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Práticas Pedagógicas de Administração Escolar |

Sumário

DISCIPLINA
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DE
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

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Sumário

Sumário
Sumário----------------------------------------------------------------------------------------------------- 2
1 A Atuação do Pedagogo em Diferentes Períodos Históricos----------------------------- 4
2 A influência neoliberal na reforma de ensino da década de 1990 --------------------- 6
3 A gestão democrática no cotidiano escolar -------------------------------------------------- 8
4 Fundamentos e instrumentos de consolidação da gestão democrática -------------- 9
5 Fundamentos teóricos e legais da gestão democrática--------------------------------- 10
6 As instâncias colegiadas e sua importância na gestão democrática ---------------- 14
7 Conselho escolar----------------------------------------------------------------------------------- 15
7.1 O que são Conselhos Escolares? ----------------------------------------------------------------------- 15
7.2 Como Criar Um Conselho Escolar? --------------------------------------------------------------------- 16
7.3 Escolha dos Membros ------------------------------------------------------------------------------------ 17
7.4 Conselho de classe ---------------------------------------------------------------------------------------- 18
8 Associação de pais, mestres e funcionários ------------------------------------------------ 19
8.1 Objetivos da APMF na comunidade escolar --------------------------------------------------------- 20
9 Grêmio estudantil --------------------------------------------------------------------------------- 21
10 A construção coletiva do projeto político-pedagógico ------------------------------- 22
11 A atuação da equipe diretiva frente ao desafio do trabalho coletivo------------ 23
12 Fundamentos teóricos do projeto político-pedagógico ------------------------------ 26
13 Os elementos que compõem o projeto político-pedagógico------------------------ 28
13.1 A elaboração do projeto político-pedagógico ------------------------------------------------------- 30
14 Planejamento e trabalho coletivo --------------------------------------------------------- 32
15 A função da escola na sociedade contemporânea ------------------------------------ 33
16 O planejamento escolar enquanto instrumento de ratificação do ensino e da
aprendizagem -------------------------------------------------------------------------------------------------- 36
17 As dimensões do planejamento educacional ------------------------------------------- 38
18 Gestão escolar e os processos de avaliação--------------------------------------------- 41
19 As relações existentes entre a qualidade educacional e o processo de avaliação
41
20 AS Especificidades do processo de avaliação: sistema de avaliação da educação

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Sumário

básica – SAEB e avaliação institucional ----------------------------------------------------------------- 45


21 O processo de avaliação enquanto instrumento de democratização do
conhecimento científico ------------------------------------------------------------------------------------- 51
22 Referências Bibliográficas ------------------------------------------------------------------- 53

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A Atuação do Pedagogo em Diferentes Períodos Históricos

1 A Atuação do Pedagogo em Diferentes Períodos Históricos


Para iniciarmos a discussão do primeiro ponto proposto que é compreendermos
a relação entre as demandas atuais da atuação do pedagogo com as exigências
decorrentes das transformações e reestruturação do capitalismo na atualidade, é
preciso antes compreender que não podemos ignorar a influência das relações do
trabalho e do mercado na formação do pedagogo.
Foi no período posterior a 1964 que a formação do pedagogo ganhou destaque.
Percebemos que foi nesse período de instalação do Regime Militar que se preceituou
a hierarquização de funções como administração, supervisão, planejamento e
inspeção escolar entre outras por meio da Lei 5.540/68, que representou a reforma
universitária. Sob a égide dessa lei as disciplinas profissionalizantes foram ampliadas
pelo parecer CFE nº 252/69 e passaram a contar com as seguintes habilitações a serem
oferecidas na graduação: Magistério das Disciplinas Pedagógicas do Segundo Grau,
Orientação Educacional, Administração Escolar, Supervisão Escolar e Inspeção Escolar.
A atuação do pedagogo tinha como foco a direção e o controle do processo escolar.

O referido contexto só é passível de compreensão se olharmos, mesmo que


brevemente, para as condições históricas que o determinaram. Basta observarmos o
modelo de produção taylorista/fordista característico do padrão de acumulação
industrial, que é marcado pela divisão do trabalho, mecanização da produção,
estrutura hierarquizada verticalmente e distinta em níveis operacionais de direção,
planejamento, supervisão e execução.
Tal organização do trabalho produziu a separação entre trabalho intelectual e
braçal, planejamento e execução. Destacando o papel da gerência neste processo,
aqui o papel do administrador é de fiscalizar o planejamento, controlar o trabalho
alheio e cercear a vontade do trabalhador para que o mesmo execute com precisão e
dinamicidade sua tarefa como assinala Vitor Paro (2006).
Como você já sabe, as relações da escola não passam ilesas pelas relações que
se dão no mundo do trabalho. Para dar conta da formação dos quadros profissionais
para essa organização do trabalho, a educação escolar foi requerida como
fundamento para o desenvolvimento econômico e assume as características do
modelo produtivo taylorista/fordista, já que era preciso a qualificação em massa de
trabalhadores. Conforme as contribuições de Shiroma; Moraes; Evangelista (2007)
encontraremos eco em tal exigência na teoria do capital humano que passou a ser
adotada como base para as políticas educacionais.

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A Atuação do Pedagogo em Diferentes Períodos Históricos

Conforme elencamos anteriormente, a Reforma universitária de 1968 reflete que


a dicotomia entre o planejar e o executar se efetivava na escola, onde o pedagogo-
especialista era o responsável pelo planejamento, controle e avaliação. Fazendo uma
relação com a fábrica, a sala de aula era considerada o “chão de fábrica”, lá os
professores executavam as tarefas pré-estabelecidas. Assim, podemos afirmar que, ao
incorporar a organização de trabalho taylorista-fordista, a escola assume uma função
reprodutora da sociedade capitalista.
De acordo com as contribuições de Augusto Pinto (2007), com a crise de 1970, a
estagnação da economia que afetou os países desenvolvidos, o baixo crescimento dos
mercados, a sua instabilidade e a elevação da concorrência internacional impuseram
entraves ao sistema taylorista-fordista. Desse modo, as transformações no setor
produtivo, principalmente, o desenvolvimento do setor financeiro e o deslocamento
para o setor de serviços acarretaram mudanças substanciais ao modelo de produção.
Desse modo, percebemos que o modelo de produção desenvolvido desde a década
de 1950 no Japão denominado de toyotismo passa a ser difundido.
A principal característica do toyotismo é o sistema just-in-time (produção por
demanda), que diz respeito ao trabalho realizado em equipe e não mais
individualizado como no modelo taylorista/fordista. Percebemos, então, a
flexibilização da mão de obra, gestão participativa e controle de qualidade total como
focos de ação. Esse padrão flexível de organização do trabalho implica mudanças para
as funções desempenhadas pela gerência, que passa a ser denominada gestão e não
mais como administração, e compreende a coordenação de competências, recursos
materiais e, sobretudo, de informações.
A partir da crise latente, a reestruturação produtiva se constitui em instrumento
para a superação da mesma. Então, o sistema capitalista lança mão de um conjunto
de valores próprios com conceitos e ideias que legitimem o novo padrão de
acumulação. Aqui, percebemos os postulados do Neoliberalismo que denotam para a
desregulação da economia, a liberalização do mercado, mínima intervenção estatal, a
privatização de empresas estatais. Conforme as contribuições de Petras (1997), com o
Neoliberalismo, após a década de 1990, se fazem necessárias as reformas do Estado
a fim de que haja sustentação para as novas exigências postas.

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A influência neoliberal na reforma de ensino da década de 1990

2 A influência neoliberal na reforma de ensino da década de


1990
No Brasil, percebemos que desde a década de 1970, já havia resquícios do
Neoliberalismo, porém foi com o governo de Fernando Henrique Cardoso que a
Reforma do Estado passa a ser executada de modo efetivo, principalmente após a
elaboração do Plano Nacional de Reforma do Aparelho do Estado em 1995, com o
então ministro Bresser Pereira. Muitas ações foram adotadas para a Reforma do
Estado, entre elas destacamos as políticas de descentralização e responsabilização da
sociedade civil nas questões sociais, entre elas a educação. De acordo com Viriato
(2004), a descentralização é uma estratégia do Estado para se eximir das
responsabilidades sociais como saúde, moradia, segurança e educação, as quais são
garantidas na Constituição de 1998.
Como você pode observar, as reformas educacionais dos anos de 1990 não são
especificidades do Brasil, mas de toda a América Latina, e foram elaboradas como
atendimento às exigências neoliberais representadas principalmente nas
recomendações de agências internacionais como o Fundo Monetário Internacional
(FMI), Banco Mundial e Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e
Cultura (UNESCO).
Sobre esse aspecto, vale ressaltar as discussões apresentadas por Shiroma;
Moraes; Evangelista (2007) que argumentam que, a partir desse contexto, as agências
multilaterais assumem a educação como fator decisivo para o desenvolvimento
econômico dos países periféricos e elegem a necessidade de um sistema democrático
que favoreça a participação da sociedade.
Assim podemos afirmar que a gestão assimilou as características da
administração científica de Taylor e Ford, cujas características diz respeito à aplicação
de técnicas de planejamento, controle e autoridade centralizada. Nessa perspectiva, a
gestão implica um caráter formativo e neste sentido o papel do gestor está permeado
pela ação com foco na coletividade.

Como você pode observar, essa concepção de gestão foi projetada para a
instituição escolar, isto fica explícito na Constituição de 1988 que assinala a gestão
democrática como um princípio na organização do sistema de ensino público e
encontrou eco na Lei de Diretrizes e Bases da Educação número 9394/96.
De acordo com esses princípios, muda o papel do pedagogo, ele deixa de ser um
especialista em supervisão ou orientação escolar e assume a função de coordenar

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A influência neoliberal na reforma de ensino da década de 1990

todo o trabalho de organização do trabalho pedagógico e também administrativo


sem dissociar sua atuação do caráter formativo; a este “novo” profissional é atribuída
a denominação de pedagogo unitário.
Nessa dinâmica, é possível verificar que a organização flexível do trabalho exige
indivíduos capazes de atuar em funções diferentes, é verificável também para a escola
e é visivelmente observável nas novas atribuições do pedagogo como gestor. Desse
modo, podemos afirmar que tais engendramentos só podem ser analisados e
compreendidos se considerarmos a sociedade permeada pela materialidade histórica,
nas transformações ocorridas no capitalismo.
No contexto escolar, tais ações se concretizam por meio de práticas coletivas de
planejamento da organização do trabalho pedagógico e da avaliação na instituição
como reflexo das mudanças advindas.
Gostaríamos aqui de explicitar de modo especial a importância do planejamento
enquanto processo fundamental para o desenvolvimento de toda atividade, conforme
explicita Vasconcellos (1995) ao afirmar que um planejamento crítico implica na
ratificação de ações que almejam a transformação de uma realidade. Partimos de tal
pressuposto apontado pelo autor supracitado para afirmar que o planejamento está
intrinsecamente relacionado à análise da realidade.
No contexto educacional brasileiro, especificamente a partir do regime militar, o
planejamento foi amplamente difundido sob o foco de instrumento de controle e
sistematização do sistema educativo. Esse modelo de organização técnica foi
duramente criticado durante a década de 1980 e comparado com a necessidade de
um planejamento que contemplasse todas as dimensões pedagógicas da escola: o
ensino, a aprendizagem e o processo de avaliação (LIBÂNEO, 2004).
Em relação a tais discussões, destacamos as contribuições de Oliveira (1997) ao
destacar que o momento histórico da referida década estimulou a discussão sobre a
necessidade de substituição de uma prática voltada para um planejamento
centralizador por formas mais flexíveis e próximas da realidade educacional. Em
concomitância com a disseminação de práticas com o foco na gestão participativa,
consolida-se a ideia de que o planejamento deveria ser discutido enquanto
instrumento que reflete as reais necessidades da comunidade escolar.
Em meio ao movimento de redemocratização do Brasil e do movimento de luta
por uma escola pública de qualidade, o planejamento participativo passa a ser

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A gestão democrática no cotidiano escolar

considerado como o principal instrumento que favorece a prática da democracia e o


desenvolvimento da consciência crítica (LIBÂNEO, 2004).
Nesse período, observamos que a nação brasileira se organizava em movimentos
em prol da consolidação de uma sociedade de fato democrática, ao passo que as
demandas impostas pela crise do capital se expressavam por meio da reestruturação
produtiva da sociedade capitalista. Diante desse contexto, o Estado brasileiro, sob a
égide das agências internacionais, se mobilizou para a elaboração de mecanismos que
atendessem aos dois grupos. Foi assim que o discurso da defesa pela escola pública
com qualidade, a gestão democrática, a autonomia, descentralização, entre outras
foram ressignificadas para atender às necessidades advindas da nova fase do
capitalismo marcadas pela acumulação flexível (VEIGA, 2005).
Bem, sabemos que o planejamento coletivo só se efetiva por meio da gestão
democrática. Entretanto, precisamos superar a visão ingênua e creditar nossa análise
do discurso de defesa na participação da sociedade a qual está ligada aos processos
de descentralização que estão em consonância com as orientações neoliberais para a
reforma educacional. Desta forma o governo lança mão de planos que se vinculam ao
discurso da gestão democrática tais como o Programa Dinheiro Direto na Escola
(PDDE), o Programa Nacional de Fortalecimento de Conselhos Escolares, Plano de
Mobilização Social pela Educação, entre outros que expressam o discurso da
responsabilidade da sociedade civil na consolidação de uma escola pública de
qualidade.

3 A gestão democrática no cotidiano escolar


De acordo com as contribuições de Vitor Paro (2006), gestão democrática
favorece a participação da comunidade e esta não deve se restringir à eleição de
diretores, mas ao acompanhamento efetivo de todas as ações pedagógicas. Neste
processo, o Projeto Político Pedagógico (PPP) se constitui em um importante
instrumento que favorece a ratificação do processo democrático. O envolvimento da
comunidade escolar nas discussões pertinentes ao contexto educacional por meio do
Projeto Político-Pedagógico deve refletir o compromisso e a corresponsabilidade nas
metas e objetivos.
É importante destacar as contribuições do professor Libâneo (2004) que enfatiza
que o PPP se constitui em um importante instrumento que contribui para a superação
de um modelo tecnicista e a concretização de uma prática progressista que explicite

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Fundamentos e instrumentos de consolidação da gestão democrática

a participação de sujeitos críticos com competência de atuar criticamente na escola e


na comunidade.
Queremos aqui explicitar a atuação do pedagogo como gestor, cujo papel
privilegia a participação de professores, funcionários, alunos e pais que discutem e
propõem o trabalho pedagógico que supere os conflitos e autoritárias e que,
sobretudo, promovam a mudança de uma estrutura escolar fundamentada na
fragmentação.
Neste contexto, percebemos que a atuação do pedagogo como gestor nas
práticas coletivas de planejamento, na organização do trabalho pedagógico e na
avaliação favorece a consolidação de uma escola comprometida com o papel político
e social.

Deste modo, podemos concluir que o papel do gestor precisa ser ressignificado
a fim de superar a visão fragmentada entre administrativo e pedagógico. Acerca dessa
questão, o pedagogo como gestor tem um papel importante na superação da
reprodução das relações capitalistas e no favorecimento do debate e da reflexão.

Podemos nos valer da contribuição de Jamil Cury (2005, p.21) e respondermos


que “o que já existe legalmente em matéria de Gestão Democrática é uma substância
necessária para sua efetivação, contudo ainda não é suficiente”. É necessário exercitar
a cidadania e extrapolar a exigência meramente burocrática, romper a visão ingênua,
acrítica e legalista, afinal tais leis demonstram claramente a não neutralidade da
educação.
Finalmente, ressaltamos a amplitude do nosso papel frente ao desafio de
consolidar uma educação de qualidade, capaz de pensar criticamente o conhecimento
científico e, consequentemente, as relações sociais postas. Eis nossa grande missão,
consolidar uma educação capaz de formar cidadãos críticos capazes de atuarem na
construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

4 Fundamentos e instrumentos de consolidação da gestão


democrática
Como você deve ter observado, na primeira unidade realizamos um resgate
histórico da atuação do pedagogo no Brasil que sofre influência direta do modo de
organização das relações do mundo do trabalho. Outro ponto importante destacado

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Fundamentos teóricos e legais da gestão democrática

diz respeito às especificidades do papel do pedagogo frente ao desafio de organizar


o trabalho docente na perspectiva da Gestão Democrática.
Para aprofundarmos nossa discussão acerca da atuação do pedagogo na gestão
escolar, discutiremos os fundamentos teóricos que respaldam a consolidação da
Gestão Democrática. As Instâncias Colegiadas são instrumentos que compõem as
especificidades de uma instituição pautada na Gestão Democrática e também
constituem o foco dos nossos estudos nesta segunda unidade.
Outro aspecto de suma importância para avançarmos nos nossos estudos diz
respeito às especificidades existentes entre a Gestão Escolar e a Gestão Educacional,
ações distintas, porém, complementares.

Para finalizar as discussões desta unidade, analisaremos a atuação da equipe


diretiva frente ao desafio do trabalho coletivo, que influencia de modo direto na
Gestão Escolar.
Agora, avancemos no nosso estudo rumo ao aprofundamento científico.

5 Fundamentos teóricos e legais da gestão democrática


A Constituição Federal de 1988 dispõe no artigo 205 que o trabalho conjunto
entre Estado e família norteará a educação pública brasileira. No artigo 206, inciso IV,
a Constituição Federal prevê: “a gestão democrática na forma de lei e apresenta os
princípios sobre os quais se darão a educação formal no Brasil” (BRASIL, 1988).

A partir de então, vários setores da sociedade civil se mobilizaram em prol da


formulação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, com destaque para o
Fórum Nacional em defesa da escola Pública. Após sucessivos impasses, a Lei de
Diretrizes e Bases (LDB) foi aprovada em 20 de dezembro de 1996 – Lei nº 9394/96.
A referida lei apresenta no artigo 3º a seguinte redação:
Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

I. igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;


II. liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o
pensamento, a arte e o saber;
III. pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas;
IV. respeito à liberdade e apreço à tolerância;

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Fundamentos teóricos e legais da gestão democrática

V. coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;


VI. gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
VII. valorização do profissional da educação escolar;
VIII. gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da
legislação dos sistemas de ensino;
IX. garantia de padrão de qualidade;
X. valorização da experiência extra-escolar;
XI. vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais.

Como você pôde perceber a LDB 9394/96 tornou em letra de lei os anseios da
sociedade civil da década de 1980, que “gritavam” por uma educação pública de
qualidade e democrática.
É importante destacar, caro estudante, que a Gestão Democrática é o processo
político por meio do qual todas as pessoas envolvidas no processo de ensino e
aprendizagem discutem, deliberam, planejam, solucionam problemas, bem como o
conjunto das ações voltadas ao desenvolvimento da própria escola. Esse processo tem
como sustentáculo a participação efetiva de todos os segmentos da comunidade
escolar: alunos, professores, funcionários, pais e demais segmentos, tais como,
moradores do bairro no qual a escola se insere. As ações são definidas por meio de
planejamento que considera o respeito às normas coletivamente construídas para os
processos de tomada de decisões e a garantia de amplo acesso às informações aos
sujeitos da escola.
A gestão democrática entendida como ação que prevê a descentralização
pedagógica e administrativa como um meio para alcançar a autonomia da escola,
deseja e implanta o funcionamento de colegiados que garantam uma participação
mais decisória dos protagonistas escolares (FONSECA; OLIVEIRA; TOSCHI, 2004, p.62).
Ao analisarmos a etimologia da própria Democracia, percebemos que a mesma,
deriva-se de dois termos gregos; demos= povo e kratia = governo.
Como você constatou o termo Democracia significa o governo do povo. Na
percepção grega clássica, a democracia indicava um governo gestado pelo povo.
Infelizmente, mesmo em uma nação denominada Democrática, percebemos o
autoritarismo como a principal baliza dos governos políticos, e que o que se pretende
na maioria das vezes é a satisfação plena de uma minoria. Uma vez que na escola se

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Fundamentos teóricos e legais da gestão democrática

repetem as ações da sociedade, é comum observarmos diretores, professores e


funcionários que muitas vezes atuam de modo pouco democrático.
É possível perceber que a Democracia implica consideração pela cidadania, ou
seja, o direito de exercer seu papel de cidadão. Aqui, realizo a você os seguintes
questionamentos: O QUE É SER CIDADÃO? TODAS AS PESSOAS PODEM SER
CONSIDERADAS CIDADÃS?
Historicamente, o termo cidadania foi usado na Roma antiga para indicar a
situação política de uma pessoa e os direitos que essa pessoa tinha ou podia exercer.
Segundo Dalmo Dallari (1998, p.14): A cidadania expressa um conjunto de direitos que
dá à pessoa a possibilidade de participar da vida e do governo de seu povo. Quem
não tem cidadania está marginalizado ou excluído da vida social e da tomada de
decisões, ficando numa posição de inferioridade dentro do próprio grupo social.
Para aprofundar esta questão, ressaltamos a definição do sociólogo Herbert de
Souza (1994) que também define cidadãos como pessoas que têm consciência de seus
direitos e deveres e, por isso, participam, de uma ou outra maneira, de todas as ações
e decisões de uma sociedade, tomando conhecimento de tudo o que acontece no
mundo, no seu país, no seu bairro, uma vez que tudo, em certo sentido, interfere em
suas vidas. Ou seja, cidadão é todo indivíduo que, conhecedor de seus direitos e
deveres, cumpre seus deveres e luta para que os seus direitos e os direitos da
coletividade sejam respeitados. Desse modo, podemos inferir que nem todas as
pessoas exercem sua cidadania.
A Gestão Democrática só é possível por meio da interação entre a escola e a
comunidade onde a instituição está inserida, ou seja, é por meio do exercício da
cidadania pautado na participação dos vários segmentos da sociedade na
administração escolar, que a gestão democrática se efetiva.
É importante destacar que o foco da escola é o conhecimento científico, deste
modo todo esforço na implementação de uma gestão democrática não pode perder
de vista a função social da escola, conforme nos adverte os autores: A organização e
gestão são meios para atingir as finalidades do ensino. É preciso ter clareza de que o
eixo da instituição escolar é a qualidade dos processos de ensino e aprendizagem que,
mediante procedimentos pedagógico-didáticos, propiciam melhores resultados de
aprendizagem. São de pouca valia inovações como gestão democrática, eleições para
diretor, introdução de modernos equipamentos e outras, se os alunos continuam
apresentando baixo rendimento escolar e aprendizagens não consolidadas (LIBÂNEO;
OLIVEIRA; TOSCHI, 2006, p.301).

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Fundamentos teóricos e legais da gestão democrática

É importante destacar que muitas vezes falamos em Gestão Educacional e Gestão


Escolar como se fossem sinônimos. Mas não é bem assim. Veja bem, existem
especificidades entre Gestão da Educação e Gestão Escolar. Quando falamos em
Gestão da Educação, fazemos referência ao aspecto mais amplo, ou seja, das políticas
públicas que envolvem o setor educacional, bem como todas as ações provenientes
do Estado. Agora, quando faço referência à Gestão Escolar, refiro-me ao aspecto
micro, e não menos importante, da gestão. Aqui envolvemos todos os
encaminhamentos dados no âmbito escolar.

A ratificação da Gestão Democrática na escola se dará por meio de alguns


elementos básicos:
a) Constituição do Conselho escolar.
b) Elaboração do Projeto Político-Pedagógico de maneira coletiva e
participativa.
c) Definição e fiscalização da verba da escola pela comunidade escolar;
divulgação e transparência na prestação de contas.
d) Avaliação institucional das ações realizadas na e pela escola, com a
participação de todos.
e) Eleição direta para diretor(a).
É importante destacar que não obstante ao processo de reorganização do Modus
operandi iniciado na década de 1980 e fortalecido na década de 1990, as formas de
gestão escolar, respaldadas pelas políticas públicas, retomam o foco da administração
com base nas teorias práticas empresariais renovadas pelas imposições do processo
produtivo. A consequência de tal influência foi a aplicação no campo educacional da
chamada Gestão Compartilhada, assimilada nos moldes da gestão de qualidade total,
suprimindo o papel da escola aos valores da produtividade e eficiência, negando o
papel democrático da escola. Eis aí a grande contradição da Gestão Democrática
inserida nesse contexto.
Podemos nos valer da contribuição de Jamil Cury (2005, p.21) e respondermos
que “o que já existe legalmente em matéria de Gestão Democrática é uma substância
necessária para sua efetivação, contudo ainda não é suficiente”. É necessário exercitar
a cidadania e extrapolar a exigência meramente burocrática, romper a visão ingênua,
acrítica e legalista, afinal tais leis demonstram claramente a não neutralidade da
educação.

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As instâncias colegiadas e sua importância na gestão democrática

6 As instâncias colegiadas e sua importância na gestão


democrática
Muito bem, como você percebeu, a partir da década de 90, a escola adotou a
gestão democrática e passou a estimular a formação das instâncias colegiadas com a
participação da comunidade.
A possibilidade da criação dos conselhos e sua participação junto à administração
escolar são previstas na LDB de 1996, artigo 14 já citado anteriormente.

As Instâncias Colegiadas são instrumentos que favorecem a participação de


todos os envolvidos no processo educacional, de modo que o diretor da escola não
exerce uma ação individual, mas, coletiva.
É por meio desses espaços denominados de Instâncias Colegiadas que a gestão
democrática se efetiva no interior da instituição, conforme nos aponta Zilah Veiga:
Podemos considerar que a escola é uma instituição na medida em que a concebemos
como a organização das relações sociais entre os indivíduos dos diferentes
segmentos, ou então como um conjunto de normas e orientações que regem essa
organização. [...] Por isso tornam-se relevantes as discussões sobre a estrutura
organizacional da escola, geralmente composta por conselho escolar e pelos
conselhos de classe que condicionam tanto sua configuração interna, como o estilo
de interações que estabelece com a comunidade (VEIGA, 2001, p. 113).

A possibilidade da criação dos conselhos e sua participação junto à administração


da escola são previstas na LDB de 1996, artigo 14:

Art. 14 – Os sistemas de ensino definirão as normas de gestão


democrática do ensino público na Educação Básica, de acordo com suas
peculiaridades e conforme os seguintes princípios:
I. participação dos profissionais da educação na elaboração do
projeto político -pedagógico da escola;
II. participação das comunidades escolar e local em conselhos
escolares e equivalentes.
Fica evidente que, sem a consolidação desses princípios por meio das Instâncias
Colegiadas, não há possibilidade de exercício de uma Gestão Escolar de fato
democrática.
As instâncias colegiadas são: Conselho Escolar, Conselho de Classe, Associação
de Pais, Mestres e Funcionários (APMF) e Grêmio Estudantil. São instituições auxiliares

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Conselho escolar

para o aprimoramento do processo educativo. Alguns autores não consideram o


Conselho de Classe como instância Colegiada, porém no nosso entendimento, o
referido conselho se constitui como uma importante Instância Colegiada, pois envolve
aquilo que deveria ser a preocupação primeira de uma instituição escolar: o processo
de ensino e aprendizagem.
Assim, podemos dizer que as instâncias colegiadas são espaços nos quais
discentes, docentes, funcionários, pais e comunidade podem se fazer ouvir. Para
avançarmos nesse entendimento, discutiremos a seguir as especificidades de cada
Instância Colegiada.

7 Conselho escolar
7.1 O que são Conselhos Escolares?
Os Conselhos Escolares são órgãos colegiados compostos por representantes
das comunidades escolar e local, que têm como atribuição deliberar sobre questões
político -pedagógicas, administrativas, financeiras, no âmbito da escola.
O Conselho Escolar é o órgão máximo da Escola, de natureza deliberativa,
consultiva, avaliativa e fiscalizadora. A pesquisadora Ilma Passos Veiga faz a seguinte
afirmação sobre tão importante Instância Colegiada.
O conselho escolar é concebido como local de debate e tomada de decisões.
Como espaço de debates e discussões, permite que professores, pais e alunos
explicitem seus interesses, suas reivindicações. A instância de caráter mais deliberativo,
de tomada de decisões sobre assuntos importantes da escola, proporciona momentos
em que interesses contraditórios vêm à tona (VEIGA, 2006, p116).

Podemos dizer, que o conselho Escolar coordena todos os encaminhamentos da


gestão escolar, isso sempre em consonância com o PPP da instituição.
O conselho deverá, portanto, favorecer a aproximação dos centros de decisão
dos atores. Isso facilita a comunicação, pois, rompendo com as relações burocráticas
e formais, permite a comunicação vertical e também horizontal. Sob essa ótica, o
conselho possibilita a delegação de responsabilidades e o envolvimento de diversos
participantes. É um gerador de descentralização. E, como órgão máximo no interior
da escola, procura defender uma nova visão de trabalho (VEIGA, 2006, p. 116).

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Conselho escolar

De acordo com o Ministério da Educação e Cultura( MEC), o CE é uma instância


de discussão, acompanhamento e deliberação, na qual se busca incentivar uma cultura
democrática, substituindo a cultura patrimonialista pela cultura participativa e cidadã
e que primordialmente consiste no sustentáculo do PROJETO POLÍTICO-
PEDAGÓGICO que permite a definição dos rumos e das prioridades da escola em uma
perspectiva emancipadora, que realmente considera os interesses e as necessidades
da maioria da sociedade.
De acordo com o seu Estatuto, o Conselho Escolar é um órgão colegiado,
representativo da Comunidade Escolar, de natureza deliberativa, consultiva, avaliativa
e fiscalizadora, sobre a organização e realização do trabalho pedagógico e
administrativo da instituição escolar em conformidade com as políticas e diretrizes
educacionais da SEED, observando a Constituição, a LDB, o ECA, o Projeto Político-
Pedagógico e o Regimento da Escola/Colégio, para o cumprimento da função social
específica da escola.

A função deliberativa refere-se à tomada de decisões relativas às diretrizes e


linhas gerais das ações pedagógicas, administrativas e financeiras quanto ao
direcionamento das políticas públicas, desenvolvidas no âmbito escolar.

A função consultiva refere-se à emissão de pareceres para dirimir dúvidas e tomar


decisões quanto às questões pedagógicas, administrativas e financeiras, no âmbito de
sua competência.

A função avaliativa refere-se ao acompanhamento sistemático das ações


educativas desenvolvidas pela unidade escolar, objetivando a identificação de
problemas e alternativas para melhoria de seu desempenho, garantindo o
cumprimento das normas da escola, bem como a qualidade social da instituição
escolar.
A função fiscalizadora refere-se ao acompanhamento e fiscalização da gestão
pedagógica, administrativa e financeira da unidade escolar, garantindo a legitimidade
de suas ações.

7.2 Como Criar Um Conselho Escolar?


Cabe ao Diretor da escola ou quaisquer representantes dos segmentos das
comunidades escolar e local a iniciativa de criação dos Conselhos Escolares,
convocando todos para organizar as eleições do colegiado.

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Conselho escolar

Devem fazer parte dos Conselhos Escolares: a direção da escola e a representação


dos estudantes, dos pais ou responsáveis pelos estudantes, dos professores, dos
trabalhadores em educação não docentes e da comunidade local.

7.3 Escolha dos Membros


O Conselho Escolar terá como membro e Presidente nato o Diretor do
estabelecimento de ensino, eleito para o cargo, em conformidade com a legislação
pertinente, constituindo-se no Presidente do referido Conselho.
O Conselho Escolar constituído poderá eleger seu vice-presidente, dentre os
membros que o compõe, maiores de 18 (dezoito) anos.
Os representantes do Conselho Escolar serão escolhidos entre seus pares,
mediante processo eletivo, de cada segmento escolar, garantido a representatividade
de todos os níveis e modalidades de ensino. No ato de eleição, para cada membro
será eleito também, um suplente.

O Conselho Escolar, de acordo com o princípio da representatividade que


abrange toda a comunidade escolar, terá assegurada na sua constituição a paridade
(número igual de representantes por segmento) e a seguinte proporcionalidade:
I. 50% (cinquenta por cento) para a categoria profissionais da escola:
professores, equipe pedagógica e funcionários;
II. 50% (cinquenta por cento) para a categoria comunidade atendida pela
escola: alunos, pais de alunos e movimentos sociais organizados da
comunidade.

Em relação ao funcionamento, orienta-se que Os Conselhos Escolares devam se


reunir com periodicidade: sugerem-se reuniões mensais.

As reuniões devem ter pauta previamente distribuída aos conselheiros, para que
possam, junto a cada segmento escolar e representantes da comunidade local,
informá-los do que será discutido e definir em conjunto o que será levado à reunião.
Após cada reunião, os conselheiros devem convocar novamente os segmentos
que representam para informar a respeito das decisões tomadas.
É fundamental que as relações entre o Conselho Escolar e outros poderes
constituídos (como a direção e outras instâncias de poder na comunidade escolar)
traduzam uma convivência harmônica e corresponsável.

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Conselho escolar

Embora sejam um núcleo de poder, os Conselhos Escolares não devem assumir,


por definição, um papel de “oposição” às direções das escolas.
Como você pode observar, um Conselho Escolar atuante é um importante passo
para que a Gestão supere a exigência burocrática e se consolide de fato como Gestão
Democrática.

7.4 Conselho de classe


Talvez esta instância colegiada seja a que você mais tenha ouvido falar ou até
mesmo participado, não é mesmo? Pois bem, o Conselho de Classe é uma instância
colegiada de avaliação permanente e está diretamente relacionada ao processo de
ensino e aprendizagem e sua ação é de natureza consultiva e deliberativa.

O Conselho de Classe é parte integrante do processo de avaliação desenvolvido


pela escola. Constitui um momento de reflexão sobre as práticas presentes no
cotidiano escolar, com o objetivo de atingir a real aprendizagem dos alunos:
consolidação do processo de ensino e aprendizagem.
Queremos aqui nos valer das contribuições de Veiga, ao afirmar que “o conselho
de classe é o objeto central de análise e recurso metodológico para a reflexão sobre
o processo avaliativo” (VEIGA, 2006, p.116). O conselho de classe possibilita a
concretização de uma avaliação do desempenho dos alunos, das metodologias
utilizadas e também estruturar novos caminhos para a solução dos problemas
observados pelos conselheiros que podem ser: diretor, professores, pedagogos,
alunos e pais.
O Conselho de Classe pode ter a seguinte organização:
• Pré-conselho (realiza-se uma análise prévia com os professores mais ou
menos um mês antes do Conselho).
• Conselho de Classe.
• Comunicação dos resultados aos alunos (Pós-Conselho).
• Acompanhamento das medidas propostas no Conselho de Classe.
Ao pedagogo compete a coordenação dos trabalhos do conselho de classe,
mediar as discussões, encaminhar as ações e favorecer a viabilização das metas
definidas pelo conselho.

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Associação de pais, mestres e funcionários

Observe a citação abaixo: O conselho de classe é uma instância colegiada


contraditória. De um lado, ele se reduz em grande parte a um mecanismo de reforço
das tensões e dos conflitos, com vistas à manutenção da estrutura vigente, tornando-
se peça-chave para o fortalecimento da fragmentação e da burocratização do
processo de trabalho pedagógico. Por outro lado, o conselho de classe pode ser
concebido como uma instância colegiada que, ao buscar a superação da organização
prescritiva e burocrática, se preocupa com processos avaliativos capazes de re-
configurar o conhecimento, de rever as relações pedagógicas alternativas e contribuir
para alterar a própria organização do trabalho pedagógico (VEIGA, 2006, p. 117).
Deste modo, podemos dizer que o conselho de classe é um importante
instrumento que favorece o cumprimento do papel social que a escola desempenha
e que cabe à equipe diretiva o desafio de concretizar a realização de conselho
responsável e eficaz.

8 Associação de pais, mestres e funcionários


A Associação de Pais, Mestres e Funcionários (APMF) se constitui em uma
instância de participação democrática com o objetivo de integrar os segmentos
escolares, colaborar com o processo de ensino e aprendizagem e também auxiliar a
integração entre a família e a escola.

Ao realizarmos um resgate histórico sobre a participação dos pais na organização


da escola, veremos que até 1956 existia a caixa escolar cujo principal objetivo era de
arrecadar fundos para assistência escolar.
No ano de 1963 foi criada a Associação de Pais e Mestres (APM). A APM tinha
um caráter meramente assistencialista, cujo foco eram os aspectos financeiros. Porém,
com os encaminhamentos dados, principalmente pelos pais dos alunos, a APM passou
a atuar com vistas no todo escolar e não apenas com foco financeiro, e se tornou o
principal órgão de integração entre escola, comunidade e a APMF.

A APMF consiste em órgão de representação de pais, professores e funcionários


do estabelecimento de ensino.

É importante salientar que ela é uma associação sem fins lucrativos, sem caráter
partidário nem religioso.

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Associação de pais, mestres e funcionários

Observe, o que a pesquisadora Ilma Passos Veiga nos diz sobe o papel da APMF:
É uma instituição auxiliar que tem como finalidade colaborar no aprimoramento da
educação e na integração família-escola-comunidade. [...] a APMF deverá exercer a
função de sustentadora jurídica das verbas públicas recebidas e aplicadas pela escola,
com a participação dos pais no seu cotidiano em cumplicidade com a administração.
A participação de pais, professores, alunos e funcionários por meio da APMF dará
autonomia à escola, favorecendo a tomada de decisões no que concerne às atividades
curriculares e culturais, à elaboração do calendário escolar, horário de aulas etc; enfim,
a definição da política global da escola, ou seja, construção do seu projeto-político
(VEIGA, 2006, p. 120).
Elencamos algumas atribuições da APMF:
• Discutir, colaborar e decidir sobre as ações para a assistência aos
educandos, o aprimoramento do ensino e a integração família-escola-
comunidade;
• Contribuir para a melhoria e conservação do aparelhamento escolar;
• Contribuir para trabalhos voluntários da comunidade.

8.1 Objetivos da APMF na comunidade escolar


• Discutir, no seu âmbito de ação, sobre ações de acompanhamento ao
educando, de aprimoramento do ensino e integração família-escola-
comunidade, enviando sugestões em consonância com o PPP, para
apreciação do Conselho Escolar e equipe – pedagógica – administrativa.
• Prestar atendimento aos educandos, professores e funcionários,
assegurando-lhes melhores condições de qualidade de ensino, em
consonância com o PPP do Estabelecimento de Ensino.
• Buscar a integração dos segmentos da sociedade organizada, no contexto
escolar, discutindo a política educacional, visando sempre à realidade
dessa comunidade.
• Proporcionar condições ao educando, para participar de todo o processo
escolar, estimulando sua organização em Grêmio Estudantil com o apoio
da APMF e o Conselho Escolar.
• Representar os reais interesses da comunidade escolar, contribuindo,
dessa forma, para a melhoria da qualidade de ensino, visando a uma escola
pública, gratuita e universal.
• Promover o entrosamento entre pais, alunos, professores e funcionários e

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Práticas Pedagógicas de Administração Escolar |
Grêmio estudantil

toda comunidade, por meio de atividades sócio-educativa-cultural-


desportiva, ouvido o Conselho Escolar.
• Gerir e administrar os recursos financeiros próprios e os que lhes forem
repassados por meio de convênios, de acordo com as prioridades
estabelecidas em reunião conjunta com o Conselho Escolar, com registro
em livro ata.
• Colaborar com a manutenção e conservação do prédio escolar e suas
instalações, conscientizando sempre a comunidade sobre a importância
desta ação.

9 Grêmio estudantil
Aqui, apresentamos a Instância Colegiada que permite dar voz e vez ao aluno
cujos interesses extrapolam a sala de aula. Atualmente, percebemos uma apatia
generalizada por parte dos nossos estudantes e, no nosso entendimento, o Grêmio
Estudantil deve ser estimulado e acompanhado em todas as escolas.

Existe um apoio legal para a estruturação do Grêmio, estamos falando da lei


federal n. 7398 de 04 de novembro de 1985, que assegura aos estudantes, no artigo
1º, o “direito de se organizar em entidades autônomas, representativas dos seus
interesses”.
O grêmio Estudantil é uma instância independente da direção da escola e deve
ser um mecanismo democrático, sendo constituído por meio de eleições e possuidor
de um estatuto próprio, conforme nos aponta Veiga:
O parágrafo 3 estabelece que os representantes do grêmio estudantil serão
escolhidos pelo voto direto e secreto. O processo de eleição deve ser precedido de
discursos, debates, confronto de ideias e explanação de programas, “gerando um
saudável hábito de reflexão e participação política visando a um amadurecimento dos
estudantes frente a sua própria problemática "(VEIGA, 2006).
Como você percebeu, o Grêmio Estudantil favorece o exercício da cidadania, um
aspecto muito necessário aos nossos estudantes.

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A construção coletiva do projeto político-pedagógico

10 A construção coletiva do projeto político-pedagógico


Embora tenhamos ouvido falar ou mesmo lido muito sobre a necessidade de
consolidar uma educação de qualidade para todos, jamais teremos esgotado a
necessidade de refletir sobre as implicações da Gestão Escolar e organização do
trabalho pedagógico sobre a qualidade do processo de ensino e aprendizagem.
Por isso, nesta terceira unidade, discutiremos de modo direto a importância do
Projeto Político -Pedagógico (PPP) no contexto da Gestão Democrática.
Ao considerarmos a importância da atuação do Gestor na melhoria da qualidade
do ensino, é necessário enfatizar que a aprendizagem que se efetiva no espaço da sala
de aula recebe direta influência dos mecanismos utilizados pelos gestores da referida
instituição, daí a importância de refletirmos sobre o papel do PPP na instituição
escolar.

Deste modo, podemos afirmar que o papel do gestor é primar pelo cumprimento
de ações que possibilitem atingir em plenitude os objetivos traçados coletivamente
pela comunidade educativa.
Por isso consideramos de suma importância o conteúdo apresentado na Lei de
Diretrizes e Bases da Educação (9394/96) no artigo 67, parágrafo único, que enfatiza
que a experiência docente é pré-requisito para a atuação profissional de qualquer
função a ser desempenhada no magistério. Obviamente, o gestor que sabe as
especificidades de cada segmento da escola atuará de modo mais justo e coerente.
A Gestão da sala de aula é outro ponto importante de discussão, pois partimos
do princípio de que o professor é o principal agente do processo de ensino e
aprendizagem. A atuação docente exige formação e capacitação permanente uma vez
que o compromisso com a educação deve ser permeado pela competência e domínio
do conhecimento científico que envolve o referido processo.
Desse modo, podemos afirmar que toda a comunidade educativa deve estar
comprometida com a construção e a efetivação do PPP, cujo principal objetivo é a
consolidação de uma educação de fato emancipatória.

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A atuação da equipe diretiva frente ao desafio do trabalho coletivo

11 A atuação da equipe diretiva frente ao desafio do trabalho


coletivo
Como vimos na unidade anterior, as Instâncias Colegiadas são espaços de
representação e, mais que isso, atuação da comunidade escolar.
Ao considerarmos que a escola é uma instituição social que de modo direto ou
indireto atua na formação de cidadãos participativos (ou não) da sociedade em que
vivem, é importante enfatizar o compromisso dos profissionais que atuam na
educação com uma ação educativa crítica e coerente.
O trabalho coletivo consiste na base de uma gestão de fato democrática e, para
que haja participação efetiva de todos os envolvidos no processo, a equipe diretiva
assume aqui um papel fundamental: articular ações para que as instâncias colegiadas
funcionem e para que o PPP extrapole “o papel” e se ratifique na prática.

É importante esclarecer que a Equipe Diretiva é formada pelo Diretor, vice-


diretor, pedagogos e secretário do estabelecimento de ensino.
Equipe Diretiva deve estar preparada para a realização de atividades coletivas e
fugir ao máximo de ações que fomente o trabalho individual, afinal equipe é muito
diferente de EUquipe, não é mesmo?

A coordenação pedagógica (pedagogo) atua de modo direto com as questões


pedagógicas, tais como: planejamento, desempenho dos alunos, atuação docente,
frequência dos alunos e outras ações, ou seja, desenvolver o papel é articular a
participação de alunos, professores e pais nas ações pedagógicas, que, diga-se de
passagem, estão totalmente articuladas com os encaminhamentos dados pela direção
da escola. Discorreremos agora sobre a atuação do pedagogo nesse processo.
Partimos do pressuposto de que a coordenação pedagógica atua como um apoio
permanente ao trabalho docente, costumamos dizer que o pedagogo não deve estar
à frente nem atrás do professor, mas sim ao seu lado.

O pesquisador Piletti (1998, p. 125) aponta que a ação do pedagogo pode ser
entendida a partir de quatro dimensões:

a) Acompanhar o professor em suas atividades de planejamento, docência


e avaliação;
b) Fornecer subsídios que permitam aos professores atualizarem-se e
aperfeiçoarem-se constantemente em relação ao exercício profissional;

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A atuação da equipe diretiva frente ao desafio do trabalho coletivo

c) Promover reuniões, discussões e debates com a população escolar e a


comunidade no sentido de melhorar sempre mais o processo educativo;
d) Estimular os professores a desenvolverem com entusiasmo suas
atividades, procurando auxiliá-los na prevenção e na solução dos problemas que
aparecem.

A partir destas dimensões norteadoras, dezenas de outras ações são


desempenhadas pelo Pedagogo, muitas delas com foco emergencial e que acaba
muitas vezes por descaracterizar a função pedagógica. É comum ouvirmos algumas
metáforas acerca do papel do pedagogo, tais como: bombeiro, Bombril (mil e uma
utilidades) e outros.
Por isso é importante discutirmos a atuação do pedagogo na organização do
trabalho escolar, a fim de que não percamos nossa real identidade, conforme nos
alerta Bartman (1998, p.1): O coordenador não sabe quem é e que função deve
cumprir na escola. Não sabe que objetivos persegue. Não tem claro quem é o seu
grupo de professores e quais as suas necessidades. Não tem consciência do seu papel
de orientador e diretivo. Sabe elogiar, mas não tem coragem de criticar. Ou só critica,
e não instrumentaliza. Ou só cobra, mas não orienta.

Na perspectiva do pedagogo unitário e não mais do orientador e supervisor, é


necessária a elaboração de um plano de ação da equipe pedagógica para que todas
as dimensões do fazer pedagógico sejam atingidas.

Nesse campo de atuação composto por conflitos, o pedagogo tem o grande


desafio de articular junto à equipe diretiva a consolidação da sua autoridade, sem
confundi-la com autoritarismo, e que desta maneira, aborda questões que acarretam
no mau andamento do trabalho pedagógico, sem se omitir diante dos fatos.

Nesse sentido, trazemos para nossa discussão as contribuições de Fonseca (2001)


que enfatiza a necessidade de focalizar o papel do pedagogo na escola a fim de:
• Resgatar a intencionalidade da ação possibilitando a (re)significação do
trabalho – superar a crise de sentido.
• Ser um instrumento de transformação da realidade - resgatar a potência
da coletividade; gerar esperança.
• Possibilitar um referencial de conjunto para a caminhada pedagógica ao
aglutinar pessoas em torno de uma causa comum.
• Gerar solidariedade, parceria.
• Ajudar a construir a unidade (não uniformidade); superando o caráter

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A atuação da equipe diretiva frente ao desafio do trabalho coletivo

fragmentário das práticas em educação, a mera justaposição e


possibilitando a continuidade da linha de trabalho na instituição.
• Propiciar a racionalização dos esforços e recursos (eficiência e eficácia),
utilizados para atingir fins essenciais do processo educacional.
• Ser um canal de participação efetiva, superando as práticas autoritárias
e/ou individualistas e ajudando a superar as imposições ou disputas de
vontades individuais, na medida em que há um referencial construído e
assumido coletivamente.
• Aumentar o grau de realização e, portanto, de satisfação do trabalho.
• Fortalecer o grupopara enfrentar conflitos, contradições e pressões,
avançando na autonomia e na criatividade e distanciando-se dos
modismos educacionais.
• Colaborar na formação dos participantes.
A consolidação da democracia, ou seja, de um ambiente democrático não é tarefa
fácil e também não é responsabilidade de uma pessoa somente. Como afirma José
Carlos Libâneo (1996, p.200): “Uma gestão participativa também é a gestão da
participação”.

Comungamos do mesmo posicionamento de Paulo Gomes Lima e Sandra


Mendes dos Santos (2007) que afirmam não existir uma receita pronta para trabalhar
com todas essas diversidades. Os mesmos autores sugerem não uma receita, mas uma
proposta de trabalho centrada na ação-reflexão-ação:
• O conhecimento e a experiência pedagógica dos professores.
• O princípio da “construção coletiva”, sem mascarar as diferenças e tensões
existentes entre todos aqueles que convivem na instituição, considerando
que as situações vividas nela se inscrevam em um tempo de longa duração,
bem como as histórias de vida de cada professor.
• Uma metodologia de trabalho a qual possibilite que professores e
coordenadores atuem como protagonistas, sujeitos ativos no processo de
identificação, análise e reflexão dos problemas existentes na instituição e
na elaboração de propostas para sua superação.
De acordo com os autores supracitados, nessa proposta metodológica de ação-
reflexão-ação podemos identificar três grandes etapas:
a) Compreensão da realidade da instituição.
b) Análise das raízes dos problemas (compreendendo a realidade escolar).
c) Elaboração e proposição de formas de intervenção de ação coletiva.

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Fundamentos teóricos do projeto político-pedagógico

Desse modo, quem ocupa cargos de liderança, como diretor e o pedagogo, deve
fazer o exercício de desvestir-se de seus posicionamentos e estar aberto para as
discussões necessárias para que as diferentes vozes sejam ouvidas, principalmente na
elaboração do Projeto Político-Pedagógico, que consiste, por que não dizer, na ALMA
da escola.

12 Fundamentos teóricos do projeto político-pedagógico


Você deve concordar que precisamos melhorar e muito a qualidade da educação
brasileira, não é mesmo? Porém, compactuamos do mesmo pensamento de Pedro
Demo (1994) ao afirmar que a qualidade educacional que queremos é aquela que está
fundamentada no grande desafio de auxiliar a formação humana de modo crítico, no
qual as pessoas se sintam sujeitos históricos, críticos, criativos onde a dimensão
quantitativa, extensão do ter, exista na medida em que a qualidade, intensidade do
ser se construa em um modelo de participação e construção coletiva do
conhecimento, o que no nosso entendimento pode ser proporcionado pela
construção de um PPP que vá além da exigência burocrática.
Mas, afinal de contas, o que significa Projeto Político-Pedagógico?
É importante destacar que toda instituição escolar possui objetivos estabelecidos
a fim de que não perca o propósito de cumprir sua função social e por que não dizer,
política. Uma vez que é formada por diferentes segmentos que atuam com no mesmo
foco, este conjunto de objetivos e os meios para a concretização dos mesmos dá
origem ao que denominamos de Projeto Político-Pedagógico – PPP.
Observe o que diz a pesquisadora Ilma Passos Veiga sobre a importância do PPP:
Pensar o Projeto Político-Pedagógico de uma escola é pensar a escola no conjunto e
a sua função social. Se essa reflexão a respeito da escola for realizada de forma
participativa por todas as pessoas envolvidas, certamente possibilitará a construção
de um projeto de escola consistente e provável (VEIGA, 1995, p.45).

O fundamento legal do PPP está na Lei de Diretrizes e Bases da Educação


Nacional N.º 9394/96, em seu Art. 3º, inciso VIII, que contempla o princípio da gestão
democrática, e em seu Art.14, especifica a participação dos profissionais da educação
e da comunidade escolar na elaboração do Projeto Político-Pedagógico da escola.
Analisemos agora as próprias palavras que nomeiam tão importante documento:

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Fundamentos teóricos do projeto político-pedagógico

PROJETO
Projeto: é comum ouvirmos também alguns pesquisadores e até na própria LDB
o termo Proposta, ambos são tratados como sinônimos, porém, ao longo do nosso
estudo optamos pelo termo Projeto.
De acordo com Castoriadis, projeto é a “intenção de uma transformação do real,
guiada por uma representação do sentido dessa transformação e levando em conta
as condições dessa realidade”. Desse modo, a autonomia para elaboração do PPP dá
para a comunidade escolar a oportunidade de pensar um trabalho único, de acordo
com as especificidades da Instituição Escolar. É por isso que dizemos que não existe
um PPP igual ao outro, pois cada escola tem suas especificidades.
Conforme Gadotti (1994), todo projeto: supõe rupturas com o presente e
promessas para o futuro. Projetar significa tentar quebrar um estado confortável para
arriscar-se, atravessar um período de instabilidade e buscar uma nova estabilidade em
função de promessa que cada projeto contém de estado melhor do que o presente.
Um projeto educativo pode ser tomado como promessa frente a determinadas
rupturas. As promessas tornam visíveis os campos de ação possível, comprometendo
seus atores e autores [...] (p. 579).

POLÍTICO
Político: toda ação que visa ao envolvimento da coletividade é uma ação
POLÍTICA.
O PPP tem exatamente esta conotação, ou seja, está relacionado principalmente
com a dimensão da formação de cidadãos conscientes.
A escola tem na sua essência o papel de atuar na formação integral do indivíduo.

PEDAGÓGICO
O compromisso da escola é com o Conhecimento científico, e o fator
pedagógico faz justamente esse contraponto que medeia a efetivação da finalidade
da educação, que é o processo de ensino e aprendizagem.
A pesquisadora Ilma Passos Veiga esclarece com maestria as relações existentes
entre os termos que compõem o PPP:

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Os elementos que compõem o projeto político-pedagógico

O projeto busca um rumo, uma direção. É uma ação intencional, com um


sentido explícito, com um compromisso definido coletivamente. Por isso, todo
projeto pedagógico da escola é, também, um projeto político por estar
intimamente articulado ao compromisso sociopolítico com os interesses reais e
coletivos da população majoritária. É político no sentido de compromisso com
a formação do cidadão para um tipo de sociedade [...] Pedagógico, no sentido
de definir as ações educativas e as características necessárias às escolas de
cumprirem seus propósitos e sua intencionalidade (VEIGA, 1995, p. 13).

Dessa perspectiva, podemos dizer que o PPP assume um papel fundamental na


organização e encaminhamentos do trabalho pedagógico, ou seja, um documento
que indica o itinerário a ser percorrido pela equipe diretiva, professores, funcionários,
alunos e as famílias.
No cotidiano escolar, o principal desafio na elaboração do PPP está relacionado
ao envolvimento e participação da comunidade educativa. Por meio da participação,
as pessoas avaliam as ações realizadas, propõem novos caminhos, partilham seus
saberes e experiências, daí a importância de que haja realmente a participação de
todos e que por essa razão é um processo inconcluso, ou seja, está sempre em
construção.

13 Os elementos que compõem o projeto político-pedagógico


Muito também, a esta altura você já está convencido(a) da importância do PPP
para a ratificação da Gestão Democrática. Porém, pode estar com algumas dúvidas
em relação aos elementos que compõem tão importante documento, por isso
consideramos importante realizar tal explicitação.

Como vimos, o PPP deve ser elaborado coletivamente partindo do diagnóstico


do contexto escolar, por meio do qual se dará a definição das ações.
O funcionamento da escola depende da elaboração de alguns documentos como
o Regimento Escolar, o PPP e o Plano de Ação do Diretor, eis aí outro aspecto de suma
importância do PPP.
Muitos teóricos que discutem o Projeto Político-Pedagógico apresentam
sugestões de estrutura, mas como é uma construção que assume o perfil de cada
escola, cada instituição assume seu perfil.

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Os elementos que compõem o projeto político-pedagógico

De acordo com Vasconcellos (2004), o PPP se materializa a partir de três


elementos:
a) Marco referencial.
b) Diagnóstico.
c) Programação.

A partir das contribuições do autor esses elementos devem ser compreendidos


em sua totalidade e de forma articulada, a fim de que reflitam de fato aquilo que a
comunidade escolar quer representar.
É importante destacar que no PPP o Marco referencial explicita, a partir de uma
realidade conhecida (concreta), a direção que a escola seguirá nos aspectos filosóficos,
pedagógicos e psicológicos. Aqui a comunidade escolar toma posicionamento acerca
da sua identidade, da visão de mundo que se tem e dos objetivos que se pretende
alcançar.

O Marco Referencial é composto por três partes:


1. Marco Situacional: explicitação sobre a realidade da instituição.
2. Marco Filosófico ou Conceitual: explicitação do caminho que se quer
seguir, concepção de ensino e aprendizagem que se tem concepção
teórica.
3. Marco Operativo (também denominado por alguns autores de Proposta
Pedagógica Curricular/PPC) define os conteúdos básicos a serem
trabalhados pelas disciplinas.
Eis aí a riqueza deste documento, é com base nele que o professor pensa e
elabora o seu Plano de Trabalho Docente, assim todos os professores daquela
instituição trabalham de modo coerente em relação ao indivíduo que se quer formar.

Cumpre destacar que a elaboração ou reelaboração do PPP deve estar em


conformidade com a legislação vigente como, por exemplo, a Inclusão de pessoas
com deficiência, a cultura Afrobrasileira e Africana, a cultura Indígena, aos conteúdos
curriculares relacionados aos estudos sobre do Estado, ao Ensino Fundamental de
Nove anos, a Educação Infantil, a Educação Profissional, a Educação de Jovens e
Adultos e outros.

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Os elementos que compõem o projeto político-pedagógico

13.1 A elaboração do projeto político-pedagógico


Muito bem, você já assimilou que o Projeto Político-Pedagógico representa a
essência da escola e que não existe um modelo fiel de PPP, uma vez que cada escola
possui características específicas e está inserida em um contexto social único. Agora
discorreremos sobre a elaboração do PPP, não com o intuito de “dar uma receita
pronta”, mas de apontar possíveis caminhos.

Envolvimento da comunidade escolar


Antes de tudo, é preciso deixar claro que a construção do PPP não é uma
responsabilidade restrita à equipe pedagógica, pelo contrário é tarefa e dever de
todos. Cabe aos pedagogos o papel de organizar a participação da comunidade
escolar, assim, mobilizar a participação de todos os envolvidos no processo é o ponto
primeiro da ação. Isso se dá por meio de convites aos pais para participarem de
reuniões, cartazes espalhados pela escola, mobilização dos estudantes, e tudo sempre
por meio das Instâncias Colegiadas.

Elaboração propriamente dita


Uma vez mobilizada, a comunidade escolar pode ser organizada em equipe ou
grupos de trabalhos que seguirão uma pauta para discussão e elaboração dos temas.
Observe os itens abaixo, são sugestões de organização do grupo de trabalho
apresentadas por Cleomar Pesentes (2001):
• Os dados que serão relevantes para o trabalho.
• A quem e onde recorrer na busca de informações.
• A organização dos dados.
• As pessoas que poderiam contribuir no esclarecimento de eventuais
dúvidas ou no aprofundamento das questões relativas à fundamentação
teórica.
• O cronograma das reuniões das equipes.
• O cronograma das reuniões gerais, para socialização das informações
levantadas e do andamento dos trabalhos de cada equipe.
• A forma de divulgação do trabalho, de forma a manter a comunidade
permanentemente informada sobre o seu andamento e as conclusões
obtidas.

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Os elementos que compõem o projeto político-pedagógico

• O prazo para a conclusão do trabalho.


• A pessoa que atuará como coordenador do trabalho; e, por fim,
• As pessoas responsáveis pela redação final do documento.
Desse modo, espera-se que a elaboração ou reelaboração do PPP seja um
processo dinâmico e não um exercício de poucos.

Ah, talvez você se pergunte: Quando o PPP deve ser elaborado ou reelaborado?
Pois bem, já falamos que o PPP é um documento necessário para a autorização
de funcionamento de uma Instituição Escolar, por isso desde que se tenha a intenção
de abrir uma escola é necessário que se tenha o PPP. Já a reelaboração ou
reformulação do mesmo vai de acordo com a exigência da mantenedora.
Por isso orienta-se que o PPP não seja um documento de gaveta, mas que seja
público e disponibilizado nos sites da escola, do NRE, que haja cópias do documento
na sala dos professores, na recepção do estabelecimento e outros.
A pesquisadora Ilma Passos Veiga (2001) ao se referir sobre a execução de um
Projeto Político-Pedagógico de qualidade afirma que ele se ratifica quando:
a) Nasce da própria realidade, tendo como suporte a explicação das causas
dos problemas e das situações nas quais tais problemas acontecem;
b) É exequível e prevê as condições necessárias ao desenvolvimento e à
avaliação;
c) Implica a ação articulada de todos os envolvidos com a realidade da escola;
e
d) É construído continuamente, pois, como produto, é também processo,
incorporando ambos em uma interação possível.
Por isso uma equipe articulada e disposta a consolidar uma educação de
qualidade no âmbito escolar consiste no primeiro passo da caminhada.
A gestão democrática não se consolida apenas pela força de lei. No cotidiano
escolar encontramos algumas dificuldades na efetivação da participação coletiva. Os
pesquisadores Vasconcelos (2006) e Cardoso (2007), listam as seguintes dificuldades
para efetivação do PPP:
• Perfeccionismo: querer chegar a um texto extremamente preciso e correto.
• Falta de esperança/confiança na instituição: “não adianta falar que nada vai
acontecer mesmo”.

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Práticas Pedagógicas de Administração Escolar |
Planejamento e trabalho coletivo

• Imediatismo: ter pressa, não querer “perder tempo” com as discussões.


• Comodismo por parte dos sujeitos: não quererem a desacomodação que
poderá vir em decorrência da concretização das ideias ali colocadas.
• Falta de exercício democrático na escola.
• Falta de experiência de caminhada comum, enquanto grupo, devido à
rotatividade das pessoas da instituição.
• Formalismo: perigo de reduzir o Projeto a uma sequência de passos, a
simplesmente elaborar um documento, sem vida, sem significado, sem
envolvimento com as ideias, com as propostas.
• Nominalismo: achar que definir uma linha de trabalho para a escola é se
“filiar” a alguma concepção corrente (educação libertadora, construtivismo
etc.).
• Falta de condições objetivas de espaço-tempo para encontro, reflexão,
elaboração e acompanhamento.
Diante das dificuldades elencadas acima, amplia-se o compromisso de todo
profissional da educação na efetivação da Gestão Democrática no cotidiano escolar.

14 Planejamento e trabalho coletivo


Nesta unidade discutiremos a importância de resgatar a função social da escola,
que é o compromisso com o conhecimento científico por meio do Plano de trabalho
Docente que está diretamente vinculado ao Projeto Político-Pedagógico.

Como você bem sabe, a Proposta Pedagógica Curricular (PPC), parte integrante
do Projeto Político-Pedagógico, em consonância com as concepções teóricas, explicita
e norteia o conhecimento científico e os conteúdos selecionados das disciplinas para
todas as séries ofertadas pelo estabelecimento de ensino.
Por sua vez, o Planejamento ou Plano de trabalho docente, reflete na prática a
consolidação do conhecimento científico. Por isso, julgamos indispensável a referida
discussão a fim de organizar o trabalho escolar e auxiliar na superação de problemas
do cotidiano escolar, tais como: evasão dos alunos, aprovação por Conselho de Classe
(APC) e alto índice de reprovação.

Os problemas acima relacionados estão totalmente relacionados com o


encaminhamento do PTD e, assim, com o currículo. Por isso, professores e equipe

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A função da escola na sociedade contemporânea

pedagógica devem assumir com veemência encaminhamentos que favoreçam a


elaboração de um planejamento que esteja a serviço do processo de ensino e
aprendizagem.

15 A função da escola na sociedade contemporânea


Nas unidades anteriores, discutimos a contextualização da Gestão Escolar, bem
como o desafio de construir no cotidiano educacional a Gestão Democrática tão bem
amparada legalmente, porém tão distante da realidade de muitas instituições
escolares.
Agora, nesta unidade, discutiremos a importância do Planejamento na
organização do trabalho pedagógico, porém antes de adentrarmos em tal
especificidade julgamos necessário analisar a função social da educação e da escola
no processo de formação de homens e mulheres críticos, ou seja, sujeitos da história.
A partir da constatação de que não somos sujeitos naturalmente constituídos,
mas, historicamente construídos, julgamos necessário discutir o papel da educação na
sua origem, pois como dizia e velho e bom Marx: “A educação influencia e é
influenciada pelo momento histórico”.
A importância de compreender esse processo de relação social é expressa por
Marx e Engels (A ideologia Alemã) ao escreverem [...] não se parte daquilo que os
homens dizem, imaginam ou se representam, e também não dos homens narrados,
pensados, imaginados, para daí chegar aos homens em carne e osso; parte-se dos
homens realmente ativos, e com base no seu processo real de vida apresenta-se
também o desenvolvimento dos reflexos e ecos ideológicos deste processo de vida.
Também as fantasmagorias no cérebro dos homens são sublimados necessários do
seu processo de vida material, empiricamente constatável e ligado a premissas
materiais (MARX e ENGELS, 1982, p.14).
Desse modo, podemos afirmar que a educação forma o homem necessário a
cada época. Basta analisar as comunidades primitivas, nelas a propriedade dos meios
de produção pertenciam à coletividade, ou seja, tudo o que era conseguido por uma
pessoa era partilhado com a tribo.
Nunca é demais dizer que essa forma de organização reflete na educação de
membro da tribo. Educação esta compreendida no seu sentido mais amplo (informal)

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Práticas Pedagógicas de Administração Escolar |
A função da escola na sociedade contemporânea

uma vez que naquele período histórico não havia a educação formal ou sistematizada,
como conhecemos hoje nas instituições escolares.
É possível percebermos que naquele período homens e mulheres não tinham
interesse em acumular, mas trabalhavam praticamente para produzir sua existência.
De acordo com Ponce, é por meio desta educação que deriva a estrutura
homogênea do ambiente social. O mesmo autor também enfatiza:
Os interesses comuns do grupo, realizam igualitariamente em todos os seus
membros, de modo espontâneo e integral: espontâneo na medida em que não existe
nenhuma instituição destinada a inculcá-los, integral no sentido que cada membro da
tribo incorporava mais ou menos bem tudo o que na referida comunidade era possível
receber e elaborar (PONCE,1994, p.21).
Assim é imprescindível a compreensão das questões econômicas, políticas e
ideológicas que fundamentam a prática dos homens em períodos históricos
específicos, para compreender as relações sociais originadas nas transformações das
formas de trabalho que os homens desenvolvem na tentativa de suprir as
necessidades por eles criadas. Uma vez que essas formas de trabalho são modificadas,
em virtude da mudança dos meios utilizados para a produção da vida material, novas
formas de relações sociais entre os homens também sofrem alterações. Retomemos
um pouco a história dessas mudanças.
Quando a produção artesanal começa a ser realizada nas manufaturas, já em fins
da Idade Média, aumenta-se a importância da produção de mercadorias, o trabalho é
colocado sob novas bases e a relação trabalhador/empregador é alterada. Conforme
Marx (1985), o trabalhador é tornado livre de duas maneiras, livre para dispor de sua
força de trabalho como mercadoria sua – e livre de não dispor de nenhuma outra
mercadoria para vender. Quando a manufatura torna-se insuficiente, é substituída
pela indústria moderna e o instrumento de trabalho deixa de ser a ferramenta e passa
a ser a máquina, surge a forma específica de produção capitalista e a forma de
propriedade deixa de ser a terra e passa a ser os instrumentos de produção. Assim a
propriedade burguesa não é algo para somente ter e usufruir, e sim para trocar,
vender. O trabalhador nesse momento vende então aquilo que é considerada sua
única propriedade, sua força de trabalho.
Como você pôde constatar, as mudanças ocorridas no modo de organização da
sociedade, decorrem principalmente em razão da substituição da propriedade comum
pela propriedade privada.

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Práticas Pedagógicas de Administração Escolar |
A função da escola na sociedade contemporânea

Assim, muda a relação entre as pessoas, pois se a sociedade primitiva era


marcada pela propriedade coletiva, agora, a propriedade privada é que norteia as
relações de poder que se dão entre elas.
De acordo com Ponce, ocorreu uma mudança de paradigma educacional:
Com o desaparecimento dos interesses comuns a todos os membros iguais de
um grupo e a sua substituição por interesses distintos, pouco a pouco antagônicos, o
processo educativo, que até então era único, sofreu uma partição: a desigualdade
econômica entre os organizadores e os executores trouxe, necessariamente, a
desigualdade das educações respectivas (PONCE, 1994, p. 27).
A partir da nova estrutura social, política e econômica, observamos que se
modificam também os paradigmas educacionais. A nova forma de organização da
sociedade apresenta uma estrutura totalmente hierarquizada, na qual os interesses da
classe dominada não são os mesmos da classe dominante.

Gostaríamos de destacar que a classe que domina tem interesse em perpetuar-


se no poder, e se esmera em fazer com que a classe trabalhadora comungue com esta
sociedade desigual, percebendo-a como natural e imutável.
Percebemos então que, na sociedade organizada sob a égide do sistema
capitalista e com o aperfeiçoamento da maquinaria, muda-se a forma de organização
da sociedade, bem como a concepção de homem, de trabalho e consequentemente
de educação.

Sob a ótica capitalista, a educação (formal) assume uma função de preparar o


indivíduo tecnicamente para responder às exigências do mercado de trabalho.

Ao discorrer sobre o assunto, Frigotto (1999, p. 26) afirma que esta é uma
maneira de “subordinar a função social da educação de forma controlada para
responder às demandas do capital”.
Contraditoriamente, para a classe trabalhadora a educação é instrumento de
formação integral por meio da apropriação do conhecimento científico.
A partir de tal perspectiva, percebe-se que a concepção de educação que
estamos defendemos pauta-se em uma concepção crítica que compreende o homem
na sua totalidade, e não apenas sob o aspecto de produtor do capital.

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O planejamento escolar enquanto instrumento de ratificação do ensino e
da aprendizagem

Deste modo, ao pensarmos na função social da escola hoje, devemos considerar


práticas educacionais, que atendam à formação integral do indivíduo, considerando-
os como sujeitos históricos.
Desse modo, podemos dizer que a função social da educação e da escola não
está meramente na preparação do indivíduo para o mercado de trabalho, mas sim na
compreensão de uma educação como prática social.
Ao discorrer sobre o papel da educação, Vitor Henrique Paro escreve: Na história
da humanidade, a apropriação da herança cultural anterior sempre desempenhou
papel central e decisivo sem a qual a própria construção do homem em sua
especificidade seria inviabilizada. Nessa construção histórica, ao se propor o supérfluo
e ao buscar realizá-lo, o homem mantém contato com a natureza e com seus
semelhantes, produzindo conhecimentos, valores, técnicas, comportamentos, arte,
tudo enfim que podemos sintetizar com o nome de saber historicamente produzido.
“Para que isso não se perca, para que a humanidade não tenha que reinventar tudo a
cada nova geração, fato que a condenaria a permanecer na mais primitiva situação, é
preciso que o saber esteja permanentemente sendo passado para as gerações
subsequentes. Essa mediação é realizada pela educação, entendida como a
apropriação do saber historicamente produzido. Disso decorre a centralidade da
educação enquanto condição imprescindível da própria realização histórica do
homem” (PARO, 1997, p. 108).
Ainda de acordo com o autor, o grande erro da escola básica tem sido o de servir
ao capital, pois se preocupa de modo considerável em levar os alunos a um trabalho
futuro.
Dessa forma, a escola tem contribuído muito mais para o mercado de trabalho e
acúmulo do capital do que para a formação integral do indivíduo, ou seja, para o
“mundo do trabalho”.

16 O planejamento escolar enquanto instrumento de ratificação


do ensino e da aprendizagem
O início do ano letivo se aproxima e nos deparamos com as “famosas” reuniões
pedagógicas de abertura e organização do trabalho pedagógico a ser realizado. Em

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Práticas Pedagógicas de Administração Escolar |
O planejamento escolar enquanto instrumento de ratificação do ensino e
da aprendizagem

meio a leituras e reflexões, um momento é fundamental: analisar e organizar o


PLANEJAMENTO.
Mas será que em pleno século XXI, em meio a tantas novidades proporcionadas
pelo desenvolvimento tecnológico, o Planejamento é ainda necessário?
Veja bem, quem se deixa levar ao acaso corre o risco de não atingir o destino
desejado. Por isso, o Planejamento Escolar não caiu em desuso e, se algum profissional
da educação assim o fez, cometeu o maior erro que um profissional pode fazer, ou
seja, caiu no improviso, o que aumenta suas chances de pouco contribuir para que a
escola cumpra sua função social: analisar e discutir o conhecimento científico
acumulado historicamente pela humanidade.
Conforme discorremos na unidade anterior, educação diz respeito à assimilação
da cultura e é a escola, por excelência, o espaço onde vemos a possibilidade de
transformarmos a mera informação em conhecimento sistematizado e criticamente
analisado. A partir de tal constatação, o Planejamento se constitui no instrumento que
favorece a ratificação desse conhecimento às gerações futuras. Nos dizeres de Akácia
Kuenzer (2002, p. 78), “não há mudança sem direção; portanto, ao planejar é preciso
que se saiba onde se pretende chegar”.

Corroborando com esta perspectiva, Celso Vasconcellos (2001) afirma que a


elaboração do planejamento possui alguns elementos básicos os quais todo
profissional da educação precisa ter clareza, são eles:
1. A Finalidade.
2. A realidade.
3. Plano de ação.
De acordo com o autor supracitado, é nesse momento que o professor
demonstra ter assumido ou não o seu papel, pois, nos dizeres de Vasconcellos (2001)
“o planejamento é uma organização de possibilidades”.
Gostaríamos de enfatizar aqui a necessidade da superação da visão de que o
Planejamento cumpre um papel meramente burocrático, o ato de planejar é um
momento importantíssimo que está além do preenchimento de planilhas e quadros.
É neste momento que professores e equipe pedagógica, mediados pelos objetivos da
instituição, explicitam suas finalidades.

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As dimensões do planejamento educacional

Como já discutimos anteriormente, o Projeto Político-Pedagógico norteia todo o


trabalho da instituição escolar e é no Plano de Trabalho Docente que o mesmo se
materializa no contexto da sala de aula.
A unicidade entre teoria e prática consiste em um dos principais desafios do
contexto educacional, e o planejamento pode ser um importante instrumento de
concretização da tão desejada Práxis (articulação entre pensamento e ação).
Ao analisarmos a Práxis em relação ao planejamento educacional, Paro (2006)
explicita dois posicionamentos: o primeiro nomeado como prática espontânea,
encaminhada para resolver necessidades imediatas, sem uma visão clara do objetivo
que se pretende alcançar, e outro denominado por práxis reflexiva, representada pela
ação consciente que se tem das condições individuais e coletivas do processo de
ensino e aprendizagem, e conhecer as condições nas quais a educação escolar
acontece é fundamental.

Nesse segundo posicionamento é perceptível que teoria e prática são


indissolúveis, ou seja, possuem suas especificidades, mas assumem no planejamento
um papel único.
O planejamento deve ter clareza dos objetivos a serem atingidos e ao mesmo
tempo propor situações de ensino que possibilitem a superação de problemas do
cotidiano escolar, tais como: não consolidação do processo de alfabetização, evasão
dos alunos, aprovação por Conselho de Classe (APC) e alto índice de reprovação.

17 As dimensões do planejamento educacional


Planejar o trabalho pedagógico no coletivo escolar não consiste em uma tarefa
fácil, bem sabemos que, historicamente, a burocratização das instituições assumiu e
assume o papel de controle social. Por isso, olhar para o planejamento participativo
como construção coletiva é o primeiro passo para superarmos o controle por uma
atuação crítica e emancipatória no contexto educacional.
Como você bem sabe, o planejamento cumpre um papel político que não se
resume a um documento burocrático. No âmbito educacional, o planejamento possui
algumas especificidades que, de acordo com Calazans (1990), acontece em
concomitância em três níveis distintos:

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As dimensões do planejamento educacional

1. Planejamento no âmbito dos Sistemas e Redes de Ensino: esta dimensão


do planejamento representa os encaminhamentos dados por meio das Políticas
Públicas e representam a ação direta do Estado.
É importante destacar que é perceptível, no Brasil, a ausência de Políticas Públicas
de Educação que representem o Estado; o que temos se resume a políticas de
governo, que mudam de acordo com a mudança das siglas partidárias que atendem
às imposições das Agências Multilaterais como Banco Mundial, UNESCO, BIRD e
outros.

2. Planejamento no âmbito da Unidade Escolar: aqui encontramos a


materialização do Projeto Político-Pedagógico. É esse documento que, como vimos,
explicita quem é a Instituição escolar, como é o seu alunado, qual referencial teórico
sustenta sua ação e o currículo que se pretende trabalhar (Proposta Pedagógica
Curricular).
3. Planejamento no âmbito do ensino: esta dimensão faz referência à atuação
direta do professor diante do compromisso que se impõe com cada série e,
consequentemente, cada aluno que lhe é confiado ao longo do ano letivo.
De acordo com Lopes (1992), o planejamento ou Plano de Trabalho Docente
(PTD) deve considerar o conhecimento científico e sua articulação com a realidade dos
alunos. Ainda segundo a autora, produzir conhecimento implica desenvolver no aluno,
segundo Lopes (1992) uma atitude de curiosidade que favoreça a reflexão permanente
acerca dos conteúdos (conhecimento científico) a partir de diferentes visões que
conduzam à apropriação deste conteúdo: TRANSMISSÃO, REELABORAÇÃO com
vistas à PRODUÇÃO de novos conhecimentos.
Para ampliar nossa discussão acerca do PTD, trazemos as contribuições de Danilo
Gandin (2001) ao afirmar que o planejamento do professor indica o “Para quê” do
planejamento. O autor também salienta que mesmo um professor com longa
experiência no Magistério precisa de um planejamento anual, bimestral ou trimestral,
pois não se trata só de saber o conteúdo a ser transmitido é necessário que se saiba
como ser transmitido e para quem será transmitido.
É importante destacar que o planejamento pode e deve ser analisado e
modificado ao longo do ano letivo e que na sua elaboração alguns aspectos são
imprescindíveis.

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Práticas Pedagógicas de Administração Escolar |
As dimensões do planejamento educacional

O que é um plano?
 É um documento que registra o que se pensa fazer, como fazer, quando
fazer, com que fazer e com quem fazer.
 É um norte para as ações educacionais.
 Plano é a formalização dos diferentes momentos do processo de
planejamento.
 É a apresentação sistematizada e justificada das decisões tomadas.

O plano de trabalho docente:


 Implica no registro escrito e sistematizado do planejamento do professor.
 Antecipa a ação do professor, organizando o tempo e o material de forma
adequada.
 É um instrumento político e pedagógico que permite a dimensão
transformadora do conteúdo.
 Permite uma avaliação do processo de ensino e aprendizagem.
 Possibilita compreender a concepção de ensino e aprendizagem e
avaliação do professor.
 Orienta/direciona o trabalho do professor.
 Requer conhecimento prévio da Proposta Pedagógica Curricular.
 Pressupõe a reflexão sistemática da prática educativa.

Características de um bom planejamento


 Ter o foco na aprendizagem de todos, operacionalizando os conteúdos
fundamentais para a escola.
 Ser o produto de uma discussão que envolva toda a comunidade escolar.
 Ter o desempenho constantemente monitorado, com abertura para
redirecionamentos.
 Conter princípios pedagógicos que correspondam ao contexto e à prática
da sala de aula dos professores.
 Prever tempo para a formação docente e para reuniões pedagógicas.

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Práticas Pedagógicas de Administração Escolar |
Gestão escolar e os processos de avaliação

18 Gestão escolar e os processos de avaliação


Chegamos a nossa quinta e última unidade de discussão. Desde o início deste
livro buscamos instigá-lo a analisar alguns elementos considerados fundamentais para
um entendimento crítico acerca da Gestão escolar e da organização da Educação
Básica. Nesta última unidade, discutiremos o processo de Avaliação, considerando-o
na totalidade de suas dimensões: educacional e escolar.
A dimensão educacional está relacionada com as políticas públicas de avaliação
em larga escala, como a Provinha Brasil, Prova Brasil, Enem e outros.
A avaliação é um processo inerente a todo ser humano. Cotidianamente
avaliamos a nossa vida, o trabalho, o namoro, o casamento, a relação com os filhos,
amigos e demais situações. No âmbito escolar, isso não é diferente, todo o processo
deve ser criteriosamente pensado e avaliado.

Porém, percebemos que a avaliação do ensino e da aprendizagem se dá de modo


mecânico e pouco reflexivo, e ainda, este processo de avaliação se restringe, muitas
vezes, à aprendizagem e não ao ensino.
Outro aspecto importante a ser considerado diz respeito às avaliações em larga
escala que envolvem as instituições, como as provas que compõem o Sistema de
Avaliação da Educação Básica – SAEB. Esses instrumentos analisam a qualidade de
ensino e norteiam as ações do Estado para a melhoria da qualidade da educação.
Para você que optou por estudar o contexto educacional e suas implicações,
conhecer e analisar o processo de avaliação na sua totalidade se constitui em condição
primeira para o desenvolvimento de um pensamento crítico acerca da educação
brasileira, por isso bom estudo, capriche!

19 As relações existentes entre a qualidade educacional e o


processo de avaliação
Toda a atividade humana requer avaliação, pois sem avaliar nossas ações somos
incapazes de refletir acerca das relações postas. No contexto educacional, avaliar é
imprescindível, porque o ato de educar está diretamente vinculado à ação-reflexão
sobre a prática em sala de aula. “A avaliação é inerente e imprescindível, durante todo
o processo educativo que se realize em um constante trabalho de ação-reflexão-ação”
(RABELO, 2003, p. 11).

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Práticas Pedagógicas de Administração Escolar |
As relações existentes entre a qualidade educacional e o processo de
avaliação

A avaliação é um tema amplamente discutido no contexto educacional, pois é


um processo utilizado pelos profissionais da educação com o objetivo de mensurar o
aprendizado dos alunos, a eficácia das metodologias utilizadas e também como
instrumento de reflexão sobre o processo de ensino e aprendizagem. De acordo com
Hadji (2001, p. 09): Uma avaliação capaz de compreender tanto a situação do aluno
quanto de “medir” seu desempenho; capaz de fornecer-lhe indicações esclarecedoras,
mais do que oprimi-lo com recriminações; capaz de preparar a operalização das
ferramentas do êxito, mais do que se resignar a ser apenas um termômetro (até
mesmo instrumento) do fracasso, não seria o mais belo auxiliar, e o primeiro meio, de
uma pedagogia enfim eficaz?
O processo de avaliação não pode valorizar apenas as respostas corretas, sendo
coerciva, mas considerar as atividades realizadas pelo aluno como forma de
verificação do processo ensino, mostrando ao professor onde esse processo deve
melhorar para favorecer a aprendizagem dos alunos.

Conhecer as especificidades do processo de avaliação é fundamental para o


profissional da educação, pois um professor que não sabe avaliar não terá recursos
para repensar sua própria prática e não conseguirá, como consequência, atender às
necessidades de seus alunos da melhor forma possível.
Segundo Hoffmann (2003), uma ação docente que prioriza a qualidade
educacional consiste em uma prática que pensa um processo de avaliação coerente.
Avaliar é um processo complexo e deve ser realizado de forma que explore as
potencialidades dos alunos.
A preocupação primeira a respeito dessa discussão de que o processo avaliativo
necessita ser aprofundado, tendo em vista sua importância durante todo o processo
escolar é, segundo Rabelo (2003, p. 11), “avaliar é indispensável em toda atividade
humana e, portanto, em qualquer proposta de educação”.
No entanto, quando se pensa em avaliação a primeira ideia que nos surge é a
realização de provas no final do bimestre/trimestre utilizadas como critério de
classificação, que muitas vezes servem mais para a exclusão e rotulação dos alunos do
que como instrumento que favoreça a reflexão sobre o processo de ensino-
aprendizagem.
Como você já deve ter constatado, em muitas situações do cotidiano escolar, a
avaliação possui um caráter classificatório, verificando apenas se as respostas dos

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As relações existentes entre a qualidade educacional e o processo de
avaliação

alunos estão certas ou erradas. Isto denota que a avaliação torna-se um instrumento
de exclusão que seleciona os melhores e exclui os que não se adaptam a ele.
O processo de avaliação é parte fundamental em qualquer período da
escolarização. Deste modo, entender como o referido processo acontece dentro do
contexto escolar atual é uma necessidade de todo profissional da educação.

Refletir sobre o processo avaliativo é fundamental, pois é impossível pensar e


repensar a qualidade de ensino sem pensar se a forma de ensinar gera ou não
resultados positivos, ou seja, se os alunos aprendem ou não o que lhes é ensinado.
Tais discussões demonstram que atualmente o processo de avaliação da
aprendizagem ainda possui um caráter meramente classificatório.
Cada período histórico e cada sociedade trazem consigo uma determinada
concepção de ensino e aprendizagem e, portanto, uma concepção diferenciada de
avaliação. A formação global do indivíduo para o exercício da cidadania depende da
qualidade de ensino oferecida pela escola, e essa qualidade, por sua vez, depende das
diversas dimensões e aspectos da escola, entre eles a forma como a escola avalia a
aprendizagem de seus alunos.
Segundo Haydt, até o século XIX os meios mais utilizados para avaliar em sala de
aula eram as provas orais e a observação realizada pelo professor, sendo o primeiro
um dos mais antigos recursos de avaliação, mas com o grande número de alunos em
sala, recursos como as provas escritas foram adotados, pois seria muito longo e
complexo o processo de avaliar cada aluno oralmente.
O primeiro estudo que se tem notícia sobre o aperfeiçoamento das provas
aplicadas nas escolas data de 1845, e foi realizado em Boston. Nessa cidade, em
decorrência da preocupação com a melhoria da qualidade do ensino, foi constituída
uma comissão para inspecionar e verificar a qualidade do ensino ministrado nas
escolas. Para a consecução de seu objetivo, a comissão havia planejado, de início,
examinar oralmente os alunos, mas devido ao aumento da população escolar, o exame
oral foi substituído pela prova escrita (HAYDT, 1994, p. 83).
Esse estudo realizado em Boston influenciou outros estados norte-americanos a
tomarem medidas para verificar a qualidade de ensino das escolas públicas, como:
Horace Mann em Massachusetts e o educador norte-americano J.M. Rice que, por
volta de 1895, salientou a importância de adotar medidas mais objetivas para avaliar
a aprendizagem escolar, pois afirmava que o subjetivismo existente na forma de

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As relações existentes entre a qualidade educacional e o processo de
avaliação

avaliar era consequência da falta de medidas objetivas de avaliação. E por meio da


realização de testes aplicados em 29.000 alunos, Rice concluiu que os resultados,
positivos ou negativos, obtidos pelos alunos dependiam de inúmeras variáveis que
eram muitas vezes independentes dos mesmos.
A partir da década de 1930, as avaliações americanas influenciaram o Brasil por
meio do pensamento de autores, como: Popham, Bloom, Gronlund, Ebel e Ausubel.
Esses autores concebiam a avaliação como processo de julgamento acerca do
desempenho de cada aluno de acordo com os objetivos educacionais propostos. E a
avaliação escolar adota um caráter quantitativo relacionando a aprendizagem a uma
quantidade/número.

Os testes de tipo objetivo começaram a ser utilizados no contexto escolar como


forma de medir a aprendizagem dos alunos a partir da primeira metade do século XX,
tendo como objetivo aumentar a precisão das medidas educacionais no que se referia
à área cognitiva. Outro tipo de teste foi amplamente aceito e adotado nas salas de
aula é o de questões dissertativas, ou seja, aquele em que o aluno responde fazendo
uso de suas próprias palavras. No decorrer do século XX, surgiram ainda a avaliação
por meio de observação e registro e a autoavaliação que ainda são utilizadas no
presente contexto educacional.
Visando à qualidade de ensino, as leis que regulamentam a educação nacional
têm sido modificadas e, de acordo com Forestiero (2010), a LDBEN/1996 sugere uma
ruptura da avaliação tradicional que possui um enfoque classificatório: “A LDB
permitiu também que fosse estabelecido um processo nacional de avaliação
(institucional e acadêmico), com o propósito principal de definir prioridades de
alocação de ações e recursos em busca da melhoria da qualidade de ensino”
(FORESTIERO, 2010 p. 10).
Ao analisar o percurso histórico da avaliação da aprendizagem, podemos concluir
que o processo de avaliação assumiu principalmente o papel de classificar os alunos,
ou seja, avalia -se apenas a aprendizagem dos alunos e, no entanto, pouco se fez uso
da avaliação para verificar o processo de ensino. Porém, o ato de avaliar dentro do
contexto escolar não pode ser mais encarado como simplesmente mensurar/medir.
O conceito de “medir” implica uma descrição quantitativa de um evento, e a
aprendizagem escolar é uma ação qualitativa que envolve vários aspectos de um
sujeito, e do processo de ensino e aprendizagem, sendo única para cada um dentro
de ritmos diferentes. Portanto, os instrumentos avaliativos utilizados que reduzem os

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AS Especificidades do processo de avaliação: sistema de avaliação da
educação básica – SAEB e avaliação institucional

resultados da aprendizagem a números não podem ser considerados eficazes para


averiguar se a aprendizagem do aluno foi significativa.
É importante lembrar que o professor deve analisar os resultados das avaliações
e a partir dele refletir sua prática. Se a análise dos resultados obtidos pelos alunos não
serve para a reflexão do professor e consequente mudança da prática, então a
avaliação não cumpre seu papel.
Por isso, podemos afirmar que a avaliação que não visa à reflexão por parte do
professor é apenas mecânica e serve para rotular os alunos, é denominada
classificatória e, segundo as contribuições de Hoffman (2006), é um empecilho ao
ensino de qualidade.
É importante destacar que o artigo 5º da Constituição Federal garante o direito
a todos de acesso e permanência a escola, porém, ao entrar na escola e deparar-se
com formas de avaliações arbitrárias e autoritárias, muitos alunos não conseguem se
adaptar a esse sistema, o que acarreta no fracasso escolar.

Tais discussões levam à reflexão sobre como avaliar no contexto escolar de forma
que a avaliação não seja uma etapa solta no processo de ensino e aprendizagem, mas
o momento em que o aluno possa demonstrar o que aprendeu, o que não aprendeu
e oferecer subsídios para que o professor repense sua prática.

20 AS Especificidades do processo de avaliação: sistema de


avaliação da educação básica – SAEB e avaliação institucional
Como vimos, a avaliação da aprendizagem no contexto escolar é um tema
amplamente discutido e durante a última década encontra-se em maior evidência,
inclusive na esfera política no que se refere às avaliações institucionais.
A literatura que trata da avaliação institucional tende a situá-la, simplificando-a,
em dois campos ou duas perspectivas, que refletem diferenças de concepção acerca
da universidade e da educação. Segundo Dias Sobrinho (1998), esses dois enfoques
não são sempre e necessariamente excludentes, podendo ser complementares e se
interpenetrarem. Um enfoque de “avaliação institucional”, no dizer desse autor, “vem
de cima para baixo e de fora para dentro”, sendo expressão de políticas neoliberais,
fomentadas por organismos internacionais, como o Banco Mundial, sendo seu eixo
dominante a lógica de mercado que visa maior produtividade e eficiência,

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AS Especificidades do processo de avaliação: sistema de avaliação da
educação básica – SAEB e avaliação institucional

diferenciação e hierarquização das instituições e o outro enfoque, aqui referido como


autoavaliação, seria resultante dos princípios e/ou características pressupostas pelo
Programa de Avaliação das Universidades Brasileiras - PAIUB, quando de sua
implantação.
Na mesma linha, Martinato (1998) fala em avaliação como instrumento do poder
e como processo de melhoria da qualidade, ancorada no conceito de função social da
avaliação, o autor discute a avaliação como “controle e hierarquização entre
instituições”.
Essas diferenças de concepção acerca da avaliação institucional, como assinalam
Dias Sobrinho (1998) e Belloni (1998), por exemplo, são expressões de perspectivas
diferentes: de um lado, o poder instituído, o Estado; e do outro, a Comunidade Escolar
enquanto expressão de uma visão democrática, de construção de, e a partir de, dentro
da instituição, ou seja, o desejo de autonomia, de participação, de decisão
consensuada e de não interferência externa.

A Avaliação Institucional divide-se em duas modalidades: avaliação Externa ou


em larga escala e em Autoavaliação. As avaliações Externas (larga escala) são
realizadas por comissões designadas pelo Instituto Nacional de Ensino e Pesquisa
(Inep).
O Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica – SAEB, implantado em
1990 - é coordenado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais -
INEP e conta com a participação e o apoio das Secretarias Estaduais e Municipais de
Educação das 27 Unidades da Federação e corresponde ao que chamamos de
avaliação em larga escala.
Os levantamentos de dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica – SAEB
– são realizados a cada dois anos por meio de amostra probabilística representativa
dos 26 Estados brasileiros e do Distrito Federal. A cada aplicação de instrumentos, são
pesquisados aproximadamente 700 municípios, 3.000 escolas públicas e privadas,
25.000 professores, 3.000 diretores e 220.000 alunos do Ensino Básico (do 5º ano do
Ensino Fundamental e da 3ª série do Ensino Médio).
O SAEB apresenta uma proposta que permite um levantamento ou pelo menos
um “raio x” da educação no contexto nacional, o que favorece, pelo menos em tese, o
conhecimento da qualidade do ensino no Brasil.

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educação básica – SAEB e avaliação institucional

É importante destacar que a proposta busca superar a mera quantificação (coleta


de dados) e propõe algumas ações para a superação das dificuldades encontradas e,
em parceria com as universidades, buscam-se instrumentos para que a educação
melhore.
Veja bem, os resultados apresentados pelo SAEB devem favorecer o processo de
ensino e aprendizagem e considerar os diversos fatores que o influenciam. Nunca é
demais lembrar dos objetivos definidos pelo MEC para o referido sistema de avaliação:
Objetivos Gerais:
a) avaliar a qualidade do ensino ministrado nas escolas, de forma que cada
unidade escolar receba o resultado;
b) contribuir para o desenvolvimento, em todos os níveis educativos, de uma
cultura avaliativa que estimule a melhoria da qualidade e equidade da
educação brasileira;
c) concorrer para a melhoria da qualidade de ensino, redução das
desigualdades e democratização do ensino público nos estabelecimentos
oficiais, em consonância com as metas e políticas estabelecidas pelas
diretrizes da educação nacional;
d) oportunizar informações sistemáticas sobre as unidades escolares.
Para ampliar nosso conhecimento acerca do SAEB, gostaríamos de apresentar
uma breve explicação sobre sua estrutura.
O SAEB é composto por dois processos:
 ANEB/SAEB: Avaliação Nacional da Educação Básica.
 Prova Brasil: Avaliação Nacional do Rendimento Escolar
 SAEB: é realizado por amostragem e é aplicado para alunos do 5º e 9º ano
do Ensino Fundamental e 3ª série do Ensino Médio.
 Prova Brasil: avalia todos os estudantes da rede pública matriculados no
5º e 9º ano do Ensino Fundamental.
Como vimos anteriormente, a Prova Brasil e o SAEB ocorrem por meio de exame
bienal de proficiência na disciplina de Matemática, com foco: na resolução de
Problemas, e na disciplina de Língua Portuguesa com foco na Leitura. Os resultados
apresentados pela Prova Brasil e pelo SAEB norteiam a definição do Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB).

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educação básica – SAEB e avaliação institucional

Observe os quadros abaixo e perceba as especificidades entre a Prova Brasil e


o SAEB:

PROVA BRASIL SAEB

A primeira aplicação foi em 2005,


A primeira aplicação foi em 1990 e as
depois em 2007 e a última em 2009 e
últimas em 2007, 2009 e 2011.
2011.

Avalia estudantes de ensino Avalia estudantes do 5º ano, 8ª série/9º


fundamental, do 5º ano, 8ª série/9º ano. ano do EF e 3ª série do EM.

A partir de 2009, passou a avaliar Avalia alunos das escolas públicas e


também as escolas públicas da região privadas, em áreas urbana e rural do
rural. Brasil.

A avaliação é realizada entre todos os A avaliação é amostral, ou seja, apenas


estudantes das séries avaliadas com parte dos estudantes das séries avaliadas
mais de 20 alunos. participam da prova.

Por ser abrangente, expande o alcance


dos resultados oferecidos pelo SAEB.
Por ser amostral, oferece resultados de
Fornece as médias de desempenho
desempenho nacional, por regiões e
para o Brasil, regiões e unidades da
unidades da Federação.
Federação, para cada um dos
municípios e escolas participantes.

Subsidia o cálculo do IDEB dos estados e


Calcula o IDEB de municípios e escolas.
IDEB nacional

Fonte: <www.ministériodaeducacao.gov.br>
O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica é obtido por meio de padrões
e critérios que combinam a taxa de reprovação, repetência escolar que correspondem
ao fluxo escolar, mais os resultados das avaliações de aprendizagem obtidos por meio
da PROVA BRASIL (5ºano e 8ªsérie/9ºano) e SAEB (3ªsérie do Ensino Médio).

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AS Especificidades do processo de avaliação: sistema de avaliação da
educação básica – SAEB e avaliação institucional

Como você pôde constatar, a avaliação em larga escala pode auxiliar na


estruturação de uma educação eficaz. Costumamos dizer que a avaliação Institucional
está a serviço da gestão democrática.
Outro aspecto da Avaliação Institucional diz respeito à avaliação que acontece
no âmbito escolar, que deve ser consolidada com urgência, de modo a possibilitar
ações que busquem o aprofundamento do conhecimento sobre a escola por meio de
um diagnóstico coerente e possíveis tomadas de decisão no espaço escolar.
Desenvolver estudos sobre a avaliação institucional na educação básica propicia
à comunidade escolar a reflexão sobre o aperfeiçoamento dos espaços educacionais.
A avaliação pode fornecer dados importantes para a construção e efetivação do
Projeto-Político-Pedagógico da escola, servindo ambos para uma melhor definição da
identidade, autonomia, missão e objetivos institucionais, a partir de princípios
democráticos e participativos.
De acordo com a pesquisadora Terezinha Otaviana Dantas da Costa (2001), toda
instituição de ensino necessita de estratégias que a organize como um espaço escolar
no que diz respeito à missão, objetivos, metas, metodologia, currículo e avaliação.
Nesse aspecto, o Projeto Político-Pedagógico da escola torna-se estratégia
indispensável e insubstituível para a gestão democrática dela, direcionando, de
maneira participativa e democrática, os caminhos que a escola irá trilhar.

A avaliação institucional deverá estar fundamentada em princípios de


legitimidade, ética, transparência do processo, participação e comprometimento para
que produza os resultados fidedignos necessários. Só assim se poderá ter a verdadeira
revelação da instituição que, a partir dessa fotografia institucional, buscará corrigir
distorções e ratificar pontos positivos identificados.
É importante ressaltar que a avaliação institucional serve como um diagnóstico
que não se deve pôr como conclusivo, já que o universo escolar é essencialmente vivo
e dinâmico, passível das mais variadas mudanças.

Segundo Dias Sobrinho (1997), “avaliação Institucional ultrapassa o domínio


especializado e técnico, chegando ao social, ético e político”.

Não deve ser, portanto, um modismo, uma manifestação de autoritarismo ou


uma punição; deve estar ligada às instituições em uma prática de aprovação, visando
à melhoria contínua da instituição.

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AS Especificidades do processo de avaliação: sistema de avaliação da
educação básica – SAEB e avaliação institucional

Entendemos essa avaliação como formativa. Segundo Nóvoa (1995, p. 25), a


avaliação formativa é aquela que cria as condições para uma aprendizagem mútua
entre os atores educativos, por meio do diálogo e da tomada de consciência individual
e coletiva.
Para que a avaliação cumpra sua missão educativa, devem ser vencidas algumas
etapas como:
 construir uma imagem de que a avaliação não é só necessária, mas
essencial para a melhoria de desempenho da instituição;
 mostrar que a avaliação veio para ficar;
 compreender e respeitar a identidade institucional em seu permanente
dinamismo;
 superar traumas de que a avaliação serve para punir;
 incutir uma visão positiva da avaliação, o que daria início a um processo
de autoavaliação contínua e permanente;
 iniciar, em seguida, as avaliações externas.

Objetivos

Além de cumprir uma exigência legal, a avaliação é presença obrigatória em toda


e qualquer atividade humana, sobretudo, na educação.

São objetivos da avaliação institucional:


 Explicitar o papel social da instituição e de seus cursos rumo a uma
sociedade mais justa e democrática.
 Desencadear um processo de autocrítica na instituição, visando garantir a
qualidade de suas ações.
 Ampliar a qualidade dos cursos que ministra, introduzindo uma práxis
pedagógica de qualidade.
 Contribuir para definições de estratégias que visem atender melhor às
expectativas e necessidades sociais, políticas e econômicas da atual
conjuntura.
 Gerar subsídios para tomada de decisão e viabilização do Plano de
Desenvolvimento Institucional.

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O processo de avaliação enquanto instrumento de democratização do
conhecimento científico

Metodologia
Considerando que a avaliação institucional envolve campos distintos e
considerando ainda a importância da reflexão crítica sobre a operacionalização do
processo, faz-se necessária a constituição de uma comissão que faça a coordenação
geral e que passe a coordenar as comissões setoriais ou específicas.

Finalmente, destacamos a importância de ratificarmos a avaliação institucional


como um instrumento que analisa e recoloca a escola no caminho do cumprimento
de sua função social: discutir e reinventar o conhecimento científico.

21 O processo de avaliação enquanto instrumento de


democratização do conhecimento científico
O processo de avaliação foi se modificando ao longo da história da educação
escolar, pois cada concepção de ensino traz consigo uma concepção de avaliação.
Segundo (LUCKESI, 2005, p. 85), “a avaliação, tanto no geral quanto no caso específico
da aprendizagem, não possui uma finalidade em si: ela subsidia um curso de ação que
visa construir um resultado previamente definido”. E como consequência de diversas
concepções teóricas diferentes, temos práticas avaliativas diferenciadas dentro do
processo de avaliação da aprendizagem.
A avaliação do ensino e da aprendizagem é um dos grandes desafios da escola
como um todo, pois as práticas educativas evoluíram muito no decorrer da história da
educação, no entanto, as práticas avaliativas não seguiram essa evolução e ainda hoje
possuem, muitas vezes, um caráter coercivo.
Segundo Hoffmann (2006), a postura de avaliação que possui apenas o objetivo
de verificar se as respostas estão certas ou erradas, e que ainda é a mais adotada
atualmente, é denominada como avaliação classificatória, sendo realizada por meio
de uma verificação periódica de provas ou tarefas em que cabe decidir quanto ao
aproveitamento escolar e à aprovação ou reprovação do aluno.
Por isso, por mais que se discuta esta problemática, nunca é demais dizer que,
ao considerarmos o contexto de ensino e aprendizagem, avaliar não pode mais ser
entendido como medir ou atribuir um número ao conhecimento dos alunos, apesar
de essa ser a ideia que tanto professores como alunos ainda possuem sobre avaliação.

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O processo de avaliação enquanto instrumento de democratização do
conhecimento científico

O ato de avaliar deve ser entendido como um instrumento no processo de ensino


e aprendizagem que demonstre o nível de compreensão que os alunos alcançaram
dentro dos conhecimentos dos trabalhados em classe. A avaliação é “uma interação,
uma troca, uma negociação entre avaliador e um avaliado, sobre um objeto particular
e em um ambiente social dado” (WEISS, 1991 apud HADJI, 2001, p. 35).
No processo de ensino e aprendizagem, a ação pedagógica pode tanto facilitar
e possibilitar a aprendizagem significativa dos alunos quanto dificultar. Sob esse
ponto, a forma como a aprendizagem dos conteúdos é avaliada tem grande influência
sobre essa significação ou falta dela. A avaliação meramente classificatória leva o
aluno a estudar de forma mecânica, decorando as respostas corretas; essas logo serão
esquecidas, pois a elas não foram atribuídos significados.
Desse modo, a avaliação deve levar em consideração não o que a criança
decorou, mas o quando foi capaz de compreender e relacionar os novos conteúdos
trabalhados com aqueles que ela conhecia previamente.

O ato de avaliar só possui sentido se tiver funcionalidade, ou seja, não basta


avaliar visando “castigar” os alunos ou apenas cumprir uma exigência definida pelas
regras da escola. Portanto, para avaliar é necessário ter em mente o que se espera que
os alunos saibam e como determinar o que eles aprenderam.
Desde o início desta discussão enfatizamos que a avaliação deve favorecer a
aprendizagem.
Paro defende que: A recuperação deveria ser pensada como princípio derivado
da própria avaliação. Esta, num processo contínuo e permanente, embutido no
próprio exercício de ensinar e aprender diagnosticaria os problemas e dificuldades
que a recuperação também num processo contínuo e permanente, de solucionar (ou
intentar soluções) pelo oferecimento de novos recursos e alternativas de ação (2001,
p. 42).
O aluno cujo aproveitamento foi insuficiente deverá ser proporcionado a ele,
obrigatoriamente, uma recuperação de estudos com conteúdos da disciplina em que
o aproveitamento foi insuficiente. A recuperação de estudos será planejada e
integrada ao processo de ensino, adequando-se às dificuldades do aluno. Essa
recuperação deve se adequar as dificuldades dos alunos, podendo assumir várias
formas, tais como: pesquisa, relatórios, atividades individuais e em grupo, produção

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Referências Bibliográficas

e/ou aferições escritas. Essa recuperação deverá ser realizada durante o ano letivo, de
forma paralela.
De acordo com o Parecer do CNE/CEB no 12/1997, a recuperação, o
acompanhamento da aprendizagem é um direito do aluno. Os professores devem
fazer a recuperação como expressão do seu compromisso com a aprendizagem dos
alunos e não apenas para cumprir uma formalidade legal. No entanto, devemos
considerar o seguinte fato: enquanto existir nota, a recuperação da aprendizagem
deverá repercutir na recuperação da nota, pois só a reavaliação permitirá saber se
houve a recuperação pretendida.

22 Referências Bibliográficas
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