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Coordenação Pedagógica e Gestão Escolar|

O Papel do Coordenador Pedagógico

DISCIPLINA
COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA
E GESTÃO ESCOLAR

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O Papel do Coordenador Pedagógico

Sumário
Sumário ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 2
1 O Papel do Coordenador Pedagógico ---------------------------------------------------------- 4
1.1 Identidade e Saberes -------------------------------------------------------------------------------------------- 5
1.2 Movimento de Construção Coletiva ----------------------------------------------------------------------- 13
2 Trajetória Histórica da Coordenação Pedagógica no Brasil ---------------------------- 14
3 A Coordenação Pedagógica na Perspectiva do Pensamento Complexo ------------- 17
3.1 O Paradigma da Complexidade ----------------------------------------------------------------------------- 18
3.2 A Escola na Perspectiva do Pensamento Complexo --------------------------------------------------- 19
3.3 E a escola, diante desse desafio? --------------------------------------------------------------------------- 22
3.4 O Coordenador Pedagógico na Perspectiva do Pensamento Complexo ------------------------- 23
4 Projeto Político Pedagógico --------------------------------------------------------------------- 24
4.1 Função Social da Escola --------------------------------------------------------------------------------------- 25
4.2 O Projeto ---------------------------------------------------------------------------------------------------------- 26
4.3 Organização Do Trabalho Pedagógico--------------------------------------------------------------------- 28
4.4 Formação Continuada do Professor ----------------------------------------------------------------------- 29

5 A Coordenação Pedagógica e a Formação Contínua de Professores ----------------- 30


5.1 A Gênese da Formação Contínua dos Professores ----------------------------------------------------- 31
5.2 E a escola? -------------------------------------------------------------------------------------------------------- 31
5.3 Por que destaque à aprendizagem dos professores? ------------------------------------------------- 31
5.4 A Formação Contínua dos Professores como Espaço Privilegiado de Atuação do
Coordenador Pedagógico ------------------------------------------------------------------------------------------------------- 33
6 A Elaboração de um Projeto de Formação Contínua dos Professores --------------- 34
6.1 Elementos do Projeto de Formação Contínua dos Professores ------------------------------------ 36
7 As Múltiplas Implicações da Prática do Coordenador Pedagógico ------------------- 38
7.1 As Implicações Históricas na Prática Pedagógica ------------------------------------------------------ 38
7.2 Os Múltiplos Papéis do Coordenador Pedagógico ----------------------------------------------------- 39
7.3 Planejamento ---------------------------------------------------------------------------------------------------- 40
7.4 Acompanhamento Pedagógico ----------------------------------------------------------------------------- 42
8 Considerações Finais ------------------------------------------------------------------------------- 43
Referências ------------------------------------------------------------------------------------------------ 45

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O Papel do Coordenador Pedagógico

1 O Papel do Coordenador Pedagógico


Durante toda a trajetória da orientação educacional, configurou-se a concepção
de aconselhamento, mas no contexto atual assume um caráter mediador junto aos
educadores, atuando com todos os profissionais da escola em prol de uma educação
de qualidade para todos.

Vamos destacar a necessidade de uma formação de qualidade para que possa


desenvolver suas atribuições com clareza e possa contribuir para a construção de uma
educação que esteja a serviço da formação do cidadão crítico. O trabalho do
coordenador numa instituição de ensino é bastante amplo e complexo, muitas vezes,
ele nem se dá conta disto, talvez por uma formação inicial ineficiente ou pela falta de
uma formação continuada.

Apontamos como algumas dificuldades do coordenador para o desenvolvimento


de seu trabalho o desvio de função, a ausência de identidade, a falta de um território
próprio de atuação no ambiente escolar, a deficiência na formação pedagógica, a
rotina de trabalho burocratizada, imposição e defesa de projetos da Secretaria de
Educação, a presença de traços autoritários e julgadores e a fragilidade de
procedimentos para a realização de trabalhos coletivos.

O coordenador pedagógico, em suma, tem a responsabilidade de coordenar


todas as atividades escolares, incluindo os educandos e o corpo docente. Destacamos
que sua principal atribuição consiste na formação em serviço dos professores. Para
agir de forma eficiente, precisa, além de uma formação consistente, um investimento
educativo contínuo e sistemático para que sejam desenvolvidas capacidades e
habilidades múltiplas, como exige a educação atual. O conteúdo e a metodologia para
essas formações devem ser continuamente avaliados e revistos para que haja
possibilidade de melhoria do ensino. Essa formação deve ser tratada como a
construção de um processo reflexivo e crítico sobre a prática educativa.

Em todas as atividades que desenvolvemos, o planejamento é essencial, o


coordenador pedagógico necessita traçar um plano de trabalho para potencializar
suas ações, somente com objetivos definidos é que conseguirá de fato percorrer
caminhos viáveis para sua concretização. Com relação ao planejamento dos
professores, em que o coordenador deve participar ativamente, destacamos o
planejamento participativo, dando lugar às diferenças de opiniões, às dúvidas e
incertezas, discutidas no coletivo, a fim de encontrar soluções viáveis e eficientes,
sempre pensando no sucesso do educando. A escola, organizada por todos que nela
atuam, tem maiores chances de atender aos anseios de seus organizadores.

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1.1 Identidade e Saberes


Quem é hoje o coordenador pedagógico dentro das instituições de ensino? A
princípio a resposta nos parece clara, aquele profissional que trabalha com a parte
pedagógica da escola. O que nos parece claro, não o é, não ao menos para aqueles
que desempenham esta função.

O coordenador enfrenta o desafio de construir seu novo perfil profissional e


delimitar seu espaço de atuação, porém precisa resgatar sua identidade e consolidar
um trabalho que vai muito além da dimensão pedagógica, “possui caráter mediador
junto aos demais educadores, atuando com todos os protagonistas da escola no
resgate de uma ação mais efetiva e de uma educação de qualidade nas escolas”
(GRINSPUN, 2006, p. 31).

Franco (2008, p. 120) complementa que para trabalhar com a dinâmica dos
processos de coordenação pedagógica na escola, um profissional precisa ter, antes de
tudo, a convicção de que qualquer situação educativa é complexa, permeada por
conflitos de valores e perspectivas, carregando um forte componente axiológico e
ético, o que demanda um trabalho integrado, integrador, com clareza de objetivos e
propósitos e com um espaço construído de autonomia profissional.

Percebemos que o coordenador é um profissional dinâmico, que precisa conhecer


a realidade e transformá-la. Vejamos então, quem é este profissional na visão de
alguns autores. Iniciemos com Lomanico (2005, p. 105)

O coordenador pedagógico é o elemento do quadro do magistério em que


pertence a um sistema de supervisão de ensino estadual, de estrutura hierárquica
definida legalmente, desempenha funções de assessoramento ao diretor da escola a
quem está subordinada. Sua situação funcional é definida legalmente, para exercer
suas atribuições dispõe de autoridade por delegação e pela competência.

Para Libâneo (2001), o coordenador pedagógico é aquele que responde pela


viabilização, integração e articulação do trabalho pedagógico, estando diretamente
relacionado com os professores, alunos e pais. Junto ao corpo docente o coordenador
tem como principal atribuição a assistência didática pedagógica, refletindo sobre as
práticas de ensino, auxiliando e construindo novas situações de aprendizagem,
capazes de auxiliar os alunos ao longo da sua formação.

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Nas palavras de Franco (2008, p. 128). Essa tarefa de coordenar o pedagógico não
é uma tarefa fácil. É muito complexa porque envolve clareza de posicionamentos
políticos, pedagógicos, pessoais e administrativos.

Como toda ação pedagógica, esta é uma ação política, ética e comprometida, que
somente pode frutificar em um ambiente coletivamente engajado com os
pressupostos pedagógicos assumidos.

Observamos diante do exposto, é que há uma discrepância entre a teoria e a


prática do coordenador, ou seja, no campo teórico houve grandes avanços e
passamos do simples ato de fiscalizar para o ato de articular uma práxis pedagógica.

É uma tarefa árdua a concretização deste trabalho tão complexo como o do


coordenador pedagógico, é preciso criatividade, muito estudo, organização, ser leitor
e ouvinte, aberto aos conhecimentos e inovações e também, não podemos deixar de
mencionar, o aspecto das relações interpessoais inerentes à convivência humana no
cotidiano do universo escolar. Entretanto, fica claro que sua formação, tanto inicial
como continuada, são vitais para o desenvolvimento de um trabalho eficaz, visto que,
os problemas educacionais são vastos e se modificam constantemente.

Acreditamos que um dos empecilhos ao trabalho eficaz do coordenador


pedagógico esteja em sua formação ineficiente.

Como já discutimos, muitos exercem a função e nem sequer sabem ao certo quais
são suas atribuições. Alguns estão no cargo porque foram convidados por diretoras
que mantinham com eles um laço de amizade, deixando a competência para segundo
plano. A grande maioria dos coordenadores em exercício, não recebeu formação
específica, visto que é comum coordenadores terem outra graduação à exigida pela
LDB 9394/96, no referido caso, a graduação em Pedagogia; e muito menos
participaram de um processo seletivo. Conforme a LDB 9394/96 (BRASIL, 2005, p. 37),
no seu artigo 64

A formação de profissionais de educação para a administração, planejamento,


inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica, será feita em
cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-graduação, a critério da
instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base comum nacional.

A formação requisitada para o exercício da função de coordenador não pode se


resumir em um acúmulo de títulos, precisa ser um processo reflexivo e crítico sobre a
prática pedagógica.

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Os cursos de Pedagogia precisam investir na formação do coordenador, pois se


trata de uma função essencial e complexa no campo educativo e que não dá para
aprender somente com a prática, é preciso desenvolver capacidades e habilidades
múltiplas em consonância com a educação atual.

A formação continuada do coordenador pedagógico faz-se necessária pela


própria natureza do saber humano como prática que se transforma constantemente,
principalmente quando se refere ao comportamento e seus efeitos na aprendizagem,
porque A realidade muda, o saber que construímos sobre ela precisa ser revisto e
ampliado, sempre dessa forma um programa de educação continuada se faz
necessário para atualizar nossos conhecimentos, principalmente para as mudanças
que ocorre em nossa prática, bem como para atribuirmos direção esperada a essa
mudança (CHRISTOV, 2003, p. 9).

Ainda nas palavras de Christov (2003), a formação do coordenador pedagógico,


está sem dúvida relacionada aos seus docentes, essa busca constante de
conhecimentos está direcionada sempre a serviço de ajudar e orientar seus
professores numa prática satisfatória. Mais uma vez destacamos que somente por
meio de um processo crítico-coletivo-reflexivo, poderemos ajudar na construção e na
ressignificação da identidade dos coordenadores.

São os conhecimentos adquiridos nos cursos de formação continuada que


ajudarão o coordenador a entender e orientar seus professores de forma satisfatória,
aproveitando a experiência anterior e fazendo uma nova prática a partir dos
conhecimentos adquiridos. O coordenador pedagógico no ambiente escolar constitui
a articulação das ideias e recursos que atendam as necessidades dos professores e
dos alunos, pois, é um profissional que articula as atividades pedagógicas em todo
ambiente escolar para garantir a qualidade do ensino; que atua com a crítica em
momento exato, ampliando o horizonte para a conquista de participação
(VASCONCELLOS,2007).

A educação continuada do coordenador pedagógico, para ter realmente sucesso


dentro do contexto escolar, deve ter como objetivo central a reflexão sobre a prática,
tendo em vista uma reconstrução da autonomia intelectual não só para si, mas para
toda equipe escolar. Segundo Christov (2003, p. 10)

A atividade profissional dos educandos é algo que se refaz mediante processos


educacionais formais e informais variados, amalgamado sem dicotomia entre vida e
trabalho, entre trabalho e lazer. Com as contradições certamente, mas, afinal,
mantendo as inter-relações múltiplas no mesmo homem, por isso, o termo educação

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continuada tem a significação fundamental do conceito de que a educação consiste


em auxiliar profissionais a participar ativamente do mundo que os cerca, incorporando
tal vivência no conjunto dos saberes de sua profissão. A ação efetiva do coordenador
pedagógico com sua equipe escolar é de extrema importância para o bom trabalho,
para a melhoria do fazer pedagógico da sala de aula. Além disso, o coordenador
pedagógico busca integrar todos no processo ensino-aprendizagem, mantendo as
relações interpessoais de maneira saudável, valorizando a formação dos seus
profissionais, ajudando-os efetivamente na construção dos saberes da sua profissão.

Almeida (2003) ressalta que na formação docente é muito importante prestar


atenção no outro, em seus saberes, dificuldades, sabendo reconhecer e conhecer essas
necessidades, propiciando subsídios necessários; assim a relação entre professores e
coordenadores à medida que se estreita, crescem em sentido prático e teórico.

Lima e Santos (2007, p. 77-90) relatam que, no decorrer da prática de trabalho, os


coordenadores devem desenvolver outras competências, quais sejam:

• É importante que transformem o seu olhar, ampliando a sua escuta e


modificando a sua fala, quando a leitura da realidade assim o requerer.
• É necessário que a consciência coletiva seja respeitada, a ponto de se flexibilizar
mais os planejamentos e que os mesmos sejam sempre construídos do e a
partir do olhar coletivo.
• Ter a capacidade de olhar de maneira inusitada, de cada dia poder perceber o
espaço da relação e, consequentemente, da troca e da aprendizagem.
• Ser capaz de perceber o que está acontecendo a sua relação com o professor
e deste com o seu grupo de alunos.
• Poder perceber os pedidos que estão emergindo, quais os conhecimentos
demandados e, consequentemente, necessários para o momento e poder
auxiliar o professor.

Reiteramos como é necessária a presença de um coordenador pedagógico


consciente do seu papel e de suas atribuições dentro do ambiente escolar, pois, é esse
profissional que na unidade escolar responde fundamentalmente no processo de
formação de seus professores e pela relação e orientação da teoria e prática de cada
profissional que atua na escola.

Traçar caminhos para direcionar as ações pedagógicas, é uma das principais


atribuições do coordenador pedagógico, que deve atuar de modo a transformar a
escola em um local de formação em serviço dos professores, principalmente dos
recém graduados, que chegam às escolas cheios de sonhos e, muitas vezes, são

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transformados em pesadelos, por inexperiência e pela falta de ação pedagógica de


um bom coordenador.

É função do coordenador pedagógico, articular e mediar à formação continuada


dos professores buscando alternativas para conciliar as atividades de apoio e
formação dos professores, considerando todas as novas exigências educacionais
(OLIVEIRA, 2009).

O coordenador pedagógico deve mobilizar os diferentes saberes dos profissionais


que atuam na escola para levar os alunos ao aprendizado. Freire (1982) defende essa
ideia ao descrever que o coordenador pedagógico é, primeiramente, um educador e
como tal deve estar atento ao caráter pedagógico das relações de aprendizagem no
interior da escola. Ele leva os professores a ressignificarem suas práticas, resgatando
a autonomia docente sem se desconsiderar a importância do trabalho coletivo.

O coordenador é, sem dúvida, um agente muito importante na formação dos


docentes, por isso, é fundamental uma mudança na prática e no processo de apoio
pedagógico aos professores. Nessa perspectiva de mudança de uma nova proposta
de coordenação pedagógica, nota-se que as decisões não cabem apenas ao
coordenador, mas a equipe escolar em geral, buscar de forma coletiva, entre todos os
segmentos profissionais no ambiente escolar, a resolução dos problemas, os desafios
diários, visando, assim, à participação e aperfeiçoamento permanente de todos os
educadores (OLIVEIRA, 2009).

Os estudos de Alarcão (2004, p. 28), com referência à concepção e à prática do


coordenador pedagógico no processo de formação dos educadores, sugerem que O
acesso à formação é atingido pela verbalização do pensamento reflexivo e pelo
construtivo entre os professores e os supervisores. Tal abordagem implica a análise
do discurso dos professores em situação de ensino, reveladora de suas filosofias de
ensino e do modo como a sua atuação é, ou não, congruente com a filosofia.

O objetivo do coordenador pedagógico é oferecer subsídios para ajudar seus


professores a entender melhor sua prática e dificuldades encontradas no dia a dia
escolar, além de ser um forte articulador na educação continuada dos mesmos.

Ao possibilitar a articulação dos conhecimentos, o coordena dor pedagógico


abrirá oportunidades para que seus professores façam uma reflexão das suas ações,
além de conduzi-los a terem um olhar mais profundo sobre o contexto escolar onde
atuam (OLIVEIRA, 2009).

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A reflexão sobre a prática é o ponto inicial para os professores buscarem o


aperfeiçoamento educacional juntamente com a contribuição do coordenador
pedagógico, na busca de novos rumos pedagógicos. Entretanto, mesmo diante das
teorias que afirmam a contribuição do coordenador pedagógico frente a seus
professores, não podemos esquecer os problemas e as complexidades que esse
profissional encontra por diversos motivos. Por não existir fórmulas prontas a serem
reproduzidas, é que o coordenador pedagógico e demais profissionais da educação
devem buscar, sistematicamente, uma formação continuada para tentarem solucionar
de forma adequada os problemas que surgem no contexto escolar.

Salientamos que para haver a mudança, a adequação pedagógica, e também o


próprio professor deve reconhecer a deficiência em alguns atos educativos, fazer uma
reflexão, e a partir desse momento buscar uma educação continuada que lhe forneça
subsídios para melhorar sua prática profissional.

O trabalho de formação continuada, realizado de forma coletiva, distribui a todos


os envolvidos no processo, as responsabilidades tanto pelo sucesso como pelo
fracasso. Oliveira (2009, p. 36) denota que Nesse processo, a atuação desse educador
escolar, não mais “o especialista’’, detentor de habilidades especiais de educação, que
supervisiona e controla o fazer do professor, mas aquele que busca apoio e dinamiza
as ações pedagógicas pensadas coletivamente, assume um papel de relevância no
processo educacional atual, pois, como o coordenador das atividades pedagógicas,
tem a função de desencadear, articular e dinamizar o processo educacional escolar
sem, contudo, ser o único responsável pelo caminhar de tal processo, uma vez que
toda a responsabilidade são divididas, assumidas, integralmente, por todos os
participantes. Por trás dessa expectativa, encontramos a ideia de que uma nova escola
só será mais eficiente se for capaz de ensinar, através da formação continuada de seus
professores, uma prática educativa voltada para o sucesso do aluno e,
consequentemente, de toda a escola, gerando eficiência e autonomia.

É nesse contexto, que o coordenador pedagógico está inserido, pois uma das
principais atribuições desse profissional está diretamente associada ao processo de
formação continuada de seus professores. A formação continuada faz parte de uma
busca sistemática de conhecimentos, de capacidades de reflexões das práticas
pedagógicas dos educadores envolvidos em um contexto educacional. Por isso, de
nada adianta o coordenador pedagógico trabalhar em busca de uma qualidade
profissional, se os demais não participarem dessa ação efetiva no resgate de uma
educação de qualidade. Esta não é uma tarefa fácil, visto que a maioria dos professores
tem jornada dupla ou tripla, devido à desvalorização salarial e não sobra muito tempo

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para as reflexões tão necessárias e significativas. Além da assistência ao grupo de


professores, o coordenador pedagógico busca integrar a comunidade em geral em
todos os aspectos relacionados à qualidade e melhoria do ambiente escolar. Seu papel
e suas atribuições vão além do que muitos conhecem e dizem.

O planejamento participativo, atualmente, é mais que importante para o contexto


escolar, pois se fala tanto numa escola participativa, democrática e coletiva, e é na
hora do mesmo, que percebemos que esse compromisso por parte de muitos
profissionais fica a desejar. Ele é “[...] acima de tudo, uma intervenção na realidade,
como processo de participação social e de construção de uma nova ordem social. [...]
a partir e em função de uma ideia que quer atingir, vai, aos poucos, interferindo na
transformação e reconstrução da micro sociedade” (DALMÁS, 1994, p. 36).

As participações conscientes e ativas dos educadores tornam o processo educativo


mais eficaz e democrático, dando a cada indivíduo a liberdade e responsabilidade das
ações e atos perante o meio em que está participando, visto que A participação do
maior número, no máximo de responsabilidade, não é somente uma garantia de
eficácia; ela é também uma condição de felicidade individual, uma tomada de poder
cotidiano sobre a sociedade e sobre as coisas, uma forma de influir livremente sobre
o destino.

Não se trata mais para o cidadão delegar seus poderes, mas de exercê-los, em
todos os níveis da vida social e em todas as etapas da vida (FAURE, 1997, Apud
DALMÁS, 1994, p. 19).

No planejamento, devemos ter um apoio pedagógico, que busque ajudar os


demais profissionais a entenderem sua importância e relevância na elaboração do
mesmo, pois, essa tarefa não cabe apenas ao gestor e ao coordenador da escola.

Como salienta Gandin (2004), ao coordenador pedagógico compete à proposta


da metodologia do planejamento, à apresentação de um esquema de trabalho que
facilite a mediação entre os indivíduos. Não cabe ao coordenador tomar as decisões,
mas o grupo em si buscar os melhores caminhos quanto ao conteúdo a ao método
de sua ação, isto é, de seus planos.

Na construção de um planejamento na escola, Vianna (1986,p. 31) aponta dois


riscos, a que esse tipo de planejamento está sujeito, e os quais se deve estar atento:
“O primeiro refere-se à assessoria, que poderia, antes, durante e após o processo, agir
em função da vivência pessoal, manipulando os interesses da maioria comunitária
determinando o que fazer, como, quando, e por que decidir agir”

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Já o segundo, que a coordenação utiliza, muitas vezes, a informação e


comunicação para manipular os demais participantes, convencendo-os de aceitar seus
projetos, criando assim uma falsa participação dos demais profissionais da escola
(VIANNA, 1986).

Infelizmente, essa realidade se faz presente no nosso contexto escolar. Muito se


fala da participação de todos no planejamento, mas na hora da prática isso ainda não
acontece, na maioria das vezes esse planejamento é feito apenas pelo coordenador
pedagógico e gestor da escola, e só depois de pronto, é repassado para os
professores.

As atitudes vivenciadas nos contextos escolares devem ser mudadas, pois só assim
teremos uma escola politicamente democrática e participativa, onde todos têm direito
de falar, de expor suas ideias e necessidades para a construção desse planejamento
pedagógico.

Frente ao exposto, evidenciamos que o planejamento deve ser realizado de forma


conjunta buscando um compartilhamento de todos os profissionais envolvidos, não
cabendo apenas à gestão ou à coordenação fazê-lo. A cooperação e a autonomia
profissional contribuem muito para o desenvolvimento global de todas as práticas
pedagógicas dos professores.

Para contribuir com a formação dos professores, o coordenador não pode adotar
uma postura autoritária, e sim respeitar a individualidade de cada um, bem como a
diversidade de posicionamentos. Através de imposições, ele nada conseguirá, por isso,
é muito importante que o cenário escolar seja palco da dialogicidade. Além da sua
atualização, capacitação e formação permanente, o coordenador precisa estar ciente
que a escola é um todo, e somente através do trabalho coletivo é que realmente se
efetivará um ensino de qualidade.

Para desenvolver um trabalho neste contexto de totalidade e coletividade, não há


receitas prontas, mas sim, um caminho centrado na ação-reflexão-ação,
problematizando as práticas pedagógicas, tendo como recorrência

• O conhecimento e a experiência pedagógica dos professores;


• O princípio da “construção coletiva”, sem mascarar as diferenças e tensões
existentes entre todos aqueles que convivem na instituição, considerando que
as situações vividas nela se inscrevem num tempo de longa duração bem como
as histórias de vida de cada professor.

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• Uma metodologia de trabalho que possibilite aos professores e aos


coordenadores atuarem como protagonistas, sujeitos ativos no processo de
identificação, análise e reflexão dos problemas existentes na instituição e na
elaboração de propostas para sua superação (LIMA, SANTOS, 2007, p. 87).

Lima e Santos (2007, p. 87) concluem que, nesta perspectiva de trabalho,


podemos identificar três etapas “

a. Compreensão da realidade da instituição;


b. Análise das raízes dos problemas (compreendendo a realidade escolar);
c. Elaboração e proposição de formas de intervenção de ação coletiva”. Trabalhar
com a diversidade, democraticamente, não é um trabalho nada fácil. Quando
há o respeito e a consciência, as diferenças e empecilhos se tornam ricos
instrumentos.

Se não há uma integração para que o trabalho se desenvolva coletivamente, é


comum os professores tomarem partido e no final desta história os alunos serem os
prejudicados. Faz-se necessário criticar a realidade, levantar dúvidas, ouvir, falar,
inquietar-se, o que não dá para fazer é ficar parado esperando que a realidade mude.
O trabalho do coordenador pedagógico é árduo, mas quando pensamos que crianças
estão envolvidas neste processo e precisam de nós educadores para serem felizes, o
esforço do trabalho é recompensador.

Se o próprio coordenador pedagógico encontra dificuldades para se reafirmar


no espaço educativo, não é de estranhar que outras pessoas, principalmente aquelas
que compõem a escola, mas não excluindo a comunidade escolar, também o façam.
Um fardo pesado é colocado sobre ele, cobram-lhe o sucesso da escola (como se ele
fosse o único responsável), e querem que ele resolva todos os problemas do será
desenvolvido o trabalho. Outra atitude importante, é que o mesmo discuta também
os sucessos e os fracassos de suas ações, para que juntos possam se vangloriar ou
buscar caminhos alternativos para a superação dos obstáculos.

1.2 Movimento de Construção Coletiva


A linguagem ocupa destaque no âmbito escolar, pois quando o coordenador
pedagógico age em determinado contexto e suas ações se concretizam pela mediação
através da linguagem, sendo ele um articulador entre os aspectos pedagógicos e
administrativos, é primordial que desenvolva um trabalho coparticipativo envolvendo
todos os segmentos da escola.

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Trajetória Histórica da Coordenação Pedagógica no Brasil

Supervisor ou coordenador, como seja definido no seu campo de atuação,


necessita ter a visão de todo o universo escolar para que possa intervir e articular as
condições necessárias para o desempenho profissional do professor e,
consequentemente, para o bom andamento do processo ensino-aprendizagem.

2 Trajetória Histórica da Coordenação Pedagógica no Brasil


A ideia de um trabalho pedagógico, de viés fiscalizador, inicia-se, no Brasil, com
as escolas jesuíticas. O documento Ratio Studiorium, publicado em 1599, determinava,
rigorosamente, a organização das escolas jesuítas localizados em qualquer parte do
mundo, de modo a dar uma unidade de atuação e assegurar os interesses da Igreja
Católica. Os jesuítas, no dizer de Manacorda (1999, p. 202), “campeões máximos na
luta da Igreja Católica contra o protestantismo”, precisavam assegurar o cumprimento
das regras estabelecidas no Ratio Studiorum. Assim, as escolas possuíam o Prefeito de
Estudos que configurava uma ideia fiscalizadora do cumprimento das regras
estabelecidas pelo Ratio Studiorum.

As Reformas Pombalinas que traziam em seu bojo ideias anticlericais,


influenciadas pelo movimento doutrinário denominado enciclopedismo, resultou na
expulsão dos jesuítas de Portugal e de suas colônias. Assim, em 1759 toda a
organização das escolas jesuíticas, no Brasil, foi extinta e que na época consistia em:
17 colégios e seminários, 25 residências, 36 missões, “sem contar os seminários
menores e as escolas de ler e escrever, instaladas em quase todas as aldeias e
povoações onde existiam casas da companhia de Jesus” conforme Azevedo (1964, p.
530).

O Brasil ficou sem sistema organizado de ensino durante largo período. Em 1772,
o governo lançou as aulas régias que consistiam no ensino de disciplinas isoladas
como cálculo, letras, artes, latim, grego e retórica, ministrado por leigos, padres e
capelães.

Em 1799, Portugal autorizou ao Vice-rei o direito de “nomear anualmente um


professor para visitar as aulas e informar-lhe sobre o estado da instrução” (AZEVEDO,
1964, p. 542). Esses professores fiscalizavam o funcionamento das escolas, os métodos
de ensino, o comportamento dos professores e o aproveitamento dos alunos.
Percebe-se a presença do pensamento fiscalizador, no momento em que, pela
primeira vez na história, o governo assume os encargos da educação no Brasil.

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Trajetória Histórica da Coordenação Pedagógica no Brasil

Em 1808, a Coroa Portuguesa, fugindo da ocupação francesa, instalou-se no


Brasil, sob regência de Dom João VI. Com o objetivo de atender as necessidades
culturais e educacionais da nobreza que compunha a corte, Dom João VI implantou
várias medidas no âmbito educacional e cultural.

Nenhuma medida foi tomada para beneficiar as condições culturais, sociais e


econômicas da população. Assim, as aulas régias mantiveram-se durante todo
período.

A primeira lei para instrução pública, promulgada em 1827, determinava a criação


de escolas de primeiras letras em todas as cidades vilas e vilarejos e propunha um
método de ensino mútuo, de origem inglesa. Nesse método, os alunos mais
adiantados, sob supervisão de professores, instruíam os demais colegas.

Percebe-se, neste período histórico que caracteriza o Primeiro Império, a função


fiscalizadora exercida pelo professor.

Em 1854, o governo imperial, estabeleceu mecanismo de controle e inspeção em


todas as escolas, colégios, e instituições de ensino, através da criação da Inspetoria
Geral de Instrução Pública Primária e Secundária da Corte, administrada por um
Inspetor Geral, a quem cabia a fiscalização e padronização das rotinas escolares e
vigilância sobre os professores. Cabia-lhe, também, informar, anualmente, ao governo
a situação da instrução primária e secundária, nas províncias.

Considerando que o município onde se localizava a Corte servia de modelo, cada


província organizou também mecanismos próprios de fiscalização das escolas e dos
professores.

Verifica-se que a ideia fiscalizadora atravessa a educação desde os jesuítas até o


final do Império e, como vemos, mantém-se até ao governo, liderado pelos militares.

No período da primeira república, a educação manteve as mesmas bases trazidas


desde a Colônia e o Império. Nos primeiros anos do regime republicano, o contexto
educacional não sofreu alterações significativas. A fiscalização, orientação, controle e
inspeção do processo educacional consistia em tarefa do inspetor escolar, “provável
ancestral do coordenador pedagógico” (ROMAN, 2001, p. 12).

Nos anos 20, surge a figura dos técnicos em educação. A propagação, no Brasil,
dos ideais da Escola Nova e a criação da Associação Brasileira de Educação (ABE)
impulsionaram essa categoria profissional. Medina (2002) denominou, entre os quatro

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Coordenação Pedagógica e Gestão Escolar|

Trajetória Histórica da Coordenação Pedagógica no Brasil

momentos que identificou, como sendo o primeiro momento da coordenação


pedagógica no Brasil.

Em 1925, por decreto federal, foi criado o Departamento Nacional do Ensino e o


Conselho Nacional de Ensino. Esse decreto marca o início da criação de órgãos
específicos para o trato de assuntos educacionais, pois até então, esses assuntos
estavam vinculados a outras repartições, tais como Ministério da Justiça e Negócios
Interiores, Ministério da Instrução, Correios e Telégrafos.

A separação entre o âmbito administrativo e técnico sinaliza a condição para a


desvinculação da figura do supervisor da figura do diretor e do inspetor.

É quando se quer emprestar à figura do inspetor um papel predominantemente


de orientação pedagógica e de estímulo à competência técnica, em lugar da
fiscalização para detectar falhas e aplicar punições, que esse profissional passa a ser
chamado de supervisor (SAVIANI, 2008, p. 26-27).

Ao trazermos a palavra de Saviani com a denominação supervisor, cabe-nos


esclarecer que, conforme Rangel (2008), a coordenação é também um designativo que
se atribui a conduta supervisora que cria e estimula oportunidade de organização
comum e de integração do trabalho em todas as suas etapas. A palavra pedagógica
delimita o âmbito de atuação. Por isso, tratamos como coordenação pedagógica o
que os autores Medina e Saviani denominam supervisão.

A ascensão de Getúlio Vargas à presidência da República em 1930, cuja política


definiu os rumos do Brasil para uma sociedade capitalista de caráter nacionalista,
promoveu uma sequência de reformas educacionais. Dentre essas reformas, destaca-
se a criação de cursos de Pedagogia para, além de formar professores para as
disciplinas específicas dos cursos de formação de professores, formar técnicos em
educação, cujas funções não eram claramente definidas. Este período configura, para
Medina (2002), o segundo momento da coordenação pedagógica no Brasil.

A partir de 1964, um golpe civil e militar implantou o regime autoritário no Brasil.


Para ajustar a educação aos interesses do regime, foram implantadas novas reformas
na educação brasileira. Entre elas, a reformulação do curso de Pedagogia orientando-
o para a criação de habilitações, centradas no âmbito técnico, particularizadas por
função: administração, inspeção, supervisão e orientação. E também para a formação
de professores para os cursos de formação do magistério.

Para Saviani (2008), a formação dessas funções era garantir a eficiência e a


produtividade do processo educativo.

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A Coordenação Pedagógica na Perspectiva do Pensamento Complexo

E isso seria obtido por meio da racionalização que envolvia o planejamento do


processo sob o controle de técnicos supostamente habilitados, passando os
professores a plano secundários, isto é, subordinação racional dos meios (SAVIANI,
2008, p. 30).

Aqui configura-se o terceiro momento da coordenação pedagógica, no Brasil,


conforme identificação de Medina (2002).

A estruturação do curso de Pedagogia em habilitações, entre elas a supervisão


configura a perspectiva de profissionalização dessa função, ancorada na demanda e a
especificação das características da profissão, desenhadas pelos cursos de Pedagogia.

No final do período autoritário, inicia - se questionamentos no Brasil sobre o


papel dos especialistas em educação e, em especial do coordenador pedagógico,
identificado por Medina (2002) como o quarto e último momento da coordenação
pedagógica.

E a transição para o quinto momento? Finalizamos, com o pensamento de


Ferreira (2008, p. 237), com o qual compartilhamos, e que, talvez, possa responder
essa indagação:

Um novo conteúdo, portanto, se impõe, hoje, para a supervisão


educacional: novas relações se estabelecem e novos compromissos
desafiam os profissionais da educação a uma nova prática não mais
voltada só para a qualidade do trabalho pedagógico e suas rigorosas
formas de realização, mas também e, sobremaneira, compromissada
com a construção de um novo conhecimento – o conhecimento
emancipação -, com as políticas públicas e a administração da educação
no âmbito mais geral.

3 A Coordenação Pedagógica na Perspectiva do Pensamento


Complexo
Atualmente, todos nós, homens e mulheres, propomos e argumentamos a favor
de uma educação, mais humana, mais harmoniosa com o meio ambiente, solidária,
compreensiva da diferença que há entre os seres que habitam o planeta, com valores
guiados pela paz, pela liberdade e pela justiça social.

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A Coordenação Pedagógica na Perspectiva do Pensamento Complexo

Prioritariamente, a capacidade de enfrentar realidades complexas e incertas, que


formam a sociedade atual demanda aos educadores uma nova forma de pensar a
educação, uma nova narrativa em educação, que dê respostas a esse novo mundo
ordenado pela globalização e pelo avanço tecnológico.

Os processos educativos apresentam-se como complexos, propiciando


mudanças não pensadas e situações imprevisíveis que fazem os educadores
distanciarem-se da concepção de uma educação linear e estável. Para alcançar esta
educação, os avanços no âmbito das ciências naturais e sociais indicam para o
paradigma da complexidade.

3.1 O Paradigma da Complexidade


O historiador, sociólogo e filósofo francês Edgar Morin foi quem introduziu o
conceito de pensamento complexo na perspectiva de construir um novo modo de
pensar e de racionalizar desde a perspectiva da complexidade dos fenômenos.

Em termos corriqueiros, a palavra complexo refere-se à ideia de complicado, de


algo emaranhado, composto de múltiplos aspectos e de difícil compreensão.

A etimologia da palavra complexidade tem origem no latim, provém de


complectere, cuja raiz plectere significa ligar, entrelaçar, tecer em conjunto. Alude ao
ofício de cesteiro, que consiste em formar um círculo unindo e juntando o princípio e
o fim das varas de vime. O prefixo com acrescenta o sentido da dualidade, isto é, a
existência de dois princípios ou posições contrárias, opostas que se entrelaçam
intimamente, contudo sem invalidar sua dualidade.

O dicionário Houaiss de Língua Portuguesa (2001, p. 776) assim define complexo:

Diz-se de ou conjunto, tomado como um todo mais ou menos coerente,


cujos componentes funcionam entre si em numerosas relações de
interdependência ou de subordinação, de apreensão muitas vezes difícil
pelo intelecto e que geralmente apresentam diversos aspectos.

Assim, o termo complexo indica a qualidade que possui alguma coisa ao estar
formada por um número maior de elementos estreitamente organizados entre si:
fenômenos, situações, comportamentos, processos, estruturas, outros.

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À luz do ponto de vista de Morin (2003, p. 61) o pensamento complexo é


animado, permanentemente, por uma “tensão entre a aspiração a um saber não
fragmentado, não dividido, não reducionista, e o reconhecimento do caráter
inacabado e incompleto de qualquer conhecimento”. A análise clássica de explicação
e estudos dos fenômenos ou dos sistemas complexos recorta, separa e reduz o objeto
estudado.

Percebe-se então, que o pensamento complexo reconhece a qualidade do


incompleto, do inacabado de todo o conhecimento, da incapacidade para conseguir
a certeza total, da formulação de leis eternas e a concepção de uma ordem absoluta.
Para esse pensador, todo o conhecimento tem em si mesmo a marca da incerteza.

O pensamento complexo consiste num modo de pensar ativo e crítico. Crítico


porque provoca o repensar das coisas da ciência; ativo porque apropria-se e questiona
os conceitos científicos, como também os transforma. E, ainda, porque busca articular
os saberes dos diversos âmbitos da ciência para construir conceitos e princípios que
se inserem em uma construção mais ampla do conhecimento humano (CONTRERAS,
2006).

Em síntese, o pensamento complexo favorece o estudo das relações e das


casualidades múltiplas, inclusive contraditórias, da realidade.

3.2 A Escola na Perspectiva do Pensamento Complexo


A humanidade atravessa uma época de muitas, grandes e vertiginosas mudanças
em todos os âmbitos da atividade humana o que tem levado a indagações sobre a
finalidade da escola. No dizer de Demo (2007), há um distanciamento evidente entre
a escola e o mundo das crianças e dos adolescentes, o que estaria exigindo uma
radical redefinição da escola. Entendemos que esse distanciamento da escola não é
somente do mundo das crianças e adolescentes, mas da realidade social, política,
econômica, ética, política, cultural do local e do global.

Em 1999, a UNESCO solicitou a Morin a sistematização de reflexões que


possibilitassem o repensar da educação para o século XXI. O renomado pensador
francês sistematizou suas reflexões em sete eixos que denominou de saberes e que
são: as cegueiras do conhecimento: o erro e a ilusão; os princípios do conhecimento
pertinente; ensinar a condição humana; ensinar a identidade terrena; enfrentar as
incertezas; ensinar a compreensão; a ética do gênero humano.

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Esses eixos favorecem a reflexão de todos os envolvidos em educação sobre as


finalidades da educação, conforme breve síntese de cada saber:

As cegueiras do conhecimento: o erro e a ilusão. Morin (2007) afirma que todo


o conhecimento comporta o risco do erro e da ilusão. Cabe a educação mostrar
que não há conhecimento que não esteja, em algum grau, ameaçado pelo erro e
pela ilusão e identificar a procedência desses erros, ilusões e cegueiras. O
conhecimento, sob forma de palavra, de ideia, de teoria, é o fruto de uma
tradução/reconstrução por meio da linguagem e do pensamento e, por
conseguinte, está sujeito a erro. Este conhecimento, ao mesmo tempo tradução
e reconstrução, comporta a interpretação, o que introduz o risco do erro na
subjetividade do conhecedor, de sua visão de mundo e de seus princípios de
conhecimento (MORIN, 2007, p. 20).

Os princípios do conhecimento pertinente: requer-se da educação, a


promoção do conhecimento capaz de vincular as partes ao todo, contrapondo-
se ao conhecimento fragmentado e reducionista. Quer dizer, ensinar
conhecimentos significativos para a vida das pessoas a partir de seu meio, mas
alargando-os a um contexto amplo, transcultural e planetário. “O parcelamento
e a compartimentação dos saberes impedem aprender o que está tecido junto”
(op. cit., p. 45).

Ensinar a condição humana: implica em restaurar, na educação, a condição


humana. À educação cabe desenvolver o conhecimento que resulte na tomada
de consciência “da condição comum a todos os humanos e da muito rica e
necessária diversidade dos indivíduos, dos povos, das culturas, sobre nosso
enraizamento como cidadãos da Terra” (op. cit., p. 61).

Ensinar a identidade terrena: o objetivo fundamental e global de toda a


educação consiste em “civilizar e solidarizar a Terra, transformar a espécie
humana em verdadeira humanidade”, conforme Morin (op. cit., p. 78). Assim, a
educação do século XXI visa à solidariedade e à comiseração recíproca, de
indivíduo para indivíduo para indivíduo, de todos para todos.

Enfrentar as incertezas: o processo educativo precisa gestar estratégias que


possibilitem o enfrentamento dos imprevistos, do inesperado e da incerteza.
”Saibamos, então, esperar o inesperado e trabalhar pelo improvável” (MORIN,
2007, p. 92).

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Ensinar a compreensão: cabe à educação o estudo das raízes, das modalidades


e dos efeitos de incompreensão, identificando as causas do racismo, da
xenofobia, do desprezo. “Considerando a importância da educação para a
compreensão, em todos os níveis educativos e em todas as idades, o
desenvolvimento da compreensão pede a reforma das mentalidades” (op. cit.,,
p.17).

A ética do gênero humano: a educação que objetive o desenvolvimento


“verdadeiramente humano deve compreender o desenvolvimento conjunto das
autonomias individuais, das participações comunitárias e da consciência de
pertencer à espécie humana” (op. cit., p. 17). Com esta afirmação, Morin aponta
para as três unidades que compõem a condição humana:
indivíduo/sociedade/espécie.

Assim, prioritariamente, cabe à educação educar para a construção de uma


sociedade-mundo, constituída por “cidadãos protagonistas, envolvidos de forma
consciente e crítica na construção de uma civilização planetária” (MORIN; MOTTA;
CIURANA, 2003, p. 107).
À luz desses sete saberes, Contreras (2006) propõe incorporar as seguintes
finalidades à educação, as quais ampliamos às escolas em geral:

Educar para a era planetária no sentido formar cidadãos comprometidos com a


construção de uma civilização viável a longo prazo, solidária em sua diversidade, com
uma consciência de superação do “enclaustramento local, das suas culturas, das suas
etnias e das suas nações” (MORIN, 2003, p. 96). Religar saberes no sentido de situar
os conhecimentos nos contextos que dão luz ao seu sentido, situando-os na realidade
global da qual fazem parte, o que demanda competência para contextualizar,
globalizar e antecipar esses acontecimentos.

Formar para a vida no sentido de desenvolver a sensibilidade, o sentimento de


pertencimento, o gozo de viver a vida, superando uma concepção de educação
fundamentada somente para o treinamento e profissões demandas pelo mercado.

Todo o conhecimento, mesmo o utilitarista, deve ser permeado pela estética, as


artes, a filosofia, a ética, a poesia.

Promover a democracia cognitiva no sentido da escola desenvolver meios e


estratégias para a socialização e a difusão dos conhecimentos, fora dos mecanismos
de mercado e promover que os conhecimentos científicos, sobretudo aqueles que têm
especial incidência na qualidade de vida das sociedades, sejam patrimônio da

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humanidade. Percebe-se que na sociedade atual, há concentração dos conhecimentos


científicos e tecnológicos em restritos setores, principalmente nas grandes
corporações industriais. Percebe-se ainda, o alargamento da distância entre os que
têm acesso à educação e os que não têm. Cabe à escola desenvolver meios para que
os conhecimentos sobre os problemas transcendentais da humanidade sejam
socializados, principalmente aqueles que têm especial incidência sobre a qualidade de
vida das sociedades.

Educar para a incerteza: no sentido da escola educar para uma realidade que não
está sujeita a um conjunto de fenômenos regidos por ações e efeitos lineares,
determinados e previsíveis e por verdades absolutas. O processo educativo requer
educar para a incerteza, isto é, para as indeterminações, para os imprevistos, para a
não linearidade. Conforme Morin (2000, p. 56) “convém fazer a convergência de
diversos ensinamentos, mobilizar diversas ciências e disciplinas para ensinar a
enfrentar a incerteza”.

3.3 E a escola, diante desse desafio?


O paradigma que tem predominado na escola fundamenta-se numa visão
simples, reducionista e limitada da formação humana. Fundamentada nesse
paradigma, a escola “reduz a educação à escolarização; a avaliação a uma bateria de
provas; reduz a experiência de vida aos livros texto; a aprendizagem ao alcance de
objetivos; simplifica a globalidade do mundo em disciplinas isoladas; o desejo à
imobilidade nas cadeiras; a criação à repetição e memorização” (CERVERÓ, 2006, p.
95). Dessa forma, conforme a autora, esta simplificação, reducionismo e controle têm
favorecido a formação de trabalhadores obedientes, de sujeitos consumistas e com
consenso social.

Por mais que a escola pretenda antecipar, controlar e dominar os processos e os


sujeitos da educação, a complexidade, as incertezas, as contradições também
perpassam pela sua vida. Perpassa também, a tensão entre a fragmentação dos
saberes e a multidimensionalidade da vida real (ALARCÃO, 2000).

A concepção de escola reflexiva, já abordada, configura uma “organização que


continuadamente se pensa a si própria, na sua missão social e na sua estrutura, e se
confronta com o desenrolar da sua atividade num processo simultaneamente
avaliativo e formativo” (ALARCÃO, 2000, p. 13).

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Uma escola que se pensa, se confronta e avalia a sua própria missão e práticas
favorece o entrelaçamento com as finalidades propostas à educação por Contreras
(2006). Por quê? Porque a escola que pensa, que se reavalia, tem ambiente propício a
mudanças.

3.4 O Coordenador Pedagógico na Perspectiva do Pensamento Complexo


A escola que se quer reflexiva, demanda uma ação da coordenação pedagógica
que supere a perspectiva tradicional linear, hierarquizada e burocrática e que, numa
visão inovadora, concretize um trabalho coletivo, centrado nas problemáticas
escolares, geradas pela complexidade, pelas incertezas, pelas contradições e pela
tensão entre os saberes fragmentados e a multidimensionalidade da vida real que,
como já vimos, perpassam pela escola.

No diálogo do coordenador com demais gestores e professores surgem formas


para encaminhar um processo educativo que rearticule, reintegre e religue o que as
disciplinas isoladas vêm fragmentando. Dentre as múltiplas possibilidades, Martinez
(2006) aponta a formação de grupos de estudos como uma das condições que
favorecem:

• a construção e geração de conhecimentos interdisciplinares, isto é, a interação


de duas ou mais disciplinas que pode ir desde a simples comunicação até a
integração recíproca de conceitos fundamentais e da teoria do conhecimento;
• propagação de uma visão que favoreça a explicação e compreensão da
realidade local e global, sem fragmentações, num grau máximo de relações
entre as disciplinas (SABALA, 2002);
• a elaboração de materiais didáticos utilizáveis por duas ou mais disciplinas que
interagem;
• divulgação de uma visão que permita a explicação e a compreensão, dos
fenômenos locais e globais, numa perspectiva complexa;
• criação de condições favoráveis ao uso das novas tecnologias de informação e
comunicação que contribuam para entendimento global dos fenômenos e
objetos de conhecimento;
• elaborações textuais que integrem, relacionem e entrelacem conhecimentos de
duas ou mais disciplinas, configurando a interdisciplinaridade;
• criação de espaços permanentes de diálogo entre todos os componentes da
comunidade escolar, viabilizando a troca de saberes e de experiências
pedagógicas que contribuam para a compreensão global da realidade;

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Projeto Político Pedagógico

• manutenção de intercâmbios com instituições locais, nacionais e internacionais


que assegurem uma visão integral da realidade local e mundial;
• favorecimento ao desenvolvimento de um processo de ensino e aprendizagem
que promova a autonomia dos estudantes;
• compartilhamento de métodos de trabalho que transformem os originais e
gestem inovações metodológicas ao processo de ensino-aprendizagem;
• geração de soluções inéditas e inovadoras para o encaminhamento de
respostas aos problemas e objetos de estudos.

Enfim, o coordenador pedagógico, numa ação de caráter problematizador,


compartilhará com seus pares, na escola, estudos, pesquisas e perspectivas em relação
ao conhecimento, na busca de outro sentido às teorias, aos currículos, aos métodos e
as práticas educativas, fazendo um esforço a contracorrente de uma educação que
tem sido reduzida a um conjunto de procedimentos programáticos, previsíveis,
repetitivos e mecânicos (SANTOS REGO, 2006).

Conseguimos entender e considerar que o objeto do trabalho na coordenação


pedagógica, é a produção do professor. Num mundo em vertiginosas mudanças, os
fundamentos do pensamento complexo poderão contribuir na aproximação da escola
ao mundo das crianças e dos adolescentes, conforme Demo (2007), já referido. Ao que
acrescentaríamos: aproximar a escola do mundo de todos nós: homens, mulheres,
crianças, adolescentes de qualquer raça, crença, religião.

4 Projeto Político Pedagógico


O presente capítulo tem a intenção de refletir sobre o papel social da escola e
algumas dimensões do projeto político pedagógico, quando compreendido como a
própria organização do trabalho pedagógico da escola. Os aspectos que serão
abordados levantarão questionamentos pertinentes à construção do projeto político
pedagógico e a importância do coordenador como articulador na organização do
trabalho pedagógico.

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Projeto Político Pedagógico

4.1 Função Social da Escola

Na década de 70 as instituições de ensino


sofreram violentas críticas sociológicas e
passaram a ser identificadas como reprodutoras
da desigualdade social, e o diploma, tanto
almejado e por poucos alcançado, deixava de ser
o mito da ascensão social. Tudo isso contribuiu
muito para desestabilizar os educadores, pois o
papel da escola já não estava mais tão evidente e
sua função social deveria ser redefinida.

A partir dos anos 80, ocorrem algumas mudanças em torno da função social da
escola, passando a ser vista como um importante espaço na concretização das
políticas educacionais, deixando de ser a continuidade da mantenedora, ou seja, já
começa a dar alguns passos rumo à autonomia.

Canário (1992) coloca que com este espaço a escola passa a ser reconhecida
como uma organização social, inserida num contexto local, com uma identidade e
cultura próprias, um espaço de autonomia a construir e descobrir, susceptível de se
materializar num projeto educativo.

Atualmente a sociedade vive uma grande transformação de valores, como o


consumismo exagerado, a lei do mais esperto, mais forte, a política do descartável,
que atingem diretamente a educação, refletindo na família, que procura compensar
suas faltas com materialismo ou exagerando nas atividades extracurriculares de seus
filhos, muitas vezes deixando de transmitir valores e dar limites.

Como consequência, podemos observar a desresponsabilização social que


ocorre, pois, a família e a sociedade delegam à escola a função de educar e cobram
dela todos os fracassos sociais que porventura venham ocorrer, porém é ilusão
acreditar que somente a escola dará conta da formação integral do indivíduo.

Educação é responsabilidade que compete à sociedade em seu conjunto, exige


o compromisso e a responsabilidade compartilhada da sociedade e da comunidade
na qual a escola está inserida.

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Projeto Político Pedagógico

A escola precisa estar atenta ao seu contexto, sua comunidade, seus valores,
interesses e necessidades e não se eximir de suas responsabilidades, procurando
cumprir o seu papel da melhor forma possível.

O cotidiano escolar apresenta a natureza das práticas, das ações desenvolvidas,


realizadas em seu interior, pois na medida que se conhece a realidade da escola é
possível entender melhor as decisões que a escola efetiva através de seus diferentes
atores.

O cotidiano da escola envolve não só questões específicas do currículo escolar,


mas também todas as questões de relações de poder, do saber, de afeto, de emoção,
que estão em determinado tempo, fazendo parte da vida do aluno e do professor.

A fim de que se concretize a função educativa da escola, gerenciando da melhor


maneira possível às diversas relações que perpassam pelo cotidiano escolar, é de
fundamental importância que o coordenador pedagógico:

• Compreenda a escola como reflexo de uma postura filosófica/política e


ideológica de um contexto histórico e cultural, no qual encontra-se inserida.
• Compreenda a função da escola como organismo social, capaz de reproduzir
ou transformar práticas sociais e contextos socioeconômicos e políticos
vigentes.

Portanto, é necessário que as questões sobre a educação sejam repensadas em


conjunto com toda sociedade: família, escola, comunidade e que todos se
comprometam com sua parcela de responsabilidade para que futuramente não
tenhamos que sofrer com as consequências desse atual jogo de empurra, onde há
vítimas e culpados. Não podemos esquecer que é “a formação” das futuras gerações
que está em jogo, esperando e dependendo de bases sólidas e consistentes.

4.2 O Projeto
No sentido etimológico, a palavra projeto vem do latim projectu, que significa
lançar para diante. Plano, intento, desígnio. Empresa, empreendimento. Redação
provisória de lei. Plano geral de edificação (FERREIRA, 1975, p. 1144).

A Lei de Diretrizes de Bases da Educação Nacional (LDBEN) de 1996 diz que o


projeto político pedagógico é um documento de referência. Por meio dele, a
comunidade escolar exerce sua autonomia pedagógica, administrativa e financeira.

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Projeto Político Pedagógico

Também chamado de proposta pedagógico, projeto educativo ou plano global,


o projeto político-pedagógico pode ser definido como o documento que rege a
escola, com normas e fundamentos que norteiam a prática pedagógica.

Além da Lei de Diretrizes de Bases Nacional (LDBEN), o projeto político


pedagógico deve considerar as orientações contidas nas diretrizes curriculares
elaboradas pelo Conselho Nacional de Educação e nos Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCN).

Fazendo referência a visão de documento Alarcão (2001) coloca que o projeto


pedagógico da escola, na sua dimensão de produto, é um documento. Mas esse
projeto/documento resulta de um processo sobre a missão da escola e o modo como
ela se organiza para cumprir essa missão. Mas, é também resultado de um processo
de vontade para concretizar, na ação, um projeto delineado, o que faz com que ele,
uma vez aprovado, se constitua como referência sistemática de atuação e avaliação.

Por ser o projeto pedagógico um documento de referência da escola nos


aspectos legais e pedagógicos, cabe ao coordenador a articulação no campo
pedagógico, organizando a reflexão, a participação e os meios para viabilizar a
execução teórica e prática do projeto.

Durante a construção, será exigido dos participantes e principalmente dos


coordenadores os três níveis de competências que fazem parte da formação humana:
conceitual, procedimental e atitudinal.

Vasconcellos (2007) define como dimensão conceitual ter conhecimento, clareza


para discernir e elaborar a síntese pessoal, bem como favorecer a coletiva.

O coordenador deve demonstrar inteligência no trato das questões, saber


argumentar, não ficar preso aos aspectos formais, mas buscar que o assunto que está
sendo discutido no momento seja pertinente ao que está na pauta.

O autor faz referência à dimensão procedimental como sendo o campo de


formação e domínio por parte da coordenação pedagógica é relativo ao saber-fazer,
encontrar caminhos para concretizar aquilo que se busca (métodos, técnicas,
procedimentos, habilidades). E por fim, destaca a dimensão atitudinal como a mais
difícil de ser trabalhada, justamente por envolver valores, interesses, sentimentos,
disposição interior e convicções.

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Projeto Político Pedagógico

A construção do projeto político-pedagógico passa pela autonomia da escola e


pela capacidade de delinear sua própria identidade, devendo ficar claro que a escola
é um lugar de debate e diálogo, fundado na reflexão coletiva.

4.3 Organização Do Trabalho Pedagógico


A importância desses princípios está em garantir sua operacionalização nas
estruturas escolares, pois uma coisa é estar no papel, na legislação, na proposta, no
currículo, e outra é estar ocorrendo na dinâmica interna da escola, no real, no concreto.
(Ilma Veiga)

O projeto político-pedagógico é o resultado do trabalho coletivo da comunidade


escolar. Sua construção passa por várias etapas e pela divisão do trabalho, tentando
sempre fugir da fragmentação, visando um trabalho interdisciplinar.

O projeto político-pedagógico pode ser visto como uma forma de organização


do trabalho pedagógico que busca facilitar o processo de aprendizagem e melhorar
a qualidade de ensino. Esta organização se dá em dois níveis: no da escola como um
todo e no da sala de aula na prática diária do professor.

No caso específico do coordenador pedagógico, sua função primeira é articular


o grupo de professores para elaborar o Projeto Político-Pedagógico da escola. Levar
os professores a definir objetivos comuns e a persegui-los em conjunto é tarefa que
não será atingida se não houver a constituição de um grupo coeso, embora a coesão
seja um processo lento e difícil. Na verdade, relações interpessoais confortáveis são
recursos que o coordenador usa para que os objetivos do projeto sejam alcançados
(ALMEIDA, 2001, p. 78).

Quando o coordenador pedagógico planeja suas ações, atribui um sentido a seu


trabalho (dimensão ética) e destina-lhe uma finalidade (dimensão política) e nesse
processo de planejamento explicita seus valores, organiza seus saberes para realizar
suas intenções político-educacionais. Exerce, portanto a consciência de sua
sincronicidade.

Esse movimento é gerador de nova consciência, que aponta para novas


necessidades, gera novas interrogações, propicia novas construções e novas
transformações. “Conversar com o professor é um trabalho que dá muito trabalho!”.

Isto porque o coordenador tem de desalojar práticas instaladas e se propor dar


espaço para o professor falar sobre suas percepções (CLEMENTI, 1997).

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Coordenação Pedagógica e Gestão Escolar|

Projeto Político Pedagógico

A esse movimento, que ocorre de maneira crítica e simultânea produzindo a


compreensão do fenômeno educativo, Placco (1994) denomina sincronicidade. Esse
processo dinâmico é responsável pela mediação da ação pedagógica, e para que essa
mediação alcance as metas definidas, ou seja, assuma a práxis de sua transformação,
“a sincronicidade deve ser vivida num processo consciente e crítico”.

Portanto, o trabalho do coordenador pedagógico é de fundamental importância


na articulação das ações educativas. As ações do coordenador bem planejadas e
articuladas com a comunidade escolar podem fazer a diferença entre o sucesso e o
fracasso das ações da escola, consequentemente o sucesso do processo ensino e
aprendizagem e da relação professor e aluno.

4.4 Formação Continuada do Professor


Com o passar dos anos a atualização do professor é cada vez mais necessária,
para que possa dar conta de toda a demanda do cotidiano escolar e assumir uma
prática pedagógica coerente com o projeto político pedagógico.

Mas, infelizmente nem sempre é possível estar atualizado e se formos elencar os


motivos pelos quais a escola vem perdendo seu espaço, entraríamos numa discussão
infindável e cairíamos no que costumamos presenciar no universo escolar, muitas
queixas e insatisfações por parte de alunos, pais, professores e gestores.

Precisamos analisar a situação sem buscar justificativas para o não fazer, mas sim
criar alternativas que possam ser fundamentais para a inquietação contínua e busca
de novos saberes.

Para enfrentarmos a situação que nos encontramos atualmente é necessário


voltar na história da Educação e questionar a formação dos professores, apresentando
como ponto de partida para as reflexões a qualidade de ensino e a prática docente.

Figueiredo (1996) fala sobre a expressão “formação de professores” e questiona


o que é formar? O terreno das representações surge como fundamental quando
indagamos acerca dos pressupostos que orientam as ações no campo da formação
docente: a perspectiva do formar como um processo que proporciona referências e
parâmetros, superando a sedução de modelar uma forma única, e que oferece um
continente e uma matriz a partir das quais algo possa vir a ser.

A formação contínua do professor passa a ser um estudo constante de


inquietações sem receitas prontas, geradas no cotidiano da escola. Um momento

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A Coordenação Pedagógica e a Formação Contínua de Professores

oportuno para a realização deste estudo pode ser durante as reuniões pedagógicas,
pois em vez de abordar assuntos fragmentados e burocráticos deveriam ser
desenvolvidos estudos pertinentes ao fazer pedagógico.

A transformação das reuniões pedagógicas em momentos de formação é tarefa


da equipe diretiva da escola, pois como coordenadores desse processo devem
oportunizar a comunicação e interação entre os pares, resgatando a dimensão coletiva
do trabalho educativo.

Vasconcellos (2007) enfatiza que assistir uma palestra de vez em quando não é o
suficiente para o educador enfrentar os desafios do cotidiano escolar, é necessário
estar sempre estudando, lendo, buscando novos conhecimentos.

5 A Coordenação Pedagógica e a Formação Contínua de


Professores

FONTE: https://profslusos.blogspot.com/2015/01/de-regresso-formacao-continua.html

Temos a intencionalidade de abordar temas que abrangem a formação contínua


de professores à luz da atuação do Coordenador Pedagógico em Escolas de Educação
Básica.

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A Coordenação Pedagógica e a Formação Contínua de Professores

O capítulo compõe-se de três âmbitos: no primeiro abordaremos a gênese da


formação continua dos professores; a seguir, a atuação do Coordenador Pedagógico
nesse processo e, finalizamos com a elaboração de Projeto de Formação Contínua de
Professores na Escola Básica.

5.1 A Gênese da Formação Contínua dos Professores


A aprendizagem organizacional consiste na capacidade das organizações de
criar, adquirir e transferir conhecimentos. (RIBEIRO; GARAFFA, 2007).

A aprendizagem nos meios organizacionais faz-se necessária diante de um


contexto caracterizado por mudanças, incertezas e instabilidade que por sua vez
geram novas demandas sociais, culturais, econômicas e políticas.

5.2 E a escola?
A análise do pensamento de Alarcão (2000, p. 13), sobre a conceituação da escola
como “uma organização que continuamente se pensa a si própria, na sua missão social
e na sua estrutura, e se confronta com o desenrolar da sua atividade num processo
avaliativo e formativo” permite considerar que a escola que ela classifica de reflexiva,
constitui-se numa organização de aprendizagem, num processo permanente de
repensar-se, avaliar-se e promover as mudanças que o contexto local e mundial exige.

Assim, para caracterizar-se como uma organização de aprendizagem, não basta


à escola qualificar o aluno, mas também todos os seus integrantes, tendo como
destaque o professor, através de um processo permanente de formação, coordenado
pelo Coordenador Pedagógico.

5.3 Por que destaque à aprendizagem dos professores?


Porque os professores são profissionais imprescindíveis nos processos de
mudança da sociedade, proporcionando, através de sua atuação docente,
contribuição à formação humanística, cultural, ética, científica e tecnológica de seus
alunos: crianças, adolescentes e jovens. Caso a escola deixe os professores fora do
âmbito das decisões pedagógicas e curriculares, estas não se efetivarão, não gerarão
efeitos na sociedade, razão pela qual governo, mantenedoras, instituições de ensino
superior e escolas deve investir na sua formação e desenvolvimento profissional.

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A Coordenação Pedagógica e a Formação Contínua de Professores

De acordo com o pensamento de Pimenta e Severino (2005), a democratização


do ensino, no Brasil, passa pela formação, valorização e condições de trabalho do
professor. Daí a importância de investimento no contínuo desenvolvimento dos
professores.

Ainda segundo esses autores, o processo de valorização profissional envolve


formação inicial e continuada, articulada, identitária e profissional. Essa formação
identitária é epistemológica, ou seja, reconhece a docência como um campo de
conhecimentos específicos configurados em quatro grandes conjuntos (PIMENTA;
SEVERINO, 2005, p. 13).

Esses quatro conjuntos são constituídos de conteúdos

• das diversas áreas do saber e do ensino (das ciências humanas e naturais, da


cultura e das artes);
• didático-pedagógicos vinculados à prática docente;
• de saberes pedagógicos mais abrangentes;
• vinculados ao esclarecimento do sentido da existência humana individual, com
sensibilidade pessoal e social.

A construção das propostas de formação continuada dos professores deve


reconhecer a capacidade dos professores de participar e decidir. Dessa forma, não há
o risco de a prática docente constituir-se apenas na execução das determinações
pedagógicas e curriculares propostas por outras instâncias educativas: gestores,
mantenedoras, outras.

As ações de participação e decisão requerem dos professores uma superação de


uma eventual uma visão precária do conhecimento, matéria prima de seu fazer
pedagógico, conforme o pensamento de Becker (2003).

Esse autor ainda questiona as condições do professor para propor e dialetizar as


relações entre professor e aluno, entre ensino e aprendizagem, entre ciência e
conhecimento, se ele, professor, não possui uma visão dialética. E continua
questionando como um professor, cujo embasamento epistemológico é
anticonstrutivista e antiinteracionista, pode conceber o conhecimento como uma
construção.

Assim, o professor só se efetivará como agente de mudanças “se ampliar sua


consciência sobre a própria prática, a de sala de aula e a da escola como um todo, o
que supõe os conhecimentos teóricos e críticos sobre a realidade” (PIMENTA;
SEVERINO, 2005, p. 13).

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5.4 A Formação Contínua dos Professores como Espaço Privilegiado de


Atuação do Coordenador Pedagógico
A elaboração de propostas para a formação contínua de professores configura
uma das mais significativas atuações do coordenador pedagógico nesse espaço de
mudanças que se constitui a escola.

A pesquisa realizada por Medina (2002) aponta a produção do professor como o


objeto de trabalho do coordenador pedagógico. Essa produção manifesta-se na
aprendizagem do aluno. Assim, o coordenador pedagógico contribui para um
desempenho docente mais qualificado, opondo-se a uma atuação linear,
hierarquizada e burocrática.

Segundo Medina (2002, p. 155) o coordenador pedagógico “assume uma posição


de problematizador do desempenho docente”. Dessa forma, expressa um
posicionamento de indagar, comparar, responder, opinar, duvidar, questionar,
apreciar, revelar situações de ensino em geral e, em especial, as classes regidas pelo
professor.

O coordenador pedagógico, no dizer de Medina (2002, p. 159), que tiver como


ponto de partida e de chegada o pensamento de que a escola, como instituição social,
precisa ser pensada dialeticamente, cria um espaço novo e diferente daquele que,
historicamente, foi ocupado e que se caracterizou pelo controle e, também, também,
como refúgio burocrático.

Esse posicionamento problematizador do desempenho docente, torna o


coordenador pedagógico um agente de mudanças e ao mesmo tempo constitui-se
num imenso desafio. E como enfrentá-lo?

A garantia de efetividade da atuação do coordenador pedagógico na


intencionalidade de qualificar o trabalho docente depende de muitos fatores. Entre
eles, destacam-se:

• reflexão contínua sobre as mudanças na sociedade que se refletem na escola,


demandando novos saberes, novos posicionamentos, novas metodologias;
• definição da intencionalidade e planejamento do trabalho a ser desenvolvido;
• estabelecimento de canais de comunicação e colaboração consistentes com os
professores criando um clima de confiança de modo que os professores possam

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A Elaboração de um Projeto de Formação Contínua dos Professores

reconhecer seus saberes e os aspectos que necessitam ser superados e


aperfeiçoados;
• articulação do trabalho de formação contínua ao projeto político pedagógico
da escola para que o professor tome consciência de sua ação sobre o contexto
no qual atua;
• identificação de espaços/tempo em que a formação continuada dos professores
se concretize;
• aceitação dos professores em suas singularidades, tanto individuais quanto
coletivas.

Ainda, segundo o pensamento de Thurler (2002, p. 90) os professores precisam


ser considerados como:

[...] atores plenos de um sistema que eles devem contribuir para


transformar, no qual devem engajar-se ativamente, mobilizando o
máximo de competências e fazendo o que for preciso para que possam
ser construídas novas competências a curto ou médio prazo.

A autora citada argumenta a favor de um processo de formação contínua


duradouro contrapondo-se a algumas ações de formação concentradas em poucos
dias, em jornadas intensivas. Propõe uma concepção de formação contínua mais
abrangente composta por um conjunto de formas de interação e de cooperação que
possibilitem a criação de condições para a pesquisa-ação, a prática reflexiva e a
profissionalização interativa e estimulem a sinergia das competências profissionais de
todos.

6 A Elaboração de um Projeto de Formação Contínua dos


Professores
A proposição de um projeto de formação contínua, mesmo que sobre a liderança
do coordenador pedagógico, não prescinde do apoio dos demais gestores da escola
e será elaborado de acordo com as demandas identificadas pelo coletivo da escola.

A elaboração do projeto configura um processo de construção de conhecimentos


e compreensão da realidade vinculado à construção do compromisso para
transformar e inovar a escola, como, também, prever tempo/espaço e recursos para

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A Elaboração de um Projeto de Formação Contínua dos Professores

executá-lo, sustentado nos seguintes princípios à luz do pensamento de Sánchez


Núñez (2008):

• realista: focalizar na realidade educativa da escola, detectando as necessidades


de mudanças e contrapondo-se a qualquer desvinculação do projeto de
formação contínua da prática educativa desenvolvida na escola;
• coerente - de modo que as estratégias que serão propostas sejam adequadas
aos objetivos propostos pelo projeto;
• flexível: de forma que diante de determinadas circunstâncias haja a
possibilidade de introduzir ações que sejam de interesse imediato dos
professores e não previstas no projeto;
• viável: adequado aos recursos e possibilidades disponíveis na escola;
• processo de aprendizagem dinâmico: garantindo a aprendizagem em serviço e
a aplicação do aprendido na prática;
• articulação entre a teoria e a ação de forma que a teoria sirva de referência à
prática e a prática à teoria;
• autoavaliação como estratégia de melhoria da prática docente, promovendo o
coletivo dos professores e o desenvolvimento cooperativo;
• consideração dos saberes e experiências dos professores para que possam,
depois de analisadas e avaliadas, desencadear processo de melhora na prática
docente;
• assessoramento e apoio individualizado aos professores com o objetivo de
oportunizar as reflexões e a solução de problemas surgidos na prática docente;
• aprendizagem entre iguais de forma que os professores possam compartilhar
saberes e práticas e debater problemas comuns;
• apoio institucional de modo que o projeto de formação docente componha o
plano global da escola;
• diversidade dos agentes no desenvolvimento do programa possibilitando a
participação de outros profissionais: gestores, especialistas, professores
convidados, outros.

O processo de elaboração do projeto envolve um processo de maturação de


ideias, caracterizado por observações, análises, comparações, indagações, reflexões e
sistematizações. Assim, consiste num processo gradual que requer reflexão, contínuas
retomadas, compreensão das problemáticas que envolvem o processo de ensino e
aprendizagem e dos múltiplos aspectos que constituem as problemáticas detectadas
na escola. A participação do coletivo dos professores na sua elaboração configura-se
como condição fundamental para vencer as resistências e as tensões que possam

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A Elaboração de um Projeto de Formação Contínua dos Professores

emergir, além de promover o envolvimento e a sinergia fundamental para a eficaz


implementação do projeto (LUCK, 2003).

6.1 Elementos do Projeto de Formação Contínua dos Professores


A elaboração do projeto fundamenta, organiza, sistematiza e direciona a
proposta de formação contínua de professores.

A estrutura de qualquer projeto se fundamenta no método científico, razão pela


qual, tem em sua estrutura os mesmos elementos, conforme. No entanto,
dependendo de sua finalidade, pode ter variações, destacando aspectos considerados
importantes.

Elementos básicos de um projeto:

1. Identificação do projeto
2. Descrição da situação-problema
3. Proposição de objetivos
4. Definição de metas
5. Delineamento de método, estratégias e procedimentos
6. Especificação de cronograma
7. Identificação de recursos e custos
8. Proposição de monitoramento e avaliação (LUCK, 2003, p. 92).

Sugestão de elementos para compor um Projeto de Formação Contínua de


Professores:

1. Identificação do Projeto: visa apresentar as informações básicas para a


caracterização do projeto: título, escola, setor, responsáveis pela execução, clientela,
duração.

2. Justificativa: consiste na descrição da realidade específica, através da


caracterização de das situações que demandam ação de inovação, de melhoria ou de
transformação na escola.

3. Proposição de objetivos: determina os resultados que se pretende alcançar


com a realização do projeto, alcançáveis no tempo previsto.

4. Definição de metas: consiste na especificação quantitativa do projeto.

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A Elaboração de um Projeto de Formação Contínua dos Professores

5. Fontes que subsidiaram a elaboração do projeto: identificam a procedência do


projeto, tais como: Plano Global da Escola, Projeto Político Pedagógico, demandas
expressas pelos professores, pelos alunos, pela comunidade escolar em geral, estudos
teóricos, outros.

6. Referências teóricas que sustentam o projeto: referem-se aos fundamentos


teóricos que sustentam o projeto.

7. Princípios que norteiam o Projeto: expressam aos princípios que fundamentam


o projeto, tais como: realismo, coerência, flexibilidade, viabilidade, articulação teoria e
prática, outros.

8. Etapas: consiste na descrição das etapas de elaboração do projeto, tais como


a) levantamento as necessidades de formação contínua dos professores,
delineamento do projeto; b) apresentação e discussão com os professores e demais
gestores da escola; efetivação de reformulações sugeridas; c) execução do projeto.

9. Desenvolvimento do Projeto: refere-se ao traçado dos múltiplos tempos e


espaços que constituirão a efetivação do Projeto, considerando a disponibilidade e
recursos disponíveis na escola, como, por exemplo: a) Grupos de estudos sobre um
tema específico; b) Grupo de Estudos para análise do pensamento educativo de autor
ou autores selecionados pelos professores; c) Oficinas pedagógicas; d) Mini-fóruns; e)
Orientações individuais; f) Orientações ao desenvolvimento de carreira; g) Plenárias
pedagógicas; h) Outras.

10. Especificação do cronograma: refere-se à especificação do tempo a ser


disponibilizado ou necessário à execução do projeto.

11. Identificação de recursos e custo: refere-se a descrição dos recursos e custos


necessários à efetivação do projeto

12. Proposição de monitoramento e avaliação: refere-se ao conjunto de


procedimentos de monitoramento da execução do projeto e avaliação e dos
resultados, para assegurar a sua execução, no tempo previsto, com os recursos
disponíveis, e, acima de tudo, identificar a necessidade de medidas corretivas durante
o processo, de modo que se assegure, no decorrer de toda a sua execução, o alcance
dos objetivos e das metas previstas (LUCK, 2003).

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As Múltiplas Implicações da Prática do Coordenador Pedagógico

7 As Múltiplas Implicações da Prática do Coordenador


Pedagógico
O coordenador pedagógico dentre suas várias atribuições possui um dos mais
fundamentais papéis, o de ser mediador de todo o processo pedagógico, articulando
as diferentes relações inerentes do cotidiano escolar, organizando o produto da
reflexão dos segmentos, do planejamento e da avaliação da prática. O presente
capítulo tem o objetivo de enfocar o papel do coordenador pedagógico no contexto
escolar abordando aspectos como: formação do pedagogo, planejamento, avaliação
e acompanhamento pedagógico.

7.1 As Implicações Históricas na Prática Pedagógica


A Pedagogia, no Brasil, vive um grande paradoxo: enquanto é verificada uma
imensa pedagogização da sociedade com o impacto das inovações tecnológicas, da
informática dos meios de comunicação, da difusão cultural e científica e da
propaganda; no meio educacional ela se encontra no descrédito, assim como a
atividade docente. (José Carlos Libâneo)

Há uma tradição na história da formação de professores no Brasil, segundo a qual


o pedagogo é alguém que ensina algo e o curso de pedagogia seria um curso de
formação de professores para as séries iniciais. Essa ideia permanece viva na
experiência de muitos que não entendem, ou não tiveram a oportunidade de perceber
que a Pedagogia se ocupa com todo o processo educativo e ao mesmo tempo é uma
diretriz orientadora da ação educativa. Dentro dessa visão “o Pedagogo” é um
profissional que atua em várias instâncias da prática educativa, direta ou
indiretamente ligadas à organização de saberes e ações pedagógicas.

Segundo Libâneo, o grande paradoxo em que nos encontramos hoje em relação


à Pedagogia está extremamente ligado a ampliação e inovações tecnológicas, as
quais, trazem atrativos pedagógicos bem claros e perceptíveis, deixando o meio
educacional com mais descrédito ainda.

Partindo disso, como administrar nossa identidade de Pedagogo com este


complexo campo de trabalho que é a Educação? O qual nos leva, muitas vezes, a
coordenadas inseguras, perda de sentido e de referências.

Afinal de contas, qual o papel do Pedagogo? Diversas são as reclamações que


emergem do cotidiano dos coordenadores: sentem-se sozinhos, lutando em muitas

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As Múltiplas Implicações da Prática do Coordenador Pedagógico

frentes, tendo que desempenhar várias funções. Qual seria sua efetiva identidade
profissional? A sensação que se têm, com frequência é de que são ‘bombeiros’ a
apagar os diferentes focos de ‘incêndio’ na escola, e no final do dia vem o amargo
sabor de que não se fez nada de muito relevante [...] Sentem ainda o distanciamento
em relação aos professores, a desconfiança, a competição, a disputa de influência e
de poder (VASCONCELLOS, 2007, p. 85).

Considerando o tradicional distanciamento na formação e na prática dos


pedagogos, não se tem mediação adequada entre as diferentes linguagens
produzidas nesses diversos âmbitos de atuação do Pedagogo.

É necessária a busca por sua identidade, para que possa dar um novo significado
em sua prática, tentando superar as dificuldades encontradas neste campo de
trabalho, as quais, muitas vezes decorrentes de limitações próprias e/ou, dificuldades
em traduzir em suas práticas a riqueza de seus conhecimentos.

Portanto, devemos analisar as causas de tais atitudes, nos localizando no


movimento da história, a fim de entender como chegamos ao descrédito da prática
pedagógica. Devemos reconhecer que as propostas de mudança, muitas vezes foram
implantadas de cima para baixo, sob o amparo do tecnicismo, num contexto de
desqualificação da formação e desvalorização profissional.

7.2 Os Múltiplos Papéis do Coordenador Pedagógico


A figura 2 define as múltiplas ações do coordenador pedagógico, fazendo um
paralelo entre sua prática e a concepção sócio-histórica do contexto escolar.

É destacado no esquema da figura 2, o trabalho do coordenador pedagógico


como um dos principais eixos que norteiam o processo pedagógico, valorizando a
análise da realidade através da ligação e interligação de todos atores do contexto
escolar, objetivando um movimento de construção e reconstrução coletiva,
enfatizando algumas das principais ações deste profissional:

a. Articulação: Realizar a análise e avaliação diagnóstica, articulando-se com os


múltiplos atores envolvidos, visando identificar a solução para situações-
problema da escola, devendo ser capaz de ler, observar e congregar as
necessidades dos que atuam na escola. As ideias devem ser construídas,
discutidas e implementadas por todos os envolvidos. O coordenador deve
articular e motivar a adesão e o compromisso do grupo.

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As Múltiplas Implicações da Prática do Coordenador Pedagógico

b. Intervenção: Direcionar o grupo, a manter o foco nos aspectos da realidade


escolar, buscando relacionar teoria e prática, desencadeando um trabalho de
acompanhamento da ação docente, que privilegie a reflexão crítica da prática
do professor, movimentando-o para a mudança, enquanto pesquisador de sua
própria prática.
c. Mediação: Resgatar a dimensão coletiva do trabalho educativo, considerando
as experiências, os interesses e o modo de trabalhar do professor, bem como
criar condições para questionar sua prática e disponibilizar recursos para
modificá-la; para isso é necessário possuir conhecimentos gerais e específicos
que lhe permitam desempenhar uma série de atividades que visem à melhoria
constante do processo de ensino aprendizagem.
d. Autoavaliação: A estratégia de acompanhamento e avaliação da ação
pedagógica estrutura-se como um processo, ou seja, numa contínua análise da
prática, na busca de esclarecimento e compreensão, reflexão e solução para os
problemas, como forma de obter a qualidade do processo educativo.

Vasconcellos (2007) define como um dos principais papéis da supervisão a


disposição de criar condições para que o professor descubra a melhor forma de ajudar
o aluno a aprender.

Alarcão (2001) salienta que função do supervisor, também pode ser


compreendida como um processo em que um professor, em princípio mais experiente
e mais informado, orienta um outro professor ou candidato a professor no seu
desenvolvimento humano e profissional.

7.3 Planejamento

O planejamento se configura como um dos


mais importantes elementos do processo
pedagógico, devendo ser utilizado como ponto
de partida para se conhecer melhor e refletir
sobre a realidade em que se pretende atuar.
Podemos dividir o planejamento em diferentes
etapas, em primeiro momento selecionando os
meios para intervir tendo em vista a mudança
pretendida, em um segundo momento fazendo a reflexão sobre os resultados obtidos,

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Coordenação Pedagógica e Gestão Escolar|

As Múltiplas Implicações da Prática do Coordenador Pedagógico

por fim construindo uma nova proposição de metas. Isto significa dar prioridade ao
planejamento como um processo dialético (ação-reflexão-ação), deixando de lado os
registros meramente formais, estáticos, distantes da realidade.

Um plano não é mais que um documento de trabalho, cuja importância é


somente momentânea; quando surge sob forma impressa, está ultrapassado. O
estabelecimento de um plano, isto é, o exercício do pensamento planificador, é algo
infinitamente mais importante que um livro elegantemente apresentado e intitulado:
’Plano de Seis Anos’ (FRIEDMANN, 1959, p. 348).

Esse mesmo autor, refere-se a diferentes modos de pensamento a nível da


planificação: pensamento objetivo, analítico, integrativo, projetivo, experimental e
utópico, referindo-se também a imaginação estética.

Pensando nas modificações que historicamente foram delineando a educação,


podemos observar que o ato de planejar com tendências burocratizantes, enfatizou
muito mais o produto final, ou seja, a papelada contendo gráficos mais complicados
possíveis e objetivos definidos conforme a visão do professor do que o aluno seria
capaz de atingir, contribuíram muito para a descrença no planejamento.

Por isso hoje a tarefa de planejar é bem mais complexa, não se trata de ter
condições de planejamento, mas de se resgatar o significado e dar a importância
devida a este elemento indispensável para o sucesso do Projeto Político- Pedagógico.

Assim, estaremos dando um sentido bem mais profundo e coerente à seleção de


conteúdos, dos procedimentos metodológicos e dos instrumentos de avaliação,
assegurando sua perfeita integração.

Segundo Vasconcellos (2007), é no cotidiano escolar que estas grandes


dimensões do planejamento costumam se traduzir para o professor, quando ele se
preocupa com “o quê” vai ser ensinado, como vai ser trabalhado, por quê e para quê
vai ser trabalhado e como vai se saber se os alunos estão assimilando ou não e o que
fazer diante disto.

Podemos perceber que para planejar é necessário o conhecimento da realidade


do contexto escolar, analisando e selecionados conteúdos que contribuirão para um
ótimo desenvolvimento do ensino-aprendizagem. Utilizando uma metodologia
diversificada e adequada às necessidades do educando, os professores constatarão se
houve ou não crescimento na aprendizagem, refletindo assim, em novas estratégias
na prática pedagógica.

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As Múltiplas Implicações da Prática do Coordenador Pedagógico

7.4 Acompanhamento Pedagógico


A minha abertura ao querer bem significa a minha disponibilidade à alegria de
viver. Justa alegria de viver, que, assumida plenamente, não permite que me
transforme num ser ‘adocicado’ nem tampouco num ser arestoso e amargo. (Paulo
Freire)

A atuação do coordenador no cotidiano escolar requer uma sistematização mais


visível, como forma de possibilitar a melhoria da sua intervenção ao longo do ano
letivo. Com o registro das situações encontradas, das intervenções feitas, das leituras
sugeridas, das reflexões efetuadas na escola, o coordenador terá subsídios mais
concretos para dar continuidade às suas ações e intervenções na prática pedagógica
desenvolvida pelo professor, tornando-se cada vez mais um parceiro deste
profissional e assim, contribuindo significativamente na construção de um projeto
educativo que resulte no sucesso do aluno.

Neste sentido, é importante refletirmos sobre a diferença de acompanhar e


fiscalizar, pois normalmente ao acompanhar o trabalho do professor muitas vezes o
coordenador pedagógico é visto como um fiscal, função esta que não trará muitos
créditos para o desenvolvimento significativo e de interação para a construção coletiva
do projeto escolar.

Um dos fundamentais passos do acompanhamento pedagógico é a avaliação,


portanto avaliar o processo pedagógico conduz à reflexão com dados concretos sobre
o que acontece de fato na escola, possibilitando obter informações úteis ao nível de
sala de aula, tendo em vista os objetivos estabelecidos para o processo de
escolarização.

Deixar de acompanhar e avaliar a escola pode significar deixá-la num caminho


que produza como consequência final a sua ineficácia.

Avaliar tem com certeza três lados: aluno, professor e os demais membros da
equipe pedagógica da unidade escolar. Avaliar o aluno traz sempre consigo a
avaliação da prática pedagógica do professor e do trabalho pedagógico desenvolvido
pela escola. Assim, se há problemas de aprendizagem, há também problemas de
ensino e de organização da gestão escolar.

É importante também oferecer suporte e auxílio para a prática no cotidiano


escolar, e para isso será necessário que o coordenador pedagógico utilize frequente

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Considerações Finais

e diversificado instrumento de avaliação para acompanhar mais sistematicamente o


processo educativo, propondo intervenções na prática do professor, a fim de
contribuir para atingir a excelência no ensino-aprendizagem.

Assim, o papel do coordenador pedagógico como parceiro do professor e da


equipe escolar, é estar levando o grupo a refletir sobre a proposta pedagógica
desenvolvida na escola e orientar o fazer pedagógico.

Para isso, é importante que no acompanhamento pedagógico seja observado:

• As necessidades de aprendizagem dos alunos.


• O trabalho coletivo respeitando o ponto de vista dos colegas.
• A Interação com a comunidade escolar (interna e externa).
• A visão integrada e dinâmica do currículo em relação à realidade.
• O trabalho na perspectiva interdisciplinar.

8 Considerações Finais
A coordenação pedagógica assume o papel de auxiliar o aluno na formação de
uma cidadania crítica e a escola na organização e realização do projeto político
pedagógico. Para o desenvolvimento de um trabalho competente, colocamos em
pauta o resgate da identidade do coordenador pedagógico, bem como sua formação
inicial e continuada. Com relação à sua identidade, é preciso que ele tenha clareza de
suas atribuições para que possa de fato realizá-las e deixar de ser o faz tudo,
descaracterizando a real dimensão de seu fazer profissional e estabelecendo um
conflito entre os diversos papéis desempenhados pelos diferentes profissionais da
educação.

Quando nos reportamos à formação do coordenador pedagógico, queremos


evidenciar que isto por si só não garante um ensino de qualidade, pois ele sozinho
não pode mudar a escola, por mais competente que seja não conseguirá imprimir as
marcas de uma dinâmica pedagógica, se a instituição, nos âmbitos administrativos e
políticos, não estiver totalmente comprometida, envolvida e consciente dos princípios
pedagógicos que o grupo elegeu para direcionar suas ações.

Não nos resta dúvida de que o coordenador pedagógico precisa ser bem
formado, porém, o gestor e os professores também precisam de uma formação de
qualidade. Esta formação só terá sentido se a escola rediscutir seu sentido através de

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Coordenação Pedagógica e Gestão Escolar|

Considerações Finais

uma práxis crítica e reflexiva, construída através de ações coletivas, englobando as


comunidades interna e externa da escola.

Como destacamos, o coordenador tem três importantes atribuições: articular,


formar e transformar. Enquanto articulador sabe que a ação educativa precisa ser
planejada, articulada com todos os participantes da escola, sendo um dos elementos
de ligação fundamental, através de formas interativas de trabalho, em momentos de
estudos, proposições, reflexões e ações. Como formador, sua responsabilidade está
pautada na formação continuada dos profissionais da Escola, devendo ainda estar
aberta ao saber adquirido no dia-a-dia, que deve ser refletido e incorporado ao
desenvolvimento pedagógico dos educadores. No tocante à transformação, deve
estar atento à mudança de atitudes da comunidade escolar, promovendo a reflexão e
a vivência nas relações escolares. Como agente de transformação da prática
pedagógica precisa estar aberto a transformar-se continuamente, a partir das
considerações reflexivas e do feedback dos demais atores da Unidade Escolar.

As ações de articular, formar e transformar precisam ser realizadas numa gestão


participativa, onde todos realizam suas funções, embora delimitadas, em conjunto, de
forma integrada.

Todos devem se comprometer tanto com o processo como com os resultados


obtidos, assim, tanto o sucesso como o fracasso é compartilhado com todos. Não há,
neste contexto, um só ator do processo educativo, mas um grupo coeso que trabalha
em prol da construção da cidadania de seus alunos.

Todas as discussões da pesquisa apontam para a necessidade da presença do


coordenador em todas as escolas brasileiras, mas colocar qualquer pessoa para
ocupar esta função não trará nenhum benefício para a unidade escolar. Seu trabalho
é complexo, principalmente sua principal atribuição que é a formação em serviço dos
professores, o que exige formação de qualidade, empenho, dedicação, relações
interpessoais e uma série de outras qualidades que discutimos ao longo da pesquisa.

Portanto, a escolha do profissional para ocupar esta função deve ser criteriosa.

Consideramos que o papel do coordenador é favorecer a construção de um


ambiente democrático e participativo, onde se incentive a produção do conhecimento
por parte da comunidade escolar, tendo como resultado deste processo uma
educação de qualidade para todos.

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