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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

PSICOLOGIA

POLIANA MARCIANO SANTOS, 201903472393


SILVIA ANDRÉA GOMES MENDONÇA, 201902192427

Plantão Psicológico em Serviços de Psicologia Aplicada

Artigo apresentado à disciplina de Produção


Avançada de Trabalho Acadêmico II, do curso
de Psicologia da Universidade Estácio de
Sá, como um dos pré-requisitos à obtenção do
título de Bacharel em Psicologia. Orientadora:
Jhayana do Couto Lins

CAMPOS DOS GOYTACAZES


2023
Sumário
1. Introdução.............................................................................................. 2
2. Objetivos ............................................................................................... 4
3. Materiais e Métodos .............................................................................. 4
4. Resultados e Discussão ......................................................................... 5
4.1 Plantão Psicológico e seu Histórico no Brasil ................................. 5
4.2 Como funcionam os Serviços de Psicologia Aplicada .................... 7
4.3 Possíveis impactos do Plantão Psicológico sobre a comunidade
atendida ........................................................................................... 9
5. Considerações Finais ........................................................................... 13
6. Referências .......................................................................................... 15
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PLANTÃO PSICOLÓGICO EM SERVIÇOS DE PSICOLOGIA APLICADA

Poliana Marciano Santos


Silvia Andréa Gomes Mendonça

RESUMO

Plantão Psicológico é uma modalidade de atendimento em psicologia em que o sujeito é


escutado no exato momento em que busca ajuda. Os serviços de psicologia aplicada (SPA) são
um espaço de consolidação da formação da psicóloga, através de serviços prestados a
comunidade. Nele as futuras psicólogas se deparam com as mais variadas situações que as
permitem colocar em prática todos os conceitos teóricos aprendidos estruturarando sua
formação. A universidade, desse modo, cumpre seu papel de formação e responsabilidade
social. Busca-se compreender como o atendimento dos SPAs em plantão psicológico impacta
as comunidades atendidas, a partir de estudos já desenvolvidos. Foi realizado levantamento
bibliográfico através de buscas nas bases de dados virtuais em saúde, especificamente no
Scielo; BVS, Lilacs, Index Psicologia – Periódicos, Sec. Est. Saúde SP e Google Acadêmico.
O idioma utilizado foi português, com as temáticas psicoterapia breve, psicoterapia centrada
na pessoa, acolhimento e prática psicológica, clínica escola, follow up, publicados entre 2017
a 2023. Entende-se que o tema é de grande relevância para a construção de uma prática de
atendimento psicológico que responda as necessidades da contemporaneidade, estimulando a
compreensão das suas questões. A formação da psicóloga apresenta-se como elemento de
grande importância nesse contexto. Há carência na discussão do quanto a modalidade de
atendimento no formato de Plantão Psicológico nos SPAs impacta quem realmente precisa
dele. Novas pesquisas precisam ser desenvolvidas ouvindo o principal ator deste processo, o
sujeito que procura ajuda.
Palavras-chave: Plantão Psicológico; Saúde Mental; Escuta na Urgência, Serviço de
Psicologia Aplicada, Formação da Psicóloga.

ABSTRACT

Psychological Duty is a type of service in psychology in which the subject is listened to at the
exact moment they seek help. Applied psychology services (SPA) are a space for consolidating
psychologist training, through services provided to the community. In it, future psychologists
are faced with the most varied situations that allow them to put into practice all the theoretical
concepts learned by structuring their training. The university, in this way, fulfills its role of
training and social responsibility. The aim is to understand how the service provided by SPAs
on psychological duty impacts the communities served, based on studies already developed.
A bibliographical survey was carried out through searches in virtual health databases,
specifically in Scielo; VHL, Lilacs, Index Psicologia – Periodicals, Sec. Est. Saúde SP and
Google Scholar. The language used was Portuguese, with the themes brief psychotherapy,
person-centered psychotherapy, reception and psychological practice, school clinic, follow-
up, published between 2017 and 2023. It is understood that the topic is of great relevance for
the construction of a practice of psychological care that responds to contemporary needs,
encouraging understanding of their issues. The training of a psychologist is an element of great
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importance in this context. There is a lack of discussion on how much the type of service in
the format of Psychological Duty in SPAs impacts those who really need it. New research
needs to be developed by listening to the main actor in this process, the person seeking help.
Keywords: Psychological Duty; Mental health; Listening in the Emergency Room, Applied
Psychology Service, Psychologist Training.

1. INTRODUÇÃO

Somos agentes de mudança social quando


colaboramos em planejamentos institucionais,
quando oferecemos nossa presença no cotidiano
da comunidade, ... (Rosenberg apud Tassinari in
SOUZA et al, 2015, p.11)

Para a formação da Psicóloga, as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) de 2011


estabeleciam em seu artigo 25 a necessidade de a instituição de ensino instalar Serviço de
Psicologia cujo funcionamento contemple tanto o desenvolvimento de habilidades e
competências do profissional que se deseja formar como também atenda às demandas da
comunidade que será por ele assistida (CPF, 2013). São as DCNs que definem as condições
para a oferta, os procedimentos para o correto planejamento, implementação e avaliação dos
cursos, bem como estabelecem e definem os princípios e fundamentos que devem ser
observados, no nosso caso, na formação da Psicóloga.
No dia 11 de outubro de 2023, foi publicado parecer homologando o projeto de
resolução que instituiu as novas Diretrizes Curriculares Nacionais1 para os cursos de gradução.
Foram, também, estabelecidas normas para o Projeto Pedagógico Complementar (PPC) que
visa a Formação de Professores da área. Essa nova Resolução entrou em vigor em 1º de
novembro de 2023, revogando-se a Res. CNE/CES nº 5, de 15 de março de 2011. Os cursos de
Psicologia em funcionamento têm um prazo de dois anos para se adaptar as novas regras. Consta
no artigo 16 das novas DCNs, a obrigatoriedade de o projeto de curso incluir, na estrutura
acadêmica, o Serviço-Escola de Psicologia.
O documento traz no parágrafo primeiro a definição de Serviço-Escola como um espaço
de prestação de serviços e articulação com a sociedade, facultando a integração de ações de

1RESOLUÇÃO CNE/CES Nº 1, DE 11 DE OUTUBRO DE 2023 - RESOLUÇÃO CNE/CES Nº 1, DE


11 DE OUTUBRO DE 2023 - DOU - Imprensa Nacional (in.gov.br)
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formação, pesquisa e extensão. No parágrafo segundo, estabelecem que as atividades


desenvolvidas no Serviço-Escola devem estar congruentes com o perfil do egresso e com as
demandas de serviço psicológico da comunidade. Portanto, se verifica que a formação da
Psicóloga precisa estar atrelada as necessidades que se apresentam no território onde se insere
a universidade, e com as características da comunidade, estando a profissional capacitada a lidar
com essa demanda.
Durante a formação, em cumprimento do estágio obrigatório supervisionado,
geralmente as estagiárias do curso de psicologia contam com a disponibilização de formatos
diversos de estágio. Estando disponíveis vagas para seu cumprimento em instituições
conveniadas, como hospitais, escolas, dispositivos de atenção psicossocial, por exemplo. Como
também na própria universidade que oferece o SPA (artigo 16 das novas DCNs). Neste, a
comunidade tem acesso a atendimento em psicoterapia individual no formato de psicologia
clínica, em diferentes abordagens psicoterápicas. Os atendimentos deste formato têm duração
de médio ou longo prazo, pré-agendados, sujeitos a fila de espera e interrupções necessárias em
função das férias semestrais. De modo geral, o atendimento obedece a ordem da fila de espera,
onde os clientes/pacientes são selecionados pelas alunas dentre as fichas disponíveis no banco
de dados para continuidade ou início do tratamento.
Registros de literatura científica relatam, historicamente, uma significativa procura nos
SPAs. Apesar do caráter emergencial das buscas, as pessoas são direcionadas para uma fila de
espera por atendimento, que costumam ser longas, e no contexto atual tendem a ser ainda
maiores. Vive-se hoje um período pós Pandemia da Covid 19, em que foram quase dois anos
em estado de isolamento social e suspensão de diversos serviços. Ocorreram muitas perdas de
entes queridos e perdas financeiras. Além disso, sustenta-se um longo período de guerras, de
tragédias naturais, numa sociedade onde a informação se propaga em milésimos de segundos,
informação nem sempre verdadeira, e quase tudo muda muito rapidamente. Tais condições
impõem novos paradigmas econômicos, trabalhistas, relacionais e de oferta de serviços. Diante
do cenário de tantas mudanças e transformações aceleradas, assiste-se ao aumento do
sofrimento das pessoas.
Todo esse contexto levou ao questionamento sobre quais seriam os impactos que outros
formatos alternativos à psicoterapia clínica tradicional, de médio ou longo prazo, promoveriam
no atendimento às demandas que se apresentam nos SPAs. Não é difícil observar a presença de
muitas queixas, e urgentes, sendo importante destacar que o cenário atual apresenta aspectos
bastante peculiares que trazem questões psicológicas como ansiedade, síndrome do pânico,
auto-mutilação, ideação suicida, violência doméstica, bournout entre tantas outras próprias da
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contemporaneidade. Para um contexto de grandes transformações tecnológicas, econômicas e


sociais, haveria um formato de psicoterapia que responderia as questões contemporâneas que
se apresentam?
A partir do levantamento bibliográfico inicial, foi verificado que no Brasil alguns SPAs
oferecem atendimento em formato de plantão psicológico como formato alternativo a
psicoterapia clínica. O plantão psicológico tem como principal característica voltar-se para
atendimento imediato em situações de urgência, não requerendo assim agendamento prévio.
Oferecendo ajuda no exato momento em que se precisa dela. Desse modo busca-se compreender
o quanto o atendimento do tipo plantão psicológico contribui tanto no aspecto formativo de
articulação da experiência teórica e prática, como na assistência a comunidade.
Nesse ponto, vale destacar o quanto o vínculo da universidade com as demais
instituições de prestação de serviços de saúde contribuiriam tanto na formação como na
promoção de saúde da comunidade onde ela se insere se trabalhasse numa perspectiva da clínica
ampliada, cumprindo com seu compromisso social e promotor de autonomia. Além de receber
e realizar encaminhamentos que se fizessem necessários aos atendidos da comunidade do
território. Assim, corroborando com o brilhante pronunciamento de Mahfoud citado por
Tassinani conforme epígrafe.

2. OBJETIVOS

Esta pesquisa bibliográfica teve como objetivo compreender como o atendimento dos
serviços de psicologia aplicada (SPA) no formato de plantão psicológico impacta as
comunidades atendidas nesse espaço, a partir de estudos já desenvolvidos.
Para cumprir tal objetivo, será apresentado o conceito de plantão psicológico e seu
histórico no Brasil; bem como a explicação de como funcionam os serviços de psicologia
aplicada; e a partir do estudo de dados secundários, a análise do impacto do serviço de plantão
psicológico como formato de atendimento alternativo à psicoterapia clínica nas comunidades
atendidas.

3. MATERIAIS E MÉTODOS

Foram realizadas, em abril/2023, pesquisas na base de dados virtuais em saúde,


especificamente no Scielo (Sientific Electronic Library Online); BVS (Biblioteca Virtual de
Saúde), Lilacs, Index Psicologia – Periódicos, Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo. O
idioma utilizado foi o português, com as temáticas psicoterapia breve, psicoterapia centrada na
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pessoa, acolhimento e prática psicológica, publicados nos anos de 2013 a 2023. Nelas restou
verificado a predominância de estudos do tema Plantão Psicológico realizado em outras
instituições, diferentes da pretendida nessa pesquisa, que buscou analisar o modelo num SPA.
Foram encontrados estudos em Hospital Geral, Escolas Públicas, Delegacia da Mulher, Sistema
Penitenciário Feminino, Distrito Policial, unidades de internação para adolescentes em conflito
com a lei, Centros de Referência Especializado de Assistência Social/Sistema Único de
Assistência Social (CREAS/SUAS), Serviço da Assistência Judiciária. Em sua maioria sob a
perspectiva das estagiárias, das supervisoras e das demais funcionárias envolvidas no
acolhimento e recepção, e muito menos sob a ótica da pessoa atendida. Havendo poucos estudos
qualitativos que analisem o plantão sob a perspectiva do usuário, em especial nos SPAs.
Isso levou as acadêmicas a pesquisarem em outubro/2023, na plataforma Google
Acadêmico. Nesta ocasião, utilizou-se das páginas em idioma Português, adotou-se o método
de revisão narrativa e valeu-se das temáticas: plantão psicológico, clínica escola, follow up,
com publicações entre os anos de 2017 a 2023. Como critério de inclusão, foram escolhidos os
artigos que continham no título a expressão Plantão psicológico em clínica escola ou Plantão
psicológico em serviço escola. Decidiram-se, então, por analisar os três estudos que serão aqui
apresentados, sendo dois datados de 2017 e um de 2021.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Plantão Psicológico e seu Histórico no Brasil

Tipicamente os processos psicoterápicos são oferecidos em formato de longa ou média


duração, já o atendimento realizado via plantão psicológico se dá em uma única sessão, ou
poucas sessões a depender do caso. Dentro dessa ideia de atendimento breve, Rogers (1987, p.
207-208 apud Rosenthal 1999, p. 16), afirma que a Psicoterapeuta necessita de reconhecer os
limites impostos pela complexidade da vida humana. Assumindo que não há como
desempenhar o papel de Deus na vida daqueles que o procuram, com a capacidade de
reorganizá-la e estruturá-la, visto que cada um traz suas idiossincrasias. Para ele, embora o
tempo seja considerado pequeno, a profissional pode oferecer ao cliente oportunidade para que
ele exprima livremente, seus problemas e sentimentos e ele próprio promova o reconhecimento
daquilo que enfrenta.
O acolhimento e a compreensão ao sujeito que necessita de ajuda poderão ser realizados
através de um contato casual, em algum ambiente que proporcione a possibilidade de escuta
ativa, qualificada, sensível, com enfoque na aproximação e encontro do sujeito e suas aflições
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emergenciais (ROGERS, 2000, p 115-116). Nesse sentido, Tassinari; Durange (2009, p. 47)
esclarecem:
Parece que Rogers percebeu que o acolhimento a urgência psicológica dispensava o
famoso setting terapêutico, e que a urgência podia ser atendida a partir das atitudes
facilitadoras, não limitadas pelas variáveis tempo (duração) e espaço (ambiente
físico), tão caras ao modelo tradicional de atendimento.

Do mesmo modo que Tassinari; Durante (2019), Farinha; Souza (2016) entendem que
o Plantão Psicológico é uma modalidade de intervenção psicológica que busca atender o sujeito
no exato momento da sua urgência. A importância da escuta profissional dá-se pela postura de
respeito e pela receptividade frente à situação existencial, as vivências do sujeito atendido e ao
contexto sociocultural em que está inserido, evitando julgamentos e preconceitos perante as
escolhas firmadas.
O berço do plantão psicológico é a universidade. Ele foi criado na década de 1960 no
Instituto de Psicologia da USP com atendimento à população desfavorecida. Para Cury
(TASSINARI; DURANGE, 2019, p.17) a realidade política, social e cultural vivida na época,
e hoje não é muito diferente, as questões atuais também contribuem enormemente para o
aumento do sofrimento humano. Vive-se um cenário com poucos profissionais, dificuldades
estruturais em que as práticas psicológicas tradicionais encontram dificuldades para conduzir
tamanha demanda da comunidade. Diante das circunstâncias precárias em serviços de saúde
mental, em 2015, foi o momento de a Universidade Federal da Paraíba, inovar, levando o
plantão para conjunturas com carência de oferta de serviços públicos na região do nordeste
brasileiro.
Dentro do contexto acadêmico em que muito se discute o “paradigma
psicopatologizante influenciado pelo tradicional modelo médico de diagnóstico-doença”
(DURANGE, apud TASSINARI; DURANGE, 2019, p. 32), é que se estabelece terreno fértil
para o estudo e reflexão de novos modelos alternativos que atendam as necessidades da
comunidade; uma comunidade que vive enfrentando problemas graves na promoção de saúde,
como dificuldades estruturais e carência de profissionais (CURY apud TASSINARI;
DURANGE, 2019).
Embora o plantão psicológico funcionasse no Brasil desde o final da década de 1960, o
primeiro artigo acerca do tema fora publicado em 1987. De autoria do Dr. Miguel Mahfoud,
que mais tarde organizaria a obra Plantão Psicológico: Novos Horizontes. A segunda edição
data de 2012, sendo a primeira em 1999 cujo prefácio contempla a seguinte declaração do Dr
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Wood2:
Assim, ambos os participantes – o plantonista e o indagador(a) – participam e se
beneficiam de uma educação intuitiva cujo objeto é a auto-realização. Em um
encontro da pessoa a pessoa como este, onde se procura dirigir a melhor parte de si
mesmo a melhor parte do outro com o propósito de curar a mente, o corpo e a natureza,
a essência da psicoterapia está, de fato, sendo redefinida. (MAHFOUD apud
TASSINARI; DURANGE, 2019, p.12)

Historicamente os serviços de plantão psicológico são oferecidos baseados na


Abordagem Centrada na Pessoa (TASSINARI; DURANGE, 2019). Porém, Cury (1999) cita
como inovação a participação de outras abordagens teóricas, como a cognitivista num serviço
implantado em clínica escola, ressaltando que isso explicita o aspecto vocacional das
instituições de ensino que é aliar a formação clínica com a necessidade da comunidade atendida.
O modelo de atendimento no formato de plantão psicológico surge como alternativa ao
modelo tradicionalmente ofertado, o de psicoterapia clínica. Este, realizado em consultórios
particulares, atende apenas 10% da população brasileira, sendo considerada uma prática elitista
(TASSINARI; DURANGE, 2019). Tassinari (2003) defende o desenvolvimento de uma
psicologia mais social, democrática e contextualizada em que o cliente seja acolhido no exato
momento em que busca alívio emocional e psicológico. Classificando esse momento como a
ocasião certa e apropriada, o momento oportuno, o melhor instante presente para que o sujeito
manifeste sua inquietação e vulnerabilidade.

4.2 Como funcionam os Serviços de Psicologia Aplicada

O Serviço de Psicologia Aplicada (SPA) é um serviço obrigatório, de acordo com as


DCNs tanto anteriores a este artigo quanto as atuais. Dentre seus objetivos vê-se o
desenvolvimento de habilidades e competências do profissional que se deseja formar, bem
como o atendimento às demandas da comunidade que será por ele atendida, cumprindo, desse
modo, com sua vocação de formação clínica do aluno e oferecimento de serviços psicológicos
compatíveis com as necessidades da comunidade que dele se utiliza (CURY, 1999).
Novas DCNs, em vigor a partir de 1º de novembro de 2023, estabelecem no artigo 16,
parágrafo primeiro a definição de Serviço-Escola como um espaço de prestação de serviços e
articulação com a sociedade, facultando a integração de ações de formação, pesquisa e extensão.
No parágrafo segundo, estabelecem que as atividades desenvolvidas no Serviço-Escola devem

2Dr. Jonh Keith Wood PhD em Psicologia, nasceu em 1934 nos EUA, contribuiu para a disseminação
e desenvolvimento da Abordagem Centrada na Pessoa no Brasil. (MOREIRA, V.; LANDIM, L.;
ROMCY, G. Jhon Keith Wood e a Abordagem Centrada na Pessoa no Brasil, Revista da
Abordagem Gestáltica – Phenomenological Studies – XX(1): 63-70, jan-jun, 2014.
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estar congruentes com o perfil do egresso e com as demandas de serviço psicológico da


comunidade. Portanto, se verifica que a formação da Psicóloga precisa estar atrelada as
necessidades que se apresentam no território onde se insere a universidade.
A Carta de Serviços sobre Estágios e Serviços-Escola (CFP, 2013, p.14) define que o
“Serviço-Escola é o espaço em que se articulam os estágios supervisionados que compõem a
formação da psicóloga e no qual ocorrem, no todo ou em parte, supervisões e atividades
práticas do estágio, além da coordenação dos estágios externos, obrigatórios ou não.” Portanto,
de modo geral, os atendimentos feitos neste espaço são prestados por estudantes de Psicologia
e não psicólogas formadas. Tais atendimentos são oferecidos no perído letivo, de modo que
num tratamento de longo prazo haverá a interrupção durante as férias semestrais com retorno
no outro semestre com a mesma estagiária ou até mesmo uma estagiária diferente.
Descreve-se o fluxo de atendimento num SPA, a partir do descrito por Staliano et al.
(2017) e o que se encontra de comum com as experiências das autoras em seu próprio estágio.
Primeiramente, os pacientes chegam à clínica por busca espontânea, deixam nome, contato
telefônico e queixa principal numa lista. Num outro momento, as estagiárias entram em contato
para agendar a primeira entrevista, chamada entrevista de triagem. A depender da fila de espera,
a distância entre a busca pelo serviço e o contato da estagiária pode ser considerável. Depois é
que o paciente/cliente será chamado para o tratamento. Destaque-se também o fato de que é a
aluna que escolhe quem irá atender, tanto para a primeira entrevista quanto para o tratamento a
partir da queixa principal relatada. Diferente do que ocorre no plantão que o plantonista fica a
disposição do inesperado. Fato que está muito mais de acordo com a realidade que esse
estudante irá encontrar quando já formado. Contribuindo para uma atuação profissional crítica
e socialmente contextualizada.
Cabe apontar ainda que, o Plantão se difere da triagem por não ter como finalidade o
encaminhamento imediato para os serviços oferecidos (MACÊDO; ALP, 2021). Muitas
questões são resolvidas no primeiro encontro. A resolução aqui diz respeito ao acolhimento da
pessoa no seu sofrimento, elaboração da questão que ela apresenta de modo que ela própria se
ouça e analise tal questão sob nova ótica. A triagem é uma coleta de dados sobre a questão
apresentada, sem intervenções e análise de perspectivas. Como destaca a Carta de Serviços
sobre Estágios e Serviços-Escola (CFP, 2013), a estagiária, em ambas situações, antes de iniciar
suas atividades no SPA, deverá receber por escrito as atividades que irá desenvolver naquele
espaço. Plantão Psicológico é uma modalidade de atendimento encontrada em alguns SPAs.
Staliano et al., (2017) e Borges; Dantas; Brito (2017) descrevem o Plantão como uma forma
contemporânea de atendimento. Ansiedade e insegurança são sentimentos comuns entre os
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plantonistas iniciantes, mas é nesse contexto que serão desenvolvidas as habilidades necessárias
para lidar com as demandas diversas que se apresentam. Muitas vezes com realidades sociais
completamente incompatíveis com as vivenciadas até então pela estudante. Lidar com o
inesperado no plantão provoca muito as plantonistas (CHAVES; HENRIQUES, 2008 apud
BORGES; DANTAS; BRITO, 2017, p. 97). E não existe uma técnica para o atendimento
(BRITO; DANTAS, 2017 apud BORGES; DANTAS; BRITO 2017, p. 97), para cada encontro,
uma nova descoberta e um novo significado.
Percebe-se que essa vivência de insegurança está presente nos relatos das estagiárias dos
diferentes SPAs analisados por essa pesquisa. Chegando a conjecturar que, apesar da grande
carga horária teórica do curso, não se consideravam preparadas para os atendimentos
(MACÊDO; ALP, 2021). Trata-se de um ambiente variável, pois está intimamente ligado à
percepção dos envolvidos, suas experiências e suas expectativas.
De acordo com Macedo; Alp, (2021):
[...] os colaboradores do estudo pareciam experienciar a escuta clínica nas
modalidades de triagem e plantão psicológico enfrentando dificuldades que os tiravam
da fantasia de uma formação ideal; e que o serviço-escola, mesmo sendo um lugar de
tensões, insatisfações e conflitos, era o espaço onde eles podiam, finalmente,
fortalecer a base para a construção de uma identidade profissional. (p. 13)

O SPA é o espaço cuja missão principal é o aprendizado e prática profissional dos


graduandos de psicologia, e o Plantão Psicológico é considerado uma das portas de entrada para
este serviço (MACÊDO; ALP, 2021). O estágio em Pantão Psicológico possibilita o
desenvolvimento de habilidades extremamente necessárias. Souza (2015) cita que as estagiárias
precisam enfrentar desafios importantes no trabalho do plantão, como identificar as
particularidades da comunidade; desenvolver empatia, atitude essencial ao trabalho do
terapeuta; adentrar na realidade social que se apresenta saindo do próprio mundo com teorias
prontas; desenvolver o poder transformador de uma escuta atenciosa, esclarecedora e
facilitadora. Para isso, há muito o que desenvolver, sendo necessária a disponibilidade
verdadeira para o imprevisível e a prática no estágio se dipõe a esse desenvolvimento.

4.3 Possíveis impactos do Plantão Psicológico sobre a comunidade atendida

O plantão psicológico tem como modalidade o atendimento psicológico imediato a


urgência. É caracterizado pela possibilidade de atendimentos quando o sujeito necessita e
procura ajuda, através da busca espontânea, com flexibilidade e disponibilidade de horários.
Como nesta modalidade os atendimentos podem ser realizados nos mais diversos locais e
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contextos, e não necessitam de horários pré-agendados, isso poderá proporcionar maior acesso
à comunidade que necessita do serviço psicológico de urgência (TASSINARI; DURANGE,
2019).
Para essa comunidade, ter acesso a esse tipo de atendimento pode ser uma possibilidade
de alívio, segundo Cury (1999) o plantão psicológico traz essa característica de promover alívio,
de fornecer orientação e apoio para quem busca ajuda imediatamente quando precisa. A oferta
de atendimento profissional imediato ao pedido de assistência de quem está em crise, e se sente
desesperada com muitos problemas faz com que a pessoa veja suas questões sobre novas
perspectivas.
No mesmo viés, Farinha e Souza (2016), defende que a palavra plantão recorre à ideia
de algo que se encontra em alerta, à espera. E Rosenthal (1999), completa a definição relatando
que o atendimento do plantão oferece uma oportunidade do próprio sujeito se escutar através
de uma interlocução diferenciada. Uma escuta que o oportuniza a identificar e reconhecer seus
próprios sentimentos, e preparando possibilidades de se auto direcionar, sem, contudo, se
submeter a psicoterapias sistemáticas e duradouras.
A pesquisa de Borges; Dantas; Brito (2017) iniciada em 2015 na Clínica Escola da
Universidade Federal do Ceará (UFC), contou com a participação de 36
estagiárias/extensionistas atendendo no formato de dupla. Foram realizados 1.710 atendimentos
no período entre 2015.2 à 2017.2. A pesquisa de Staliano et al., (2017) foi realizada na Clínica-
Escola de Psicologia da Universidade Federal da Grande Dourados, trata-se de um projeto de
extensão iniciado em 2014, onde, participaram 53 acadêmicos do último ano do curso de
psicologia ao longo do período compreendido entre 2014 a 2017. Os estagiários foram
distribuídos em dias e períodos da semana pré-estabelecido para ficarem de plantão. E também
Ortolan; Sei (2019) que realizaram através de um projeto de extensão, um estudo que se
concretizou através da análise de entrevistas estruturadas realizadas entre dezembro de 2016 e
janeiro de 2017 com os pacientes/clientes atendidos no período de setembro de 2015 a janeiro
de 2016, ou seja, mais de dez meses após a acolhimento no plantão psicológico de atendimento
único num serviço de SPA da universidade. A análise objetivou a compreensão da visão dos
usuários acerca do atendimento psicológico na modalidade de plantão no SPA. E a partir da
análise pretende-se repensar as práticas a fim de propor melhorias necessárias à comunidade
atendida. Para a realização do contato com os clientes/pacientes os estagiários se utilizaram de
ligações telefônicas.
Durante todo o processo de atendimento, no estudo de Borges; Dantas; Brito (2017),
eram preenchidos vários formulários a fim de manter o banco de dados dos acolhidos, e, ao
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encerrar o atendimento era preenchido um formulário específico para a pesquisa de satisfação


com o acolhimento, utilizou-se da escala Likert nessa pesquisa. Nela, eram avaliados dez itens,
dentre elas citam-se: qualidade do serviço, qualidade do atendimento e estrutura. Ao final de
cada semestre fazia-se uma análise dos dados obtidos para verificação da necessidade de
replanejamento do serviço e da dinâmica dos acolhimentos. No estudo de Staliano et al. (2017)
não foram realizadas pesquisas de percepção da comunidade atendida. Segundo as autoras, o
estudo proposto possuía três objetivos. O primeiro é a ideia de o plantão psicológico ter um
caráter profissionalizante; o segundo, a característica do serviço ser integrador com a
comunidade externa, concordando com a responsabilidade social da Universidade e o terceiro
inserir-se na Rede de Atenção à Saúde Mental e de Assistência Social. Em Ortolan e Sei (2019),
o serviço oferecido foi na modalidade de atendimento constante e estável em assistência única
de emergência psicológica. Observa-se aqui uma inovação quanto a estabilidade, característica
diferente dos demais estudos analisados. Porém, ele guarda semelhança com os demais estudos
que atendem tanto as pessoas que buscam o serviço espontaneamente, como também pessoas
encaminhadas por outros serviços, aqueles da rede de saúde mental e assistência social. Neste
ponto, a pesquisa mostra a tendência dos SPAs de buscar trabalhar numa perspectiva da clínica
ampliada, colocando a psicóloga em articulação com as políticas públicas.
Staliano et al. (2017) definem plantão psicológico como uma forma contemporânea de
atendimento, que, no caso em particular, utilizou-se da abordagem psicanalítica psicodinâmica
como referencial teórico clínico. Borges; Dantas; Brito (2017) concordam que o plantão
psicológico é uma forma contemporânea de prestação de serviço em saúde mental e acrescenta
que ele colabora com as propostas de rearticulação das práticas psicológicas, recorrendo à
fenomenologia como referencial teórico clínico nos acolhimentos. Ortolan; Sei (2019)
consideram o plantão psicológicoo como um espaço de escuta e acolhimento aos sujeitos em
sofrimento urgente com objetivo de, junto com o usuário em crise, clarificar a demanda que
surge do encontro.
O serviço oferecido na pesquisa de Staliano et al. (2017) tinha a seguinte estrutura:
primeiro eram realizadas entrevistas iniciais de acolhimento; depois, acompanhamento, onde,
caso necessário, era realizado psicodiagnóstico interventivo, ou escuta e orientação; e por
último, era realizado o encerramento que consistia em alta, ou encaminhamento para
psicoterapia na própria clínica escola ou para serviços externos de avaliações diversas. Foram
realizadas 566 entrevistas iniciais no período, sendo que nos anos de 2015 e 2016 ocorreu uma
greve dos docentes e técnicos administrativos federais que provocou, nestes anos uma redução
no número de atendimentos, visto que em 2015 só ocorreu atendimentos por cinco meses e em
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2016, por sete meses. As autoras fazem o exame a partir dos dados de desistentes anteriores.
Elas relatam que comparativamente a 2013 que teve 45% de pacientes desistentes do tratamento
psicoterápico, a partir de 2014, apenas 25% dos pacientes encaminhados para psicoterapia
desistiram do processo. E apontam que em razão das experiências vividas e dos apontamentos
da literatura especializada, o atendimento no exato momento de sua procura aumenta a adesão
ao tratamento psicoterapêutico, alivia sua angústia e promove maior vinculação entre paciente
e plantonista (ROSÁRIO; NETO, 215; ORTOLAN, SEI, 2016 apud STALIANO, 2017. p. 8)
O atendimento da pesquisa de Borges; Dantas; Brito (2017) iniciou em 2015. Ele buscou
otimizar a fila de espera e preparar as acadêmicas numa perspectiva da clínica ampliada. Para
o início dos atendimentos os discentes passaram por capacitações e grupos de estudo regulares
sobre as especificidades do plantão, sobre as possibilidades interventivas, sobre o trabalho
multiprofissional e sobre as temáticas recorrentes. Foram realizados 1.710 atendimentos no
período de 2015.2 e 2017.1. Para além de um único atendimento no plantão psicológico,
verificou-se como respostas aos encaminhamentos o seguinte: 24,34% voltam para o segundo
atendimento e 46,77% encerram o processo no próprio contexto do plantão psicológico com a
construção do plano terapêutico. No que diz respeito aos encaminhamentos para psicoterapia
clínica conta-se com 28,86% de pacientes encaminhados para duas clínicas-escola diferentes.
Quanto a pesquisa de satisfação, verifica-se que quase 90% das pessoas atendidas recomendaria
o serviço para uma amiga(o), e retornaria ao serviço, caso fosse necessário, quase 70%
avaliaram que o serviço atendeu as suas expectativas e quase 80% ficou satisfeita com o
atendimento prestado, sendo que mais de 80% compreenderam como funciona o serviço de
plantão psicológico. Para seleção, optaram por atender adolescentes, adultos e idosos de forma
gratuita e emergencial, que chegassem ao serviço de forma espontânea ou encaminhados para
o serviço pela rede de atenção à saúde ou de atenção à assistência social do município.
O serviço tinha a seguinte estrutura: primeiro eram realizadas as entrevistas iniciais de
acolhimento; em segundo lugar, o acompanhamento, onde, caso necessário, era realizado
psicodiagnóstico interventivo, ou escuta e orientação, e, por último, o encerramento, que
poderia ser alta, encaminhamento para psicoterapia na própria clínica escola ou para serviços
externos, de avaliações diversas. Observa-se, na pesquisa, uma perspectiva bem característica
da clínica ampliada. Foram formadas parcerias com algumas instituições como Caps e Hospital
Universitário Walter Cantídio, e Clínicas-Escolas de outras instituições de ensino superior,
tanto públicas quanto particulares para atendimentos com preços acessíveis, aumentando assim
a rede de serviços para encaminhamentos necessários a promoção de saúde dos atendidos.
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Ortolan; Sei (2019) destacam ao citar Schimidt (2006) que essa articulação com as
demais instituições promove uma rede solidária de recursos na saúde mental e estreita os laços
entre as profissionais em formação e os serviços disponíveis na rede. Contudo, chama atenção
para um flagrante problema, a falta de diálogo entre os pontos da rede, caracterizando um
serviço frágil em organização, principalmente na saúde mental. Ponto em que a comunidade
universitária encontra o desafio de propor soluções para resolução da questão. Para as autoras,
que citam Almeida; Melo-Silva (2006), além da consideração da clínica ampliada, analisar a
visão do usuário de um serviço, verificando se o atendimento promove benefícios para ele,
possibilita mapear possíveis fragilidades e corrigi-las, com o objetivo de prestar um
atendimento cada vez mais próximo de suas necessidades. A pesquisa ouviu seis usuários,
avaliando questões que tiveram as seguintes perguntas norteadoras: por que procurou o plantão;
se o plantão o ajudou; o que achou da postura do plantonista e o que mudaria no serviço. Na
análise concluíram que a população possui pouco entendimento do que venha ser o plantão
psicológico que procuram, em sua maioria, um atendimento de longo prazo; também
verificaram que houve a clarificação da demanda pela usuária e sua autorresponsabilização e
alívio pela compreensão da questão trazida; quanto a postura da plantonista, as usuárias
consideraram que foi empática, esclarecedora, consoladora, competente, e que ocorreu um
rapport efetivo; na análise do serviço verificou-se pontos positivos e a sugestão de expansão
tanto na quantidade de dias, horários, como no número de profissionais disponíveis e subsídios
governamentais.
O Plantão Psicológico, configurou-se então, a partir dos estudos pesquisados como uma
importante modalidade dentro dos SPAs. Tanto no que diz respeito a formação da futura
psicóloga, desenvolvendo habilidades extremamente necessárias à sua atuação, quanto no
atendimento às necessidades urgentes que a contemporaneidade impõe a todos.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando o cenário atual, onde o mundo está cada vez mais acelerado, e junto dele
as pessoas também vivem aceleradas gerando quadros ansiosos crônicos; uma sociedade
marcada por profundas transformações, como rapidez de informações, que nem sempre são
verdadeiras, e junto com tudo isso, a amplificação do sofrimento humano, um modelo
alternativo de atendimento, que faça frente a tamanhos desafios, se faz de grande relevância.
Este trabalho teve como objetivo compreender como o atendimento dos SPAs no formato de
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plantão psicológico impactam as comunidades atendidas nesse espaço, a partir de estudos já


desenvolvidos.
A partir das pesquisas realizadas verificou-se que o modelo de atendimento no formato
de Plantão Psicológico, apesar de ter seu início do Brasil na mesma década em que a Psicologia
foi instituída enquanto profissão (década de 1960), muito se tem ainda que produzir de estudos
e aceitação do paradigma de atendimento. A maior parte dos plantões psicológicos atendem sob
a perspectiva da abordagem existencial fenomenológica e a abordagem centrada na pessoa,
porém é necessário desenvolver estudos a partir da demais abordagens para verificação de como
as terapias cognitivo comportamental (TCC), a psicanálise, e a terapia analítica, por exemplo,
contribuiriam no atendimento de urgência.
Há a utilização do modelo nos mais variados contextos e metodologias. São observados
em instituições como escolas, hospitais gerais, Centros de Referência da Assistência Social
(CREAS/SUAS), delegacias, instituições de defesa de direitos, Sistema Penitenciário
Feminino, Distrito Policial, unidades de internação para adolescentes em conflito com a lei,
Serviço da Assistência Judiciária, assegurando o lugar da Psicologia nas diferentes dimensões
sociais. Porém, nas clínicas-escolas de onde sairão os profissionais que atuarão nessas
instituições, a oferta desse atendimento ainda é tímida, prevalecendo o modelo de atendimento
clínico.
A comunidade acadêmica considera o Plantão Psicológico uma prática muito importante
para a formação da Psicóloga, para o cumprimento das funções da Universidade, de formação
e responsabilidade social prestando serviços à comunidade onde está inserida, e para o
atendimento das necessidades dos usuários do serviço nas suas urgências. No entanto,
identificou-se que há uma necessidade de pesquisas mais aprofundadas sobre os impactos que
esse serviço imprime, principalmente, nas comunidades atendidas e, principalmente, sob a
perspectiva das pessoas realmente acolhidas nesse espaço.
Percebeu-se que para além da necessidade de implantação do plantão psicológico nas
clínicas-escolas, há também a carência da criação de modelos de formulários de pesquisas, bem
como registro em bancos de dados para análise do quanto o serviço atravessa as questões
contemporâneas do entorno da universidade, e o quanto ele apresenta de possibilidades para
elas.
A partir da revisão narrativa dos estudos aqui expostos, podemos notar que existe uma
procura significativa da comunidade pelos Serviços de Psicologia Aplicada, e na maioria dos
casos, em momentos de angústias e aflições. Diante disso, o Plantão Psicológico, além de
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reduzir as filas de espera, propicia que o sujeito consiga ser ouvido de forma mais imediata,
contemplando o momento da sua dor.

6. REFERÊNCIAS

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https://repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/52723/1/2017_art_ilfborgesjbdantas.pdf. Acesso em:
23 set. 2023.

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edição. Brasília, 2013, p. 14.

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