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PSICOLOGIA
RESUMO
ABSTRACT
Psychological Duty is a type of service in psychology in which the subject is listened to at the
exact moment they seek help. Applied psychology services (SPA) are a space for consolidating
psychologist training, through services provided to the community. In it, future psychologists
are faced with the most varied situations that allow them to put into practice all the theoretical
concepts learned by structuring their training. The university, in this way, fulfills its role of
training and social responsibility. The aim is to understand how the service provided by SPAs
on psychological duty impacts the communities served, based on studies already developed.
A bibliographical survey was carried out through searches in virtual health databases,
specifically in Scielo; VHL, Lilacs, Index Psicologia – Periodicals, Sec. Est. Saúde SP and
Google Scholar. The language used was Portuguese, with the themes brief psychotherapy,
person-centered psychotherapy, reception and psychological practice, school clinic, follow-
up, published between 2017 and 2023. It is understood that the topic is of great relevance for
the construction of a practice of psychological care that responds to contemporary needs,
encouraging understanding of their issues. The training of a psychologist is an element of great
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importance in this context. There is a lack of discussion on how much the type of service in
the format of Psychological Duty in SPAs impacts those who really need it. New research
needs to be developed by listening to the main actor in this process, the person seeking help.
Keywords: Psychological Duty; Mental health; Listening in the Emergency Room, Applied
Psychology Service, Psychologist Training.
1. INTRODUÇÃO
2. OBJETIVOS
Esta pesquisa bibliográfica teve como objetivo compreender como o atendimento dos
serviços de psicologia aplicada (SPA) no formato de plantão psicológico impacta as
comunidades atendidas nesse espaço, a partir de estudos já desenvolvidos.
Para cumprir tal objetivo, será apresentado o conceito de plantão psicológico e seu
histórico no Brasil; bem como a explicação de como funcionam os serviços de psicologia
aplicada; e a partir do estudo de dados secundários, a análise do impacto do serviço de plantão
psicológico como formato de atendimento alternativo à psicoterapia clínica nas comunidades
atendidas.
3. MATERIAIS E MÉTODOS
pessoa, acolhimento e prática psicológica, publicados nos anos de 2013 a 2023. Nelas restou
verificado a predominância de estudos do tema Plantão Psicológico realizado em outras
instituições, diferentes da pretendida nessa pesquisa, que buscou analisar o modelo num SPA.
Foram encontrados estudos em Hospital Geral, Escolas Públicas, Delegacia da Mulher, Sistema
Penitenciário Feminino, Distrito Policial, unidades de internação para adolescentes em conflito
com a lei, Centros de Referência Especializado de Assistência Social/Sistema Único de
Assistência Social (CREAS/SUAS), Serviço da Assistência Judiciária. Em sua maioria sob a
perspectiva das estagiárias, das supervisoras e das demais funcionárias envolvidas no
acolhimento e recepção, e muito menos sob a ótica da pessoa atendida. Havendo poucos estudos
qualitativos que analisem o plantão sob a perspectiva do usuário, em especial nos SPAs.
Isso levou as acadêmicas a pesquisarem em outubro/2023, na plataforma Google
Acadêmico. Nesta ocasião, utilizou-se das páginas em idioma Português, adotou-se o método
de revisão narrativa e valeu-se das temáticas: plantão psicológico, clínica escola, follow up,
com publicações entre os anos de 2017 a 2023. Como critério de inclusão, foram escolhidos os
artigos que continham no título a expressão Plantão psicológico em clínica escola ou Plantão
psicológico em serviço escola. Decidiram-se, então, por analisar os três estudos que serão aqui
apresentados, sendo dois datados de 2017 e um de 2021.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
emergenciais (ROGERS, 2000, p 115-116). Nesse sentido, Tassinari; Durange (2009, p. 47)
esclarecem:
Parece que Rogers percebeu que o acolhimento a urgência psicológica dispensava o
famoso setting terapêutico, e que a urgência podia ser atendida a partir das atitudes
facilitadoras, não limitadas pelas variáveis tempo (duração) e espaço (ambiente
físico), tão caras ao modelo tradicional de atendimento.
Do mesmo modo que Tassinari; Durante (2019), Farinha; Souza (2016) entendem que
o Plantão Psicológico é uma modalidade de intervenção psicológica que busca atender o sujeito
no exato momento da sua urgência. A importância da escuta profissional dá-se pela postura de
respeito e pela receptividade frente à situação existencial, as vivências do sujeito atendido e ao
contexto sociocultural em que está inserido, evitando julgamentos e preconceitos perante as
escolhas firmadas.
O berço do plantão psicológico é a universidade. Ele foi criado na década de 1960 no
Instituto de Psicologia da USP com atendimento à população desfavorecida. Para Cury
(TASSINARI; DURANGE, 2019, p.17) a realidade política, social e cultural vivida na época,
e hoje não é muito diferente, as questões atuais também contribuem enormemente para o
aumento do sofrimento humano. Vive-se um cenário com poucos profissionais, dificuldades
estruturais em que as práticas psicológicas tradicionais encontram dificuldades para conduzir
tamanha demanda da comunidade. Diante das circunstâncias precárias em serviços de saúde
mental, em 2015, foi o momento de a Universidade Federal da Paraíba, inovar, levando o
plantão para conjunturas com carência de oferta de serviços públicos na região do nordeste
brasileiro.
Dentro do contexto acadêmico em que muito se discute o “paradigma
psicopatologizante influenciado pelo tradicional modelo médico de diagnóstico-doença”
(DURANGE, apud TASSINARI; DURANGE, 2019, p. 32), é que se estabelece terreno fértil
para o estudo e reflexão de novos modelos alternativos que atendam as necessidades da
comunidade; uma comunidade que vive enfrentando problemas graves na promoção de saúde,
como dificuldades estruturais e carência de profissionais (CURY apud TASSINARI;
DURANGE, 2019).
Embora o plantão psicológico funcionasse no Brasil desde o final da década de 1960, o
primeiro artigo acerca do tema fora publicado em 1987. De autoria do Dr. Miguel Mahfoud,
que mais tarde organizaria a obra Plantão Psicológico: Novos Horizontes. A segunda edição
data de 2012, sendo a primeira em 1999 cujo prefácio contempla a seguinte declaração do Dr
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Wood2:
Assim, ambos os participantes – o plantonista e o indagador(a) – participam e se
beneficiam de uma educação intuitiva cujo objeto é a auto-realização. Em um
encontro da pessoa a pessoa como este, onde se procura dirigir a melhor parte de si
mesmo a melhor parte do outro com o propósito de curar a mente, o corpo e a natureza,
a essência da psicoterapia está, de fato, sendo redefinida. (MAHFOUD apud
TASSINARI; DURANGE, 2019, p.12)
2Dr. Jonh Keith Wood PhD em Psicologia, nasceu em 1934 nos EUA, contribuiu para a disseminação
e desenvolvimento da Abordagem Centrada na Pessoa no Brasil. (MOREIRA, V.; LANDIM, L.;
ROMCY, G. Jhon Keith Wood e a Abordagem Centrada na Pessoa no Brasil, Revista da
Abordagem Gestáltica – Phenomenological Studies – XX(1): 63-70, jan-jun, 2014.
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plantonistas iniciantes, mas é nesse contexto que serão desenvolvidas as habilidades necessárias
para lidar com as demandas diversas que se apresentam. Muitas vezes com realidades sociais
completamente incompatíveis com as vivenciadas até então pela estudante. Lidar com o
inesperado no plantão provoca muito as plantonistas (CHAVES; HENRIQUES, 2008 apud
BORGES; DANTAS; BRITO, 2017, p. 97). E não existe uma técnica para o atendimento
(BRITO; DANTAS, 2017 apud BORGES; DANTAS; BRITO 2017, p. 97), para cada encontro,
uma nova descoberta e um novo significado.
Percebe-se que essa vivência de insegurança está presente nos relatos das estagiárias dos
diferentes SPAs analisados por essa pesquisa. Chegando a conjecturar que, apesar da grande
carga horária teórica do curso, não se consideravam preparadas para os atendimentos
(MACÊDO; ALP, 2021). Trata-se de um ambiente variável, pois está intimamente ligado à
percepção dos envolvidos, suas experiências e suas expectativas.
De acordo com Macedo; Alp, (2021):
[...] os colaboradores do estudo pareciam experienciar a escuta clínica nas
modalidades de triagem e plantão psicológico enfrentando dificuldades que os tiravam
da fantasia de uma formação ideal; e que o serviço-escola, mesmo sendo um lugar de
tensões, insatisfações e conflitos, era o espaço onde eles podiam, finalmente,
fortalecer a base para a construção de uma identidade profissional. (p. 13)
contextos, e não necessitam de horários pré-agendados, isso poderá proporcionar maior acesso
à comunidade que necessita do serviço psicológico de urgência (TASSINARI; DURANGE,
2019).
Para essa comunidade, ter acesso a esse tipo de atendimento pode ser uma possibilidade
de alívio, segundo Cury (1999) o plantão psicológico traz essa característica de promover alívio,
de fornecer orientação e apoio para quem busca ajuda imediatamente quando precisa. A oferta
de atendimento profissional imediato ao pedido de assistência de quem está em crise, e se sente
desesperada com muitos problemas faz com que a pessoa veja suas questões sobre novas
perspectivas.
No mesmo viés, Farinha e Souza (2016), defende que a palavra plantão recorre à ideia
de algo que se encontra em alerta, à espera. E Rosenthal (1999), completa a definição relatando
que o atendimento do plantão oferece uma oportunidade do próprio sujeito se escutar através
de uma interlocução diferenciada. Uma escuta que o oportuniza a identificar e reconhecer seus
próprios sentimentos, e preparando possibilidades de se auto direcionar, sem, contudo, se
submeter a psicoterapias sistemáticas e duradouras.
A pesquisa de Borges; Dantas; Brito (2017) iniciada em 2015 na Clínica Escola da
Universidade Federal do Ceará (UFC), contou com a participação de 36
estagiárias/extensionistas atendendo no formato de dupla. Foram realizados 1.710 atendimentos
no período entre 2015.2 à 2017.2. A pesquisa de Staliano et al., (2017) foi realizada na Clínica-
Escola de Psicologia da Universidade Federal da Grande Dourados, trata-se de um projeto de
extensão iniciado em 2014, onde, participaram 53 acadêmicos do último ano do curso de
psicologia ao longo do período compreendido entre 2014 a 2017. Os estagiários foram
distribuídos em dias e períodos da semana pré-estabelecido para ficarem de plantão. E também
Ortolan; Sei (2019) que realizaram através de um projeto de extensão, um estudo que se
concretizou através da análise de entrevistas estruturadas realizadas entre dezembro de 2016 e
janeiro de 2017 com os pacientes/clientes atendidos no período de setembro de 2015 a janeiro
de 2016, ou seja, mais de dez meses após a acolhimento no plantão psicológico de atendimento
único num serviço de SPA da universidade. A análise objetivou a compreensão da visão dos
usuários acerca do atendimento psicológico na modalidade de plantão no SPA. E a partir da
análise pretende-se repensar as práticas a fim de propor melhorias necessárias à comunidade
atendida. Para a realização do contato com os clientes/pacientes os estagiários se utilizaram de
ligações telefônicas.
Durante todo o processo de atendimento, no estudo de Borges; Dantas; Brito (2017),
eram preenchidos vários formulários a fim de manter o banco de dados dos acolhidos, e, ao
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2016, por sete meses. As autoras fazem o exame a partir dos dados de desistentes anteriores.
Elas relatam que comparativamente a 2013 que teve 45% de pacientes desistentes do tratamento
psicoterápico, a partir de 2014, apenas 25% dos pacientes encaminhados para psicoterapia
desistiram do processo. E apontam que em razão das experiências vividas e dos apontamentos
da literatura especializada, o atendimento no exato momento de sua procura aumenta a adesão
ao tratamento psicoterapêutico, alivia sua angústia e promove maior vinculação entre paciente
e plantonista (ROSÁRIO; NETO, 215; ORTOLAN, SEI, 2016 apud STALIANO, 2017. p. 8)
O atendimento da pesquisa de Borges; Dantas; Brito (2017) iniciou em 2015. Ele buscou
otimizar a fila de espera e preparar as acadêmicas numa perspectiva da clínica ampliada. Para
o início dos atendimentos os discentes passaram por capacitações e grupos de estudo regulares
sobre as especificidades do plantão, sobre as possibilidades interventivas, sobre o trabalho
multiprofissional e sobre as temáticas recorrentes. Foram realizados 1.710 atendimentos no
período de 2015.2 e 2017.1. Para além de um único atendimento no plantão psicológico,
verificou-se como respostas aos encaminhamentos o seguinte: 24,34% voltam para o segundo
atendimento e 46,77% encerram o processo no próprio contexto do plantão psicológico com a
construção do plano terapêutico. No que diz respeito aos encaminhamentos para psicoterapia
clínica conta-se com 28,86% de pacientes encaminhados para duas clínicas-escola diferentes.
Quanto a pesquisa de satisfação, verifica-se que quase 90% das pessoas atendidas recomendaria
o serviço para uma amiga(o), e retornaria ao serviço, caso fosse necessário, quase 70%
avaliaram que o serviço atendeu as suas expectativas e quase 80% ficou satisfeita com o
atendimento prestado, sendo que mais de 80% compreenderam como funciona o serviço de
plantão psicológico. Para seleção, optaram por atender adolescentes, adultos e idosos de forma
gratuita e emergencial, que chegassem ao serviço de forma espontânea ou encaminhados para
o serviço pela rede de atenção à saúde ou de atenção à assistência social do município.
O serviço tinha a seguinte estrutura: primeiro eram realizadas as entrevistas iniciais de
acolhimento; em segundo lugar, o acompanhamento, onde, caso necessário, era realizado
psicodiagnóstico interventivo, ou escuta e orientação, e, por último, o encerramento, que
poderia ser alta, encaminhamento para psicoterapia na própria clínica escola ou para serviços
externos, de avaliações diversas. Observa-se, na pesquisa, uma perspectiva bem característica
da clínica ampliada. Foram formadas parcerias com algumas instituições como Caps e Hospital
Universitário Walter Cantídio, e Clínicas-Escolas de outras instituições de ensino superior,
tanto públicas quanto particulares para atendimentos com preços acessíveis, aumentando assim
a rede de serviços para encaminhamentos necessários a promoção de saúde dos atendidos.
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Ortolan; Sei (2019) destacam ao citar Schimidt (2006) que essa articulação com as
demais instituições promove uma rede solidária de recursos na saúde mental e estreita os laços
entre as profissionais em formação e os serviços disponíveis na rede. Contudo, chama atenção
para um flagrante problema, a falta de diálogo entre os pontos da rede, caracterizando um
serviço frágil em organização, principalmente na saúde mental. Ponto em que a comunidade
universitária encontra o desafio de propor soluções para resolução da questão. Para as autoras,
que citam Almeida; Melo-Silva (2006), além da consideração da clínica ampliada, analisar a
visão do usuário de um serviço, verificando se o atendimento promove benefícios para ele,
possibilita mapear possíveis fragilidades e corrigi-las, com o objetivo de prestar um
atendimento cada vez mais próximo de suas necessidades. A pesquisa ouviu seis usuários,
avaliando questões que tiveram as seguintes perguntas norteadoras: por que procurou o plantão;
se o plantão o ajudou; o que achou da postura do plantonista e o que mudaria no serviço. Na
análise concluíram que a população possui pouco entendimento do que venha ser o plantão
psicológico que procuram, em sua maioria, um atendimento de longo prazo; também
verificaram que houve a clarificação da demanda pela usuária e sua autorresponsabilização e
alívio pela compreensão da questão trazida; quanto a postura da plantonista, as usuárias
consideraram que foi empática, esclarecedora, consoladora, competente, e que ocorreu um
rapport efetivo; na análise do serviço verificou-se pontos positivos e a sugestão de expansão
tanto na quantidade de dias, horários, como no número de profissionais disponíveis e subsídios
governamentais.
O Plantão Psicológico, configurou-se então, a partir dos estudos pesquisados como uma
importante modalidade dentro dos SPAs. Tanto no que diz respeito a formação da futura
psicóloga, desenvolvendo habilidades extremamente necessárias à sua atuação, quanto no
atendimento às necessidades urgentes que a contemporaneidade impõe a todos.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando o cenário atual, onde o mundo está cada vez mais acelerado, e junto dele
as pessoas também vivem aceleradas gerando quadros ansiosos crônicos; uma sociedade
marcada por profundas transformações, como rapidez de informações, que nem sempre são
verdadeiras, e junto com tudo isso, a amplificação do sofrimento humano, um modelo
alternativo de atendimento, que faça frente a tamanhos desafios, se faz de grande relevância.
Este trabalho teve como objetivo compreender como o atendimento dos SPAs no formato de
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reduzir as filas de espera, propicia que o sujeito consiga ser ouvido de forma mais imediata,
contemplando o momento da sua dor.
6. REFERÊNCIAS
BORGES, Isadora Luciana Furtado; DANTAS, Jurema Barros; BRITO, Liliana de Sousa.
Plantão Psicológico: acolhimento e escuta na Clínica Escola da UFC. Revista Extensão em
Ação, Fortaleza, v. 2, n. 14, p. 94-107, jul./ dez. 2017. Disponível em:
https://repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/52723/1/2017_art_ilfborgesjbdantas.pdf. Acesso em:
23 set. 2023.
MACÊDO S, Nunes ALP, Duarte MVG. Escuta clínica, triagem e plantão psicológico em
um serviço-escola pernambucano. Psicol Ciênc Prof. 2021;41. Disponível em: doi:
https://doi.org/10.1590/1982-3703003219706. Acesso em: 20 mai. 2023.
ROGERS, Carl; WALLEN, John L. Manual de Counselling. Fanhões: Encontro, 2000. 150
p.
STALIANO, Pamela; SILVEIRA, Márcio Alves; VANZ, Sandy; NAVARRO, Bruna Branco.
Plantão psicológico na clínica-escola de psicologia da Universidade Federal da Grande
Dourados. Realização: revista on-line de extenção e cultura, 2017, p. 33-45. Disponível em:
https://ojs.ufgd.edu.br/index.php/realizacao/article/view/7183/0. Acesso em: 29 set. 2023.
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