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AVALIAÇÃO DA

APRENDIZAGEM
Orientações para a implementação
da Portaria SAPP nº 048/04
S E C R E TA R I A D E E S TA D O D E E D U C A Ç Ã O

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO

I – Avaliação: uma mudança possível e desejada ------------------------- 6

II – Instrumentos de avaliação: como organizar --------------------------- 8

· Provas objetivas
· Provas operatórias
· Observação e registro
· Auto-avaliação

III – A Portaria E/SAPP no 48/2004: aspectos centrais -------------------- 13

· Uma concepção de avaliação


· Avaliação no 1o segmento do Ensino Fundamental
· Avaliação no 2º segmento do Ensino Fundamental, Médio, Normal e
Profissional
· Recuperação da aprendizagem
· Dependência
· Reclassificação
· Parte Diversificada do Currículo

IV – Bibliografia ----------------------------------------------------------------- 19

V – Anexo 1 ---------------------------------------------------------------------- 20
Portaria E/SAPP no 48/2004

VI – Anexo 2 --------------------------------------------------------------------- 27
Roteiro para elaboração de Relatório do Desempenho Escolar do 1º
segmento do Ensino Fundamental

VII – Anexo 3 --------------------------------------------------------------------- 31


Termo de Compromisso (Dependência)

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APRESENTAÇÃO

Com a finalidade de reorganizar as normas que regem o sistema


de avaliação do desempenho escolar, a Subsecretaria Adjunta de
Planejamento Pedagógico, órgão da Secretaria de Estado de Edu-
cação do Rio de Janeiro, implementou, no ano de 2004, processo
de discussão envolvendo as Coordenadorias Regionais e as unida-
des escolares que compõem a Rede Pública Estadual de Ensino.
Assim, ainda no primeiro semestre foram realizadas reuniões
com os Gerentes de Ensino, representantes da Assessoria de
Acompanhamento e Avaliação e da Coordenação de Inspeção Es-
colar. Na oportunidade, empreendeu-se a análise da Portaria SUEN/
SEE no 08/01, buscando-se detectar as dificuldades existentes com
relação à sua interpretação e implementação. Como desdobramen-
to dessa ação, os Gerentes foram solicitados a promover encontros
regionais para que os professores pudessem refletir tanto sobre
suas práticas avaliativas como apontar possíveis alternativas para
reformulação das normas vigentes.
Várias sugestões foram encaminhadas pelos docentes e
Coordenadorias Regionais, entre as quais destacamos a necessida-
de de adotar os mesmos critérios para promoção dos alunos em
toda Rede Pública Estadual. Foram mencionados, também, pro-
blemas na operacionalização da dependência e na recuperação pa-
ralela.
Das discussões efetuadas surgiram idéias que nortearam a ela-
boração da nova Portaria. É preciso ressaltar que as concepções de
avaliação que orientam o sistema educacional foram reafirmadas.
Perspectiva essa baseada numa premissa construtivista de conheci-
mento que concebe a criança, o jovem e o adulto como sujeitos de
seu próprio desenvolvimento, autônomos, participativos, inseri-
dos num determinado contexto sócio-político e cultural.
As reformulações propostas, portanto, atingem mais as ques-
tões operacionais que conceituais. O objetivo das mudanças é aper-
feiçoar as diretrizes que orientam o processo avaliativo e auxiliar
os docentes em seu cotidiano, certos de que a avaliação, mais que

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uma exigência institucional, é uma prática que cumpre diversas


funções e auxilia a configurar o ambiente educativo.
Assim, neste Caderno Pedagógico dedicado à Avaliação da
Aprendizagem, buscamos esclarecer as normas estabelecidas pela
Portaria E/SAPP nº048/04, bem como as concepções que a funda-
mentam. Apresentamos ainda, sugestões para elaboração de ins-
trumentos de avaliação, sem naturalmente, pretender esgotar esse
tema. Lembramos que nenhuma legislação é suficiente para ga-
rantir mudanças e inovações no campo educacional. A realidade é
muito mais dinâmica e complexa. É preciso, entretanto, para
transformá-la, romper com práticas rotineiras e refletir sobre a
importância social do nosso trabalho.
Enquanto educadores é nosso compromisso zelar pela apren-
dizagem dos alunos, fazendo da escola um espaço de convivência
no qual a avaliação, enquanto missão de todo professor, aponte na
busca de novos caminhos . Este sim é o nosso grande desafio e
responsabilidade.

I – AVALIAÇÃO: UMA MUDANÇA POSSÍVEL E DESEJADA

Como avaliamos nossos alunos? Para que serve a avaliação da


aprendizagem? Por que certos professores utilizam determinadas
formas e instrumentos de avaliação? Como desenvolver práticas
mais democráticas e inclusivas? Estas questões têm sido objeto de
reflexão nos últimos anos por parte de diferentes autores brasilei-
ros que elaboraram críticas denunciando o caráter seletivo e
classificatório dos processos de aferição do rendimento escolar,
além de sua relação com a produção do fracasso escolar. Entretan-
to, embora as discussões avancem, como demonstram as pesquisas
e a extensa produção literária sobre o tema, o cotidiano da sala de
aula parece resistir às novas propostas. A escola e suas práticas
parecem mudar lentamente.
Mas o que é mesmo avaliar? Este conceito tem uma gama de
significados possíveis. Na linguagem cotidiana, o verbo avaliar
significa estimar, apreciar, examinar, implicando em coleta de in-
formações sobre um determinado objeto e atribuição de valor ou
qualidade ao mesmo. Nesse processo, realizamos uma comparação

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entre o objeto e um determinado padrão previamente estabelecido


como parâmetro, formulando um juízo de valor. Na vida escolar,
tradicionalmente, o resultado da avaliação tem servido para criar
pequenas hierarquias. Os alunos são comparados e depois classifi-
cados em função de um padrão considerado de excelência. A pro-
ximidade ou mesmo o distanciamento com relação a esse parâmetro
define o êxito ou o fracasso.
Avaliar, entretanto, é mais do que isto, mais do que classificar
os alunos em aprovados ou reprovados, em bons ou ruins. Uma
importante função do processo avaliativo é possibilitar a regulação
da aprendizagem. A coleta de dados sobre a situação do aluno nos
oferece informações que podem fundamentar novas decisões so-
bre o processo pedagógico. A avaliação da aprendizagem não se
esgota em si mesma. Avaliamos para intervir, para agir e corrigir
os rumos de nosso trabalho. Essa idéia nos aproxima do conceito
de avaliação formativa. Para Perrenoud:

“É formativa toda avaliação que ajuda o aluno


a aprender e a se desenvolver, ou melhor, que
participa da regulação das aprendizagens e do
desenvolvimento no sentido de um projeto
educativo.” (2000, p.103)

É preciso lembrar que em diversos momentos, como decor-


rência das interações em aula, o professor realiza pequenos ajustes
de rumo. O desinteresse do aluno, suas dificuldades para realizar
certas tarefas, deve levar o docente a reorganizar seu planejamen-
to, bem como proporcionar ao aluno um auto-questionamento. Há
sempre uma regulação dos processos pedagógicos. Entretanto, a
prática de uma avaliação formativa sistematiza esses procedimen-
tos, na medida em que leva o professor a observar mais
criteriosamente seus alunos, a buscar formas de gerir as aprendi-
zagens. O objetivo é otimizar os processos e propiciar a constru-
ção de conhecimentos pelo aluno.
Nessa direção, a avaliação precisa estar a serviço do aluno e
não da classificação. Para ser educativa, a avaliação precisa estar
voltada para a formação integral dos estudantes e não somente

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para a sua instrução. Assim, é importante refletir também, sobre


duas dimensões avaliativas (técnica e ética) que não se confun-
dem, mas se complementam e devem estar sempre presentes no
processo de avaliar. Como questões próprias da dimensão técni-
ca, surgem perguntas sobre o que avaliar, quando avaliar e como
avaliar, que já são bem conhecidas dos professores. A dimensão
ética da avaliação remete a perguntas de outra ordem: por que
avaliar, para que avaliar, quem se beneficia da avaliação, que usos
fazem os professores, os alunos e a sociedade da avaliação que se
pratica na escola?
Tais questionamentos nos levam à seguinte constatação: avali-
ar não é um processo simples, pois, constantemente, corremos ris-
cos na medida que, muitas vezes, temos dificuldades de detectar
nossos próprios erros e acertos. Devemos construir uma avaliação
criteriosa, lúcida, capaz de ultrapassar o arbitrário.

II – INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO: COMO ORGANIZAR

Nesta seção, visamos contribuir para as discussões em torno


da questão fundamental de “como avaliar”. Desse modo, apresen-
tamos orientações básicas para elaboração dos seguintes instru-
mentos de avaliação: provas objetivas, provas operatórias, obser-
vação e registro e auto-avaliação. Ressaltamos que as reflexões
aqui expostas resumem e muito menos esgotam o importante de-
bate sobre os instrumentos de avaliação educacional.

Provas Objetivas

As provas objetivas, mais conhecidas como provas de múlti-


pla-escolha, são normalmente formuladas obedecendo a um dos
seguintes critérios.

- Perguntas de respostas curtas (alternativas de respostas)


- Perguntas de preenchimento de lacunas
- Associação (falso ou verdadeiro)
- Comparação quantitativa
- Análise de relações

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Esses tipos de questões, que caracterizam as provas objetivas,


possibilitam avaliar desde a memorização significativa até as habili-
dades mais complexas do pensamento, como a generalização, a críti-
ca, a interpretação, a análise e a síntese. Para elaborá-las, o professor
deve seguir algumas orientações básicas para a formulação do enunci-
ado e das opções de respostas, conforme explicitamos a seguir:

Quanto ao enunciado

- Redigir de modo claro e preciso.


- Não utilizar "pegadinhas" nem "dicas".
- Evitar o emprego de palavras muito inclusivas como:
sempre, nunca, todo...
- O vocabulário deve ser adequado ao nível de escolaridade
do aluno.
- Excluir qualquer referência discriminatória quanto à etnia,
religião e gênero.
- Construir as questões de modo que possam diferenciar os
diversos níveis de aprendizagem.
- Reduzir as negativas; quando for possível, deve-se grifar a negativa.
- Não incluir dados inúteis para a resposta.
- Abranger assuntos de real importância e não detalhes
irrelevantes.

Quanto às opções de resposta

- As respostas devem incluir uma única opção correta. As op-


ções incorretas devem ser plausíveis.
- As opções devem ser apresentadas em uma ordem explícita.
- As opções devem ser construídas de maneira a impedir que
os alunos acertem a questão por exclusão.
- As frases que explicitam as respostas devem ter aproximada-
mente a mesma extensão.
- Evitar a superposição, ou seja, o que já foi afirmado em uma
resposta não deve aparecer em outra.
-Não devem ser propostas opções como "nenhuma das opções
anteriores" ou "todas as opções anteriores".

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B - Provas Operatórias

As provas operatórias são instrumentos de avaliação com ques-


tões abertas, formuladas com o objetivo de diagnosticar as etapas
da construção do conhecimento em que os alunos se encontram.
Devem ser elaboradas para avaliar o desenvolvimento de opera-
ções mentais tais como a análise, a comparação, a generalização e
a interpretação. Para tanto, deve-se refletir sobre o tipo de habili-
dade mental que se pretende avaliar, quais foram as habilidades
mais significativas desenvolvidas no trabalho em sala de aula, que
níveis de aprofundamento devem ser avaliados em relação ao de-
senvolvimento cognitivo dos alunos. É importante que a questão
tenha uma relação direta explícita com o conhecimento construído
em sala de aula.

Pontos básicos para a formulação das questões abertas:

- as questões devem ser redigidas de modo a propiciar um


diálogo do aluno com o conhecimento;
- as questões devem ser elaboradas de maneira que o aluno
se sinta convidado a pensar e a transcrever suas reflexões ao
que está sendo perguntado;
- as questões não podem ser dúbias ou capciosas;
- as questões devem ser formuladas de forma que o professor
verifique o que o aluno sabe;
- uma boa estratégia é a pergunta ser formulada a partir de uma
síntese do que foi estudado propiciando ao aluno refletir sobre
o mundo mediado pelo tema estudado;
- no enunciado da questão devem ser utilizadas palavras ope-
ratórias que explicitem para o aluno a operação mental que
deverá realizar: analise, classifique, compare, critique, levante
uma hipótese, justifique, explique, interprete, suponha, rees-
creva, descreva, localize, opine, comente, exponha, construa,
relacione, sintetize, são alguns exemplos, dentre outras.

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C - Roteiro Básico

O professor deve, primeiramente, delimitar a etapa da cons-


trução do conhecimento que pretende avaliar e mapear as possí-
veis linhas de raciocínio a serem percorridas pelo aluno. Tendo
isso definido, deverá então selecionar o texto ou situação-proble-
ma que vai descrever, relacionar essa situação com o conhecimen-
to construído em sala de aula e elaborar a questão utilizando a
palavra operatória adequada à operação mental necessária à obten-
ção da resposta à referida questão.

D - Auto-Avaliação2

A auto-avaliação é um excelente instrumento para ajudar o


aluno a reconstruir o seu processo de aprendizado e desenvolver
sua autonomia. Como sujeito desse processo, o aluno não só iden-
tifica, como ele se dá, como ainda adquire condições de contribuir
para o seu redirecionamento, buscando superar dificuldades e al-
cançar resultados mais afetivos.

Estratégias básicas:

1. Introduzir sempre, nas aulas e nas atividades escritas, uma


questão que possibilita ao aluno refletir e ordenar o que percebe
que está aprendendo. Por exemplo, o professor propõe uma tarefa
desafiadora para ser realizada em grupo; ao final, propõe que cada
aluno comente o que aprendeu de novo com as discussões e com a
realização da tarefa.

2. Orientar os alunos a elaborar, cada um deles e em diferentes


momentos do processo, uma lista do que sabem sobre determinado
assunto estudado. Essas listas devem ser feitas, o mínimo, no iní-
cio, no meio e no fim do processo de desenvolvimento daquele
assunto determinado e devem ser datadas. Ao final do processo,

2 Hernandez, Fernando. Transgressão e mudança na educação. São Paulo:


ArteMed, 1991.

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cada aluno deve avaliar o seu processo individualmente e o con-


junto de alunos deve observar se houve diferença entre as listas,
ou seja, deve perceber as diferentes trajetórias de aprendizagem
por que passou. Finalmente, os alunos terão clareza sobre o que
efetivamente aprenderam do conteúdo apresentado.

3. Organizar os registros sobre as aprendizagens dos alunos


em portfólios individuais, dos quais farão parte as listas, anota-
ções e comentários elaborados e selecionados pelos alunos. Arqui-
vados numa pasta individual de avaliação, cada portfólio repre-
sentará uma síntese do processo de aprendizagem experimentado
por cada um dos alunos. Na constituição do portfólio os alunos
estarão revendo o que foi aprendido e selecionando, dentre as ati-
vidades realizadas, aquelas que foram mais significativas para sua
aprendizagem. Essa seleção será arquivada junto com os comentá-
rios dos alunos e uma síntese conclusiva feita pelo professor.
É importante observar que o portfólio compõe a memória da
aprendizagem de cada estudante e só por ele pode ser montado,
com o registro das etapas do seu processo de aprendizagem. Além
de instrumento fundamental para o auto-conhecimento dos alu-
nos, o portfólio representa, para o professor, um importante ins-
trumento de análise de sua prática. Os dados nele inseridos pelos
alunos fornecerão informações sobre a eficácia das estratégias pe-
dagógicas adotadas.

Algumas orientações importantes para a construção do


portfólio.

1. O professor deve apresentar a proposta, explicitar como fun-


ciona e discuti-la com os alunos. Deve frisar que, incialmente, será
um trabalho individual, no qual cada aluno deverá anotar sempre o
que está aprendendo, assim como as dúvidas que tem; o produto
final será discutido em conjunto e, nesse processo, cada aluno pode-
rá contar com a ajuda do professor sempre que necessário.

2. O próprio estudante deve definir como vai organizar sua


trajetória.

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3. O portfólio pode ter a duração bimestral, semestral ou anual.

4. O professor apresentará aos alunos a proposta e os objetivos


de aprendizagem, assim como a finalidade do trabalho será reali-
zado.

5. O professor proporá aos alunos que estabeleçam suas metas,


levando em conta as metas elaboradas para o curso. As metas dos
alunos deverão ser escritas. Tudo deve ter data e um cabeçalho que
identifique do que se trata.

6. É conveniente que haja um acordo formal, de preferência


escrito (um cartaz na sala, por exemplo), como forma de tornar
público o que se compartilha.

7. Assim que cada aluno tiver clara a estratégia de construção


de seu portfólio e a finalidade pretendida, deve procurar exemplos
de sua experiência, em sala de aula e fora dela, que respondam às
suas necessidades formativas.

8. Em seguida, deverá selecionar as fontes que compõem o


portfólio, para melhor organização do fio condutor. (Por exem-
plo: um estudante definiu seu fio condutor da seguinte maneira:
tentarei responder a essas duas perguntas: o que aprendi? De que
maneira aprendi?). O aluno deverá explicar o porquê da seleção.

III – A PORTARIA E/SAPP NO 48/2004: ASPECTOS CENTRAIS

• Uma concepção de avaliação

Os artigos 1º e 2º da Portaria 48/04 destacam a concepção de


avaliação que fundamenta o atual sistema de avaliação da aprendiza-
gem. A avaliação da aprendizagem é um tipo de procedimento de
responsabilidade da escola e visa a obter um diagnóstico do processo
de ensino e aprendizagem dos alunos, em relação à programação
curricular prevista e desenvolvida em cada nível e etapa de escolarida-

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de. Além de diagnosticar, avaliar envolve tomar decisões. Estas duas


dimensões são constitutivas das práticas avaliativas. Observa Luckesi,:a
avaliação deve possibilitar o “reconhecimento dos caminhos percorri-
dos e da identificação dos caminhos a serem perseguidos” (1995, p.43).
Assim, a avaliação da aprendizagem possibilita ao professor
consciência sobre o curso dos processos e dos resultados educativos.
Nesse sentido, precisamos ter clareza dos nossos objetivos, dos cri-
térios utilizados e, sobretudo, da adequação de nossos instrumentos.

• Avaliação no 1o segmento do Ensino Fundamental

O primeiro segmento do Ensino Fundamental da Rede Pública


Estadual de Ensino é organizado em dois ciclos (Art. 1º). O primei-
ro ciclo compreende os três primeiros anos de escolaridade e o se-
gundo ciclo os dois anos subseqüentes.
Os ciclos compreendem períodos escolares que ultrapassam as
séries, submetendo o tempo da escola ao tempo das aprendiza-
gens. O objetivo é evitar a fragmentação do currículo que decorre
do regime seriado, além de possibilitar maior integração dos co-
nhecimentos, prevendo unidades maiores e mais flexíveis, motivo
pelo qual a retenção do aluno só ocorre ao final dos ciclos, quando
constatadas dificuldades de aprendizagens.
Esse tipo de organização implica em mudança nas concepções
e práticas pedagógicas dos professores, tendo em vista que o foco
é deslocado da aprovação/reprovação para o processo de constru-
ção dos conhecimentos pelos alunos.
O Parecer CEE nº 25/1998 que organizou o primeiro segmento
das escolas da Rede Pública Estadual em dois ciclos, estabeleceu as
competências esperadas nestas etapas de escolaridade. Ao final do 1º
ciclo, o aluno deverá ser capaz de ler, escrever pequenos textos,
assim como operar com números e resolver problemas elementares.
No 2º ciclo, dedicado à sistematização e à continuidade do processo
de alfabetização, o aluno deverá: produzir e interpretar textos com
conhecimento lingüístico; compreender e propor normas de convivên-
cia; resolver situações-problema utilizando propriedades matemáticas;
reconhecer mudanças na sociedade, no tempo e no espaço e identificar
fenômenos naturais e materiais, através de explicações científicas.

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Nos ciclos não é adotada uma avaliação baseada em critérios


quantitativos. O Relatório de Avaliação constitui o instrumento
oficial que registra o desenvolvimento dos alunos matriculados na
Educação Infantil e nos 1º e 2º Ciclos do Ensino Fundamental, da
Rede Pública Estadual do Rio de Janeiro, conforme previsto no
Artigo 3º da Portaria E/SAPP nº 48/04 (D.O. 03/12/04).
Desta forma, o Relatório deve valorizar aquilo que o aluno já
sabe (o desenvolvimento real), como ele está progredindo em ou-
tros aspectos (o desenvolvimento potencial), além de indicar, tam-
bém, as dificuldades que precisam ser superadas. Assim, todas as
situações de aprendizagem devem ser consideradas relevantes e
devidamente registradas, apresentadas, discutidas e enriquecidas
nas reuniões dos Conselhos de Classe bimestrais. Uma síntese des-
sas anotações deverá ser oferecida aos responsáveis pelos alunos e,
de preferência, discutida em reuniões. O Relatório de Avaliação
assume, então, um caráter reflexivo que mostra a evolução da cri-
ança, não se confundindo com um documento apenas burocrático
e meramente descritivo dos sucessos ou insucessos dos alunos.
O Relatório, portanto, será sempre fruto da observação atenta
e do acompanhamento constante que são realizados junto à turma.
Algumas reflexões podem ajudar o professor nessas tarefas:

• O que significa observar e acompanhar?


• O quê e por que observamos e acompanhamos?
• Como e quando observamos e acompanhamos?
• Como registramos esta trajetória? Para quê?

Ao final do 4º bimestre, o professor elabora o documento fi-


nal referente aos objetivos alcançados, tendo por base o que foi
registrado durante o processo. Em caso de transferência, em qual-
quer época do ano, o Relatório acompanha a documentação do
aluno, registrando o seu desenvolvimento até aquele momento.
É importante que o Relatório final esteja ao alcance do pro-
fessor do ano seguinte, de modo a lhe oferecer subsídios sobre a
sua turma, permitindo um replanejamento mais adequado às ne-
cessidades de seus alunos.

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• Avaliação no 2º segmento do
Ensino Fundamental e no Ensino Médio

Nestes níveis de ensino, considerando a necessidade de unificar


os critérios de avaliação, fica estabelecida a utilização de uma escala
de 0 a 10 para registrar o desempenho do aluno. Para ser promovido
o discente deve obter o mínimo de 20 pontos na soma dos quatro
bimestres no regime anual e 10 no regime semestral (fases/supletivo).
A Portaria enfatiza que o professor deve empregar no mínimo
três instrumentos diversificados para verificar se as habilidades e com-
petências propostas em seu planejamento foram desenvolvidas pelo
aluno. Este procedimento reforça a idéia de que a avaliação não deve
ter caráter terminal, e nem se esgota numa prova organizada ao final
do período. Enquanto um dos processos didáticos, a avaliação deve
possibilitar o acompanhamento permanente do professor tornando-se
um valioso recurso para melhoria dos processos pedagógicos.

• Recuperação da aprendizagem

Ao detectar dificuldades por parte dos alunos, ou um resulta-


do inferior a 5 pontos no bimestre, o professor deverá organizar
um plano de estudos ou atividades diversificadas para serem reali-
zadas pelo discente. O objetivo é implementar estratégias alterna-
tivas capazes de dinamizar novas oportunidades de aprendizagem
para o educando. A recuperação deve ocorrer de forma paralela,
não sendo mais oferecida ao final do período letivo.

• Dependência

Desde 1994 de acordo com a Deliberação CEE/RJ 207/94, as


escolas públicas estaduais são obrigadas a oferecer a dependência.
Entretanto, a operacionalização da progressão parcial ocasionou
muitas dificuldades para as escolas, inclusive sobrecarregando os
Centros de Estudos Supletivos que deixavam de cumprir a sua
principal função para atender os alunos em dependência. Após
várias reuniões com as Coordenadorias Regionais, houve um con-
senso com relação à forma de implementar a dependência. Assim,

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a Portaria 048/04 propõe que, ao final do ano, o aluno em depen-


dência receba um plano de estudos. As atividades propostas devem
ser entregues ao docente no início do novo período letivo quando
o aluno será avaliado. Avaliação esta (§ 3º do Art.8º) que abrange
não só as atividades do plano de estudos como a possibilidade de
aplicação de uma prova.
Da 5ª do Ensino Fundamental à 3º série do Ensino Médio o
aluno poderá ficar apenas em duas dependências (Art.9º). Ex:
História na 7º e História na 8º série. Caso o aluno seja reprovado
em mais um componente disciplinar, ele ficará retido. O discente
só poderá cursar uma nova dependência se vencer pelo menos uma
das anteriores.
O aluno que ao término da 8ª série mantiver dependência em
até duas disciplinas do Ensino Fundamental poderá ingressar no
Ensino Médio mediante comprovação de matrícula na(s)
dependência(s) no Ensino Fundamental.
Os certificados de conclusão somente poderão ser expedidos
quando o aluno for declarado aprovado em todas as disciplinas,
inclusive na(s) dependência (s).
Da documentação de transferência do aluno deverão constar
as disciplinas em que se encontra em dependência, o relatório so-
bre o desempenho do aluno, especificando os conhecimentos que
não foram construídos, e o plano de estudos.

• Reclassificação

Os alunos reprovados por insuficiência de freqüência que apre-


sentam rendimento superior ao mínimo previsto nesta Portaria
(Art.2º §3º), só podem ser reclassificados no ano letivo seguinte.
Neste processo, assim como no caso de reclassificação de alunos
transferidos, é obrigatória a avaliação em todos os componentes
curriculares da Base Nacional Comum. (Art. 12).

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• Parte Diversificada do Currículo

A Parte Diversificada é componente obrigatório do currículo


e tem como objetivo atender às características sociais, econômicas
e culturais locais, devendo ser organizada de forma articulada à
Base Nacional Comum. Nas matrizes do Ensino Fundamental e
Médio, a Parte Diversificada é constituída pela Língua Estrangei-
ra, pelo Ensino Religioso e pelas Atividades Complementares.
A avaliação da Língua Estrangeira e das Atividades Comple-
mentares, quando oferecidas sob forma de disciplinas (aquelas da
Base Nacional Comum) , segue as mesmas orientações das disci-
plinas da Base Nacional Comum. Já o Ensino Religioso e Ativida-
des Complementares, quando desenvolvidas através de Projetos,
não devem ser considerados para fins de promoção. O professor
deverá, entretanto, registrar a freqüência e elaborar relatório sin-
tético sobre a participação dos alunos. A freqüência e o relatório
integrarão o histórico escolar.

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IV – BIBLIOGRAFIA

• CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. Parecer CEB


nº l5/98. Diretrizes Curriculares Nacionais Para o
Ensino Médio. Aprovado em 01/06/98. Brasília, 25 de
Junho de 1998.

• CONSELHO ESTADUAL DE EDUCAÇÀO DO RIO DE


JANEIRO. Parecer CEE nº025/98, de 10 de fevereiro de
1998. Aprova Projeto da Secretaria de Estado de Educa-
ção do Rio de Janeiro relativo à Reorganização do
Sistema Educacional Estadual. Diário Oficial do Poder
Executivo do Estado do Rio de Janeiro, 12 de fevereiro
de 1998.

• HOFFMAN, Jussara. Avaliação Mediadora. Porto Alegre:


Ed. Mediação, 1993.

• LUCKESI, Cipriano C. Avaliação da aprendizagem


escolar. São Paulo: Cortez, 1995.

• PERRENOUD, Philippe. Avaliação: da excelência à


regulação das aprendizagens. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1999.

• SACRISTÁN, J. Gimeno e GÓMEZ., A I. Pérez Compreen-


der e Transformar o Ensino. Porto Alegre: Artes Médi-
cas,1998.

• SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO. Portaria SAPP


nº 048/04 de 2 de dezembro de 2004. Estabelece normas
de avaliação do desempenho escolar e dá outras
providências. Diário Oficial do Poder Executivo do
Estado do Rio de Janeiro, de 3 de dezembro de 2004.

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V – ANEXO 1

Portaria E/SAPP no 48/2004 - 02/12/04.

Estabelece normas de avaliação do


desempenho escolar e dá outras
providências.

A SUBSECRETÁRIA ADJUNTA DE PLANEJAMENTO PE-


DAGÓGICO, no uso de suas atribuições legais, com fundamento
na Resolução SEE nº 2242, de 9 de setembro de 1999,

RESOLVE:

Art. 1º – Na Educação Infantil e no Ensino Fundamental (1º seg-


mento), a avaliação será diagnóstica, continuada e diversificada
de maneira a subsidiar o fazer pedagógico do professor, assim como
oferecer informações sobre o desempenho escolar do aluno, sendo
registrada em relatório bimestral.

§ 1º - A avaliação na Educação Infantil visará ao acompanha-


mento do desempenho do aluno, sem fins de retenção.

§ 2 º - O professor deverá registrar cotidianamente os avanços


e as dificuldades dos alunos e da turma visando a replanejar as
suas ações, a subsidiar as discussões no Conselho de Classe,
bem como a elaboração do relatório bimestral e final.

§ 3º - Em caso de transferência no transcorrer do período leti-


vo, um relatório parcial deverá ser anexado ao documento de
transferência do aluno.

§ 4º - O relatório bimestral do 1º e 2º ciclos do Ensino Funda-


mental deverá conter análise do desempenho do aluno em re-
lação aos conhecimentos curriculares relevantes trabalhados
no período e as estratégias de recuperação paralela utilizadas.

20 AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM
S E C R E TA R I A D E E S TA D O D E E D U C A Ç Ã O

§ 5º - Só poderá ocorrer retenção ao final do 1º ciclo (3º ano),


do 2º ciclo (2º ano) e do Ciclo Único da Educação de Jovens e
Adultos quando o aluno não alcançar os objetivos propostos
para o ciclo e, neste caso, o aluno deverá cursar o último ano
do ciclo em que ficou retido.

§ 6º - Ficará retido o aluno que ao final do ano de escolaridade


não obtiver freqüência igual ou superior a 75% do total de
horas letivas.

§ 7º - Cabe à equipe pedagógica e ao professor regente da


Unidade Escolar estabelecerem uma programação curricular
específica para atender o aluno em suas dificuldades com acom-
panhamento da Coordenadoria Regional.

Art. 2º - A avaliação do desempenho escolar no Ensino Funda-


mental (2º segmento), no Ensino Médio, no Ensino Normal, na
Educação Profissional tem o caráter diagnóstico, reflexivo e in-
clusivo, devendo oferecer suporte para o replanejamento do traba-
lho pedagógico, a partir da identificação dos avanços e dificulda-
des apresentados pelo aluno.

§ 1º - Será retido na série/módulo o aluno que não apresentar,


no mínimo, 75% de freqüência do total da carga horária pre-
vista no período letivo.

§ 2º - No 2º segmento do Ensino Fundamental, no Ensino


Médio, no Ensino Normal e na Educação Profissional a Uni-
dade Escolar utilizará escala de 0 a 10 pontos para registrar o
desempenho do aluno, podendo complementar a avaliação com
relatório.

§ 3º - Será promovido à série/módulo seguinte o aluno cujo


somatório das avaliações dos quatro bimestres totalize, no mí-
nimo, 20 (vinte) pontos.

AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM 21
GOVERNO DO E S TA D O D O RIO DE JANEIRO

§ 4º - Será promovido à fase seguinte o aluno cujo somatório


das avaliações dos dois bimestres totalize, no mínimo, 10 (dez)
pontos.

§ 5 - Nas avaliações bimestrais deverão ser utilizados, no mí-


nimo, 3 (três) instrumentos avaliativos diferenciados.

Art. 3º - A avaliação dos alunos com necessidades educacionais


especiais deve levar em conta as potencialidades e possibilidades
de cada indivíduo.

Parágrafo único – O professor deverá realizar adaptações


curriculares, utilizando recursos didáticos diversificados e pro-
cessos de avaliação adequados ao desenvolvimento dos alunos
com necessidades educacionais especiais, em consonância com
o projeto pedagógico da escola, respeitada a freqüência obri-
gatória.

DA RECUPERAÇÃO DA APRENDIZAGEM

Art. 4º - Os estudos de recuperação paralela são obrigatórios, sen-


do oferecidos sempre que o aluno apresentar dificuldades no pro-
cesso de aprendizagem nos Ciclos ou menos de 5 (cinco) pontos
no bimestre no 2º segmento do Ensino Fundamental, no Ensino
Médio, no Ensino Normal e na Educação Profissional.

§ 1º - O planejamento e os procedimentos relativos à recupe-


ração constarão do Projeto Pedagógico da Unidade Escolar.

§ 2º – No processo de recuperação o aluno será reavaliado e,


somente quando constatado seu progresso, deverá ocorrer a
respectiva mudança do resultado. O resultado da recuperação
substitui o anterior.

Art. 5º – Os estudos de recuperação da aprendizagem desenvolvi-


dos de forma paralela poderão ser realizados utilizando-se as se-

22 AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM
S E C R E TA R I A D E E S TA D O D E E D U C A Ç Ã O

guintes estratégias, de acordo com a disponibilidade da Unidade


Escolar:
I - atividades diversificadas oferecidas durante a aula;

II - atividades em horário complementar na própria escola;


III - plano de trabalho organizado pelo professor para estudo in-
dependente por parte do aluno.

Parágrafo Único – Nos casos dos incisos I e II, admite-se o siste-


ma de monitoria, sob a supervisão do professor, que poderá ser
realizada por alunos da mesma turma ou de séries mais adiantadas.

DA PROGRESSÃO PARCIAL

Art. 6º - A progressão parcial, sob a forma de dependência, é admi-


tida no 2º segmento do Ensino Fundamental, do Ensino Médio, do
Ensino Normal e da Educação Profissional, em até duas disciplinas.

Art. 7º - O planejamento e os procedimentos da progressão parcial


deverão constar do Projeto Pedagógico da Unidade Escolar.

Art. 8º - Em caso de reprovação o professor da respectiva discipli-


na apresentará relatório sobre o desempenho do aluno, especifi-
cando os conhecimentos que não foram construídos, com vistas à
elaboração de um plano de estudos.

§ 1º - O plano de estudos deverá ser elaborado pelo professor,


considerando os conhecimentos que não foram construídos pelo
aluno, sendo composto por atividades diversificadas, tais como
pesquisas, trabalhos, exercícios, etc.

§ 2º - O professor poderá prever no plano de estudos encon-


tros para orientação dos alunos.

§ 3º - O aluno deverá entregar as atividades propostas no pla-


no de estudos no primeiro bimestre do período letivo, quando
será avaliado pelo professor.

AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM 23
GOVERNO DO E S TA D O D O RIO DE JANEIRO

§ 4º- Será realizado um Conselho de Classe específico para o


aluno em dependência. Caso o aluno não obtenha sucesso, nos
bimestres sucessivos serão propostas outras atividades/avalia-
ções.

§ 5º - As atividades propostas no plano de estudos, as normas,


os critérios de avaliação para a promoção na dependência esta-
rão explicitadas em Termo de Compromisso a ser assinado
pelo aluno, quando maior de idade, ou pelo seu responsável,
quando menor.

Art. 9º - O aluno poderá acumular apenas duas dependências:


I – em disciplinas diferentes na mesma série;
II – em disciplinas diferentes em séries distintas;
III – na mesma disciplina em séries diferentes.

Parágrafo Único – O aluno só poderá cursar nova (s) depen-


dência (s) quando for aprovado na (s) anterior (es).

DA RECLASSIFICAÇÃO

Art. 10 – O processo de reclassificação deverá constar, obrigatori-


amente, do Projeto Pedagógico da Unidade Escolar de maneira a
posicionar o aluno adequadamente, considerando-o em suas di-
mensões: cognitiva, afetiva e nas relações sociais.

Art. 11 – O processo de reclassificação no Ensino Fundamental e


no Ensino Médio abrange:
a) o aluno que concluíram com êxito a aceleração de estudos;
b) o aluno transferido de outro estabelecimento de ensino que
demonstrar desenvolvimento de competências e habilidades ex-
cepcionalmente superior ao que está previsto na proposta
curricular elaborada pela escola;
c) o aluno da própria escola que demonstrar ter atingido nível
de desenvolvimento e aprendizagem superior ao mínimo pre-
visto para aprovação na série/fase cursada e tiver sido repro-
vado por insuficiência de freqüência;

24 AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM
S E C R E TA R I A D E E S TA D O D E E D U C A Ç Ã O

Art. 12 – No processo de reclassificação, deverá ser feita uma


avaliação do aluno em todos os componentes curriculares da Base
Nacional Comum.

Art. 13 – O resultado da reclassificação deve ser registrado em ata


e constar, obrigatoriamente, da Ficha Individual do aluno e em
seu Histórico Escolar, na parte referente à observação.

DA PARTE DIVERSIFICADA DO CURRÍCULO

Art. 14 - A Parte Diversificada constitui componente obrigatório


do currículo escolar, de forma a permitir a articulação, o enrique-
cimento e a ampliação da Base Nacional Comum.

Parágrafo Único – O planejamento da Parte Diversificada consta-


rá do Projeto Político Pedagógico, oportunizando o exercício da
autonomia e retratando a identidade da Unidade Escolar.

Art. 15 - A língua estrangeira moderna, componente curricular


obrigatório, deverá ser oferecida a partir da 5ª série cuja escolha
ficará a cargo da comunidade escolar, de acordo com os recursos
humanos existentes na instituição.

Art. 16 - O Ensino Religioso, de matrícula facultativa, é parte


integrante do currículo escolar, sendo obrigatória a sua oferta pela
unidade escolar.

Parágrafo Único – A avaliação no Ensino Religioso não im-


plicará em retenção do aluno no ciclo/série/fase.

Art.17 – A Atividade Complementar do currículo deve ser defini-


da em conjunto pela unidade escolar, podendo ser oferecida atra-
vés de disciplinas e de projetos que, integrados ao currículo, abor-
dem temas relevantes para a comunidade escolar.

§ 1º - No caso da Atividade Complementar ser desenvolvida


através de disciplinas, serão obedecidas as mesmas regras

AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM 25
GOVERNO DO E S TA D O D O RIO DE JANEIRO

adotadas para os componentes curriculares da Base Nacional


Comum, inclusive no que se refere à avaliação e à apuração
da freqüência dos alunos.

§ 2º - Caso a Atividade Complementar seja implementada atra-


vés de projetos, é imprescindível:

I - apresentar em seu planejamento um cronograma,


explicitando todas as suas etapas, bem como as estratégias
de avaliação, valorizando a participação do aluno, não
implicando em retenção na série/fase.
II – prever a duração mínima de um bimestre, evitando-
se a fragmentação e a pulverização das ações;
III - considerar a carga horária referente à participação do
aluno nas atividades do projeto, quando da apuração total
de sua freqüência;

§3º - O registro do desempenho e da freqüência do aluno nas


disciplinas elencadas para a Parte Diversificada deverão fazer
parte do Histórico Escolar.

§ 4º - O registro da freqüência e o relatório sintético sobre a


participação dos alunos nos projetos deverão fazer parte do
histórico escolar.

Art. 18 - Esta Portaria entrará em vigor no ano letivo de 2005,


revogadas as disposições em contrário, especialmente as Portarias
E/SUEN nº 06 de 21 de setembro de 1999 e a Portaria E/SUEN nº
08 de 31 de agosto de 2001.

Rio de Janeiro, 02 de dezembro de 2004

ALBA RODRIGUES CRUZ


SUBSECRETÁRIA ADJUNTA DE PLANEJAMENTO PEDAGÓGICO

26 AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM
S E C R E TA R I A D E E S TA D O D E E D U C A Ç Ã O

VI – ANEXO 2

ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DE RELATÓRIO

O roteiro que se segue apresenta alguns aspectos do processo


educativo escolar como sugestões que os professores devem anali-
sar, refletir e modificar de acordo com o projeto pedagógico da
escola, com a realidade da turma e de cada aluno.

I – FORMAÇÃO PESSOAL E SOCIAL

Para preencher este item do Relatório o professor deverá observar


e acompanhar o desenvolvimento do aluno em aspectos, como:
ƒ Adaptação às rotinas escolares
ƒ Grau de autonomia na realização das atividades
ƒ Participação nas atividades propostas
ƒ Iniciativa para resolver situações do cotidiano
ƒ Respeito às regras de convivência da turma e da escola
ƒ Cooperação, respeito e solidariedade
ƒ Contribuição para o crescimento do grupo (idéias, opini-
ões, sugestões...)
ƒ Criatividade na proposição e resolução de problemas, de-
safios e atividades
ƒ Curiosidade em relação a novos conhecimentos e apren-
dizagens

II – ÁREAS DE CONHECIMENTO

Neste item o professor deve relatar de modo claro e sucinto as


conquistas e as dificuldades que o aluno está apresentando, em
relação aos conteúdos, conceitos, competências e habilidades tra-
balhadas. É preciso destacar os aspectos mais relevantes do currí-
culo, ou seja, os conhecimentos que o aluno deve ter construído e
que permitirão o seu avanço em etapa posterior da escolarização.
Alguns exemplos:
ƒ Uso da oralidade para comunicar e expressar pensamentos,
sentimentos e situações (presentes, passados e futuros)

AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM 27
GOVERNO DO E S TA D O D O RIO DE JANEIRO

ƒ Utilização de diálogo para a solução de conflitos


ƒ Capacidade de argumentação
ƒ Compreensão da função social dos diferentes tipos de
textos
ƒ Reconhecimento de diferentes símbolos convencionados
socialmente
ƒ Compreensão da base alfabética da nossa escrita
ƒ Produção de textos escritos, de acordo com o nível de
desenvolvimento
ƒ Utilização de regras ortográficas e gramaticais, de acor-
do com a etapa/ano de escolaridade
ƒ Reconhecimento/utilização de diferentes linguagens para
expressar-se
ƒ Leitura e interpretação de diferentes textos, de acordo
com a etapa/ano de escolaridade.
ƒ Construção do conceito e representação do número (clas-
sificação, inclusão, ordenação, seriação...)
ƒ Construção de conceitos geométricos (figuras sólidas e
planas, linhas, localização espacial)
ƒ Utilização de diferentes unidades de medida
ƒ Compreensão de diferentes conceitos das operações fun-
damentais (juntar, acrescentar, retirar, comparar, com-
pletar, repartir, multiplicar)
ƒ Utilização de conceitos matemáticos para resolução de
problemas
ƒ Utilização de algoritmos (soma, subtração, multiplicação
e divisão), de acordo com a etapa/ano de escolaridade
ƒ Reconhecimento, domínio e utilização do próprio corpo
em situações variadas
ƒ Identificação das diferentes partes e órgãos do corpo huma-
no
ƒ Identificação das características dos seres vivos e não vi-
vos
ƒ Identificação de elementos da natureza, suas transfor-
mações e suas relações com os seres humanos
ƒ Identificação de semelhanças e diferenças entre os tipos
de solo

28 AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM
S E C R E TA R I A D E E S TA D O D E E D U C A Ç Ã O

ƒ Reconhecimento das diferentes fontes de energia utiliza-


das pelo homem
ƒ Reconhecimento da dependência (cadeia alimentar) entre
os seres vivos
ƒ Identificação dos fenômenos da natureza e estabelecimento
das relações de causa e efeito entre eles
ƒ Reconhecimento da ação do homem sobre o meio-ambi-
ente (preservação / transformações)
ƒ Identificação do próprio grupo de convívio
ƒ Localização de acontecimentos no tempo histórico-cultural
ƒ Comparação de acontecimentos no tempo
ƒ Caracterização dos modos de vida dos grupos formadores
da sociedade brasileira
ƒ Identificação de diferenças e semelhanças entre diferentes
comunidades (sociais, econômicas, culturais)
ƒ Apreensão do conceito de migração no passado e no presente
ƒ Identificação de diferentes tipos de organização social e
política brasileira
ƒ Caracterização do espaço urbano e rural
ƒ Reconhecimento da paisagem local, comparando-a com
as outras paisagens
ƒ Utilização da linguagem cartográfica
ƒ Representação do espaço (noções de fronteira, vizinhança)
ƒ Reconhecimento do papel das tecnologias, dos meios de
comunicação e de transporte na vida dos seres humanos

III – CONCLUSÕES / RECOMENDAÇÕES

Neste item, o professor sintetiza as observações realizadas,


sempre com o compromisso de apontar algo para o futuro e não
apenas de fazer uma constatação.
É aqui que ficarão registrados, após cada ano do Ciclo, os
aspectos que necessitam maior aprofundamento no ano seguinte e,
ao final de cada Ciclo, a promoção do aluno para o Ciclo seguinte
ou para a 5ª série ou, ainda, sua retenção.

AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM 29
GOVERNO DO E S TA D O D O RIO DE JANEIRO

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO

ANO DE ___________

COORDENADORIA REGIONAL:
UNIDADE ESCOLAR:
PROFESSOR REGENTE:
ALUNO (A):

1º ANO 1º CICLO DO ENSINO FUNDAMENTAL


1º ANO 2º ANO
2º CICLO DO ENSINO FUNDAMENTAL
2 º
ANO
3º ANO

I – FORMAÇÃO PESSOAL E SOCIAL:

II – ÁREAS DE CONHECIMENTO:

III – CONCLUSÕES / RECOMENDAÇÕES:

, de de 200

Assinatura do Professor Regente

30 AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM
S E C R E TA R I A D E E S TA D O D E E D U C A Ç Ã O

VII – ANEXO 3

§ 5º - As atividades propostas no plano de estudos, as nor-


mas, os critérios de avaliação para a promoção na depen-
dência estarão explicitadas em Termo de Compromisso a
ser assinado pelo aluno e pelo seu responsável (quando o
aluno menor de idade).

AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM 31
GOVERNO DO E S TA D O D O RIO DE JANEIRO

TERMO DE COMPROMISSO

Eu,________________________________________
_______________________________ (nome completo),
tomei ciência de ter ficado em dependência na(s)
disciplina(s) __________________________________
____________________________________________
____________________________________________

Data: _________ de _______________ de 200__

___________________________________________
(Assinatura do aluno)

___________________________________________
(Assinatura do responsável)

32 AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM

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