Você está na página 1de 40

Supervisão e orientação escolar |

Implicações do trabalho do supervisor e orientador educacional

DISCIPLINA
SUPERVISÃO E ORIENTAÇÃO
ESCOLAR

www.cenes.com.br | 1
Supervisão e orientação escolar |

Implicações do trabalho do supervisor e orientador educacional

Sumário
Sumário ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 2
1 Implicações do trabalho do supervisor e orientador educacional --------------------- 3
1.1 Resolução n° 7.150 de 16 de junho de 1993 --------------------------------------------------------------- 9

2 As implicações históricas na prática pedagógica no cotidiano escolar -------------- 11


2.1 Supervisor Escolar ---------------------------------------------------------------------------------------------- 11
2.2 Orientador Educacional --------------------------------------------------------------------------------------- 15
2.3 A supervisão e orientação educacional: profissionais do trabalho coletivo na escola------- 20

3 Supervisão escolar e orientação educacional: uma prática integradora por uma


escola mais democrática e eficaz -------------------------------------------------------------------------- 23
3.1 A supervisão escolar e a orientação educacional articuladores das ações pedagógicas ---- 25

4 O projeto político pedagógico uma construção coletiva -------------------------------- 28


5 Uma síntese da ação do supervisor escolar e do orientador educacional ---------- 33
5.1 Atribuições do supervisor escolar -------------------------------------------------------------------------- 33
5.2 Atribuições do Orientador educacional------------------------------------------------------------------- 35

6 Referências ------------------------------------------------------------------------------------------- 36

Este documento possui recursos de interatividade através da navegação por marcadores.

Acesse a barra de marcadores do seu leitor de PDF e navegue de maneira RÁPIDA e


DESCOMPLICADA pelo conteúdo.

www.cenes.com.br | 2
Supervisão e orientação escolar |

Implicações do trabalho do supervisor e orientador educacional

1 Implicações do trabalho do supervisor e orientador


educacional
O supervisor escolar e o orientador educacional dentre suas várias atribuições
possuem um dos mais fundamentais papéis, o de ser mediador de todo o processo
pedagógico, articulando as diferentes relações inerentes do cotidiano escolar,
organizando o produto da reflexão dos segmentos, do planejamento e da avaliação
da prática.

O pedagogo na sua afirmação e formação de identidade presenciou momentos


diversos e decisivos: críticas, crises de identidade, funções e valorização do seu
trabalho apesar de todos os problemas vivenciados.

Mas afinal, o que é Pedagogia e quem é esse profissional conhecido como


Pedagogo?

Segundo Libâneo (2008), a pedagogia é o universo, é a área que se preocupa em


explicar e orientar as indagações e informações referentes às práticas e ações
educacionais e por consequência sócio-humana.

A pedagogia é a ação de questionar a realidade e de explicar situações inerentes


ao cotidiano plural em que se vive, interage e conhece.

O pedagogo é formado para agir sobre as ações da realidade e do contexto


dinâmico humano, envolvendo-se em vários e distintos lócus, refletindo sobre o
mundo em suas variadas dimensões e executando sua pedagogia, ou seja, sua prática
pedagógica e reflexiva sobre a realidade.

A estruturação do curso de pedagogia e a formação do pedagogo, conforme


Dalben (2005) surge em meio de um contexto de debates e reflexão sobre a educação
e seus déficits de qualidade.

A construção da identidade do pedagogo inicia-se no ano de 1937, amparado


pela Lei nº 456, que originou faculdades para que atendesse a formação desse
educador. A criação dessas faculdades articulava-se com as áreas da Filosofia, Ciências
e Letras.

Em 1930 o ensino no Brasil por importantes iniciativas no campo educacional,


dentre elas o trabalho desenvolvido pelos institutos de educação, tendo como base
as experiências escolanovistas. Em 1939, o governo federal promulgou o decreto-lei
n. 1.190/39, criando o curso de pedagogia ao organizar a Faculdade Nacional de
Filosofia - FNFI.

www.cenes.com.br | 3
Supervisão e orientação escolar |

Implicações do trabalho do supervisor e orientador educacional

O papel dos institutos de educação para justificar que a pedagogia já fazia parte
do contexto universitário antes mesmo de constituir um curso. Ao ser criado, o curso
visava à formação de bacharéis em pedagogia para ocuparem os cargos técnicos em
educação, fato que representou, conforme sua opinião, uma distorção da própria
concepção da FFCL, uma vez que sua função seria a de formar um núcleo de pesquisas
não profissionais, voltado especificamente para a formação cultural e específica, por
meio dos estudos históricos, filosóficos e sociológicos, principalmente.

Quando licenciado, o pedagogo poderia lecionar nas escolas normais,


instituições responsáveis pela formação de professores primários. Dessa forma, os
cursos de Pedagogia passaram a ser objeto de disputa - para a formação do professor
primário - e de crítica - devido à sua natureza e função.

Nessa fase, Dalben (2005) comenta que apesar do pedagogo atuar em áreas
técnicas (como em órgãos do governo - educação) e no magistério das escolas
normais, o papel do pedagogo na educação continuava indefinido, principalmente
por sua formação generalista e pela falta de possuir uma matriz de curso própria.

Essa situação permaneceu por um extenso tempo, modificada com a criação da


Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) número 4024/1961.

Com a criação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de número


4024/1961, o curso de pedagogia ganha mais autenticidade, na qual os formados em
bacharelados e licenciaturas são amparados por lei definidas.

Como argumenta Libâneo (2008) à lei de diretrizes e bases 4024/1961 define o


aparato legal para o exercício da dualidade do pedagogo. Conforme Dalben (2005) o
bacharel em pedagogia será reconhecido como técnico em educação, embora com
funções pouco definidas tanto na escola, como nas secretarias de educação ou em
outros espaços e licenciado como docente para atuar no Curso Normal.

A partir de 1962, com a aprovação do parecer CFE 251/62, estabelecendo novo


currículo mínimo e nova duração para o curso. Apesar da reformulação, o curso de
pedagogia manteve a dualidade bacharelado versus licenciatura.

Contudo, de acordo com Libâneo (2008), a dualidade é eliminada, com o parecer


252/69 e a definição do pedagogo em bacharelado e licenciatura é associada e a
dualidade suprimida. Entretanto, as suas variadas dimensões são somadas e
articuladas; e assim, o profissional da pedagogia é atribuído o título de licenciatura.

www.cenes.com.br | 4
Supervisão e orientação escolar |

Implicações do trabalho do supervisor e orientador educacional

No Regime Militar, o Brasil vivencia uma etapa de repreensão de pensamentos,


concepções e defesas. A arbitrariedade e repreensão tornam-se instrumentos de
modelação na educação. A educação como instrumento de formação humana é
influenciada e padronizada pelas concepções autoritárias.

Em 1969, com a aprovação do parecer CFE 252/69, que veio acompanhado da


resolução CFE n. 2/1969, novamente instituindo um currículo mínimo e outra duração
para o curso.

De acordo com Dalben (2005) neste período, a formação do profissional da


pedagogia também enfrenta transformações na construção de sua identidade. Com o
interesse do governo em desenvolver economicamente o país, e expandir a oferta de
ensino (escolaridade) cria-se a fragmentação/distinção do profissional em pedagogia.

Surgem assim, os supervisores pedagógicos, os orientadores educacionais, os


administradores de escolas e os inspetores de ensino. O objetivo dessa divisão era
fazer cumprir os ideais autoritários e a fiscalização das escolas. E seus profissionais,
popularmente falando, o pedagogo assume papel de espião da ditadura no ambiente
escolar.

A partir de então, o curso de Pedagogia foi fracionado em habilitações técnicas,


formando especialistas voltados aos trabalhos de planejamento, supervisão,
administração e orientação educacional.

Tais habilitações passaram a definir o perfil profissional do pedagogo. A Didática


tornou-se disciplina obrigatória, sendo, antes, um curso realizado à parte para obter
a licença para o magistério.

Conforme Dalben (2005), a formação do profissional em pedagogia se caracteriza


como criação deste período de arbitrariedade e repreensão. Com o desenvolvimento
industrial a pedagogia e seu profissional vivenciam um momento de divisão, relevante
ao seu trabalho e dos demais profissionais.

Nesse período, cria-se o pensamento autoritário descrito por Dalben (2005) uns
pensam e outros executam, ou seja, o pedagogo formula, planeja e os docentes e
demais profissionais educacionais cumprem, reproduzem fielmente o determinado.

A Reforma Universitária de 1968 (lei n. 5.540/68) trouxe mudança significativa


para o curso de Pedagogia, que deixou de fazer parte da Faculdade de Filosofia para
integrar a Faculdade de Educação. Mas a fragmentação do trabalho pedagógico gerou
inúmeras críticas desde os anos de 1970.

www.cenes.com.br | 5
Supervisão e orientação escolar |

Implicações do trabalho do supervisor e orientador educacional

A partir dos anos 80 é desencadeado um movimento de reformulação dos cursos


de Pedagogia com o amparo da Associação Nacional pela Formação dos Profissionais
da Educação - ANFOPE. Essa obteve o aval do Conselho Federal de Educação - CFE -,
que passou a aceitar propostas alternativas ao disposto no terceiro marco legal. Com
isso, muitas instituições, progressivamente, foram incorporando novas habilitações ao
Curso de Pedagogia, voltadas essencialmente para a docência.

Dalben (2005) ressalta que as críticas se baseavam na má-formação do


pedagogo, que possuía uma liderança autoritária, ação individualista, divisão do seu
trabalho nas escolas, formação generalista e não possuía compreensão de
conhecimentos específicos. Todos esses fatores da ação do pedagogo colaboraram
com que a identidade do pedagogo adquirisse um contorno perverso na constituição
de 1988, quando o pedagogo equivocadamente, é retirado do quadro do magistério,
apontado como um técnico fora do contexto específico da legislação que orientava a
carreira profissional desse quadro.

Nos anos 90, o curso de pedagogia e o profissional pedagogo presenciam


momentos de reflexões e a partir daí o curso de pedagogia sofre reformulações,
estimulada e influenciada pela nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(LDBEN) 9394/1996.

A Resolução CNE n. 1, de 10/4/2006, que fixou diretrizes curriculares, inicia uma


nova fase para o curso de pedagogia no que diz respeito à formação dos profissionais
da educação.

Nessa perspectiva, o pedagogo passa a assumir o perfil de um profissional


capacitado para atuar no ensino, na organização e na gestão do trabalho pedagógico
em diferentes contextos educacionais.

Há uma tradição na história da formação de professores no Brasil, segundo a qual


o pedagogo é alguém que ensina algo e o curso de pedagogia seria um curso de
formação de professores para as séries iniciais.

Essa ideia permanece viva na experiência de muitos que não entenderam, ou não
tiveram a oportunidade de perceber que a Pedagogia se ocupa com todo o processo
educativo e ao mesmo tempo é uma diretriz orientadora da ação educativa.

Dentro dessa visão o Pedagogo é um profissional que atua em várias instâncias


da prática educativa, direta ou indiretamente ligadas à organização de saberes e ações
pedagógicas.

www.cenes.com.br | 6
Supervisão e orientação escolar |

Implicações do trabalho do supervisor e orientador educacional

Partindo disso Vasconcelos (2007), salienta como administrar a identidade do


Pedagogo com este complexo campo de trabalho que é a Educação? Afinal de contas,
qual o papel do Pedagogo? Diversas são as reclamações que emergem do cotidiano
dos coordenadores: sentem-se sozinhos, lutando em muitas frentes, tendo que
desempenhar várias funções. Qual seria sua efetiva identidade profissional?

Segundo Vasconcelos (2007), a sensação que se têm, com frequência é de que o


pedagogo é um bombeiro, que tenta apagar os diferentes focos de incêndio na escola,
e que no final do dia vem o amargo sabor de que não se fez nada de muito relevante.
Além de o pedagogo ter a sensação de sentir distanciamento em relação aos
professores.

O distanciamento entre a formação e a prática dos pedagogos acarreta uma não


mediação adequada entre as diferentes linguagens produzidas no âmbito e atuação
do Pedagogo.

Dessa forma, faz-se necessário a busca por sua identidade, para que se possa dar
um novo significado em sua prática, tentando superar as dificuldades encontradas,
que muitas vezes são decorrentes de limitações próprias, dificuldades em traduzir em
suas práticas a riqueza de seus conhecimentos.

Portanto, há uma necessidade de analisar as causas de tais atitudes, localizando-


se no movimento da história, a fim de entender o processo de como o profissional
pedagogo chegou ao descrédito da prática pedagógica.

Faz-se necessário reconhecer que as propostas de mudança, muitas vezes, foram


implantadas de cima para baixo, sob o amparo do tecnicismo, em um contexto de
desqualificação da formação e desvalorização profissional.

A nossa sociedade contemporânea, mais conhecida como a sociedade do


conhecimento, passa por mudanças cada vez mais rápidas. A profissão de pedagogo,
bem como da própria pedagogia vem assumindo um caráter multidimensional como
campo de conhecimento, e por isso a extensão do seu alcance nas diversas esferas da
prática social. Cada vez mais o trabalho do pedagogo é exigido para além do ambiente
escolar, espaço esse considerado como da educação formal. São diversos os espaços
considerados não escolares de atuação do pedagogo, como: Organizações não
Governamentais (ONGS), sindicatos, associações, justamente onde houver uma prática
educativa vai haver uma ação pedagógica, e necessariamente a ação do pedagogo.

A pedagogia considerada como arte, ciência e profissão de ensinar, cujo objetivo


maior é a reflexão, ordenação, a sistematização e a crítica do processo educativo, tem

www.cenes.com.br | 7
Supervisão e orientação escolar |

Implicações do trabalho do supervisor e orientador educacional

sua formação regulamentada nos termos das diretrizes curriculares nacionais,


resolução CNE/CP n° 1, de 15 de maio de 2006, e fundamentada no art. 64 da lei n°
9.394 de 20 de dezembro de 1996.

Além de formar professores, a pedagogia prepara profissionais capazes de


compreender e colaborar para uma educação de melhor qualidade na realidade
brasileira, comprometidos com a transformação social. A lei nº 9.394 de 20 de
dezembro de 1996, mais conhecida como LDB, lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, determina que a formação do profissional da educação, o pedagogo seja
um profissional preparado para atuar a favor do pleno desenvolvimento do ser
humano.

O desenvolvimento humano, dentro dessa perspectiva, não pode ser


considerado como transmissão de conhecimento, nem tão pouco desenvolvimento
natural e espontâneo, mas como um processo mediado de atualização cultural do
sujeito em que o processo de transformação é tanto do sujeito quanto de seu meio
considerando diferentes culturas e formas de aprender.

Nesse sentido, o pedagogo deve se preocupar com a sua formação de forma


integral, tanto intelectual quanto emocional e, por isso seu campo de atuação só se
amplia, uma vez que estamos em uma sociedade que se transforma muito
rapidamente, cada vez mais globalizada e tomada por um número enorme de
informações.

Sobre essa maneira de entender a relação ensino-aprendizagem, nos ensina


Morin (2002) ressalta que o pedagogo se tornou um agente macro na sociedade,
ocupando um papel de liderança e inovação; suas práticas exercidas, tanto
relacionadas ao pedagógico quanto a dimensão humana tornou-se necessária em
todos os setores da sociedade.

Assim, na atualidade, deve direcionar seu olhar para o preparo de uma nova
classe de crianças, jovens e adultos que possam garantir uma vida digna, utilizando
das tecnologias e quando possível humanizando-as.

Definitivamente, é urgente acreditar que por meio da educação atingimos o


propósito de emancipação do Homem. Refletir sobre a pedagogia é caminhar com
entusiasmo e senso crítico, rumo a uma ideia de reforma nas escolas e nas instituições
de ensino superior, para efetivamente, nos libertarmos de um passado míope aos
avanços do futuro e sua emancipação.

www.cenes.com.br | 8
Supervisão e orientação escolar |

Implicações do trabalho do supervisor e orientador educacional

1.1 Resolução n° 7.150 de 16 de junho de 1993


De acordo com a Resolução n° 7.150 de 16 de junho de 1993, há agora as
atribuições dos Especialistas de Educação que são os supervisores escolares e os
orientadores educacionais, entre as atribuições estão; a coordenação da elaboração
do plano de intervenção pedagógica, acompanhamento à execução das suas ações,
analisar e atualizar o Projeto Político Pedagógico e o Regimento, buscar parceiros
entre outras atribuições.

Logo, como salienta o SEE/MG (Secretaria Estadual de Educação de Minas Gerais)


na Resolução nº 7150 (1993) o profissional em pedagogia tem importantíssima
competência democrática, pois o mesmo articula e interage com professores, pais e
comunidade.

Segundo a Resolução referida, o redimensionamento das atribuições do


pedagogo também se transformou na questão ao planejamento e cumprimento do
projeto pedagógico das instituições escolares.

O planejamento consiste em um dos mais importantes elementos do processo


pedagógico, devendo ser utilizado como ponto de partida para se conhecer melhor e
refletir sobre a realidade em que se pretende atuar.

O planejamento pode ser realizado em diferentes etapas, como; primeiro


selecionar os meios para intervir, tendo em vista a mudança pretendida, depois
realizar uma reflexão acerca dos resultados obtidos, por fim construir uma nova
proposição de metas, de acordo com a realidade vivenciada. O que significa dar
prioridade ao planejamento como um processo dialético (ação-reflexão-ação),
deixando de lado os registros meramente formais, estáticos, distantes da realidade.

Ao analisar as modificações que historicamente foram delineando a educação,


pode-se observar o ato de planejar como tendências burocratizantes, que dão uma
ênfase maior ao produto final em que, muitas vezes, o planejamento é feito fora do
contexto vivenciado, não observando a carência, as dificuldades de sua clientela, ou
seja, os objetivos são definidos conforme a visão do professor do que o aluno seria
capaz de atingir.

Nessa perspectiva, a tarefa de planejar é bem mais complexa, pois não se trata
de ter condições de planejamento, mas de se resgatar o significado e dar a
importância devida a este elemento indispensável para o sucesso do Projeto Político-
Pedagógico.

www.cenes.com.br | 9
Supervisão e orientação escolar |

Implicações do trabalho do supervisor e orientador educacional

Ao se planejar é necessário o conhecimento da realidade do contexto escolar,


analisando e selecionando conteúdos que contribuirão para um ótimo
desenvolvimento do ensino-aprendizagem. Utilizando uma metodologia diversificada
e adequada às necessidades do educando, os professores constatarão se houve ou
não crescimento na aprendizagem, refletindo assim, em novas estratégias na prática
pedagógica.

Nessa perspectiva, o pedagogo tornou-se um agente mediador-orientador, pois


compete contribuir para formulação do Plano de Desenvolvimento da Escola; com
organização do calendário escolar; articular coletivamente com os docentes, a
formulação e desenvolvimento do Projeto Político-Pedagógico (PPP) da escola
respeitando as suas características, diversidades e realidade inerente.

Sobre o Projeto Político-Pedagógico, Rangel (2000) relata a importância de


utilizá-lo como norte principal para a produção das práticas educacionais de
qualidade.

Em relação ao Currículo, o pedagogo segundo a Resolução nº 7150 (1993), tem


a incumbência de adaptá-lo a partir das necessidades, anseios e recursos disponíveis
ao contexto inserido.

O pedagogo com as transformações ocorridas na contemporaneidade fez-se


necessário, que atuasse como descreve a Resolução nº 7150 (1993) como orientador
das práticas de atualização qualificativas dos profissionais da escola, promovendo
assim, o levantamento de prioridades de práticas de qualificação dos profissionais,
Como orientador dos alunos e instigador da participação da família no processo
educacional.

Assim de acordo Resolução nº 7150 de 1993, a cabe ao pedagogo:

a) Identificar, junto com os professores as dificuldades de


aprendizagem dos alunos;
b) Orientar os professores sobre estratégias mediante as dificuldades
as quais as dificuldades identificadas possam ser trabalhadas, em nível
pedagógico;
e) Envolver a família no planejamento e desenvolvimento das ações da
escola;

www.cenes.com.br | 10
Supervisão e orientação escolar |

As implicações históricas na prática pedagógica no cotidiano escolar

i) Oferecer apoio às instituições escolares discentes, estimulando a


vivência da prática democrática dentro da escola. (Resolução nº 7150
de 1993).

Em suma, o pedagogo tem as seguintes atribuições em relação à educação


formal:
1. Coordenar o planejamento e a implementação do Projeto
Pedagógico da escola, tendo em vista as diretrizes definidas no Plano
de Desenvolvimento da Escola.
2. Coordenar o programa de capacitação do pessoal da escola.
3. Realizar a orientação dos alunos, articulando o envolvimento da
família no processo educativo. (Resolução nº 7150 de 1993).

Afirma Libâneo (2008) a área de competência do pedagogo é grandiosa e


extensa, isso porque, existe uma pluralidade nas ações educativas presentes na
sociedade, pois o ato pedagógico torna-se inerente a todas as práticas que se realiza
no cotidiano.

Assim, Libâneo (2008, p. 54) completa: “A identidade profissional do pedagogo


se reconhece, portanto, na identidade do campo de investigação e na sua atuação
dentro da variedade de atividades voltadas para o educacional e para o educativo”.

Associada a essa nova identidade profissional, Dalben (2005) destaca os avanços


tecnológicos e científicos, que contribuem ativamente para promoção de novas áreas
de competências, exigindo desses profissionais novos perfis, habilidades e dimensões.

2 As implicações históricas na prática pedagógica no cotidiano


escolar

2.1 Supervisor Escolar


A educação brasileira é compreendida a partir de determinantes históricos e
apresenta-se em constantes mudanças de acordo com os interesses políticos e sociais
de cada época, prevalecendo por muitas vezes os interesses dominantes.

www.cenes.com.br | 11
Supervisão e orientação escolar |

As implicações históricas na prática pedagógica no cotidiano escolar

Os papéis do supervisor e do orientador educacional evoluíram de acordo com


as necessidades exigidas de cada época e conforme a imposição das ideologias
educacionais existentes em cada cenário educacional e de acordo com as
manifestações políticas, sociais e econômicas de cada período histórico.

A ação supervisora, parte integrante do processo educacional tem sua origem,


nos primórdios das comunidades primitivas, em que a educação se dava de forma
difusa e diferenciada.

No Brasil, a ideia de supervisão aparece a partir de 1549, no plano de ensino


formulado pelo Padre Manuel da Nóbrega. Foi destacada, principalmente após sua
morte, com adoção do Ratio Studiorum, em 1570.

Sua função inicial se deu de forma fiscalizadora e controladora para coibir ações
que contrariassem a prática pedagógica existente, não deixando espaço para relações
de diálogo e parcerias pedagógicas com os educadores.

Esta função perpetuou-se por longa data, passando pelas ideias da pedagogia
tradicional, da escola nova, e assumiu a função fiscalizadora na pedagogia tecnicista,
controlando resultados por meio de técnicas específicas para esse fim. É importante
ressaltar que o ideário que orientou a formação do supervisor, especificamente,
fundamentou-se na pedagogia tecnicista, que tinha como objetivo político a
capacitação e o treinamento dos Supervisores e demais profissionais da educação,
para atender as demandas do setor produtivo capitalista, seguindo o modelo
Taylorista implantado nas fábricas.

No atual contexto, no qual a educação se define, o profissional supervisor escolar


tem dentre suas atribuições à incumbência de atuar como articulador da formação
continuada de professores, visando oferecer suportes para as exigências do atual
sistema educacional.

A mudança necessária e desejada exige do supervisor um novo papel político,


visando à integração do seu trabalho com a proposta educacional de cada instituição.

Segundo Alves (1988), pode-se dizer que o supervisor tem como objetivo
orientar, assistir e acompanhar os professores em sua prática pedagógica. Para
reforçar este objetivo, destaca-se que nenhum educador cresce se não refletir sobre
o seu desempenho enquanto profissional e se não refletir sobre a ação que foi
desenvolvida pelo mesmo.

www.cenes.com.br | 12
Supervisão e orientação escolar |

As implicações históricas na prática pedagógica no cotidiano escolar

Em seu início a Supervisão Escolar foi praticada no Brasil em condições que


produziam o ofuscamento e não a elaboração da vontade do supervisor. E esse era,
exatamente, o objetivo pretendido com a supervisão que se introduzia. Para uma
sociedade controlada, uma educação controlada; um supervisor controlador e
também controlado.

Em contraponto a essa afirmação, hoje o profissional de Supervisão escolar é de


grande importância como àquele que apoia e articula as práticas pedagógicas,
principalmente a que se refere ao Projeto Político Pedagógico da escola. É o
profissional que deve conhecer a realidade da escola e agregar, por meio das ações a
valorização das práticas cotidianas dos educadores.

Assim, a supervisão é narrada como um trabalho que evoluiu de uma ação


controladora para uma ação conjunta com os professores, evidenciando uma ruptura
na forma como o trabalho de supervisão era realizado de forma individualista, para
uma supervisão compartilhada.

Desde a criação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LBD) n.º


9394/96, algumas mudanças vêm ocorrendo no sentido de envolver os profissionais
da educação no compromisso de melhorar a educação por meio de ações de diálogo,
participação, flexibilidade na postura, formação continuada, articulação política na
implantação de novos currículos em consonância com a realidade institucional e com
os projetos políticos pedagógicos.

A formação continuada é um dos pilares para que a educação mude seu status
de quantidade para qualidade. Nessas exigências, formar continuamente significa
estar atento ao papel profissional que o educador tem que vai além das práticas em
sala de aula e se insere nas questões pertinentes à educação, o que abrange o
currículo, a proposta pedagógica e o projeto político pedagógico, com vista à
autonomia.

Para isso, verificou-se que se torna imprescindível à mudança funcional do


supervisor escolar, não cabendo mais a esta função um papel passivo e, sim uma
postura de interlocutor, gestor do conhecimento, que delega mais autonomia, melhor
comunicação, mais conhecimento do currículo, dos conteúdos, das necessidades
educacionais e da realidade escolar na qual está inserido.

Historicamente, o trabalho do supervisor esteve ligado ao controle, à inspeção


ou ao repasse de técnicas aos professores. Contudo, no contexto atual, o Supervisor
tem um papel político, pedagógico e de liderança no espaço escolar, devendo ser um

www.cenes.com.br | 13
Supervisão e orientação escolar |

As implicações históricas na prática pedagógica no cotidiano escolar

constante pesquisador e articulador de todas as esferas que envolvem o processo de


ensino-aprendizagem, de modo a assegurar a qualidade na educação.

Nesse sentido, uma supervisão escolar eficiente será àquela comprometida com
o trabalho institucional coletivo. Desse modo, em linhas gerais, um bom supervisor
deve apresentar em seu perfil, características como: organização, dinamismo e
comprometimento em seu trabalho; boas relações interpessoais; bom suporte
teórico-metodológico, para acompanhar eficazmente à prática pedagógica
institucional; disponibilidade para ouvir os anseios e angústias da sua equipe de
trabalho e do alunado de forma geral; conhecimento acerca da administração escolar,
entre outras.

Quanto ao seu papel político, ele é responsável em promover a leitura de


sociedade e de mundo. Dessa forma, sua prática deve contribuir para a atuação e
responsabilidade de toda a comunidade educativa, tanto em relação à construção de
conhecimentos, quanto na busca da transformação da realidade social.

No que diz respeito ao seu papel pedagógico, ele é encarregado de oferecer


assessoramento teórico-metodológico a professores e diante dos problemas
educacionais cotidianos, oportunizar momentos de reflexões, teórico-prática,
articulando e coordenando discussões relacionadas ao ensino-aprendizagem, filosofia
e política da escola, dentre outras.

No que se refere ao seu papel de liderança, ele é responsável por conduzir os


professores em seu caminhar pedagógico. Assim, deve apresentar inovação,
organização, ousadia, criatividade, saber técnico e compromisso, de forma a atender
as expectativas de sua equipe de trabalho.

Diante do exposto, vê-se que o papel do supervisor escolar é de fundamental


importância na instituição educativa, ao passo que oportuniza a formação, integração
e o fortalecimento de diferentes segmentos que fazem à escola, articulando seu
projeto educativo.

Nessa perspectiva, a escola é pensada como espaço social que se encarrega de


formar integralmente cidadãos agentes de transformação social, só poderá apresentar
uma boa qualidade na educação se houver uma harmoniosa articulação de objetivos
entre todos os segmentos que compõem a escola.

Assim, uma ação supervisora que busque a integração e tenha um olhar atento
e diferenciado diante da realidade institucional, será capaz de atender expectativas e
desafios educacionais.

www.cenes.com.br | 14
Supervisão e orientação escolar |

As implicações históricas na prática pedagógica no cotidiano escolar

O profissional pedagogo deve ter múltiplos olhares, ser capaz de perceber as


intenções implícitas do sistema escolar. Segundo Alonso (2006), a figura do supervisor
desponta como o elemento de intermediação associada a ideias de mudança,
entendida, algumas vezes, como mera aplicação de novas propostas curriculares
amplamente divulgadas pelos órgãos oficiais.

Compreender o contexto histórico no qual está inserido o supervisor e identificar


as reais necessidades apresentadas socialmente auxilia na compreensão do supervisor
como centro de mudança da prática pedagógica.

Só um profissional engajado com a causa alheia poderá atuar como mediador


não mais de subordinação e aceitação irrestrita à autoridade, mas de intérprete da
realidade escolar e de suas necessidades.

2.2 Orientador Educacional


A orientação educacional tem sua história de desenvolvimento atrelada à da
Psicologia, que data do século XVI e procurava por meio de psicotécnicas traçarem
aptidões correlacionadas a atividades específicas (GRINSPUN, 1992). Seu
desenvolvimento como função específica dentro do contexto escolar se dá no rastro
dos avanços da Psicologia; no entanto, é preciso considerar que a noção sempre se
fez presente na educação, tendo em vista que a educação em si se propõe à orientação
do ser.

Até a década de 1920, a orientação educacional no Brasil constituía-se de


atividades esparsas e isoladas, em que se fazia presente o cunho de aconselhamento,
ligado a uma moral religiosa. A partir da década de 1920, com o desenvolvimento
urbano-industrial, houve a necessidade de formação para essa nova realidade de
trabalho. O ensino profissional foi sendo implementado e, com ele, a orientação
educacional, que passou a adotar uma linha de aconselhamento vocacional.

O Brasil passava por um surto de industrialização e consequentemente


urbanização o que se fez necessária à mão de obra especializada, que não era
encontrada no atual momento, então surge às mudanças do tipo de educação escolar.

O ensino, que até então era ministrado nas nossas escolas tinha natureza
meramente acadêmica, portanto elitista, passou a um novo tipo de formação escolar,
que visava atender as novas necessidades da sociedade, ou seja, a formação
profissional.

www.cenes.com.br | 15
Supervisão e orientação escolar |

As implicações históricas na prática pedagógica no cotidiano escolar

Em 1942, a orientação educacional surge na legislação, permanecendo restrita ao


ensino médio, provavelmente como resquício da sua natureza profissionalizante. Em
1968 a orientação educacional teve promulgada a lei nº 5.567 de 21/12/1968 que
regulamentou a profissão do orientador educacional.

Assim o trabalho da orientação educacional entre as décadas de 20 e 70 não era


realizado de forma integrada, buscando compreender a realidade individual de cada
elemento inserido na escola, era desenvolvido apenas na linha de aconselhamento,
com base em teorias comportamentais.

Na década de 70 houve o auge da profissão com a criação e atuação de


Associações. Como marco da década pode-se destacar a Lei de diretrizes e Bases para
o ensino de 1º e 2º graus, de 1971 (LEI FEDERAL nº 5.692/71), porque ela tornou
obrigatória a existência da orientação educacional, não fazendo distinção entre
escolas de 1º e 2º graus.

A partir do final da década de 1970, houve a preocupação de ser repensada a


prática educativa desse profissional, buscando por meio de uma integração
interdisciplinar, alternativas mais eficazes para o desenvolvimento de suas atividades.

Milet (2001) salienta que para o trabalho da orientação educacional ser criativo
e eficaz é necessário que a direção seja criativa e eficiente, que ambas devem
apresentar comportamentos dialéticos, oportunizando discussão, questionamentos
entre os membros, a fim de que esses possam evidenciar os problemas da escola.

Esses comportamentos permitem que o grupo trabalhe as dificuldades e as


diferenças por meio do diálogo, buscando em comum o desenvolvimento do trabalho
educativo dos indivíduos presentes na escola. Esse trabalho desenvolvido deve se
basear em uma concepção democrática com intuito de formar uma sociedade mais
justa e esses educadores devem ser responsáveis pelo resultado dessa prática
educativa.

No início da década de 80, a orientação educacional continuava com prestígio e


as Faculdades continuavam formando profissionais, porém nessa mesma década
alguns fatos levaram a desvalorização do profissional de orientação educacional,
como: não cumprimento da lei federal nº 5.692/71, a não realização de concursos, a
falta de preparo do profissional, a insegurança ou a forma da atuação que deixava
muito a desejar, entre outras razões.

Devido há várias reflexões que ocorreram na trajetória da história da orientação


educacional sobre a prática do orientador, houve a promoção de vários congressos,

www.cenes.com.br | 16
Supervisão e orientação escolar |

As implicações históricas na prática pedagógica no cotidiano escolar

seminários, organizados pela classe dos Orientadores Educacionais, que se uniram e


conseguiram criar a Federação Nacional de Orientação Educacional (FENOE). A FENOE
que lutou pelos direitos dos Orientadores educacionais enquanto profissionais da
educação.

Com a redemocratização do país, a partir da década de 80 surgiram novas críticas


sobre a educação e sobre a prática do orientador educacional, ocorrendo assim uma
mudança do enfoque psicológico para o enfoque dos aspectos sociológicos. Dessa
forma, a prática do Orientador veio sendo gradativamente integrada ao processo
pedagógico, na medida em que o orientador passou a considerar que o aluno recebe
as influências dos aspectos políticos e sociais que o cercam e estes fatores influenciam
a ação do aluno na sociedade e no âmbito escolar. Sendo assim, a prática do
Orientador Educacional passou a compreender a sociedade na qual se insere o aluno
e buscou a interpretar a relação escola e sociedade.

Nessa perspectiva, as escolas necessitam hoje de um Orientador que situe a sua


prática a partir de uma visão construtivista e assim buscar uma maior aproximação
com o projeto pedagógico da escola, e a sua atuação deve ser junto aos professores,
aos alunos e as famílias.

Além de enfatizar a interação entre o sujeito e a realidade e discutir junto ao


aluno e professores os conflitos vivenciados no dia a dia, a partir do conhecimento da
realidade do aluno e dos conflitos interpessoais gerados pela indisciplina escolar, para
que todos os envolvidos busquem possíveis soluções.

Assim, os conflitos gerados no ambiente escolar devem ser utilizados como uma
fonte de aprendizagem pelo orientador educacional, na medida em que esses
conflitos possibilitem o diálogo e divergências para se chegar a uma ação conjunta e
comprometida de todos os envolvidos.

Em suma, a trajetória da orientação educacional em nosso país, caracterizou-se


pelos aspectos individualistas, com ênfase na abordagem psicológica e pode ser
apresentada conforme Grinspun (2003), em períodos que se dividem da seguinte
forma:

Período implantador – entre 1920 a 1941, a Orientação Educacional começa a


aparecer no cenário educacional, entretanto a orientação estava associada à
orientação profissional.

Período institucional - Que compreendeu o período de 1942 a 1960, que foi


subdividido em funcional e institucional, por exigir e legalizar a orientação nas escolas,

www.cenes.com.br | 17
Supervisão e orientação escolar |

As implicações históricas na prática pedagógica no cotidiano escolar

além do esforço do Ministério da educação e Cultura para dinamizá-la e oferecer


cursos de formação para os Orientadores Educacionais.

Período transformador- Que se iniciou em 1961 a 1970, esse período trouxe


uma Orientação Educacional caracterizada como educativa pela Lei de Diretrizes e
Bases da Educação nº. 4024 de 1961, esta lei previa que o ensino normal se encarregue
da formação dos Orientadores Educacionais para o primário.

Período disciplinador - Aponta que a Orientação está sujeita à obrigatoriedade


da Lei de Diretrizes e Bases da Educação nº. 5.692/71, em que a Orientação
Educacional assume um papel fundamental, sendo área de orientação Vocacional e a
mais privilegiada para atender os objetivos de ensino da própria lei.

Entretanto, os profissionais que atendem a Orientação Educacional passam a


questionar a referida lei no que diz respeito às atribuições do Orientador no espaço
escolar. Uma vez que a diretriz da orientação assinala uma visão mais sociológica e
coletiva, sendo a prática do orientador mais integrada ao processo pedagógico,
entretanto a mesma legislação compromete as funções do Orientador e volta a sua
prática para a Psicologia.

O Decreto nº. 72846/73 estabeleceu as funções da Orientação educacional nas


instituições escolares, disciplinando os passos que deveriam ser seguidos por esses
profissionais. Grinspun (2003) menciona a impressão que se tinha é de que pela
primeira vez os orientadores estavam buscando seu real papel, mas a lei acenava com
a disciplina que deveria ser seguida a função do Orientador Educacional, conforme o
que pretendia a política vigente.

Período questionador - Iniciou-se na década de 80, a qual o país vivenciava um


contexto mais democrático. Em busca de modificações que visavam refletir na
educação, na escola e na orientação, os Orientadores promoveram uma série de
eventos, os quais buscavam sua identidade. Nesse período acontecem vários cursos
de reciclagem, em que o Orientador precisa participar do planejamento, tendo em
vista levar para a escola a visão do mundo real e as situações problemas que
acontecem no cotidiano do aluno, para que a prática do Orientador seja realizada com
base em uma Orientação democrática e de qualidade.

Nessa perspectiva Libâneo (1984), apresenta uma proposta de trabalho para o


Orientador Educacional dentro de uma pedagogia crítico-social dos conteúdos que
posteriormente será retomado por Selma G. Pimenta (1985), que analisa a questão
específica do Orientador.

www.cenes.com.br | 18
Supervisão e orientação escolar |

As implicações históricas na prática pedagógica no cotidiano escolar

Período Orientador - Que se inicia a partir da década de 90, denominando-se a


“orientação” da Orientação, por ser a Orientação pretendida, devido ao fato que a
Orientação Educacional objetiva a construção do cidadão comprometida com seu
tempo e sua gente, trabalhando a subjetividade e a intersubjetividade obtidas pelo
diálogo. Nesse período, também ocorre à extinção da Federação Nacional Orientação
Educacional (FENOE) e a tentativa de unificação dos trabalhadores da educação,
engajando-os em uma entidade nacional – a Confederação Nacional de Trabalhadores
da Educação (CNTE).

Devido à extinção da Federação Nacional (FENOE), houve dúvidas em relação à


continuidade ou não da existência da profissão do Orientador Educacional no âmbito
escolar.

Grinspun (2003) aponta que com base na análise lógica da trajetória e do seu
significado epistemológico da orientação educacional no âmbito escolar, ela nunca
deixará de existir e a sua prática deve se relacionar com o contexto educacional, social,
político e histórico e a permanência da Orientação Educacional na escola uma vez que:

• A orientação e educação estão ligadas e o conceito de ambos é orientar, guiar


e conduzir o indivíduo.
• O aluno é o sujeito da educação, e o mesmo sempre foi o campo do trabalho
da Orientação.
• A Orientação caminha em todas as ciências, inclusive a das ciências humanas,
o Orientador vem ajudar o professor na realização de sua ação para
desenvolver um trabalho com base na humanização no processo de
desenvolvimento científico e tecnológico do educando.
• O Orientador vem ajudar tanto aos professores e alunos a compreenderem a
nova linguagem do mundo e suas modificações do contexto social,
educacional, político e cultural.
• A orientação é mediadora, pois promove uma prática de articular a realidade
do aluno com o seu cotidiano escolar.
• A orientação Educacional é dialética, pois articula as diferentes vozes da escola
para construção de uma educação que forme um homem mais humano e
justo.
• A Orientação principalmente trabalha junto à realidade do aluno, visando
identificá-la e interpretá-la.
• A orientação nessa perspectiva não mais será trabalhada desvinculada da
prática pedagógica, mas sim fará parte do processo educativo.

www.cenes.com.br | 19
Supervisão e orientação escolar |

As implicações históricas na prática pedagógica no cotidiano escolar

Ao conhecer a origem e a trajetória do supervisor escolar e do orientador


educacional percebe-se a importância de um trabalho integrado de ambos agentes
educacionais e de transformação social, fazem parte da equipe gestora da escola que
tem como objetivo gerir e apoiar o trabalho docente. Os professores, para
desenvolverem bem seu trabalho precisam sentir-se amparados e preparados para
enfrentar as diversidades da realidade e cotidiano da escola.

Cabe ao supervisor escolar e ao orientador educacional atuarem na organização


e planejamento das atividades cotidianas da escola. Para isso, torna-se imprescindível
o planejamento das ações, pois a escola funciona em um ritmo frenético, fazendo com
que muitas vezes o coordenador tenha que “agir na urgência e decidir na incerteza”
(PERRENOUD, 2001).

2.3 A supervisão e orientação educacional: profissionais do trabalho


coletivo na escola
A sociedade vive em uma crise de identidade em que muitos pais deixam para a
escola o papel da educação básica como valores, respeito etc. Muitos educadores
sentem-se constrangidos ou mesmo inseguros, agredidos e descompassados ao
terem que ensinar a alguns alunos noções básicas como higiene pessoal, posturas
adequadas e convivência, entre outros.

Historicamente, o educador era considerado um profissional missionário, pois a


docência em sua maioria era exercida por religiosos como os jesuítas, que tinham
como finalidade a catequização, utilizando-se de manuais elaborados que continham
duas vertentes fundamentais: “[...] um corpo de saberes e técnicas, entendidos como
um saber pedagógico, e um conjunto de normas e valores, posteriormente
incorporados pelo Estado e pelas instituições escolares”. (URBANETZ; SILVA, 2008, p.
38).

Assim os professores foram caracterizados como um profissional missionário,


detentor do saber, tendo como função a formação moral, social, espiritual, além de
transmitir e produzir o saber. Nesse período quem coordenava e controlava o sistema
educacional era o clero.

A partir do desenvolvimento da sociedade, a instituição escolar, bem como a


formação docente acompanhou o desenvolvimento do setor produtivo. Com a

www.cenes.com.br | 20
Supervisão e orientação escolar |

As implicações históricas na prática pedagógica no cotidiano escolar

evolução da sociedade e o surgimento do capitalismo, houve a necessidade de


remodelação da instituição educacional, pois essa deveria formar mão de obra
qualificada para ingressar no mercado de trabalho. Nesse sentido, foram criados os
cursos de qualificação profissional, “Escola tecnicista”.

A escola surgiu para atender exigências de cada época e dos segmentos


dominantes da sociedade, assim as práticas do supervisor escolar e a do orientador
educacional acabaram sofrendo as mesmas modificações e submissão.

Durante muito tempo, tanto o supervisor escolar e o orientador educacional,


desempenharam um papel ideológico, alienante e reproduzindo o status quo. Essas
funções foram paulatinamente se modificando, passando por controle
comportamental em busca da liderança no processo educativo até a superação da
simples tarefa de fiscalização para, então, tornar-se supervisor escolar.

O contexto atual exige que o pedagogo não possa ser mais aquele elemento da
escola que tem como única perspectiva promover a adaptação dos indivíduos, pois,
ao permanecer nessa prática, simplesmente continua a valorizar o poder das
estruturas dominantes e, consequentemente, a dominação do capital e a submissão
ao trabalho (URBANETZ; SILVA, 2008).

A partir do desenvolvimento da sociedade, a instituição escolar, bem como a


formação docente acompanhou o desenvolvimento do setor produtivo, com a
evolução da sociedade e o surgimento do capitalismo houve a necessidade de
remodelação da instituição educacional, pois esta deveria formar mão de obra
qualificada para ingressar no mercado de trabalho. Nesse sentido, foram criados os
cursos de qualificação profissional as chamadas escolas tecnicistas.

A supervisão escolar surgiu como uma força disciplinadora dentro de uma linha
de inspecionar, reprimir, checar e monitorar. Incluíam fiscalizar e padronizar as rotinas
escolares, as normas oficiais emanadas das autoridades centrais, por essa razão
exercia essas funções como autoridade do sistema, por meio de visitas corretivas e de
registros permanentes para confecção de relatórios a serem encaminhados aos órgãos
centrais. Com o objetivo de fiscalizar o grau maior ou menor de desvio da ação
pedagógica em relação aos padrões estabelecidos pela Lei.

A profissão de supervisor surge nos anos 70 sob um cenário sociopolítico e


econômico pelo qual o país enfrentava. A partir desse contexto, o supervisor escolar
assume as responsabilidades pelo funcionamento geral da escola em todos os setores,
tais como administrativo, burocrático, financeiro, cultural e de serviços.

www.cenes.com.br | 21
Supervisão e orientação escolar |

As implicações históricas na prática pedagógica no cotidiano escolar

A orientação educacional surgiu como área do conhecimento da Psicologia que


privilegiava a prática preventiva objetivando evitar alunos indisciplinados, pois cabia
ao orientador fazer com que o aluno se ajustasse de acordo a que a sociedade
esperava. A ideia de orientação vocacional corroborou-se dentro da instituição escolar
a visão tecnicista de encontrar o homem certo para o lugar certo. Assim sua linha
mestre, o aconselhamento, visando direcionar as crianças e jovens ao mundo do
trabalho de maneira adequada e conformada.

Assim, essas funções foram paulatinamente se modificando, passando por


controle comportamental em busca da liderança no processo educativo até a
superação da simples tarefa de fiscalização para, então, tornar-se supervisor escolar.

O supervisor escolar assim como o orientador necessita aprender a traduzir o


novo processo pedagógico em curso na sociedade mundial, elucidar a quem ele serve
e explicitar suas contradições e, com base nas condições concretas dadas, promover
necessárias articulações para construir alternativas que ponham a educação a serviço
do desenvolvimento de relações verdadeiramente democráticas.

No contexto atual, O supervisor escolar e o orientador educacional, precisam


juntos: verificar, analisar e buscar novas propostas de ressignificação do papel da
escola, objetivando, por meio das ações pedagógicas, reflexos positivos na qualidade
de ensino ofertada pela instituição de forma coletiva e democrática.

Para que o supervisor escolar e o orientador educacional desenvolvam o trabalho


coletivo se faz necessário, que esses profissionais pesquisem constantemente, não
apenas conteúdos específicos de sua área, mas em conjunto, e divulgue os resultados
de sua pesquisa junto aos professores, expondo suas posições e pontos de vistas,
colhendo do grupo outras informações e sugestões que possam auxiliar no
desenvolvimento das ações pedagógicas junto aos professores e alunos, visando à
integração entre todos os segmentos escolares.

Para isso, precisam desenvolver suas funções em ajudar a reelaborar e colocar


em prática o projeto político pedagógico (PPP) da escola, orientando nas questões
pedagógicas e atuando na formação continuada dos docentes. Dessa forma, o
supervisor escolar e o orientador educacional fazem a transposição dos referenciais
teóricos para as ações práticas escolares.

Devem eles ainda refletir sobre a didática e metodologia de sala de aula,


estudando e usando os conhecimentos teóricos com o objetivo de fundamentar o
fazer docente na prática. Para isso, esses profissionais precisam apresentar as

www.cenes.com.br | 22
Supervisão e orientação escolar |

Supervisão escolar e orientação educacional: uma prática integradora por uma


escola mais democrática e eficaz

seguintes características: auxiliador, orientador, dinâmico, acessível, eficiente, capaz,


produtivo, apoiador, inovador, integrador, cooperativo, facilitador, criativo,
interessado, colaborador, seguro, incentivador, atencioso, atualizado, com
conhecimento e amigo (SANTOS, 2004).

Além dessas características, Medina (2002), afirma que o trabalho do Supervisor


escolar e do orientador educacional é uma atuação de grupo que acontece com os
professores e demais setores da escola, especialmente o de Orientação Educacional
(SOE).

O trabalho coletivo por ser grupal, exige o exercício constante do pensar, do


descobrir e do saber o modo de avançar nas ações e também o de recuar. Esse
trabalho requer estudo, dedicação e se constrói no fazer diário da escola, por isso,
nunca se sabe como fazê-lo, não tem receita, o que permite olhá-lo de diversas
maneiras.

Nesse sentido, supervisor escolar e o orientador educacional atuam como


educadores, investigando e colaborando conforme as necessidades do grupo. Ambos
os especialistas são líderes que reconhecem e aceitam as diferenças entre as pessoas,
conseguem vê-las em sua totalidade, tentam oferecer um ambiente estimulador e
confiável.

O trabalho coletivo do supervisor escolar e do orientador educacional


caracteriza-se por um trabalho mais abrangente, na dimensão pedagógica, possuindo
caráter mediador junto aos demais educadores e atuando com todos os protagonistas
da escola no resgate de uma ação mais efetiva e de uma educação de qualidade,
buscar conhecer a realidade e transformá-la, para que seja mais justa e humana.
Objetivando a construção do cidadão, comprometido com seu tempo e sua gente,
trabalhando a subjetividade e a intersubjetividade, obtidos pelo diálogo.

3 Supervisão escolar e orientação educacional: uma prática


integradora por uma escola mais democrática e eficaz
A supervisão escolar democrática deve ser aquela em que a atuação do
supervisor é baseada na liberdade de expressão, respeito, compreensão e criatividade.
O trabalho desenvolvido não é feito de forma impositiva, e sim, democrática, em que
a tomada de decisões envolve todos os responsáveis pelo processo educativo.

www.cenes.com.br | 23
Supervisão e orientação escolar |

Supervisão escolar e orientação educacional: uma prática integradora por uma


escola mais democrática e eficaz

O trabalho coletivo e a gestão democrática sugerem uma participação mais


integrada, principalmente da chamada equipe gestora de uma escola: direção,
supervisão e orientação.

A sociedade atual necessita que haja no âmbito escolar um trabalho coletivo e


integrado entre a supervisão escolar e a orientação educacional, que se faça presente,
pois, hoje, educando, família e educadores carecem de intermediários que possam
elucidar as transformações pelas quais a sociedade como um todo vem passando.

O trabalho da orientação educacional e do supervisor escolar durante muito


tempo (a partir de 1920 e final de 1970), não era realizado de forma integrada,
buscando compreender a realidade individual de cada elemento inserido na escola. A
função do orientador inicialmente era desenvolvida apenas na linha de
aconselhamento, com base em teorias comportamentais.

A partir do final da década de 1970, houve a preocupação de ser repensada a


prática educativa desse profissional, buscando por meio de uma integração
interdisciplinar, alternativas mais eficazes para o desenvolvimento de suas atividades
(MILET, 2001).

Ainda o mesmo salienta, que para o trabalho da orientação educacional ser


criativo e eficaz é necessário que a direção seja criativa e eficiente, que ambas devem
apresentar comportamentos dialéticos, oportunizando discussão, questionamentos
entre os membros, a fim de que esses possam evidenciar os problemas da escola.
Esses comportamentos permitem que o grupo trabalhe as dificuldades e as diferenças
por meio do diálogo, buscando em comum o desenvolvimento do trabalho educativo
dos indivíduos presentes na escola. Esse trabalho desenvolvido deve basear-se em
uma concepção democrática com intuito de formar uma sociedade mais justa e esses
educadores devem ser responsáveis pelo resultado dessa prática educativa (MILET,
2001).

Assim o orientador educacional, como próprio nome sugere, orienta alunos,


professores e familiares, fazendo mediações, favorecendo o diálogo, para que a escola
possa caminhar de forma harmoniosa.

O orientador, numa perspectiva atual, não é aquele que deve manter a regulação
do aluno, ensina-lhe a duras penas como encaixar-se nas regras da escola e, por
conseguinte nas regras da sociedade. Seu papel é o de provocar experiências e
vivências que leve o aluno a conscientizar-se de seu papel na sociedade e que para

www.cenes.com.br | 24
Supervisão e orientação escolar |

Supervisão escolar e orientação educacional: uma prática integradora por uma


escola mais democrática e eficaz

uma convivência harmoniosa e saudável é necessário refletir sobre suas ações e


perceber o outro como ser humano que somos.

Nesse sentido, uma supervisão escolar eficiente será àquela comprometida com
o trabalho institucional coletivo. Desse modo, em linhas gerais, um bom supervisor
deve apresentar em seu perfil, características como: organização, dinamismo e
comprometimento em seu trabalho; boas relações interpessoais; bom suporte
teórico-metodológico, para acompanhar eficazmente à prática pedagógica
institucional; disponibilidade para ouvir os anseios e angústias da sua equipe de
trabalho e do alunado de forma geral; conhecimento acerca da administração escolar,
entre outras.

Nesse sentido, a integração e articulação do trabalho coletivo entre supervisor


escolar e orientador educacional com os demais profissionais que atuam no ambiente
escolar, serão capazes de atender expectativas e desafios, pois desta resulta a
compreensão da organização escolar e do trabalho pedagógico em sua totalidade.

As ações do supervisor escolar e do orientador educacional em uma perspectiva


democrática caracterizam-se pela habilidade de respeitar a individualidade dos seus
companheiros de trabalho, estimular a iniciativa e criatividade dos professores, e,
aplicar possíveis normas de relações humanas, estimulando o espírito de grupo entre
os protagonistas do processo ensino-aprendizagem.

O supervisor escolar e orientador educacional que pensar a escola, como


instituição social e espaço para aquisição de conhecimento, que precisa ser repensada
de forma dialética, certamente proporcionará um novo espaço, diferentemente do
espaço escolar que, de acordo com a história da educação, teve ocupação e
características do controle e do refúgio burocrático (MEDINA, 2002).

3.1 A supervisão escolar e a orientação educacional articuladores das


ações pedagógicas
O supervisor e o orientador são atores tão fundamentais no processo de
desenvolvimento dos alunos, sendo o primeiro voltado mais às questões pedagógicas,
porém com um olhar sobre o aluno como um todo, como um ser que não é só aspecto
cognitivo, mas também emocional, psicológico e que possui características próprias.
O segundo mais voltado à vivência, ao emocional e ao social do aluno, às questões
familiares, intervindo nas relações entre professor, aluno e família. Para que esses

www.cenes.com.br | 25
Supervisão e orientação escolar |

Supervisão escolar e orientação educacional: uma prática integradora por uma


escola mais democrática e eficaz

segmentos que compõem o âmbito escolar possam interagir de forma a garantir o


desenvolvimento do educando.

Unindo-se esses atores, em um trabalho integrado, conjunto e harmonioso, em


prol do educando e de sua formação, teremos uma escola provocante no sentido de
despertar habilidades, desenvolver competências e formar seres humanos aptos a
conviver em sociedade de uma forma mais pacífica, porém, ativa e consciente.

A integração nas ações dos especialistas em educação é importante para a


inserção de propostas que permitem à ação pedagógica do supervisor escolar e do
orientador educacional.

O supervisor escolar é também responsável pela leitura de sociedade e de mundo


procurando ir além dos aspectos individuais que permeiam a sala de aula e todos os
seus elementos conflituosos e o orientador educacional por intermediar os conflitos
escolares e ajudar os professores a lidar com alunos com dificuldade de
aprendizagem.

As ações do supervisor e do orientador junto ao corpo docente devem integrar


as ações às do professor, como colaboração no processo de aprendizagem e no
desenvolvimento do educando, por meio da participação do planejamento, da
execução e da avaliação das atividades pedagógicas coletivas.

Além de realizar ações integradas com o corpo docente no desenvolvimento de


projetos sobre saúde, educação sexual, prevenção ao uso indevido de drogas, meio
ambiente, ética, cidadania, convivência saudável, cultura de paz e outros de acordo
com as prioridades elencadas pelo grupo e com a Proposta Pedagógica da instituição
educacional.

Em relação às ações do supervisor e do orientador junto ao corpo discente, estas


devem contribuir para o desenvolvimento integral do educando, ampliando suas
possibilidades de interagir no meio escolar e social, como ser autônomo, crítico e
participativo. Apresentando alunos ao Serviço de Orientação Educacional;
instrumentalizando o aluno para a organização eficiente do trabalho escolar, tornando
a aprendizagem mais eficaz.

Já as ações do supervisor e do orientador junto à família, devem priorizar a


participação ativamente do processo de integração família/escola/comunidade,
realizando ações que favoreçam o envolvimento dos pais no processo educativo.

www.cenes.com.br | 26
Supervisão e orientação escolar |

Supervisão escolar e orientação educacional: uma prática integradora por uma


escola mais democrática e eficaz

Além de identificar e trabalhar, junto à família, as causas que interferem no


avanço do processo de ensino e de aprendizagem do aluno; orientando as famílias, a
respeito da contribuição e da importância da promoção de relações saudáveis entre a
instituição educacional e a comunidade.

Nesse sentido, as ações pedagógicas desses especialistas na organização do


trabalho escolar, são pautadas por princípios comuns de ação, assumida pelo coletivo
da escola e firmada no projeto político pedagógico. O supervisor escolar e orientador
educacional são sujeitos de uma ação, dentro de um espaço em transformação e
transformador.

Nessa perspectiva, a ação desses especialistas precisa ser competente em muitos


aspectos: no técnico, para compreender os processos de organização do trabalho; no
político, para articular a verdadeira função da escola em relação à vida. O ambiente
escolar é o espaço de geração de mudanças para a transformação da sociedade.

Em relação às ações administrativas compete a esses profissionais a participação


nas decisões de todas as ações da escola; no pedagógico, porque toda a sua ação
deve ser voltada para o sucesso do processo de ensinar e aprender, em uma relação
dialética e horizontal com os professores e demais profissionais da educação,
articulando um processo que permita o repensar das ações e a busca de referenciais
teóricos que sustentem novas práticas e garantam a qualidade do fazer pedagógico.

A articulação das ações administrativas e pedagógicas só poderá acontecer


efetivamente perante o trabalho coletivo e articulado entre todos os segmentos que
compõem a instituição escolar. Em que todos os educadores participem ativamente
na organização do trabalho educacional como reformulação e execução do PPP e do
Currículo de forma integrada e assuma a gestão escolar como sua função primordial,
auxiliando o diretor escolar a sistematizar as atividades de apoio técnico
administrativo, abrangendo os serviços de secretaria promovendo assim a articulação
do trabalho docente e de gestão, o que refletirá diretamente no desenvolvimento do
trabalho escolar e do aluno.

Por meio das mudanças ocorridas na sociedade, família e escola enfrentam a


democratização da gestão escolar talvez seja uma das mais comprometidas. Muito se
fala em descentralizar o poder e compartilhar funções, mas a inexperiência e a má
formação fazem com que coordenadores e orientadores trabalhem isoladamente,
como se um não dependesse do outro.

www.cenes.com.br | 27
Supervisão e orientação escolar |

O projeto político pedagógico uma construção coletiva

Nesse sentido, a equipe pedagógica deve se comprometer em realizar um


trabalho coletivo comprometendo-se com a melhoria das condições de trabalho e
com a própria escola que é uma instituição que funciona como um organismo vivo,
em que cada órgão tem sua função.

O produto da educação é o ser humano, assim cabe ao supervisor e ao orientador


educacional traçar estratégias que preparem o aluno para a vida em sociedade. E
realizarem um trabalho integrado entre os membros gestores, professores, alunos e
família, é fundamental para o bom funcionamento desse corpo que é a escola. Sendo
que a escola é uma instituição além de se comprometer com o conhecimento
teorizado busca a formação integral, incluindo-se valores e atitudes, sentimentos e
emoções.

Logo, mais uma vez, mostra-se de suma importância a participação das famílias,
que precisam estar cientes e acreditarem no trabalho desenvolvido pela escola.

4 O projeto político pedagógico uma construção coletiva


A escola que busca ser um espaço social que se encarrega de formar
integralmente cidadãos agentes de transformação social, só poderá apresentar uma
boa qualidade na educação se houver uma harmoniosa articulação do trabalho
coletivo entre todos os segmentos que compõem a escola, a começar pela construção
do Projeto Político Pedagógico da escola.

O Projeto Político Pedagógico da escola deve ser estruturado e desenvolvido de


forma coletiva, contando com a participação de todos os segmentos da instituição
escolar para garantir a unidade, a eficácia e o alcance dos objetivos, que é o
desenvolvimento intelectual dos educandos.

Nesse sentido, a articulação entre gestão escolar, supervisor escolar e orientador


educacional é o ápice de suas ações, independente se elas são administrativas ou
pedagógicas, pois todas estão relacionadas ao desenvolvimento do trabalho docente,
administrativo e de supervisão e orientação escolar e influenciam direta ou
indiretamente no desenvolvimento da aprendizagem dos educandos.

Essa articulação entre todos os profissionais da educação é papel do supervisor


escolar e do orientador educacional e deve ter como objetivo principal vencer os
desafios surgidos na escola, como local de aprendizagem e acesso de diferentes
culturas, níveis e classes sociais.

www.cenes.com.br | 28
Supervisão e orientação escolar |

O projeto político pedagógico uma construção coletiva

Para isso, esses profissionais precisam compreender que sua função é de


natureza complexa e necessitam buscar constantemente a coletividade, uma vez que
é constituidora das possibilidades do desenvolvimento e da realização dos seres
humanos.

A supervisão escolar e a orientação educacional, juntamente com os demais


profissionais da escola, devem participar do projeto pedagógico da escola, da sua
elaboração, dos componentes estruturais, conceituais, dos fundamentos, finalidades,
e da sua utilização como referência, não só do que é, mas também do que se pretende
que seja o trabalho educativo.

No sentido etimológico, a palavra projeto vem do latim projectu, que significa


lançar para diante. Plano, intento, desígnio. Empresa, empreendimento. Redação
provisória de lei. Plano geral de edificação (FERREIRA, 1986).

A Lei de Diretrizes de Bases da Educação Nacional (LDBEN) de 1996 diz que o


projeto político pedagógico é um documento de referência.

O projeto é mais uma conquista da escola, que apesar de toda sua tradição
autoritária, a escola, tem se constituído em um espaço de reflexão e construção da
democracia.

Ao se discutir gestão democrática, o projeto construído coletivamente não pode


mais ser ignorado pela comunidade escolar. Por meio dele, a comunidade escolar
exerce sua autonomia o projeto educativo ou plano global, o projeto político
pedagógico pode ser definido como o documento que rege a escola, com normas e
fundamentos que norteiam a prática pedagógica.

Além da Lei de Diretrizes de Bases Nacional (LDBEN), o projeto político


pedagógico deve considerar as orientações contidas nas diretrizes curriculares
elaboradas pelo Conselho Nacional de Educação e nos Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCN).

Fazendo referência a visão de documento Alarcão (2001) relata que o projeto


pedagógico da escola, na sua dimensão de produto, é um documento. Mas esse
projeto e documento resultam de um processo sobre a missão da escola e o modo
como ela se organiza para cumprir essa missão.

Mas, é também resultado de um processo de vontade para concretizar, na ação,


um projeto delineado, o que faz com que ele, uma vez aprovado, constitua-se como
referência sistemática de atuação e avaliação.

www.cenes.com.br | 29
Supervisão e orientação escolar |

O projeto político pedagógico uma construção coletiva

Projeto é algo que se quer alcançar, aponta a meta, mas também indica o
caminho; é algo de hoje, e, como tal, expõe e explica o que se faz presente, é algo do
passado porque nele encontra os fundamentos, os percalços, os fatores de avanço, é
algo do futuro porque, aproveitando o passado e contemplando o presente, faz uma
projeção do amanhã.

Assim entre outros elementos, o projeto traz à finalidade da educação, da escola,


o histórico, a origem, o percurso, o contexto do bairro, da cidade, do Estado, os
objetivos específicos do trabalho educativo a que se propõe. A comunidade, os pais e
sua participação, a organização estrutural e funcional, os planos dos setores, o
currículo, o processo de avaliação e recuperação.

Pelas definições e projeções que se encontram no projeto, pela identidade da


escola, que nele se traça, os diversos setores e serviços, a direção, a orientação
educacional, a supervisão, os serviços administrativos e de apoio, alimentam-se e
complementam-se em suas funções, com os professores, alunos, pais e comunidade.

Sem a perda da especificidade das funções e serviços, eles se articulam em vista


da mesma finalidade e dos mesmos objetivos educacionais. É nesse sentido que
setorizar a escola é atender as especificações do trabalho, sem desagregá-lo ou dividi-
lo em seus propósitos, compreendendo que o conjunto se faz pelos elos comuns da
pluralidade.

Por ser o projeto pedagógico um documento de referência da escola nos


aspectos legais e pedagógicos, cabem ao supervisor escolar à articulação no campo
pedagógico, organizando a reflexão, a participação e os meios para viabilizar a
execução teórica e prática do projeto.

E o projeto pedagógico da escola será, então, mais uma referência, mais uma
fonte de estudo, integração do trabalho, pesquisa estimulados pelos setores da escola
em especial, pela supervisão. Durante a construção, será exigido dos participantes e
principalmente dos coordenadores os três níveis de competências que fazem parte da
formação humana: conceitual, procedimental e atitudinal.

Vasconcellos (2004) define como dimensão conceitual ter conhecimento, clareza


para discernir e elaborar a síntese pessoal, bem como favorecer a coletiva. O
supervisor escolar deve demonstrar inteligência no trato das questões, saber
argumentar, não ficar preso aos aspectos formais, mas buscar que o assunto que está
sendo discutido no momento seja pertinente ao que está na pauta.

www.cenes.com.br | 30
Supervisão e orientação escolar |

O projeto político pedagógico uma construção coletiva

O autor faz referência à dimensão procedimental como sendo o campo de


formação e domínio por parte da coordenação pedagógica é relativo ao saber-fazer,
encontrar caminhos para concretizar aquilo que se busca (métodos, técnicas,
procedimentos, habilidades).

E por fim, destaca a dimensão atitudinal como a mais difícil de ser trabalhada,
justamente por envolver valores, interesses, sentimentos, disposição interior e
convicções.

A construção do projeto político-pedagógico passa pela autonomia da escola e


pela capacidade de delinear sua própria identidade, devendo ficar claro que a escola
é um lugar de debate e diálogo, fundado na reflexão coletiva.

A organização do trabalho pedagógico tem o princípio de garantir sua


operacionalização nas estruturas escolares, pois uma coisa é estar no papel, na
legislação, na proposta, no currículo, e outra é estar ocorrendo na dinâmica interna da
escola, no real, no concreto.

O projeto político-pedagógico é o resultado do trabalho coletivo da comunidade


escolar. Sua construção passa por várias etapas e pela divisão do trabalho, tentando
sempre fugir da fragmentação, visando um trabalho interdisciplinar.

O projeto político-pedagógico pode ser visto como uma forma de organização


do trabalho pedagógico que busca facilitar o processo de aprendizagem e melhorar
a qualidade de ensino. Essa organização se dá em dois níveis: no da escola como um
todo e no da sala de aula na prática diária do professor.

No caso específico do supervisor escolar, sua função primeira é articular o grupo


de professores para elaborar o Projeto Político-Pedagógico da escola. Levar os
professores a definir objetivos comuns e a persegui-los em conjunto é uma tarefa que
não será atingida se não houver a constituição de um grupo coeso, embora a coesão
seja um processo lento e difícil. As relações interpessoais confortáveis são recursos
que o coordenador usa para que os objetivos do projeto sejam alcançados.

Quando o supervisor escolar planeja suas ações, atribui um sentido a seu trabalho
(dimensão ética) e destina-lhe uma finalidade (dimensão política) e nesse processo de
planejamento explicita seus valores, organiza seus saberes para realizar suas intenções
políticos-educacionais. Exerce, portanto a consciência de sua sincronicidade.

www.cenes.com.br | 31
Supervisão e orientação escolar |

O projeto político pedagógico uma construção coletiva

Esse movimento é gerador de nova consciência, que aponta para novas


necessidades, gera novas interrogações, propicia novas construções e novas
transformações. “Conversar com o professor é um trabalho que dá muito trabalho!”.

Isso porque o coordenador tem de desalojar práticas instaladas e se propor a dar


espaço para o professor falar sobre suas percepções (CLEMENTI, 1997).

Placco (1994) denomina sincronicidade, esse movimento que ocorre de maneira


crítica e simultânea produzindo a compreensão do fenômeno educativo.

Esse processo dinâmico é responsável pela mediação da ação pedagógica, e para


que essa mediação alcance as metas definidas, ou seja, assuma a práxis de sua
transformação, a sincronicidade deve ser vivida em um processo consciente e crítico.

Portanto, os trabalhos do supervisor escolar e orientador educacional são de


fundamental importância na articulação das ações educativas.

As ações do supervisor escolar, bem planejadas e articuladas com a comunidade


escolar podem fazer a diferença entre o sucesso e o fracasso das ações da escola,
consequentemente o sucesso do processo ensino e aprendizagem e da relação
professor e aluno.

Na atualidade, o Projeto Político Pedagógico vem sendo uma exigência do


governo, tanto para instituição de nível nacional, municipal e estadual. Pois, trata-se
de um projeto que viabiliza melhoria para educação, uma vez que as escolas
necessitam de organização pedagógica para o atendimento dos seus alunos. Para
tanto, é importante que se fortaleçam as relações entre escola e sistema de ensino
(VEIGA, 2006).

O projeto auxilia na organização do trabalho da escola como um todo. A


instituição escolar é o lugar institucional de um projeto educacional. Assim, devem
instaurar-se como espaço-tempo, como instância social que sirva de base mediadora
e articuladora dos outros dois projetos que implica o agir humano: de um lado, o
projeto político da sociedade e, de outro, os projetos pessoais dos sujeitos envolvidos
na educação.

Todo projeto implica uma intencionalidade, bem como suas condições reais,
objetivas, de concretização, já que a existência dos homens se dá sempre no duplo
registro da objetividade/subjetividade. Todo projeto supõe rupturas com o presente
e promessas para o futuro.

www.cenes.com.br | 32
Supervisão e orientação escolar |

Uma síntese da ação do supervisor escolar e do orientador educacional

Projetar significa tentar quebrar um estado confortável para arriscar-se,


atravessar um período de instabilidade e buscar uma nova estabilidade em função da
promessa que cada projeto contém de estado melhor do que o presente. Um projeto
educativo pode ser tomado como promessa frente a determinadas rupturas. As
promessas tornam visíveis os campos de ação possível, comprometendo seus atores
e autores.

No entanto, o trabalho de construção do projeto deve ser acima de tudo coletivo.


Em suma, o projeto político pedagógico deve ser desenvolvido de acordo com a
comunidade escolar, pois ele é a manifestação da vontade do coletivo escolar, exposta
de forma organizada e acima de tudo construída a partir dos anseios, necessidades e
expectativas futuras dos agentes envolvidos no processo.

5 Uma síntese da ação do supervisor escolar e do orientador


educacional

5.1 Atribuições do supervisor escolar


O supervisor escolar é um mediador dos diferentes atores escolares, com o
objetivo de construir um projeto político-pedagógico coerente com a realidade
escolar, buscando assim garantir que a comunidade escolar apresente suas
expectativas e sugestões em relação a eventuais mudanças e construa um efetivo
trabalho em torno do projeto político-pedagógico da escola.

Rangel (2006) pontua que, o supervisor, como qualquer profissional, em seu


curso de formação e em sua prática, prepara-se para atuar como especialista, no caso,
como coordenador do processo curricular, seja em sua formulação, execução,
avaliação ou reorientação. E é instrumentalizado para coordenar o processo de
construção coletiva do projeto político-pedagógico da escola.

Além disso, o supervisor escolar torna-se parceiro político pedagógico do


educador para integrar a formação continuada no qual os saberes e conhecimentos
interagem para a melhoria do processo ensino-aprendizagem. A prática pelo processo
participativo é promover o desenvolvimento da autonomia e da responsabilidade na
construção do conhecimento do educando como inserção no contexto sociocultural
da comunidade escolar.

www.cenes.com.br | 33
Supervisão e orientação escolar |

Uma síntese da ação do supervisor escolar e do orientador educacional

O supervisor na qualidade de mediador na construção de um ensino de


qualidade desenvolve intervenções, que auxiliem o professor a refletir sobre o
processo de ensino-aprendizagem.

Nesse sentido, a atuação do supervisor junto ao professor deve ter o objetivo de


promover a formação continuada dos professores e, consequentemente melhorar o
trabalho pedagógico nas escolas, por meio de um planejamento coletivo.

Sobre a função ou atribuição do supervisor:

• Coordenar e organizar os trabalhos de forma coletiva na escolar;


• Oferecer orientação e assistência aos professores, bem como fornecer aos
mesmos materiais e sugestões de novas metodologias para enriquecer a
prática pedagógica;
• Orientar os professores no planejamento e desenvolvimento dos conteúdos,
bem como sugerir novas metodologias que os avaliem na prática pedagógica
e aperfeiçoem seus métodos didáticos.
• Acompanhar o desenvolvimento da proposta pedagógica da escola e o
trabalho do professor junto ao aluno auxiliando em situações adversas;
• Ajudar os professores a melhor compreenderem os objetivos reais da
educação e o papel especial da escola na consecução dos mesmos.
• Auxiliar os professores a melhor compreenderem os problemas e necessidades
dos jovens educandos e atender, na medida do possível, a tais necessidades;
• Exercer liderança de sentido democrático, sob as formas de promoção do
aperfeiçoamento profissional da escola e de suas atividades, buscando
relações de cooperação de seu pessoal e estimulando o desenvolvimento dos
professores em exercício, colocando sempre a escola mais próxima da
comunidade;
• Estabelecer fortes laços morais entre os professores quanto ao seu trabalho,
tal forma que operem em estreita e esclarecida cooperação, para que os
mesmos fins gerais sejam atingidos;
• Identificar qual o tipo de trabalho mais adequado para cada professor,
distribuindo tarefas, de forma que possam desenvolver suas capacidades em
outras direções promissoras;
• Ajudar os professores a adquirir maior competência didática;
• Ajudar os professores a diagnosticar as dificuldades dos alunos na
aprendizagem e a elaborar planos de ensino para superação das mesmas;
• Auxiliar a interpretar o programa de ensino para a comunidade, de tal modo
que o público possa compreender e cooperar nos esforços da escola.

www.cenes.com.br | 34
Supervisão e orientação escolar |

Uma síntese da ação do supervisor escolar e do orientador educacional

5.2 Atribuições do Orientador educacional


Na instituição escolar, o orientador educacional é um dos profissionais da equipe
de gestão. Atuando na dimensão humana, orientando e elaborando estratégias de
ações educacionais e na formação integral do aluno junto à escola e a comunidade
escolar. Este agente educativo trabalha diretamente com os alunos, ajudando-os em
seu desenvolvimento pessoal em parceria com os professores, para compreender o
comportamento dos estudantes e agir de maneira adequada em relação a eles; com
a escola, na organização e realização da proposta pedagógica; e com a comunidade,
orientando, ouvindo e dialogando com pais e responsáveis.

Nessa perspectiva, o orientador educacional entende que o aluno recebe as


influências dos aspectos políticos e sociais que o cercam. Esse fator influencia a ação
do aluno na sociedade e no âmbito escolar.

Sendo assim, a prática do orientador educacional passou a compreender a


sociedade na qual se insere o aluno e buscou a interpretar a relação escola e
sociedade.

A identidade do orientador educacional como um profissional e o seu


posicionamento frente à vida são fatores que caracterizam o desencadeamento do
processo de Orientação.

A ação do orientador comprometida com o trabalho coletivo contribui na


formação do professor na medida em que não limita ao controle, ou ao repasse de
técnicas aos professores, mas no sentido de lhes oferecer assessoramento teórico
metodológico diante dos problemas educacionais do cotidiano, cria momentos de
reflexão e com o respaldo de fundamentação teórica e uma visão do ato de ensinar e
de aprender, como algo articulado. Com isso, pode oportunizar a formação e o
fortalecimento, criando um trabalho em equipe, uma parceria que possibilita um
consenso e interação, podendo assim atender as necessidades do educador e toda a
equipe escolar. As funções do orientador educacional em âmbito escolar são:

• Auxiliar o educando quanto a seu autoconhecimento, a sua vida intelectual e


emocional, em parceria com os professores, para compreender o seu
comportamento e agir de maneira adequada em relação a eles;
• Mobilizar a escola, a família e a criança para a investigação coletiva da realidade
na qual todos estão inseridos;

www.cenes.com.br | 35
Supervisão e orientação escolar |

Referências

• Procurar trazer a família para cooperar de maneira mais eficiente e positiva na


vida do educando, estabelecendo assim uma parceria, principalmente quando
há a desconfiança de que as dificuldades estejam em casa;
• Cooperar com o professor, estando sempre em contato com ele, auxiliando-o
na tarefa de compreender o comportamento das classes e dos alunos em
particular;
• Manter os professores informados quanto às atitudes do SOE junto aos alunos,
principalmente quando esta atitude tiver sido solicitada pelo professor;
• Participar do processo de avaliação escolar e recuperação dos alunos e
intermediar os conflitos escolares e ajudar os professores a lidar com alunos
com dificuldade de aprendizagem;
• Pressupor que a educação não é maturação espontânea, mas intervenção direta
ou indireta que possibilita a conquista da disciplina intelectual e moral;
• Trabalhar preventivamente em relação às situações e dificuldades, promovendo
condições que favoreçam o desenvolvimento do educando.

Essas funções, somente serão concretizadas, se a relação supervisor escolar e


orientador educacional e professores decorrerem de uma perspectiva de resolução de
problemas e atendimento às reais necessidades da escola e se houver dedicação ao
trabalho em grupo.

6 Referências
ALARCÃO, I. A escola reflexiva. In: ALARCÃO, I. (Org.). Escola reflexiva e nova
racionalidade. Porto Alegre: Artmed, 2001.

ALONSO, Myrtes. A supervisão e o desenvolvimento profissional do professor. In:


FERREIRA, Naura Syria Carapeto (Org.) et al. Supervisão educacional para uma escola
de qualidade. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2006.

ALVES. Nilda (Org.). Educação e supervisão: o trabalho coletivo na escola. 4. ed. São
Paulo: Cortez, 1988.

CLEMENTI, Nilba. A voz dos outros e a nossa voz – alguns fatores que intervém na
atuação do coordenador. In: ALMEIDA, Laurinda Ramalho de; PLACCO, Vera Maria
Nigro de Souza (Org.). O coordenador pedagógico e o espaço da mudança. São Paulo:
Loyola, 2003.

www.cenes.com.br | 36
Supervisão e orientação escolar |

Referências

DALBEN, Ângela I. L. de Freitas. Avaliação Escolar. Presença Pedagógica, Belo


Horizonte, v. 11, n. 64, jul./ago. 2005.

FALCÃO FILHO, J. L. M. O papel do pedagogo na escola. Vida na escola: os caminhos


do saber coletivo. Belo Horizonte: Coletânea AMAE, 1994.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário da língua portuguesa. Rio de


Janeiro: Nova Fronteira, 1986.

GARCIA, Regina Leite (Org.) Orientação educacional: o trabalho na escola. São Paulo:
Loyola, 1990.

GARCIA, Joe. Indisciplina na escola: uma reflexão sobre a dimensão preventiva. Revista
Paranaense de Desenvolvimento, n. 95, 1999.

GOLDANI, Ana Maria. As famílias brasileiras: mudanças e perspectivas. Cadernos de


Pesquisa, São Paulo, n. 91, nov. 1994.

GRINSPUN, Mírian Paura. O espaço filosófico da orientação educacional na realidade


brasileira. Rio de Janeiro: Rio Fundo, 1992.

GRISPUN, M. P. S. Z. (Org.) et al. A prática dos orientadores educacionais. 6. ed. São


Paulo: Cortez, 2008.

GRINSPUN, Miriam P.S. Zippin (Org). Supervisão e orientação educacional:


perspectivas de integração na escola. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2003.

GRISPUN, Mirian P. S. Z. Orientação educacional: conflitos de paradigmas e


alternativas para a escola. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2006.

BRASIL. Ministério de Educação e Cultura. LDB - Lei nº 9394/96, de 20 de dezembro


de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da Educação Nacional. Brasília: MEC, 1996.

LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994.

LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da escola: teoria e prática. 5. ed. Goiânia:
MF Livros, 2008.

www.cenes.com.br | 37
Supervisão e orientação escolar |

Referências

MAIA, E. M; GARCIA, R. L. Uma orientação educacional nova para uma nova escola.
São Paulo: Loyola, 1990.

MARTINS, José do Prado. Princípios e métodos de orientação educacional. 2. ed. São


Paulo: Atlas, 1992.

MEDINA, A. S. Supervisão Escolar: da ação exercida à ação repensada. Porto Alegre:


Age, 2002.

MEKSENAS, Paulo. Sociologia da educação: uma introdução ao estudo da escola no


processo de transformação social. 9. ed. São Paulo: Loyola, 2000.

MILET, R.M.L. Um trabalho integrado: Supervisão Educacional/Orientação Educacional.


In: ALVES, N.; GARCIA, R.L. (Org.). O fazer e o pensar dos supervisores e orientadores
educacionais. 7. ed. São Paulo: Loyola, 2001.

MORIN, Edgar. O método V: a humanidade da humanidade. Porto Alegre: Sulina, 2002.

MORIN, Edgar. Sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez;
Brasília, DF: Unesco, 2000.

MORIN, Edgar; KERN, Anne Brigitte. Terra-Pátria. Porto Alegre: Sulina, 2000.

PERRENOUD, Philippe. Ensinar: agir na urgência, decidir na incerteza. Saberes e


competências em uma profissão complexa. Porto Alegre: Artmed, 2001.

PLACCO, V. M. N. S. Formação e prática do educador e do orientador: confrontos e


questionamentos. 2. ed. Campinas: Papirus, 1994.

RANGEL, Mary. Supervisão: do sonho à ação – uma prática em transformação. In:


FERREIRA, Naura Syria Carapeto (Org.) et al. Supervisão educacional para uma escola
de qualidade. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2006.

REGO, Teresa Cristina. Vygotsky: uma perspectiva histórico-cultural da educação.


3. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1996.

www.cenes.com.br | 38
Supervisão e orientação escolar |

Referências

SANTOS, Maria Aparecida Paiva Soares dos. Encontros e congressos brasileiros de


orientação educacional: uma instância educativa. 1986. 159 f. Dissertação Mestrado
em Educação) – Faculdade de Educação e Universidade Federal de Minas Gerais. Belo
Horizonte. 1986.

SAVIANI, Demerval. Escola e democracia. 6. ed. São Paulo: Cortez, 1985.

SAVIANI, Demerval. A supervisão educacional em perspectiva histórica: da função à


profissão pela mediação da ideia. In: FERREIRA, Naura Syria Carapeto (Org.) Supervisão
educacional para uma escola de qualidade. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2006.

SILVA, Nelson Pedro. Ética indisciplina e reação professor aluno. In: LATAILLE, Yves.
Indisciplina / disciplina: ética moral e ação do professor. Porto Alegre: Mediação, 2005.

SILVA, M. B. A formação do orientador profissional. Revista da ABOP, v. 3, n. 1, 1999.

URBANETZ, S. T.; SILVA, S. Z. Orientação e supervisão escolar: caminhos e perspectivas.


Curitiba: Ibpex, 2008.

VASCONCELLOS, Celso dos S. Disciplina: construção da disciplina consciente e


interativa em sala de aula e na escola. 4. ed. São Paulo: Libertad, 1995.

VASCONCELLOS, Celso dos S. Coordenação do trabalho pedagógico: do projeto-


político-pedagógico ao cotidiano da sala de aula. São Paulo: Libertad, 2004.

VEIGA, Ilma Passos Alencastro. Projeto político pedagógico da escola: uma construção
possível. 22. ed. Campinas: Papirus, 1996.

ZANONA, Eorlanda Maria Costa. Situar a atuação do orientador educacional nas


tendências liberal e progressista. Ver. Prospectiva, n. 25, Dez. 1999.

www.cenes.com.br | 39
Supervisão e orientação escolar |

Referências

www.cenes.com.br | 40

Você também pode gostar