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AULA 3- Jogos e Brincadeiras

TURMA: 3º período / Bacharelado


Profa. Msa.: Elisângela Rotelli
 JOGO, BRINQUEDO, BRINCADEIRA E A EDUCAÇÃO

CAPÍTULO 1- O jogo e a educação infantil


-Tizuko Morchida Kishimoto
Jogo, brinquedo e brincadeira

Definir jogo não é uma tarefa fácil. Para cada um ele pode representar uma coisa.
- faz de conta: situação imaginária;
- jogo de xadrez: regras padronizadas;
- brincar na areia: sentir prazer em escorrer pelas mãos;
- construir um barquinho: representação mental do objeto.
questionamentos:

 Qual a diferença entre um jogo de futebol profissional e um de várzea? Seria a falta de rigor no cumprimento das
regras ou o prazer manifesto no jogo coletivo? Ou ambos.

 Dependendo da ação, as especificidades mudam.


 Na partida de xadrez: cada ação depende da estratégia do adversário. Entreterimento em momentos de lazer. As
disputas profissionais, os dois jogadores não fazem por prazer, eles são obrigados por circunstâncias de trabalho.
-NESSE CASO, continua sendo um jogo?
 O gato que rola uma bola: instinto
 Criança que rola uma boa: consciência
-NESSE CASO, o jogo animal é o mesmo que o infantil?
 A variedade de fenômenos considerados como jogo mostra a complexidade da tarefa de defini-
lo.
 Comportamentos podem ou não ser visto como jogo.
 Arco e flecha – para uns é jogo, para outros preparo profissional ou sobrevivência.
 E por isso a dificuldade em elaborar definição de jogo que englobe a multiplicidade de suas
manifestações concretas.

MATERIAIS LÚDICOS- jogo ou brinquedo?

JOGO
1. O resultado de um sistema linguístico que funciona dentro de um contexto social;
2. Um sistema de regras; e
3. Um objeto.
1. O resultado de um sistema linguístico que funciona dentro de um contexto social

As línguas funcionam como fontes disponíveis de expressão.


Manipular simbolicamente pelos desejos da vida cotidiana.
Assumir que cada contexto cria sua concepção de jogo não pode ser visto de modo simplista, como
mera ação de nomear.
Considerar que o jogo tem um sentido dentro de um contexto significa a emissão de uma hipótese, a
aplicação de uma experiência ou de uma categoria fornecida pela sociedade, veiculada pela língua
enquanto instrumento de cultura dessa sociedade.

É este o aspecto que nos mostra por que, dependendo do lugar e da época, os jogos assumem
significações distintas. (Ex: arco e flecha do índio).
2. Um sistema de regras

No segundo caso, um sistema de regras permite identificar, em qualquer jogo, uma estrutura
sequencial que especifica sua modalidade.
São regras do jogo que distinguem, por exemplo, jogar buraco ou tranca, usando o mesmo objeto, o
baralho.

3. Um objeto
O jogo enquanto objeto. Seja em papelão, madeira, plástico.
Os três aspectos citados permitem uma primeira compreensão do jogo, diferenciando
significados atribuídos por culturas diferentes, pelas regras e objetos que o caracterizam.

O BRINQUEDO
O brinquedo supõe uma relação íntima com a criança e uma indeterminação quanto ao
uso, ou seja, a ausência de um sistema de regras que organizam sua utilização.

O brinquedo estimula a representação, a expressão de imagens que evocam aspectos da


realidade.

Ele coloca a criança na presença de reproduções: tudo o que existe no cotidiano, a


natureza e as construções humanas. Como uma forma de substituir objetos reais.
 O brinquedo não reproduz apenas objetos, mas sim uma totalidade social.
 A ficção científica e os brinquedos (robôs, piratas, conto de fada, entre outros) é uma representação
imaginária, expressando personagens distintos.

CULTURA
(cada cultura tem sua maneira de educar e tratar uma criança)

 A criança era vista como um ser inacabado, uma miniatura do homem e foi no século XVIII que Rousseau
defende a especificidade infantil, como portadora de uma natureza que precisa ser desenvolvida.

 O adulto, em momentos específicos, projeto a sua infância na criança, principalmente quando trata-se de
um brinquedo em especifico.

 A infância é expressada por um brinquedo, expressa seus valores, modos de pensar e agir.
 As cantigas passadas de geração para geração. Devaneios que retomam as lembranças da infância, nosso
sonhos, ideias e vontades.
“Cai cai balão, cai cai balão, na Rua do Sabão!” (Manoel Bandeira, 1986).

 O brinquedo não pode ser reduzido à pluralidade de sentidos do jogo, pois tem uma dimensão material,
cultural e técnica.

 A BRINCADEIRA é a ação que a criança desempenha ao concretizar as regras do jogo, ao mergulhar na


ação lúdica. Brinquedo e brincadeira portanto se relacionam diretamente com a criança e não se
confundem com o jogo.

 Concepções psicológicas e pedagógicas no desenvolvimento do conhecimento infantil.


JOGO- A “família do jogo”

Uma ramificação do jogo em uma família, com múltiplas espécies e seus parentescos.

CARACTERÍSTICAS DO JOGO
 HUIZINGA- O jogo, como elemento da cultura, omite os jogos de animais e analisa apenas os produzidos
pelo meio social apontando características: o prazer, a liberdade, a separação dos fenômenos do cotidiano, as
regras, o caráter fictício, entre outros.

 VYGOTSKY- para ele em certos casos há esforço e desprazer na busca do objetivo da brincadeira. A
psicanálise se ancora nisso.
 Para Huizinga, quando uma pratica é imposta à criança, deixa de ser jogo. A criança quando
brinca, entra em um mundo imaginário.

AS REGRAS NOS JOGOS- características marcantes.


- Regras explícitas (ex. na amarelinha, xadrez, entre outros)
- Regras implícitas (conto de fadas, a menininha brincar de mãe).
 São regras internas e ocultas, mas que ordenam e conduzem a brincadeira.
Características do jogo (Caillois)

Liberdade de ação do jogador, a separação do jogo em limites de espaço e tempo, a incerteza


que predomina, o caráter improdutivo de não criar nem bens nem riqueza e sua regras.

No jogo, nunca se sabem os rumos da ação do jogador, que dependerá, sempre, de fatores
internos, de motivações pessoais e de estímulos externos.
ESTUDOS SOBRE O COMPORTAMENTO DA CRIANÇA NA AÇÃO DO JOGAR.

1. a não-literalidade: o ursinho de pelúcia ser o filhinho.


2. efeito positivo: o jogo infantil caracterizado pelos signos do prazer e da alegria.
3. flexibilidade: as crianças estão mais dispostas a ensaiar novas combinações de ideias e de comportamentos.
4. prioridade do processo de brincar: toda sua atenção estar naquela atividade.

5. livre escolha: o jogo infantil só pode ser jogo quando escolhido livre e espontaneamente pela criança.
6. controle interno: os próprios jogadores determinam o desenvolvimento dos acontecimentos.

 1-4= jogo infantil


 5 e 6= a escola (jogo como trabalho).
Para Fromberg (1987) o jogo infantil inclui as características:
- Simbolismo: representa a realidade e atitudes
- Significação: permite relacionar ou expressar experiências
- Atividade: a criança faz coisas
- Voluntário e motivado: incorporar motivos e interesses
- Regrado: sujeito a regras implícitas ou explícitas
- Episódio: metas desenvolvidas espontaneamente.
1994- Faculdade de Educação (USP)

Autores que assinalam pontos comuns como elementos que interligam a grande família dos
jogos:
1. liberdade de ação do jogador ou o caráter voluntário, de motivação interna e episódica da ação lúdica
2. regras (implícitas ou explícitas);
3. relevância do processo de brincar (o caráter improdutivo), incerteza de resultados;
4. não-literalidade, reflexão de segundo grau, representação da realidade, imaginação e
5. contextualização no tempo e no espaço.

Características que permitem identificar fenômenos que pertencem à grande família dos jogos.
As relações entre o jogo infantil e a educação: paradigmas

Três concepções estabeleciam as relações entre o jogo infantil e a educação:


1- recreação um relaxamento necessário a atividades que exigem esforço físico, intelectual e escolar.
2- uso do jogo para te favorecer o ensino de conteúdos.
3- diagnóstico da personalidade infantil e recurso para ajustar o ensino às necessidades infantis.
 Gross é um autor que retoma o jogo enquanto ação espontânea, natural (influência biológica), prazerosa e
livre (influência psicológica) e já antecipa sua relação com a educação (treino de instintos).
 Os paradigmas que o autor expõe e que remetem ao jogo infantil equiparam o jogo espontâneo, “não-sério”, à
futilidade ou reivindicar o sério e associá-lo à utilidade educativa.

TIPOS DE BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS


Brinquedo educativo
 Brincadeiras de faz-de-conta
- brinquedos de tabuleiro
- situações imaginárias
- quebra-cabeça
- crianças de 2/3 anos

Brincadeira tradicionais infantil


- Filiada ao folclore, incorporando a mentalidade popular.  Brincadeiras de construção

- Brincadeiras que foram transmitidas de geração em - estímulo a criatividade e desenvolvimento de habilidades da


geração. criança.
AVALIAÇÃO/ fichamento
- Escolher uma brincadeira, uma nomeação, e desenvolver sobre ela em uma
lauda. Escolha pessoal.
REFERÊNCIAS

KISHIMOTO, Tizuko Morchida. O jogo e a educação infantil. In: KISHIMOTO,


Tizuko Morchida (ORG). Jogo, Brinquedo, Brincadeira e a Educação. São
Paulo: Cortez, 2008, p. 13-43.

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