (BOLZAN; DEWES, 2018).
Para a Divisão de Assuntos Educacionais (DCE) afirma sobre Denominações das
Instituições de Ensino Superior (IES).

As Instituições de Ensino Superior (IES) brasileiras podem ser públicas ou privadas.


As instituições públicas de ensino são aquelas mantidas pelo Poder Público, na
forma (1) Federal, (2) Estadual ou (3) Municipal. Essas instituições são financiadas
pelo Estado, e não cobram matrícula ou mensalidade (BRASIL, 2019).
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Pode-se verificar que no último demonstrativo do Censo da Educação Superior de


2017 apontou-se números em relação a rede de educação superior Brasileira sendo: 296 IES
públicas e 2.151 IES privadas. Em relação às IES públicas: 41,9% estaduais (124 IES); 36,8%
federais (109); e 21,3% municipais (63). (INEP/MEC, 2017).
“As instituições públicas, muitas vezes, dependem bastante de governos regionais e
federais para apoio financeiro (com algum grau das receitas geradas pelas mensalidades) e
estão isentas de impostos” (RÁMIREZ, 2011, p.29).
No decorrer dos últimos anos foram criadas políticas de acesso para favorecer à todos
com o objetivo de ofertar mais vagas em universidades, minimizando padrões fechados onde
somente a burguesia prevalecia ou teria privilégios, em sequência Castro (2010), descreve.

Como determinação desses processos, assistimos, no Brasil, à formação e à


implementação de inúmeros programas na área educacional, como Enem (Exame
Nacional do Ensino Médio), Prouni (Programa Universidade para todos) e Reuni
(Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades
Federais) (CASTRO, 2010, p. 197).

A IES selecionada para esta pesquisa denomina-se de grande dimensão sendo pública
e Estadual. Em relação ao crescimento das matrículas a educação superior na rede pública
nacional nos últimos anos obteve um avanço consideravelmente grande. Dados estatístico
apontam que a rede pública, portanto, participa com 24,7% (2.045.356) das novas matrículas.
“Em relação a 2016, o número de matrículas em 2017 na rede pública é 2,8% maior, enquanto
a rede privada no mesmo período registrou um crescimento de 3,0%” (INEP/MEC, 2017,
p.14).

2.2 INSERÇÃO DE NÚCLEO NAS IES

As facilidades de acesso, que propiciaram esse aumento nas matrículas nas IES,
também refletiram na instituição em que este projeto se desenvolve. Conforme Dias e Oliveira
(2014) a Instituição escolhida para a realização da pesquisa agrega muitos jovens de diversas
localidades e outras regiões do país. Os jovens iniciantes nesta nova caminhada universitária
necessitam estarem cientes de várias mudanças como: rotina, círculo de amizades, novos
compromissos, processo de adaptação, entre outros. Tais modificações geram ansiedade,
situações angustiantes, sendo muitas vezes mal interpretadas pelos pais e familiares. A
realidade até então vivida no ensino médio e a sonhada formação superior geram muitos
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desafios, por esta razão é de suma importância ter auxílio ou uma rede de apoio na
universidade.
Outro acontecimento importante nesse novo ciclo discente é o fato de muitos estarem
longe de suas famílias de origem, tendo a oportunidade de frequentar uma universidade
pública, porém alguns casos em cidades distantes. O esgotamento acadêmico quando não
identificado precocemente e não tratado, leva à níveis emocionais e psicológicos
problemáticos como: faltas excessivas, declínio no desempenho do estudante, com os
professores e colegas de sala (DIAS; OLIVEIRA, 2014).
Esse ajustamento envolve vários fatores, pois o aluno tem que sentir-se incluído em
sua turma, ao curso e a universidade, aprender sobre as possibilidades oferecidas pela
instituição, até mesmo ao apoio do estudante, sabendo da existência desse suporte especial.
(DIAS; OLIVEIRA, 2014).
Vasconcelos (2010) acrescenta em sua contribuição ressaltando a importância da
assistência acadêmica (núcleos de apoio) trazendo ganhos tanto para o desempenho curricular
como também para a instituição, o que permite que o estudante desenvolva sua graduação e
obtenha um bom desempenho curricular, minimizando situações de abandono e trancamento
de matrícula.
Esse formato de apoio estudantil relatado no momento refere-se a moradia estudantil,
alimentação, transporte, saúde, inclusão digital, cultura, esporte, creche e apoio pedagógico. A
escolha de qual subsídio ofertar e a execução dos recursos são de responsabilidade da própria
instituição de ensino. Para isto existe o decreto nº 7.234, de 19 de julho de 2010 do Plano
Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes) para universidades federais, levando em conta o
perfil socioeconômico dos alunos (BRASIL, 2010)
Dentro deste enfoque Barbosa (2009, p. 39) aponta sobre a política de assistência
estudantil como

O conjunto de políticas realizadas através dos programas de Promoção, Assistência e


Apoio, que têm como objetivo principal criar condições que contribuam para a
permanência dos estudantes nos estabelecimentos de ensino superior, melhorando
sua qualidade de vida e consequentemente seu desempenho acadêmico e de
cidadãos.

No ano de 2018/2 esta pesquisadora apresentou o projeto piloto de estágio intitulado


Núcleo de Apoio Estudantil (NAE) no Centro de Educação Superior da Foz do Itajaí (CESFI)
na cidade de Balneário Camboriú Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), onde
a mesma permanece até os dias atuais em amplitude e inovações com o referido.
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2.3 IMPORTÂNCIA DA PSICOLOGIA COMO REDE DE APOIO DENTRO DA IES

Para Moura e Facci (2016) oficialmente é complexo informar quando exatamente o


profissional de psicologia foi inserido à Educação Superior no Brasil. Tanto em evidências em
documentos oficiais como em pesquisas realizadas, não fica convincente o período exato da
inserção do trabalho desse profissional na assistência neste nível de ensino.
Porém, estes mesmos autores apontam uma pesquisa realizada no ano de 2014 com
alguns psicólogos que atuam dentro de Universidades Federais da região sul do Brasil.
Mediante os resultados apresentados, fica evidente que o maior percentual 84,59% tem como
alvo de intervenção os estudantes, pouco mais de 15% trabalham com outros públicos
(MOURA; FACCI, 2016).
A equipe psicológica dentro de uma instituição deve estar integrada com os outros
processos administrativos, bem como ter a percepção de prerrogativas individuais e das
repartições. Assim, podendo desenvolver um amplo conhecimento e domínio dos
acontecimentos, a fim de proporcionar melhorias nos valores, visão, objetivos, metas e
métodos organizacionais, priorizando a saúde mental entre todos os envolvidos. Praticar tais
sustentações nesses primórdios requer perseverança do psicólogo e da sua relação com uma
equipe multiprofissional, apontam Zanelli e Bastos (2004).
Para Nogueira (2013), o conhecimento sobre depressão e ansiedade em universitários
através da aplicação de testes psicológicos como: Escalas Beck de depressão e de ansiedade e
o Teste das Pirâmides Coloridas de Pfister, mostrou algumas características dos acadêmicos
investigados e apresentou nível de ansiedade que pode atrapalhar a estabilidade intrínseca e
resultar em reações coléricas, além do fato de estreitar a eficiência de produção nas atividades
acadêmicas.
Por estas e outras razões é importante o suporte de profissionais da psicologia dentro
do ambiente acadêmico. Em confirmação (BUIZZA et al, 2019, p.4), “O psicólogo é um
profissional externo; seu objetivo é ajudar os alunos a obter uma visão mais profunda sobre
seus problemas emocionais. As entrevistas psicológicas seguem o modelo da Clínica para
pacientes adultos jovens”. Relatam ainda que o apoio psicológico dentro de uma universidade
localizada no norte da Itália aberto a todos os estudantes matriculados.
No ano de 1998 um casal da América do Norte perdeu seu filho mais novo, Jed
cometendo suicídio dentro da Universidade, após este triste ocorrido o casal inicia em 2000
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uma nova jornada lançando a The Jed Foundation (JED) principal organização do país
dedicada à saúde mental de jovens adultos em parcerias com escolas de ensino médio e
faculdades para fortalecer seus programas e sistemas de prevenção contra suicídio e saúde
mental em parceria com psiquiatras e psicólogos clínicos. Hoje, a JED é a principal
organização do país dedicada à saúde mental de jovens adultos dentro das universidades.
Atualmente a fundação agora faz parceria com Bill, Hillary e Chelsea Clinton Foundation
sem fins lucrativos (JED, d.a.).
Retomando ao contexto brasileiro existem algumas instituições de ensino superior que
se preocupam em oferecer este serviço de apoio psicológico. Pan, Zonta e Tovar (2015),
relatam a experiência que obtiveram na implantação de acolhimento com estudantes da
Universidade Federal do Paraná, sendo assim o passo inicial para prosseguir ao atendimento
psicológico com os profissionais da área que atuam dentro da IES na assistência estudantil.
Outro exemplo é um relato de experiência da equipe multidisciplinar da Faculdade de
Medicina de Ribeirão Preto. Para Murakami et al (2018), foi resgatado um levantamento
histórico entre 2014 a 2017 dos serviços oferecidos dentro do Centro de Apoio Estudantil e
Psicológico (CAEP) e números da procura dos universitários à este apoio. Mediante os
resultados apresentados no estudo dos referidos autores observa-se a grande demanda e,
interesse, servindo de exemplo para outro campus que ainda não oferece esse atendimento.
Oliveira e Araújo (2009) apontam que esta prática está voltada para os acadêmicos que
apresentavam dificuldades na escola. Portanto, com as evoluções teóricas e práticas no campo
da Psicologia e as discordâncias, relutâncias e críticas frente a problemas que os profissionais
escolares enfrentavam. Na atualidade essa visão em prevenção nas relações e saúde mental
passou também dar importância e espaço a participação dos professores onde os mesmos
também precisam desse olhar.
A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), utiliza um modelo conhecido
como SAPSI - Serviço de Atenção Psicológica, muito bem organizado e que agrega o
acolhimento psicológico inicial não havendo a necessidade para agendamento. Importante
ressaltar que na página http://sapsi.paginas.ufsc.br/ existem orientações de quando e como
procurar ajuda psicológica (UFSC, d.a.).
Em concordância e conclusão sobre o assunto Shadowen et al (2019), confirmam a
importância da rede de apoio dentro das universidades através da pesquisa realizada pelos
autores, foi comprovado que este acompanhamento serve para amortecer a vulnerabilidade de
um indivíduo a situações estressantes, evitando sérios diagnósticos irreversíveis para os
futuros profissionais.
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3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Trata-se de uma pesquisa básica com estudo qualitativo, identificando a visão do


usuário a respeito da atuação do NAE. De acordo com Prodanov e Freitas (2013), a
abordagem qualitativa tem a investigação do meio social como origem aberta das
informações. O observador preserva o convívio contínuo com o ambiente e o motivo da
aprendizagem, tendo um condicionamento mais abrangível e profundo de campo. Nesta
dimensão, os assuntos são desenvolvidos no espaço em que elas se mostram sem influência
proposital do investigador.
Quanto ao procedimento técnico pesquisa participativa, os autores destacam que:

Essa pesquisa, assim como a pesquisa-ação, caracteriza-se pela interação entre


pesquisadores e membros das situações investigadas. A descoberta do universo
vivido pela população implica compreender, numa perspectiva interna, o ponto de
vista dos indivíduos e dos grupos acerca das situações que vivem (PRODANOV;
FREITAS, 2013, p. 67).

Também se classifica como pesquisa bibliográfica, que na presente pesquisa são dados
secundários, ou seja, já existentes em livros, jornais, artigos, desenhos, textos e outros
materiais possíveis de informações, colocando o pesquisador em contato direto com todo
material já escrito sobre o assunto da pesquisa (PRODANOV; FREITAS, 2013).
Foram ao total 6 participantes de pesquisa, de ambos os sexos, na faixa etária entre
19 a 25 anos, sendo 3 acadêmicos do curso de Engenharia de Petróleo e 3 acadêmicos do
curso de Administração Pública que tiveram contato com o NAE. Outro requisito é que o
participante tenha a aceitação de participar, o que será pautado pelo documento Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido, que visa o respeito devido à dignidade humana.
No Quadro 1, apresenta-se a caracterização dos acadêmicos participantes.

IDENTIFICAÇÃO CURSO IDADE SEXO

Entrevistado (A) Eng. de Petróleo 25 Masculino

Entrevistado (B) Eng. de Petróleo 25 Masculino

Entrevistado (C) Eng. de Petróleo 21 Masculino


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Entrevistado (D) Adm. Pública 19 Masculino

Entrevistado (E) Adm. Pública 20 Feminino

Entrevistado (F) Adm. Pública 25 Feminino


Quadro 1: Caracterização dos sujeitos entrevistados
Fonte: A pesquisa (2019)
No primeiro momento foi assinado o Termo de Anuência com a instituição com a
finalidade de solicitar a autorização para a realização da pesquisa e firmar o compromisso.
Como instrumento de coleta de dados foi realizada uma entrevista semiestruturada com os
participantes, disponível no Quadro 2, sendo adaptável de acordo com a direção do diálogo.
As questões foram organizadas para melhor atender os objetivos específicos. Para
Rosa e Arnoldi (2014), esse tipo de entrevista oferece certa autonomia para o indivíduo
expressar suas ideias, direções e argumentos, mantendo um relacionamento mútuo seguindo
uma dinâmica natural entre o entrevistado e pesquisador. Portanto é importante por meio
desta exteriorizar alguma experiência pela utilização dos serviços do NAE, e através disso
preconizar a permanência desse serviço dentro da IES.

ROTEIRO DE ENTREVISTA
1) Como ficou sabendo que a Universidade ofertava apoio psicológico? Você sugere alguma ação
para ampliar a divulgação?

2) O que motivou a sua procura pelos serviços oferecidos no NAE do CESFI-UDESC?

3) Você poderia dizer qual foi o serviço utilizado? Por quanto tempo? Comente como foi a
experiência.

4) O local de atendimento e a duração das sessões foram suficientes?

5) No seu entendimento, quando uma pessoa deve procurar ajuda de um profissional de psicologia?

6) Além do atendimento psicológico você participou de alguma outra atividade proporcionada pelo
o NAE?

7) Antes de o NAE chegar como eram resolvidos seus conflitos interpessoais dentro da
Universidade?

8) Você considera importante esse apoio psicológico dentro das Universidades? Por quê?

9) Que tipo de profissionais da área da saúde poderiam fazer parte da equipe do NAE para melhor
abrangência frente às necessidades da Universidade?
Quadro 2: Roteiro de entrevista semiestruturada
Fonte: A pesquisa (2019)
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Os critérios de inclusão foram acadêmicos que já utilizaram os serviços do NAE e que


aceitaram o convite para participar desse estudo. A consulta dos sujeitos foi feita pelo banco
de dados do NAE.
Cabe ressaltar que a aplicação da entrevista realizou-se dentro da IES selecionada para
a pesquisa, no intervalo de tempo onde o sujeito não estava no período de aula, não havendo
prejuízo para o mesmo, e em um dia útil da semana, no período diurno e/ou noturno em um
ambiente confortável e que possa assegurar tranquilidade e sigilo na aplicação do mesmo,
com o tempo de aplicação aproximadamente 30 minutos para os participantes responderem.
O convite aos participantes deu-se mediante sua disponibilidade de tempo livre, e no
momento que antecede a aplicação da entrevista, foram informados sobre os objetivos e como
seria desenvolvido o estudo, sendo que o mesmo somente realizou-se com o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido e o Termo de autorização de gravação de voz
devidamente lido e assinado, ficando uma via assinada para o pesquisador e outra para o
participante de pesquisa. O anonimato dos participantes mantém-se resguardado, a partir do
posicionamento ético do pesquisador a fim de garantir a manutenção dos cuidados éticos.
De acordo com artigo V da resolução 466 - o pesquisador é responsável pela
realização da pesquisa e pela integridade e bem estar de quem participar do processo. A
pesquisa que envolve seres humanos possui riscos, sendo assim é necessário tomar todos os
cuidados no que diz respeito à proteção dos entrevistados. Devem-se considerar vários
aspectos ao se tratar de pesquisas experimentais, como os aspectos sociais, psíquicos, morais,
intelectuais, físicos e culturais. Esse artigo foi submetido ao Comitê de Ética em pesquisa com
seres humanos e obteve sua aprovação com o parecer 3.477.038.
A análise dos dados foi realizada através da análise do conteúdo, que de acordo com
Furtado e Duarte (2014), é um recurso de dados coletados, usado para descrever e interpretar
o conteúdo de toda classe de documentos e textos. Esse tipo de análise busca evidências
qualitativas ou quantitativas, possibilitando a reinterpretação dos fatos e fenômenos sendo
uma ferramenta facilitadora na compreensão dos problemas cada vez mais variados que
dispõe a investigar.
Para Moraes (1999) análise de conteúdo do ponto de vista exposto delimita ao fato
real, sem restrições ocultas. A escolha desse método parte para melhor alcance dos objetivos,
a pesquisadora procura compreender e colher informações precisas, relevantes concentrando à
proposta dessa pesquisa, a fim de reconhecer necessidades que nem a pesquisadora tinha
consciência.
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4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Para contemplar os objetivos propostos, a seguir constam os resultados obtidos através


da coleta de dados, em que se buscou compreender a importância da implantação do NAE
através dos objetivos específicos de identificar e analisar a necessidade de acompanhamento
Psicológico mediantes as demandas apresentada; destacar a visão, percepção do usuário a
respeito do NAE e, propor a permanência do NAE, profissionais e estagiários da área de
Psicologia a UDESC de Balneário Camboriú/SC. As discussões dos resultados foram
distribuídas em subcapítulos, por meio dos recortes com maior significância das entrevistas
realizadas com os acadêmicos participantes.

4.1 ESCUTA QUALIFICADA NO RECONHECIMENTO DO ACOMPANHAMENTO


PSICOLÓGICO

Dias e Oliveira (2014) retratam que toda mudança gera certos conflitos até que esta
seja adaptada para o contexto atual e aceita. Para isto o profissional da psicologia necessita de
um olhar clínico para as demandas emergências na assistência psicológica.

“Meu período de turbulência pessoal, a minha chegada aqui


(Universidade), o NAE chegou primeiro do que eu, então foi muito
acolhedor pra mim. Era um momento pessoal que realmente eu estava
precisando desse apoio, então foi perfeito, pra mim foi muito bom”
(Entrevistado B).

Desafios geradores de um misto de emoções, alguns dos jovens apresentam


inexperiências, crescendo e vivendo até então com o apoio de pais e familiares em suas
cidades natal. Porém a maior parte decide enfrentar a realidade do mundo fora deste contexto,
aproveitando a transição da saída do ensino médio e decidem a aventura de uma Universidade
Pública de outro estado.
Neste aspecto, distantes de suas redes de apoio os obstáculos surgem gerando sintomas
emocionais muitas vezes mal entendido pelos os familiares, conforme Dias e Oliveira (2014).
“Vários problemas pessoais acarretaram, a faculdade estava sendo difícil pra mim aí eu
acabei procurando ajuda porque não estava indo bem na faculdade, acabei procurando o
NAE” (Entrevistado D), vê-se neste trecho da entrevista o reconhecimento do momento
difícil e a abertura na procura por ajuda. Nogueira (2013) complementa que, situações
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ansiosas inibidoras do equilíbrio emocional prejudicando a elaboração das obrigações


universitárias começam a fazer parte da sua rotina.
Cabe considerar que a assistência psicológica no âmbito universitário é fundamental
Buizza et al., (2019). Conforme relata o entrevistado A “[...] todas as pessoas atualmente
devem procurar ajuda, porque estamos num tempo em que todo mundo tem um problema
psicológico porém as pessoas pensam que isso não faz mal, mas... isso faz muito mal”.
Muitos ainda esquivam-se na tentativa de resistirem caminhar sozinhos, Segundo o
entrevistado (E) “[...] já que as pessoas, eu me incluo, espero o negócio ficar um pouco
crítico para procurar ajuda, acho que é um ponto que você já não está satisfeito com que
você está fazendo [...]”. Mediante à esses dois últimos resultados apresentados, fica
perceptível a importância do acompanhamento psicológico reconhecida pelos mesmos.
Muitos casos quando não procurado precocemente um apoio de um profissional da psicologia
por alguns motivos como: demanda investimento de tempo e de dinheiro, a situação fica mais
agravante tendo como complemento o tratamento medicamentoso.
A admissão do indivíduo, de suas fragilidades conforme visto nos entrevistados acima
na procura pelo acompanhamento psicológico é um grande começo para uma caminhada do
autoconhecimento.

4.2 A DICOTOMIA EM FAVOR DO CRESCIMENTO

Baseando-se na propagação e ampliação do trabalho do NAE, Moura e Facci, (2016)


retratam que os serviços não atendem somente os acadêmicos, alcançando também outros
públicos dentro da IES. Nesta mesma perspectiva conforme a descrição do entrevistado (B)

“[...]dizer que o NAE apoio o grupo de pesquisa [...] realmente está


interagindo dentro da Universidade não é uma sala lá no cantinho,
que se o aluno quiser ele vai lá e procura, ou seja, tem professores
que estão buscando essa interação e vocês atenderam muito bem
[...]”.

Para Barbosa (2009) o apoio e a colaboração desses núcleos realizam seu trabalho
onde dispõe do propósito concebendo a proporção no auxílio da conservação do acadêmico
evitando assim possíveis deserções, conforme apresentado ao entrevistado C, a importância
da realização de outras atividades direcionadas “[...] participei do setembro amarelo, uma
roda de conversa que veio uma psicóloga e teve um psiquiatra [...]”.
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Necessariamente a equipe precisa estar integrada com outras repartições dentro da IES
“[...]me lembro de algumas organizações [...] voltado com vocês (NAE) e com a biblioteca
que foi setembro amarelo, outubro rosa e novembro azul [...] bastante coisa participei com
vocês” (Entrevistado A). Percebe-se pelas duas últimas respostas que os entrevistados
utilizaram não somente o atendimento psicológico como também outros serviços. Zanelli e
Bastos (2004), confirmam esta agregação no sentido de somar progressos dentro de uma IES.
Buscando-se sugestão na ampliação da divulgação dos serviços oferecidos pelo o NAE
dentro da Universidade, o entrevistado B propôs o seguinte: “[...] sempre é bom divulgar um
pouco mais, começar a divulgação da parte dos resultados, tem que ter um cuidado, mas
algo que mostre que o NAE está atuando[...]”. Em contrapartida a entrevistada E preconizou
sobre: “[...] passar nas salas de ter um contato individual [...] para a Universidade saberem
que o NAE existe que tem acompanhamento psicológico na UDESC”. Mediante as respostas
ambos gerenciam em suas falas melhor abrangência dos serviços obtidos do Núcleo. Essa
abertura e transparência de integração Buizza et al., (2019) descrevem essa experiência em
uma universidade no norte da Itália do trabalho do profissional da psicologia no atendimento
clínico inserido na IES e suas repercussões positivos atingidos.
Cabe salientar esses resultados obtidos pelo o NAE, identificados através dos recortes
de alguns desfechos das entrevistas, onde percebe-se o diferencial expressados por aqueles
que tiveram a importância e persistência no tratamento terapêutico.

“[...] meu controle emocional, isso não tenho dúvidas do dia que
comecei até hoje [...] evoluiu bastante e grande parte e o apoio do
NAE, no sentido das conversas da terapia, refletir de auto me ouvir,
me faz muito bem” (Entrevistado B).

“[...] foi muito boa, um período de crescimento, foi muito importante


para mim ter um profissional acompanhando, acho que o NAE para
mim este ano foi essencial” (Entrevistada E).

“[...] não queria estar expondo o que estava sentindo para uma
pessoa envolvido na minha situação, porque vai ser diferente a visão,
então foi muito bom, me ajudou muito depois que eu comecei a fazer
[...] a cabeça mais limpa, o sentimento também, fui tirando tudo
aquilo que estava sobrecarregando, foi maravilhoso para mim, foi o
resgate do poço” (Entrevistado F).

Shadowen et al., (2019), retratam por intermédio dos resultados obtidos pela pesquisa
coletada, a relevância dessa significativa rede de apoio dentro das universidades, é
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cognoscível pelos os discursos acima, respeitando a singularidade de cada indivíduo,


pontuando as demandas trazidas pelos os mesmos.

4.3 RECONHECIMENTO E NECESSIDADE DO APOIO PSICOLÓGICO

Para atingir o último objetivo foi argumentado sobre como eram solucionados os
conflitos interpessoais antes de o NAE chegar na Universidade, para a entrevistada E relatou
sua experiência “[...] eu sempre tive aquele negócio de tentar resolver o conflito
imediatamente e na vida eu entendi que a gente não consegue fazer isso sempre [...]”. Já a
entrevistada F “[...] era chorando, me isolando então era bem difícil, maioria das vezes era
chorando, discutindo com minha família [...] como é que eu vou explicar uma coisa que nem
eu tô sabendo entender”.
Fica notório que cada qual tentavam ludibriar seus conflitos pessoais. A mesma
entrevistada E ainda relata sobre essa dificuldade no ambiente familiar. “[...] Minha mãe
perdia a paciência e daí ela com aquela indagação, aquela coisa assim me deixava mais angustiada
ainda, então é chorando, era conversando com um e outro, mas não estava tendo progresso não”. O
mais agravante quando não tem onde recorrer não encontrando apoio profissional no contexto
acadêmico onde vivem a maior parte do tempo.
Sobre a relevância desse apoio dentro das IES observa-se o exemplo na qual existe
atualmente na América no Norte uma organização não governamental aplicada aos cuidados
da saúde mental dos universitários. Experiência dolorosa relatada pelo um casal do país norte
americano em que perderam seu filho dentro de uma IES cometendo suicídio, casos como
estes chegaram ao extremo, o jovem vivia aparências não havendo na época núcleos de apoio
com profissionais na área da saúde mental (JED, d.a).
Com isso a entrevistada E expõe sua vivência e afirma: “[...] Você vai ter conflitos
acontecendo por aí e tento o acompanhamento tendo uma hora por semana que às vezes eu
falava só desses conflitos, tipo...me deu a segurança pra eu ver, não tá tudo bem!”. O
referido casal em um olhar mais amplo, visualizando sofrimentos de pais e jovens lançaram
uma parceria com universidades, no combate contra o suicídio, implantando núcleos com
profissionais da saúde, o projeto foi batizado com o nome do filho (JED, d.a.).
A relevância e importância aos cuidados emocionais dos jovens também foi
reconhecida no Brasil, ou seja, iniciando em algumas IES na Faculdade de Medicina de
Ribeirão Preto - SP, como apresentado nos resultados da pesquisa Murakami et al (2018)
afirmam a crescente procura e interesse pelos os serviços oferecidos. Mediante a este tema o
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entrevistado B acrescenta. “[...] Então são poucas as universidades que oferecem esses
serviços. Eu cheguei aqui e tinha isso disponível, foi muito bom [...]”. A seguir outras
contribuições sobre o referido assunto.

“[...] nem só alunos os professores e quem trabalha em si tem uma


pressão muito grande é algo complicado para as pessoas lhe dar
tanto com estudo e trabalho e tem que lidar com sua mente tudo ao
mesmo tempo, você precisa ter um momento para relaxar para poder
falar pra alguém que não está ali para te julgar apenas para te
ajudar” (Entrevistado A).

“[...]o meio acadêmico tem tanta pressão sobre os acadêmicos e a


gente querendo ou não a faculdade cobra muito e exige muito e o
mercado o mundo lá fora também, pressão sobre pressão e os
acadêmicos sentem-se muito pressionados e a gente acaba muitas
vezes surtando e o apoio dentro da universidade, o apoio psicológico
é super importante pra pessoa não quebrar” (Entrevistado D).

Perceptível pelos resultados retratados a experiência daqueles que passaram pelos


cuidados do NAE, cada qual contribuindo sobre a dimensão desse suporte dentro do ambiente
acadêmico. Nesta mesma concepção a entrevistada F colabora com a sua vivência:

“[...] eu já tinha crises mas era só aquele momento passava e deu,


mas depois que comecei a fazer faculdade começou a ficar todos os
dias aquela situação não passava nunca. Então quando comecei a
fazer faculdade que eu não conseguia avançar nas matérias eu me
esforçava muito [...] a gente acaba ficando frustrada “[...] a gente
precisa do NAE porque é nossa escape, porque lá a gente pode
chorar, pode desabafar, se tiver que falar mal de alguém a gente fala,
não tem problema nenhum porque alí é nosso espaço [...]”.

Entende-se de um local diferenciado para os entrevistados, reconhecimento


apresentado pelas falas dos mesmos, sendo recompensador para o desempenho da
pesquisadora no projeto em vigor. Algo importante à ser mencionado como proposta, sobre
que tipo de profissionais da área da saúde poderiam agregar a equipe do NAE. Por meio da
alegação o entrevistado B acrescenta. “[...] fisioterapia poderia entrar no sentido de
diminuir um pouco o sedentarismo das pessoas da universidade[...]”. Nesta mesma
perspectiva o entrevistado A relata. “[...] a maioria dos estudantes tem problemas
psicológicos e alguns deveriam tomar remédio, nem todo mundo tem condições ou tem
acesso a ter um psiquiatra[...]”.
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Todavia é evidente as propostas mencionadas nestas duas últimas entrevistas, onde os


mesmos sugerem o aumento da equipe do NAE com outros profissionais da área da saúde.
Algo que foi observado em um ângulo diferente nesta última etapa pela a entrevistada E
sobre as necessidades no momento presente, ou seja, da equipe e serviços que compõem hoje.

“Eu penso mais no que o NAE precisaria hoje, para conseguir


atender mais gente [...] alguém que cuidasse da agenda de vocês, que
vocês não tivessem esse peso, um sistema maior [...] vejo que vocês
estão todos os dias aqui, imagino que possa ser pesado, porque é
bastante gente é quase 600 alunos na universidade e vocês são em
poucos”.

Nesta direção, há relatos satisfatórios de experiências em outras regiões do Brasil,


como por exemplo a Universidade Federal do Paraná. Pan, Zonta e Tovar (2015), destacam
esta bagagem recompensadora através da implantação do Plantão Institucional chamado de:
“PermaneSENDO”, tendo a participação ativa dos estudantes/estagiários do curso de
psicologia por meio de triagem, avaliação e acompanhamento terapêutico, sendo
supervisionados por três profissionais da psicologia contratados pela instituição. Os mesmos
autores relatam por meio de uma avaliação dos estudantes, a agilidade no atendimento e a
postura ética dos estagiários, tornando uma relação de empatia e confiabilidade fortalecendo e
expandindo o projeto.
Diante do exposto fica visível a proposta da permanência do NAE, profissionais e
estagiários da área da Psicologia inserida na instituição da presente pesquisa. Sobre os
recortes das falas de como era anteriormente as resoluções de conflitos antes da chegada do
Núcleo e como está sendo atualmente com o auxílio do atendimento psicológico. As
sugestões para expandir o trabalho e agregações de mais profissionais, aporte de grande
significância observado pelos os participantes.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As necessidades emergências da comunidade acadêmica no contexto de uma


Universidade Pública Estadual na atualidade será sempre um desafio para os gestores,
administradores e professores, conforme mencionado, muitos estão distantes de suas redes de
apoio tornando-se mais vulneráveis frente a novos desafios ou até mesmo algumas situações
na qual não foram resolvidas internamente pelo o indivíduo desencadeando em possíveis
sofrimentos emocionais.
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A proposta que surgiu na maioria dos discursos, refere-se a contratação de


profissionais da área da psicologia somando à equipe atual sendo no momento apenas
estagiários, as demandas têm sido desafiadoras e constantes no plantão psicológico,
acolhimentos e atendimentos. Porém para atingir tais necessidades dependem da admissão de
um olhar mais amplo e humanizado da instituição e seus gestores, onde não somente
alcançando números de alunos porém a qualidade de vida emocional, acadêmica e pessoal,
fazendo a diferença para a sociedade e muito mais para o cidadão.
Essa prática dialética, inovadora e necessária da área da psicologia emergida de
desafios ainda é um longo caminho à ser percorrido e reconhecido pelas instituições estaduais
e federais, de outro modo conforme constatado pelas entrevistas coletadas, cada participante
reportou a importância e diferencial do NAE inserida no contexto acadêmico, alcançando
dessa maneira a hipótese proposta inicialmente no reconhecimento e preservação do projeto
em vigor.
O projeto atualmente obteve o reconhecimento de ganhar sua própria sala,
acontecimento realizado após a coleta das entrevistas sendo no segundo semestre do ano de
2019. No momento a equipe encontra-se com três bolsistas e duas estagiárias que cumprem as
cinco horas semanais obrigatórias, totalizando em cinco estagiárias da área da psicologia.
A experiência vivenciada pela pesquisadora em implementar o NAE e realizar a
coleta das entrevistas proporcionada por ambas instituições, trouxe extenso aporte profissional
e pessoal, pois essa troca de relação rompe com o silêncio e tabu do atendimento psicológico
no qual alguns considera somente para indivíduos anormais e problemáticos. A psicologia
clínica em seu contexto de psicoterapia incorporada nas práticas universitárias, apresenta
resultados positivos conforme evidenciado nos resultados dessa pesquisa.
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REFERÊNCIAS

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