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Esportes na Perspectiva da Ludicidade

Aula 2: Métodos de ensino e jogo e ludicidade

Introdução
Nesta aula, veremos os métodos de ensino mais utilizados, como o método parcial ou
analítico, o global ou complexo, o misto e o recreativo. A nossa proposta está relacionada ao
princípio metodológico do jogo e da ludicidade, onde o jogo é vivenciado:

Real e imaginariamente

Nesta aula, veremos os métodos de ensino mais utilizados, como o método parcial ou
analítico, o global ou complexo, o misto e o recreativo. A nossa proposta está relacionada ao
princípio metodológico do jogo e da ludicidade, onde o jogo é vivenciado:

Objetivos
Identificar os métodos de ensino dos jogos de quadra para adequá-los ao contexto
escolar;
Explicar o princípio metodológico do jogo e da ludicidade para relacioná-lo ao
processo educativo.

Os métodos de ensino no entendimento mais simples do termo podem ser considerados


como o caminho a ser percorrido na aprendizagem. Mas, por outro lado, sugerem formas
organizadas ou sistemáticas de criar ambientes, formas de aprendizagem, que
eficientemente conduzem a resultados favoráveis.

Nós sabemos que a criança gosta de brincar, então a escolha da metodologia tem que ser
adequada à faixa etária e ao nível de entendimento das crianças.

Figura 1

Fonte: Elaborado pelo autor


Os métodos de ensino mais utilizados são:

Parcial ou analítico

Consiste em ensinar a destreza motora por partes, para depois uni-las ao final. Ao
ensinarmos um fundamento devemos observar o posicionamento do corpo, das mãos, dos
pés, em seguida o desenvolvimento do mesmo. Este método é mais adequado quando se
utiliza com frequência a técnica dos fundamentos.

Será que com tantas informações, tanto detalhe, o fundamento será realmente bem
executado?

E será que a criança ou jovem terá maturidade ou motivação para executar os mesmos
movimentos várias vezes?

Será que este método é o mais indicado?

Global ou complexo

Consiste em ensinar uma destreza motora apresentando o seu conjunto. O professor não
deverá interferir inicialmente, mas depois poderá ajudar no polimento do movimento.

Misto

O método misto, também conhecido como global-parcial-global, está relacionado à junção


dos dois métodos anteriores, representando a união dos métodos global e parcial. Nesse
método, o movimento é executado por completo sem a interferência do professor, para
depois dividirmos para as suas devidas correções e a execução do movimento completo.

Recreativo

Atualmente é o método mais popular e mais adotado nas aulas da Educação Física escolar.
A adoção deste método faz-se presente em quase todas as realidades. Os elementos
técnicos e táticos são abordados de maneira lúdica, recreativa e proporcionam ao aluno um
melhor aprendizado do jogo esportivo.

Você já ouviu falar em Jogos Esportivos Modificados?

Jogos Esportivos Modificados - é uma proposta alternativa fundamentada em Bunker &


Thorpe para o ensino de jogos esportivos.

Essa proposta tem como objetivo superar a abordagem de ensino dos jogos esportivos
tradicionais, os quais se baseiam na abordagem de compreensão de jogos, onde todos e
cada um dos alunos podem participar na tomada de decisões. Neste modelo, o ensino dos
jogos progride através da tática de jogo, ao invés das habilidades técnicas esportivas.

O mesmo baseia-se em considerações e argumentos táticos, onde os alunos reconhecem


que os jogos podem ser interessantes e agradáveis, quando auxiliados e encorajados a
tomar decisões corretas, baseadas na consciência tática.
Figura 2 - Rod Thorpe

Fonte: https://bityli.com/80oFK

Como avaliar o grau de sucesso de um programa de contrução


e/ou criação de jogos?
O professor precisa observar os alunos, ouvir suas discussões e perguntas. Para isso, deve-
se proceder da forma mais informal e menos obstrutiva possível.

Fazer perguntas, para confirmar seu entendimento de como o jogo é praticado, do nível de
envolvimento do aluno, bem como de cooperação individual no jogo. Torna-se importante
saber se os alunos estão se divertindo e se o nível de desafio é suficiente para manter o jogo
excitante ou não.

Os problemas são equacionados pelo professor ou em comum acordo com os participantes


do jogo. Os alunos terão várias oportunidades educacionais, tais como:

Construir um jogo que é seu, algo que fizeram e criaram.

Estar envolvidos em seu próprio aprendizado.

Comunicar-se e explicar como o seu jogo desenvolveu-se.

Compartilhar suas ideias e trabalhar cooperativamente.

Descobrir por si mesmos por que as regras são importantes e a que propósito elas servem.

Ensinar e aprender com os colegas, inclusive compartilhando com o professor.

A nossa proposta está relacionada ao princípio metodológico do jogo e da ludicidade, onde


o jogo é vivenciado real e imaginariamente e o nosso propósito é oferecer subsídios para a
utilização desse princípio metodológico.

Este assunto já foi estudado na disciplina “Jogo e Ludicidade”, como o princípio que deverá
nortear a construção dos jogos que acontecem nos esportes de quadra, conforme
apresentaremos a seguir.
Atenção!

Nos estágios iniciais de um programa de construção e/ou criação de jogos, é necessário


limitar o número de escolhas a serem feitas pelos alunos, auxiliando-os na escolha de área
de jogo, formação das equipes e de equipamentos.

Jogo e ludicidade
Vamos recapitular alguns conceitos?

Qual seria a trajetória a ser percorrida para nos apropriarmos dos jogos fundamentados
no princípio do jogo e da ludicidade?

O jogo nessa trajetória está associado à ideia de fruição corporal, e carregado de um


inesgotável valor simbólico. A fruição corporal é o reflexo da magia lúdica que existe no
jogo. Ela remete o jogador a uma vertigem imaginária que o faz flutuar ao sabor das
emoções. Esse momento lúdico se constrói através de um sistema simbólico que permite
revelar, segundo Gilbert Durand (1993), um mundo dizível, invisível e indizível.

O jogo não é algo neutro, pelo simples fato de não existir jogo sem produção de sentidos.
Ele acontece através do corpo e é esse mesmo corpo que percebe o reflexo do lúdico
existente no jogo.

Essa produção de sentidos pode ser identificada no pique-tubarão:

O nosso aluno é meramente um integrante da brincadeira, o pegador do pique, mas nesse


momento ele se transforma num verdadeiro monstro do mar.

Os elementos simbólicos visíveis nesse pique englobam o mar, o espaço em que os


pegadores podem ser pegos, a terra, o espaço em que os perseguidos podem se salvar.
Quando brincam, as crianças não veem o tubarão correndo atrás deles, nem ninguém
correndo por cima da água.

Figura 3

Fonte: https://bit.ly/2RL3Ou2

Mas imaginam que isso esteja ocorrendo, configurando-se como elementos simbólicos
invisíveis. A sensação de ser um monstro dos mares é sentida pelo pegador.  Quando um
adolescente está envolvido num jogo, identifica-se a existência de uma lógica social, onde
cada atividade tem um sentido próprio.

O jogo só produz sentido quando ele e o jogador se unem como um amálgama, quando o
jogo e o jogador se confundem no vaivém da brincadeira. Corpo e brinquedo passam a
dançar ao som da música dos anjos. Ou mais ainda, como diz Santin (1996), brincar é fruir o
corpo (...) significa fazer o corpo sentir, amar, viver e vibrar; e não levá-lo a executar tarefas
(p.32).
Assim, podemos perceber que se pretendemos utilizar a ludicidade em nossas aulas, o
primeiro passo é lançar novos olhares sobre os nossos alunos.

Ao brincar de pique-esconde as sensações são as mais diversas possíveis.

A do pegador desempenhando o papel de polícia ou detetive (Sherlock Holmes) que


precisa identificar os esconderijos e tentar pegar os fugitivos.

Por sua vez, os fugitivos precisam se esconder como ladrões ou bandidos, não podem ser
vistos porque senão serão eliminados da atividade.

Quantos personagens são vividos numa simples brincadeira infantil?

A criança só se aproxima de um jogo quando ele a atrai. É preciso existir um encanto que a
conduza ao brinquedo.

Essa é a nossa missão! Precisamos oferecer atividades em que os nossos alunos possam
jogar com a ludicidade, sentindo prazer, vibração, alegria e muitas outras emoções em seus
corpos.

Não podemos deixar de retornar ao olhar de Costa (2000) sobre o lúdico em nossa revisão. A
pesquisadora mostra o seu entendimento sobre o lúdico nos dizendo que o que é
fundamental na atividade lúdica parece ser o trabalho da transformação simbólica a que se
submete o ator, elaborando a experiência na fantasia lúdica (p.111).

O jogador, quando se percebe como um tanque de guerra, um navio de guerra ou um avião


bombardeando o terreno inimigo, como ocorre em alguns jogos, elabora essa fantasia na
experiência lúdica. Durante esses jogos agarramos a bola, jogamos para o campo
adversário, corremos atrás de outras bolas etc.

Quem está nos assistindo não faz ideia das diferentes sensações que vivenciamos e de
quantas estratégias estamos criando, muitas vezes compartilhadas com os nossos
parceiros. Diferentes situações acontecem e nos levam a pensar em coisas que, se não
estivéssemos jogando, jamais pensaríamos. Podemos desempenhar o papel de um tanque
de guerra, um avião, um navio ou até um soldado atacando o campo inimigo.

É uma grande viagem! O imaginário flui e podemos chegar a diferentes sensações, entre
elas, a de que somos uma verdadeira máquina de guerra com o objetivo comum de eliminar
o adversário.

Esse é um jogo que acontece entre o objeto simbólico do jogo e o corpo do jogador,
produzindo prazer, alegria, emoção, enfim, fruição corporal. O corpo e o objeto neste jogo se
unem e explodem numa inesgotável vertigem imaginária.

Atenção!

Esperamos que tenham captado a ideia central de como vamos organizar os jogos de
quadra, a partir do princípio do jogo e da ludicidade. Mas fiquem tranquilos, ainda vamos
circular por outros assuntos que darão suporte para colocarmos em prática esse princípio
metodológico.

Exercícios de fixação
Olá! Para verificar sua aprendizagem, você fará, agora, alguns exercícios de fixação.
Qualquer dúvida, retorne ao conteúdo ou consulte seu professor-tutor.
Lembre-se de que tais atividades não valem ponto na avaliação da disciplina, mas são de
suma importância para o aproveitamento de seus estudos.

Após finalizar todas as questões, clique no botão Enviar, a fim de que suas respostas sejam
computadas e o gabarito, disponibilizado.

Até a próxima aula!

Quais são as Orientações Curriculares para o Ensino Médio?

Apresenta as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, em consonância


com a Constituição Federal (Brasil, 1988) e a Lei das Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (Brasil, 1996).

Art.5º afirma que "o acesso ao ensino fundamental é direito público subjetivo, podendo
qualquer cidadão, grupo de cidadãos, associação comunitária, organização sindical,
entidade de classe ou outra legalmente constituída, e, ainda, o Ministério Público,
acionar o Poder Público para exigi-lo".

Em relação à Educação Física o documento valoriza a cultura corporal do movimento e


avança um pouco mais na direção da interdisciplinaridade, ao apresentar um rol de
temas a serem discutidos nas aulas de Educação Física, oportunizando relacioná-los
com o cotidiano dos alunos, fazendo aflorar um novo olhar para as questões do
cotidiano daqueles que cursam o ensino médio

Art. 208 preconiza a garantia de sua oferta, inclusive para todos os que a ele não tiveram
acesso na idade própria. É básico na formação do cidadão.

Síntese
Nesta aula:

Os métodos de ensino no entendimento mais simples do termo podem ser


considerados como o caminho a ser percorrido na aprendizagem;
O método parcial ou analítico consiste em ensinar a destreza motora por partes,
para depois uni-las ao final. Ao ensinarmos um fundamento devemos observar o
posicionamento do corpo, das mãos, dos pés, em seguida o desenvolvimento do
mesmo;
O método global ou complexo. Este método consiste em ensinar uma destreza
motora apresentando o seu conjunto. O professor não deverá interferir inicialmente,
mas depois poderá ajudar no polimento do movimento;
O método recreativo, que na atualidade é o mais popular e adotado nas aulas da
Educação Física escolar. A adoção deste método faz-se presente em quase todas
as realidades. Os elementos técnicos e táticos são abordados de maneira lúdica,
recreativa e proporcionam ao aluno um melhor aprendizado do jogo esportivo;
O jogo na trajetória dos esportes de quadra está associado à ideia de fruição
corporal, e carregado de um inesgotável valor simbólico. A fruição corporal é o
reflexo da magia lúdica que existe no jogo. Ela remete o jogador a uma vertigem
imaginária que o faz flutuar ao sabor das emoções. Esse momento lúdico se
constrói através de um sistema simbólico que permite revelar, segundo Gilbert
Durand (1993), um mundo dizível, invisível e indizível.

Próxima aula
Na próxima aula:

Nesta aula, focamos os métodos parcial, global, misto e recreativo. A nossa


proposta foi relacionada ao princípio metodológico do jogo e da ludicidade, onde o
jogo é vivenciado real e imaginariamente e o nosso propósito é oferecer subsídios
para a utilização desse princípio metodológico, que deverá nortear a construção
dos jogos que acontecem nos esportes de quadra, conforme apresentaremos a
seguir.
Na próxima aula, navegaremos pela classificação do esporte, onde identificaremos
como o homem utiliza as práticas esportivas e se insere no esporte-educação,
performance e participação.

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