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Cadernos PDE
VOLUME I
O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS
DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009
JOGOS MATEMÁTICOS COMO RECURSO LÚDICO NO ENSINO
FUNDAMENTAL
Mafalda Volpato1
João Cesar Guirado2
Resumo
1
Especialista em Ciências do Meio Ambiente - UEM/PR, Licenciada em Matemática - UEM/PR, Professora de
Matemática no Colégio Estadual Rui Barbosa - Maringá/PR.
2
Mestre em Matemática - Unicamp/SP, Professor Adjunto D - UEM/PR.
1 Introdução
2 Fundamentação teórica
No jogo, a criança mostra, aliás, sua inteligência, sua vontade, seu traço
dominante, sua personalidade, enfim. Todo pedagogo digno desse nome há
muito está atento a essas múltiplas indicações dadas pela maneira de
jogar/brincar (CHATEAU, 1987, p.100-101).
VANTAGENS DESVANTAGENS
- fixação de conceitos já aprendidos de uma - quando os jogos são mal utilizados, existe o
forma motivadora para o aluno; perigo de dar ao jogo um caráter puramente
- introdução e desenvolvimento de conceitos aleatório, tornando-se um "apêndice" em sala
de difícil compreensão; de aula. Os alunos jogam e se sentem
- desenvolvimento de estratégias de motivados apenas pelo jogo, sem saber por
resolução de problemas (desafio dos jogos); que jogam;
- aprender a tomar decisões e saber avaliá- - o tempo gasto com as atividades de jogo em
las; sala de aula é maior e, se o professor não
- significação para conceitos aparentemente estiver preparado, pode existir um sacrifício
incompreensíveis; de outros conteúdos pela falta de tempo;
- propicia o relacionamento das diferentes - as falsas concepções de que se devem
disciplinas (interdisciplinaridade); ensinar todos os conceitos através de jogos.
- o jogo requer a participação ativa do aluno Então as aulas, em geral, transformam-se em
na construção do seu próprio conhecimento; verdadeiros cassinos, também sem sentido
- o jogo favorece a socialização entre os algum para o aluno;
alunos e a conscientização do trabalho em - a perda da "ludicidade" do jogo pela
equipe; interferência constante do professor,
- a utilização dos jogos é um fator de destruindo a essência do jogo;
motivação para os alunos; - a coerção do professor, exigindo que o
- dentre outras coisas, o jogo favorece o aluno jogue, mesmo que ele não queira,
desenvolvimento da criatividade, de senso destruindo a voluntariedade pertencente à
crítico, da participação, da competição natureza do jogo;
"sadia", da observação, das várias formas de - a dificuldade de acesso e disponibilidade de
uso da linguagem e do resgate do prazer em material sobre o uso de jogos no ensino, que
aprender; possam vir a subsidiar o trabalho docente.
- as atividades com jogos podem ser
utilizadas para reforçar ou recuperar
habilidades de que os alunos necessitem. Útil
no trabalho com alunos de diferentes níveis;
- as atividades com jogos permitem ao
professor identificar, diagnosticar alguns erros
de aprendizagem, as atitudes e as
dificuldades dos alunos.
Para Kamii (1991, p. 5,6) o jogo, para ser útil no processo educacional, deve:
Nesse sentido, o tipo de jogo que será explorado não é tão importante como
o modo como se dará essa intervenção. Então, pode-se explorar qualquer jogo, mas
não de qualquer maneira.
Muitas vezes, crianças com dificuldades de aprendizagem podem ter uma
resposta negativa às atividades que se utilizam de jogos. Porém, essa imagem vai
se modificando aos poucos a partir do momento em que passam a executar
atividades interessantes e desafiadores. Ganham confiança quando são
questionadas a corrigir seus procedimentos, analisando e comparando sua atuação
com outros pontos de vista, bem como na organização dos materiais utilizados.
O mais importante é descobrir que tanto nas oficinas como na escola,
pensar é uma atividade constante, que pode e deve ser prazerosa. A utilização dos
jogos como maneira de avaliar os alunos com relação aos seus problemas de
aprendizagem pode ser feita pelo professor. Observando as partidas e ficando
atento à forma de jogar de seus alunos, o professor pode descobrir os motivos que
levam a um baixo rendimento escolar, ajudando seus alunos na identificação das
origens do problema (MACEDO, PETTY e PASSOS, 2005, p. 27).
Todas essas considerações, delineadas como importantes e necessárias ao
processo de inserção do jogo no contexto de ensino-aprendizagem, propõem ao
professor que, ao assumir uma proposta de trabalho com jogos, deve assumi-la
como uma opção, apoiada em uma reflexão com pressupostos metodológicos,
prevista em seu plano de ensino, vinculada a uma concepção coerente, presente no
plano escolar, como um todo. Tal vinculação se faz necessária para o sucesso do
trabalho, na medida em que o professor não desencadeia a ação sozinho, mas
numa ação comum, juntamente com todos os outros professores responsáveis pela
formação escolar dos alunos, de acordo com uma postura metodológica coerente e
assumida pela equipe dos professores.
No processo de aprendizagem, o lúdico tem fundamental importância. A
utilização dos jogos, quando utilizados adequadamente, passa a ser uma importante
ferramenta no auxílio nas aulas de matemática.
O encaminhamento deste trabalho se dará com ênfase nos jogos, e todas as
atividades estarão de acordo com as orientações e sugestões de Rêgo, IME-USP,
Laboratório de Matemática – IBILCE/UNESP e Laboratório de Matemática –
LEM/UEM, entre outros.
Segundo Rêgo, as atividades aqui apresentadas estão voltadas não apenas
para o desenvolvimento de conteúdos específicos de Matemática como também
para a aquisição de habilidades que enriquecerão a formação geral do aluno,
auxiliando-o a:
a) Ampliar sua linguagem e promover a comunicação de ideias matemáticas;
b) Adquirir estratégias de resolução de problemas e de planejamento de
ações;
c) Desenvolver sua capacidade de fazer estimativas e cálculos mentais;
d) Iniciar-se nos métodos de investigação cientifica e na notação
matemática;
e) Estimular sua concentração, perseverança, raciocínio criativo;
f) Promover trocas de ideias através de regras, a percepção espacial, a
descriminação visual e a formação e fixação de conceitos.
As sugestões de Rego (2004) para a utilização de jogos como recurso
pedagógico em sala de aula exigem alguns cuidados básicos por parte do professor.
Nesse sentido, as seguintes etapas são fundamentais:
1) Planejar com antecedência as atividades, procurando conhecer bem o
material a ser utilizado, para que o mesmo possa ser explorado de forma
eficiente, usando de bom senso para adequá-lo às necessidades da
turma;
2) Realizar uma escolha responsável e criteriosa do material;
3) Apresentar o material e deixar que os alunos o explorem livremente, para
só então explicitar as regras. Nessa fase, o professor atua como
mediador, intervindo nos momentos oportunos, porém deixando os alunos
livres para interpretação das regras e, porventura, modificações
adequadas, pois isso pode conduzir à criação de novos e interessantes
jogos. O professor precisa estar atento e aberto a novas abordagens ou
descobertas, mesmo que em certo momento determinadas observações
lhe pareçam sem sentido. Essa etapa tem um importante valor
pedagógico, pois os alunos estarão exercitando a capacidade de
questionar, negociar, apresentar seus pontos de vista até chegarem a um
consenso;
4) Facilitar a comunicação entre os participantes do jogo, visando a troca de
ideias, pois é imprescindível que os diferentes processos, resultados e
estratégias utilizadas na escolha das jogadas sejam discutidos com a
turma, pois esse é o momento de o professor conduzir os alunos à
descoberta de princípios e fatos específicos, o que pode ser feito por meio
de questionamentos desafiadores;
5) Ao término da atividade ou do jogo, deve-se registrar as conclusões
importantes de cunho conceitual.
Existe grande variedade de jogos, mas não basta conhecê-los e saber jogá-
los. É necessário que o professor consiga aliar de forma interativa e dinâmica esse
recurso, para não persistir na rotina, tão conhecida, da sala de aula.
Referências
MACEDO, Lino; PETTY, Ana Lúcia Sícoli; PASSOS, Norimar Christe. Aprender
com jogos e situações-problema. Porto Alegre: Artmed, 2000.