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PLANO DE ESTÁGIO EM PSICOLOGIA

ÊNFASE EM PROCESSOS EDUCATIVOS E SOCIAIS

Equipe de Estágio:
- Isabel Clarice Viana Oliveira Moreno (Matrícula: 1414474 / 9) Estágio 01
- Lina Mara Alves Pinho (Matrícula: 2014109 / 3) Estágio 01
- Maria Carolina Maciel Freire (Matrícula: 1821630 / 2) Estágio 01
- Tatiana de Fatima da Silva Chaves (Matrícula: 1923933 / X) Estágio 01
- Tatiana Holanda Muniz Rodrigues (Matrícula: 1921774 / 4) Estágio 01
- Aline Tiffany Custodio Luz (Matrícula: 1821983 / 2) Estágio 02
- Ester Cavalcante de Freitas (Matrícula: 1722278 / 3) Estágio 02
- Flora Stefanie Bezerra da Silva Cipriano (Matrícula: 1821646 / 9) Estágio 02
- Francisca Tayhana de Queiroz Oliveira (Matrícula: 1911917 / 3) Estágio 02
- Jéssyka Figueiredo Jorge Martins Gondim (Matrícula: 1821954 / 9) Estágio 02
- Danilo Pinheiro (Matrícula: 1514323 / 1) Estágio 02
- Gabriel Oliveira Silvino (Matrícula: 1712549 / 4) Estágio 02
- Kahena de Carvalho Gadelha (Matrícula: 1911924 / 6) Estágio 02
- Cecília Dantas Fontinele (Matrícula: 1622080 / 9) Estágio 03
- Gabriela Ferreira Barbosa (Matrícula: 1424157 / 4) Estágio 03
- Monique Ellen Dantas Ferreira (Matrícula: 1812125 / 5) Estágio 03

Equipe de Supervisão de Estágio:


- ALINE M. BARBOSA DOMÍCIO SOUSA (CRP - 11/2018) UNIFOR/CAPS Geral

Fortaleza - Ceará
2023
SUMÁRIO

I - INTRODUÇÃO 03

II - OBJETIVOS
2.1. Geral 04
2.2. Específicos 04

III - REVISÃO TEÓRICA


3.1. Conhecendo o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) no Brasil 07
3.2. Atuação como estágio em psicologia no CAPS Aquiraz 09
3.3. Projeto Florescer 10
3.4. Projeto Girassóis 11
3.5. Projeto Transparecer 12
3.6. Projeto Cuidando do Cuidador 14
3.7. Ações no Território através das UBS e da RAPS 14
3.8. Projeto Esperançar
3.9. Projeto Por que Cantar?
3.10. O CAPS Aquiraz e o Papel do Psicólogo

IV - METODOLOGIA DO TRABALHO EM CAMPO 16

V - CRONOGRAMA DE ATIVIDADES 21

REFERÊNCIAS 22
1. INTRODUÇÃO

O presente plano de estágio tem como objetivo principal apresentar uma proposta para a
realização dos estágios em processos educativos e sociais no primeiro semestre de 2023. O
estágio diz respeito ao cumprimento de carga horária da disciplina de Estágio em Processos
Educativos e Sociais (01, 02 e 03) do curso de graduação em Psicologia da Universidade de
Fortaleza (UNIFOR).
A proposta da prática psicológica em contextos educativos e sociais tem como diretrizes:
analisar a estrutura institucional socioeducativa; constituir o lugar do psicólogo junto aos grupos,
instituições, a partir do olhar em processos educativos, aprendizagem social e estudos sobre o
comportamento humano e a saúde mental em contextos socioeducativos, sob o planejamento e
desenvolvimento de estratégias próprias a estes (MARTINEZ, 2009).
Desse modo, este estágio tem espaço de atuação nos diferentes equipamentos que
compõem a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) de Aquiraz conforme descrição a seguir:

● Centro de Atenção Psicossocial (CAPS Geral) é um serviço aberto e comunitário inserido no


Sistema Único de Saúde (SUS) e objetiva o acolhimento de pessoas que sofrem com
transtornos mentais severos e ou persistentes, ofertando o cuidado integral promovendo a
socialização dos pacientes para viabilizar o bem-estar biopsicossocial, espiritual e cultural.
O CAPS é responsável por organizar a demanda e a rede de saúde mental em seu distrito,
supervisionando e capacitando os profissionais da rede básica e das unidades hospitalares,
regulando a porta de entrada da rede de assistência e cadastro dos pacientes que utilizam
medicação psiquiátrica (RAMMINGER, BRITO, 2011).
● O Núcleo de Atendimento Médico Especializado (NAME) é um serviço de atendimento
vinculado ao Sistema Único de Saúde (SUS) no município de Aquiraz, com o intuito de
atender pacientes de todas as idades com Deficiência Intelectual e Autismo, com prevalência
maior em crianças e adolescentes. Atualmente, o Núcleo está com uma demanda de 300
pacientes, sendo atendidos semanalmente pelos seguintes profissionais: Psicólogos,
Fonoaudiólogo, Terapeuta Ocupacional e Fisioterapeuta. Com o objetivo de proporcionar
um atendimento multidisciplinar visando a melhoria e desenvolvimento desses pacientes.

Assim, o grupo de estagiários irá realizar as atividades conforme as demandas de cada


serviço que compõem a RAPS Aquiraz. As atividades são distribuídas entre grupos operativos
e/ou socioeducativos, abordagens individuais, visitas domiciliares, participação em reuniões com
os profissionais da RAPS, ações de matriciamento, bem como ações de mobilização em saúde
mental do ponto de vista do município.
2. OBJETIVOS

2.1 GERAL - Realizar estágio em processos educativos e sociais no eixo da saúde mental
comunitária nos diferentes equipamentos que compõem a RAPS de Aquiraz, Ceará.

2.2 ESPECÍFICOS

2.2.1 CAPS GERAL

● Desenvolver um grupo operativo com jovens adultos de 18 a 25 anos a partir do tema


gerador “Gênero e Sexualidade” para promover um ambiente de trocas de experiências,
facilitando o processo de identificação e mobilização por parte dos integrantes do grupo no
processo de aprendizagem sobre o tema (PROJETO TRANSPARECER);
● Realizar grupo operativo com adultos na faixa etária entre 30 e 65 anos a partir da temática
do autocuidado para a promoção da saúde mental (PROJETO FLORESCER);
● Facilitar grupo operativo com mulheres entre 20 e 50 anos, a partir da temática dos desafios
enfrentados pelas mulheres na sociedade, objetivando uma ressignificação e identificação
do papel da mulher na sociedade (PROJETO GIRASSÓIS);
● Desenvolver ações socioeducativas visando promover saúde mental do trabalhador, com
foco nos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) de Aquiraz, a partir de entrevistas de ajuda
com membros da diretoria e facilitação de grupo operativo (PROJETO CUIDANDO DO
CUIDADOR);
● Realizar atendimentos individuais por meio de entrevistas de ajuda com as participantes dos
grupos de estágio (Projeto Gênero e Sexualidades, Projeto Florescer, Projeto Girassóis E
Projeto Cuidando do Cuidador);
● Fazer as triagens dos pacientes que chegam na instituição por demanda espontânea e através
de encaminhamentos;
● Realizar atividades temáticas em sala de espera durante os atendimentos no CAPS Geral de
Aquiraz.

2.2.2 NAME

● Realizar atendimentos de forma multidisciplinar por meio de atividades lúdicas promovendo


o desenvolvimento e a autonomia do paciente.
3. REVISÃO TEÓRICA

No presente trabalho iremos discutir acerca de como funciona os serviços dentro de cada
equipamento da RAPS de Aquiraz que irá receber neste semestre estagiários em processos
educativos e sociais matriculados na Universidade de Fortaleza (UNIFOR). Para além disso,
contextualizar o processo de inserção do serviço no país e especificar o papel do psicólogo, mais
diretamente no CAPS Geral e Infantil de Aquiraz, assim como preconiza possíveis funções para
atuação do psicólogo no SAD do mesmo município. Com isso, apresentar discussão a respeito da
atenção individual e grupal na Saúde Pública no país.

3.1. Conhecendo o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) no Brasil

A partir da Conferência Internacional sobre os Cuidados Primários de Saúde, em 1978,


ampliou-se o significado do termo "saúde", no qual passou a ser considerado como sinônimo de
qualidade de vida, retirando a ideia de ausência de doença (RODRIGUES et al, 2009). No Brasil,
a Luta Antimanicomial trouxe imensuráveis avanços para a Saúde Mental e com a criação do
Sistema Único de Saúde (SUS) as políticas públicas foram sendo criadas e direcionadas para um
atendimento territorial, reorientando o modelo assistencial.

Com isso, considerando a Lei 10.216, de 16/04/01, que contempla a proteção dos
direitos das pessoas com Transtornos Mentais, estabeleceu-se que os CAPS’s cumprissem com o
atendimento a pacientes com transtornos mentais severos e persistentes (BRASIL, 2002). Sendo
divididos em CAPS GERAL, voltados para atenção psicossocial da população adulta, CAPS AD
voltado para serviço especializado de atenção psicossocial para pessoas com transtornos
decorrentes do consumo abusivo de substâncias psicoativas e o CAPS INFANTIL para
atendimentos de crianças e adolescentes.

É dever do CAPS prestar serviço ambulatorial de atenção diária que compactua com os
princípios de territorialidade, universalidade e equidade. O atendimento de pacientes é definido
pela sua área territorial e em regime intensivo, semi-intensivo e não intensivo, a partir da
necessidade do usuário do serviço. A divisão entre CAPS I, CAPS II e CAPS III se dá a partir da
quantidade populacional de porte/complexidade e a assistência prestada deve incluir:

- Atendimento individual (medicamentoso, psicoterápico, de orientação, entre outros);

- Atendimentos em grupos (medicamentoso, psicoterápico, de orientação, entre outros);

- Atendimentos em oficinas terapêuticas executadas por profissional de nível superior ou


nível médio;
- Visitas domiciliares; atendimento à família. Atividades comunitárias enfocando a
integração do indivíduo com transtorno mental na comunidade e na inserção social e familiar do
mesmo; oferecimentos de refeição diária a partir dos turnos oferecidos pelo serviço, variando a
partir do porte do CAPS (BRASIL, 2002).
Os CAPS’s 1 são destinados a servir locais com população entre 20.000 e 70.000
pessoas, sendo referência para regiões de até 50.000 habitantes e não tem limite de idade para
atender aos pacientes, fazendo acompanhamento clínico, realizando tratamento medicamentoso e
psicoterápico, permitindo visita domiciliar e oferecendo atendimento à família (MINISTÉRIO
DA SAÚDE, 2002).
É válido ressaltar que os centros de referência psicossocial no Brasil surgem em lei
obrigatória em 2002, fruto do movimento de Luta Antimanicomial que lutou para desconstruir
uma cultura da institucionalização da loucura e buscava dar voz aos sujeitos desajustados a uma
sociedade. Contudo, mesmo com os avanços na prática da desinstitucionalização da loucura
ainda há muitos desafios a serem vencidos, como a repetição de práticas medicalizantes que
acontecem nos CAPS.
O serviço ambulatorial prestado pelos CAPS é um dos serviços que diferem do esperado
e acabam não abarcando a manutenção de redes de cuidado mental. Há superaquecimento do
sistema, no qual a quantidade de pacientes não é compatível com o porte do CAPS referido.
Ainda há um foco na centralização do indivíduo na “instituição” (RODRIGUES; CARVALHO;
XIMENES, 2011). Assim, o usuário se utiliza do serviço prestado, mas fora dali não há suporte e
inserção do sujeito em outras instituições na sociedade. As atividades a serem realizadas no
CAPS Geral são: atividades temáticas em sala de espera; triagens de pacientes; participação em
ações de matriciamento; ações de mobilização em saúde mental no território do município;
facilitação de grupos operativos e atendimentos individuais por meio de entrevistas de ajuda com
as participantes destes grupos.
Por fim, a triagem, conforme Cerioni e Herzberg (2016, p. 45-6) com “pacientes
motivados por um sofrimento, um momento de dor, de dúvida e muitas vezes de desesperança”,
que são oriundos por uma demanda espontânea ou encaminhados de outras redes de apoio do
Serviço CAPS. Nesse momento será realizado um espaço de acolhimento da demanda de cada
um e que permita ao paciente reconhecer-se como responsável por seus problemas e participar
ativamente na decisão acerca do encaminhamento.

3.2. Atuação como estágio em psicologia no NAME Aquiraz

O Estatuto da Criança e do Adolescente (BRASIL, 1990) atribui ao Sistema Único de


Saúde (SUS) a função de promover o direito à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas
sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso dos
mesmos (BRASIL, 2014, p. 17).
Por meio do acesso universal e equânime busca-se uma promoção de ações e serviços,
visando a proteção e a recuperação da saúde, voltados para o público de gestantes, parturientes,
nutrizes, recém-nascidos, crianças e adolescentes até os 18 anos (artigos 7º e 11 do ECA, 1990).
Com isso, o SUS por meio de suas Leis Orgânicas nº 8.080/1990 e nº 8.142/1990 e de suas
diversas políticas, assumiu responsabilidades sanitárias para com crianças, adolescentes e suas
famílias (BRASIL, 2014, p. 17).
Salienta-se, conforme o Ministério da Saúde, que todas as ações voltadas à população
Infanto juvenil devem pautar-se pelo Estatuto da Criança e do Adolescente e pela Lei nº
10.216 /2001, ressaltando-se a necessidade de viabilizar a presença e o acompanhamento de
familiares e/ou responsáveis nestes espaços. Cabe afirmar que, caso tal presença ou o
acompanhamento não seja possível, há que se garantir o acesso aos serviços da mesma forma
(BRASIL, 2014, p. 43).

3.3. Estágio no CAPS GERAL: Projeto Florescer

O Projeto Florescer é um grupo socioeducativo sobre autocuidado. Como o próprio nome


já sugere, autocuidado são formas, atitudes ou ações que o sujeito exerce pensando em seu
próprio bem-estar, e consequentemente, sua saúde física, psíquica, emocional e espiritual. Esse
autocuidado deve estar de acordo com os desejos, prazeres e interesses de cada sujeito e deve ser
exercido da forma que mais se adapte à sua rotina, visando sempre qualidade de vida,
autoconhecimento, autocuidado e autoestima.

O projeto é formado por um grupo operativo com adultos entre 25 e 65 anos com
histórico de ansiedade e depressão. O objetivo é trazer a reflexão ao grupo sobre o que é o
autocuidado e o que cada indivíduo tem feito para atingir essa meta, mostrar formas de incluir
esse autocuidado no dia a dia, incentivar a prática de atividades e ações de autocuidado, olhando
sempre para si próprio de uma forma mais gentil e respeitosa, se colocando como prioridade e
buscando a saúde mental, emocional e física. Serão realizadas as atividades de sala de espera e
triagem de pacientes. Outra demanda importante que tem chegado ao serviço e que será
contemplada pelo estágio é a aproximação com a comunidade e outros componentes da rede para
a saúde mental.

Desse modo, atividades como rodas de conversa fora do ambiente do CAPS, dinâmicas,
reflexões, momentos lúdicos terão o objetivo de fazer uma integração com a comunidade,
buscando uma mudança de hábitos priorizando o autocuidado, e consequentemente, o amor
próprio e bem-estar.
O objetivo proposto pelo grupo é proporcionar um lugar no qual seus participantes
possam desenvolver vínculos e se sentirem acolhidos para que tenham um ambiente de melhor
aprendizado sobre si. Nesse sentido, nos ancoramos em Svartman e Fernandes (2003), que
consideram que a existência de um grupo está intimamente ligada à construção de um vínculo na
interação afetiva e comunicacional. Compreende-se que vínculo consiste em: "Uma estrutura
complexa que inclui um sujeito, um objeto e sua mútua inter-relação com processos de
comunicação e aprendizagem”. (Pichòn-Riviére, 2005, p. 5)

Utilizamos como base o conceito de grupo operativo desenvolvido por Pichòn-Riviére.


Esse tipo de grupo se desenvolve centrado na tarefa, que permite ao usuário a apropriação de sua
condição de sujeito, bem como a elaboração de estratégias e táticas que lhe possibilitam intervir
nas mais variadas situações. O enfoque dos grupos operativos é a mobilização de estruturas
estereotipadas e dificuldades de aprendizagem e comunicação geradas pelo acúmulo de
ansiedades diante da mudança. Assim, o esclarecimento, a comunicação, a aprendizagem e a
resolução de tarefas condizem com a cura, criando um novo esquema referencial.

Entendemos que a situação grupal privilegia o aprendizado sobre si mesmo e sobre a


realidade vivida. Consideramos, pois, que a eficácia para a produção do autoconhecimento está
na troca de experiências e significados. Como afirma Pichon-Rivière (2005), “o grupo é o agente
da cura, e o terapeuta reflete e devolve as imagens dessa estrutura em contínuo movimento”
(Pichon-Rivière, 2005 p. 16)

3.4. Estágio no CAPS Geral - Projeto Girassóis

O controle sobre o corpo e o comportamento feminino está presente nas mais variadas
sociedades e culturas desde tempos imemoriais. Se antes do biopoder o controle sobre as
mulheres era baseado numa tradição patriarcal, com a chegada do discurso científico este ganha
status de verdade absoluta e as amarras só mudam o modelo, mas permanecem lá e,
evidentemente, ainda servindo ao patriarcado, mas agora a um patriarcado vestindo a beca da
ciência. Não demorou e a mulher passou a ocupar um lugar de doente, de histérica e,
consequentemente, alguém que precisava fazer uso de medicamentos constantemente.
Ao longo dos anos, a patologização dos corpos femininos foi ganhando novos contornos
e, com isso, diferentes terapêuticas ou tentativas de cura. A exemplo disso, entre os anos de 1930
e 1940, havia uma profusão de medicamentos e produtos da indústria farmacêutica que
prometiam livrar a mulher dos sofrimentos causados pelo período menstrual. Eram os chamados
regulares. Havia a narrativa de que a mulher, por natureza, era doente e que precisava ter a sua
condição pelo menos amenizada. Dessa forma, todo comportamento feminino era reduzido ao
funcionamento de seu sistema reprodutivo. Associado a isso, obviamente, observa-se um número
cada vez maior de pessoas diagnosticadas com transtornos mentais.
Inúmeros estudos têm alertado sobre esse fenômeno. Em uma dessas pesquisas, Daniel
Freeman (2013) afirmou que mulheres têm risco 40% maior de desenvolver algum transtorno
mental. Em um outro levantamento feito pela empresa Funcional Health Tech, entre os anos de
2014 e 2018, aponta que as mulheres na faixa dos 40 anos são as maiores consumidoras de
antidepressivos. Já a pesquisa realizada pela distribuidora de medicamentos americana Medo
Health Solutions chegou à conclusão de que mulheres tendem a tomar mais medicamentos para
combater sintomas de depressão, ansiedade ou deficiências de atenção. Segundo o levantamento,
uma a cada quatro mulheres norte-americanas faz uso de psicofármacos.
É preciso levar em conta os fatores socioculturais que pesam sobre a mulher numa
sociedade que muito lhe exige e pouco lhe dá em troca. Pesquisando sobre essa relação entre
mulheres e psicofármacos, descobrimos uma boa variedade de estudos que trazem à tona a
questão do lugar social feminino e os fatores de risco a que elas são submetidas. Vidal et al
(2013) acende um alerta para uma possível relação entre a violência doméstica sofrida por
mulheres e o modo como isso afeta a saúde mental delas.
Diante disso, o Projeto Girassóis busca realizar grupo socioeducativo com o objetivo de
trazer para o debate temas que fazem parte do universo feminino. São temáticas que abordam a
maternidade, a insegurança com relação aos padrões de beleza, a mulher no mercado de trabalho,
a violência contra as mulheres, entre outros que serão trazidos por elas.
Os grupos permitem que seus integrantes reflitam a respeito de sua experiência e também
sobre o processo de aprendizagem, pautando-se na comunicação, cooperação e autonomia de
seus integrantes. Segundo Bleger (2007) na aprendizagem há uma relação entre os aspectos
objetivos e subjetivos, esses aspectos têm como propostas serem trabalhados no grupo. Para
Afonso (2006, p. 372) “[...] mais do que transmitir conhecimentos, as ações educativas em saúde
devem promover a reflexão e a apropriação desses conhecimentos pela população, ampliando a
sua compreensão da saúde e potencializando sua busca por qualidade de vida”. As atividades
grupais, ainda podem contribuir como espaços para detecção de doenças e orientação para a vida
com intuito de potencializar o sujeito na superação de seus problemas e recolocar-se no ambiente
familiar e social. (CFP, 2010)
De acordo com Mota e Costa (2017) os atendimentos individuais configuram-se como
uma prática fortemente marcada pelo psicólogo. Essa prática indica uma cultura profissional de
clínica individual para ajustamento dos pacientes à sociedade, quando o CAPS estimula a
reintegração destas pessoas ao convívio comunitário não por este ajustamento, mas por sua
singularidade. Produzir o cuidado não é agir mecanicamente, mas respeitar a individualidade de
cada um e compreender o sujeito de forma integral e completa. No CAPS, os sujeitos são vistos
como seres humanos dignos de respeito e atenção, conforme Benevides, et al. (2010).

3.5 Estágio no CAPS Geral - Projeto Transparecer

Em 1973 a Associação Americana de Psiquiatria despatologizou a homossexualidade,


retirando-a da segunda edição do Manual Diagnóstico Mental (DSM-II). Após essa medida, a
Associação Americana de Psicologia (APA) defendeu publicamente a homossexualidade,
explicando que não implica qualquer desajustamento na pessoa homossexual e que os
profissionais de saúde mental têm uma responsabilidade ética, social e profissional, na
desconstrução do estigma estruturado sobre essas pessoas. (MOLEIRO & PINTO, 2009)

Já em 1990, a CID-10 redefiniu compreensão sobre o fenômeno da Transexualidade a


colocando em uma nova categoria, que foi a do Transtorno de Identidade de Gênero. A
Associação Americana de Psiquiatria, em 1980, ao publicar o DSM III, descreveu e classificou
pela primeira vez em seu sistema a transexualidade na categoria Transtornos Psicossexuais. Foi
então que nos anos de 1990, inicia-se um movimento que vem afirmar que as demais variações
de gênero são normais, e que busca com isso que os critérios diagnósticos sejam reavaliados,
focando principalmente no estigma associado às variações de gênero (SOLL, 2016).

Uma das conquistas desses movimentos foi na publicação do DSM 5 que “despatologiza”
a identidade passando a classificar apenas a disforia (mal-estar) de gênero e inclui também
identidades de gênero, além do binarismo masculino e feminino. E atualmente há a proposta que
a CID-11 remova a Transexualidade presente na CID-10 da lista de doenças mentais. (SOLL,
2016). A patologização está presente na vida da pessoa LGBTQIA+ há muito tempo, por ser
algo que foge do padrão estabelecido socialmente, a sociedade utilizou-se de discursos médicos
baseados em manuais de diagnósticos para discriminar, marginalizar e colocar determinados
grupos à margem da sociedade. Fazendo assim com que essas pessoas sofressem uma série de
opressões e discriminações.

Segundo Cardoso (2012), pessoas que pertencem a um ou mais grupos marginalizados


podem sofrer opressão resultante da interseccionalidade dos grupos dos quais pertencem. Em
nossa sociedade em que o “padrão” dominante é ser: homem, classe média, heterossexual e de
cor branca, todos que estão fora dessas categorias sofrem alguma forma de discriminação na
sociedade. Na teoria da interseccionalidade tem como propostas compreender como as várias
categorias culturalmente construídas interagem a múltiplos níveis para manifestarem em termos
de desigualdade social.
Não se pode generalizar as mesmas formas de discriminação sofridas, por exemplo, de
homem branco, gay do Sul do Brasil, de classe econômica média ou alta, com uma mulher
negra, lésbica, que vive na periferia da região nordeste do país. Entre outras palavras, a classe
social, a orientação sexual, o trabalho desempenhado, a raça, a religião, a nacionalidade e a
regionalidade são categorias que influenciam direta e indiretamente, formas distintas de
discriminação.

As definições de comunidade tem sido cada vez mais abrangentes, a vista disso, podemos
apontar que comunidade é um grupo na qual se compartilha valores em comum, há um certo
grau de organização e interação duradoura de tempo e espaço, construções históricas de vínculos
com as mesmas necessidades, problemas sociais e um sistema próprio de representação social.
Na psicologia comunitária apresenta-se três características acerca dos estudos de comunidade:
participação da mesma cultura, sentimento de pertença e vinculados ao território (GÓIS, 2015).

Na comunidade LGBTQIA+ por não se adequarem ao modelo cisnormativo


característico da sociedade do patriarcado, sexíssimo e heteronormativos, os mesmo acabam
vivenciando no cotidiano opressões, discriminação e preconceito, assim, contribuindo para o
manuseio da desigualdade social. Dentro desse sistema de vulnerabilidade encontram-se três
pilares que contribuem para a não vivência da cidadania; os discursos religiosos,, o contexto
político e familiar e por último o ambiente escolar (CURADO, SANTOS 2011). É nesse meio de
desigualdades sociais que o projeto Transparecer tem como intuito de desenvolver atividades.

3.6. Projeto Cuidando do Cuidador

O agente comunitário de Saúde (ACS) é um profissional que integra a equipe da


Estratégia Saúde da Família (ESF), atuante em determinado território visando a consolidação e
ampliação da Atenção Primária à Saúde (APS), como preconizado pelo Sistema Único de Saúde
(SUS). Entre as atribuições do ACS constam
Art. 3°. (...) atividades de prevenção de doenças e
promoção da saúde, mediante ações domiciliares ou
comunitárias, individuais ou coletivas, desenvolvidas em
conformidade com as diretrizes do SUS e sob supervisão
do gestor municipal, distrital, estadual ou federal.”
(BRASIL. Câmara dos Deputados, Lei 11.350/2006).

Assim, compreende-se como fundamental o papel desempenhado pelo ACS na garantia de


acesso à saúde, na construção do vínculo entre usuário e equipe de referência, acompanhamento
das condições de saúde da comunidade e continuidade do cuidado (SILVA, 2022). Considera-se
ainda que o ACS atua, preferencialmente, no território onde ele próprio reside, de forma que
além de profissional com profundo conhecimento das demandas da comunidade, é também, ele
próprio, afetado pelas condições sociais do território, que podem ser atravessadas por violências,
injustiças sociais, disputas políticas e/ou outros tipos de agravos sociais que são vivenciados
pelos ACS’s enquanto moradores do território e intensificados por sua condição de trabalhadores
da APS, na linha de frente da ESF, lidando diariamente com as demandas familiares durante as
visitas domiciliares (SILVA, 2022. JULIO, et. al., 2022), inclusive, sendo os ACS’s os
profissionais da APS mais afetados por sofrimento psíquico, com indicadores de ansiedade e
depressão (JULIO, et. al., 2022).
Apesar da importância da ESF para a APS, a atualização da Política Nacional de Atenção
Básica (PNAB) em 2017 trouxe retrocessos significativos e precarização do SUS, fragilizando a
ESF e impactando negativamente a atuação do ACS (SILVA, 2022. JULIO, et. al., 2022).
Acrescenta-se a esse cenário a pandemia da COVID-19 e seu impacto nas condições de
trabalho, sobrecarga de trabalho em função de equipes incompletas, o medo e incertezas diante
do cenário pandêmico e isolamento social, o que impactou prejudicialmente na saúde mental dos
ACS’s, assim como nos profissionais de saúde da APS de modo geral (SILVA, 2022. JULIO, et.
al., 2022).
É nesse contexto de precarização do SUS, fragilização da APS, diminuição de
financiamento da ESF, pandemia da COVID-19, fatores associados aos já existentes problemas
territoriais e comunitários dos quais os ACS’s vivenciam como moradores e profissionais de
saúde, que se faz necessário o mapeamento das condições psicoemocionais dos ACS’s visando a
construção de ações socioeducativas e/ou interventivas capazes de promover saúde mental,
prevenir adoecimento ou agravamento de sofrimento mental e, quando e se necessário, realizar
os encaminhamentos pertinentes.
Para tanto, será realizada uma escuta qualificada através da modelo de entrevista de ajuda
(BENJAMIM, 2008) com os conselheiros da Diretoria Executiva e do Conselho Fiscal da
Associação dos Agentes de Saúde de Aquiraz (AASA), de forma individual, visando o
levantamento das necessidades dos agentes comunitários de saúde (ACS) em relação as ações da
AASA, assim como o papel enquanto conselheiros, identificando potencialidades para, a partir
desse levantamento, construir juntamente à AASA, seus conselheiros e associados o
planejamento de ações socioeducativas que facilite e potencialize a transformação de situações
conflitivas e fortalecimento do grupo como um todo.

3.7. Ações no Território através das UBS e da RAPS

As ações a serem realizadas nas UBSs, e em outros componentes da RAPS de Aquiraz,


fazem parte de um modelo de cuidado em Saúde Mental que busca descentralizar os saberes
especificamente dentro do CAPS e potencializar a rede para ofertar cuidados a essa população,
dentro do seu território. Para isso, serão realizadas ações integradas e contínuas entre as equipes
a partir da participação do grupo de estágio do CAPS Geral, bem como do apoio matricial.
Dentre os territórios do Município de Aquiraz, algumas áreas serão mais diretamente assistidas
nesse momento. São elas: Patacas/Araças; Chácara da Prainha; Jenipapeiro/Ribeira e Serpa.
As ações no território serão realizadas tanto nas UBSs, através de atividades do tipo roda
de conversa, grupos socioeducativos, sala de espera, visitas domiciliares (acompanhamento da
equipe profissional no Projeto Andorinha Voa) e eventuais projetos pontuais que possam ser
realizados em colaboração entre equipes.
Patacas/Araçás

Nossa ação na UBS de Patacas e Araçás ocorreu em três estágios iniciais: mapeamento,
matriciamento e busca ativa. Primeiramente fizemos um mapeamento no CAPS geral da
população que reside nessas localidades, visando compreender as principais necessidades desses
usuários, após uma busca feita nos prontuários identificamos que muitos destes estavam à
procura do CAPS para renovação de receitas, com queixas diagnosticadas na maioria dos
prontuários com transtornos ansiosos e depressivos de nível leve a moderado, acarretando o
aumento da fila de espera por atendimento no CAPS geral. No segundo estágio da nossa ação
entramos em contato com a enfermeira chefe da UBS para uma intervenção coletiva de apoio
matricial visando compreender a lógica dos encaminhamentos indiscriminados.
O apoio matricial, segundo Chiaverine (2011), visa lançar um novo olhar para a lógica
tradicional no qual se baseia o sistema de saúde, por meio de ações mais horizontais, nesse
sentido almeja-se sair dos problemas hierarquizados na verticalidade como, por exemplo, as
transferências de responsabilidade, possíveis falhas de comunicação entre os serviços, o
surgimento das filas de espera e consequentemente uma perda de vínculo dos usuários com a
UBS local. Após uma reunião com a equipe matriciadora composta pela coordenadora
Municipal de saúde mental de Aquiraz, os coordenadores dos CAPS (geral, infantil e AD), a
equipe da ESF composta por médicos e enfermeiras da UBS, uma estagiária de psicologia e duas
alunas de estágio em práticas comunitárias da UNIFOR, onde todos foram ouvidos, ressaltou-se
a necessidade em pensar nas questões de diagnóstico, encaminhamentos e excesso de
medicalização da população.
Assim, a equipe da ESF revela o que sabe sobre os hábitos dos usuários do serviço,
informações sobre o contexto familiar dos mesmos, suas formas de viver em comunidade e sua
rede de apoio social ou pessoal. Deste modo, a equipe de matriciamento contribui com seus
conhecimentos sobre saúde mental, possíveis contribuições nesse sentido e o impacto que a
realização desse trabalho pode exercer positivamente na vida desses usuários (Ministério da
Saúde, 2011).
Nessa intervenção coletiva as questões que emergiram foram pautadas na
horizontalidade e dentro do campo das possibilidades fomos nos encaminhando para nossa
terceira fase de busca ativa, feita pela equipe da estratégia em saúde da família (ESF) em
parceria com os estagiários de psicologia sobre a supervisão e orientação da coordenadora do
CAPS geral. Em um segundo encontro matricial com a coordenadora do CAPS geral, a
enfermeira chefe da UBS e duas estagiárias de psicologia, foram definidas a criação de dois
grupos, com base nas abordagens individuais, no mapeamento dos usuários do CAPS e as
demandas espontâneas que surgiram na UBS.

Com relação à dinâmica de funcionamento dos grupos, ficou definido que um grupo
acontecerá de forma quinzenal com a facilitação de uma estagiária e co-facilitação dos
estudantes de psicologia comunitária, visando abranger a prevenção as violências contra o
feminino. O segundo grupo proposto acontecerá semanalmente e contará com a facilitação de
dois estagiários do CAPS geral. O grupo será desenvolvido para usuários que já realizaram
tratamento psicológico e/ou psiquiátrico para ansiedade ou ainda em tratamento, cadastrados na
UBS de Patacas e Araçás, que já foram ou seguem em tratamento no CAPS geral de Aquiraz.

Grupo Esperançar: dialogando com a ansiedade


Definida a partir do DSM-V como uma antecipação de uma ameaça futura, a ansiedade é
dada como uma das principais patologias contemporâneas. Em si, ela é concebida como parte
das funções reguladoras do psiquismo, tendo, por tanto um papel importante dentro das
capacidades adaptativas e de desenvolvimento. Contrastada então com o medo, que seria uma
resposta emocional característica a um determinado objeto real ou percebido na realidade.
Dito isso, os transtornos ligados ao espectro da ansiedade são marcados justamente por
uma desregulação desse afeto, pelo seu excesso e pelas perturbações sintomáticas derivadas.
Esses transtornos diferem entre si nos tipos de objetos ou situações que induzem medo,
ansiedade ou comportamento de esquiva e na ideação cognitiva associada. Seu quadro
sintomático engloba diversos tipos de fenômenos que podem ter sua causalidade tanto por
fatores culturais como biológicos, categorizados desde situações de sociabilidade, falar em
público, medo de estar determinados lugares (abertos ou fechados), estar sozinho em casa ou não
conseguir sair de casa, ansiedade induzida pelo uso de substâncias até evoluções para quadros de
transtornos de pânico, isolamento social e depressão.
Partindo dessa premissa descritiva, agora em termos mais contextuais, muitos autores
contemporâneos associam os transtornos da ansiedade a nova configuração de organização
social, principalmente no que diz respeito às modalidades de produção e consumo dentro das
instituições dentro sociedade capitalista, a novas formas de organização do trabalho e dos laços
socias promovidos pelo advento da vida digital.
Nesse sentido, afirma-se que estamos diante não só de um novo ordenamento do espaço,
mas que essencialmente estamos estabelecendo uma nova forma de vida caracterizada por uma
nova relação com tempo, um tempo em aceleração, portando uma vida em aceleração. Como
afirma Dunker (2020), a ansiedade seria um sintoma característico de uma patologia do tempo
“na qual o futuro se estreita e se objetiva”. Dessa forma, assim como os transtornos depressivos
estão intimamente ligados ao tempo do passado que não passa, a ansiedade “é uma forma de
angústia (...) ‘expectante’, ou seja, uma angústia prisioneira do tempo futuro e desgarrada do
passado. A ansiedade é expectativa mal posta, desejo mal encaminhado.”.
O objetivo proposto pelo projeto Esperançar se baseia na formação de grupos operativos
com temáticas sobre ansiedade. Nos encontros que poderão acontecer de duas modalidades em
espaço fechado ou em formado de roda de conversa, visaremos mediar reflexões e debates com o
intuito de promover um espaço de acolhimento e aprendizagem mútua, de escuta e afeto. O
grupo será desenvolvido para pessoas que já realizaram tratamento psicológico e/ou psiquiátrico
para ansiedade ou ainda em tratamento, cadastrados na UBS de Patacas e Araçás que já foram ou
seguem em tratamento no CAPS geral de Aquiraz. Destinado para jovens e adultos a partir de 18
anos, os encontros acontecerão todas as quartas-feiras de 14 a 15h.

Projeto Por que cantar?


O projeto Por que cantar? Resulta dos atendimentos individuais feitos na UBS de Patacas
e Araçás, após análises das entrevistas de ajuda feitas pela supervisora e os estagiários de
psicologia durante o processo de levantamento de necessidades da unidade para à formulação de
processos grupais no campo da psicologia comunitária. Ao analisarmos os prontuários, concluiu-
se que a maioria das pacientes atendidas nas entrevistas de ajuda eram mulheres que sofrem ou
já sofreram algum tipo de violência. De acordo com Santos (2019) a violência doméstica não
ocorre somente no ato físico de bater, verifica-se que ela pode acontecer em cenários de
violência física, emocional, psicológica, sexual, de negligência e exploração de mais-valia no
mercado de trabalho.
Nesse sentido é necessária uma compreensão das diversas formas de violência. A
violência física é caracterizada pelo uso da força com a intenção de ferir, deixando as marcas da
agressão evidentes ou não. Comumente surgem relatos de mulheres vítimas de queimaduras,
murros, tapas agredidas com variáveis tipos de objetos que causam lesões diagnosticáveis. A
violência sexual ocorre por meio do abuso do poder no qual a pessoa que sofre o ato é usada para
satisfazer sexualmente o agressor sem o seu consentimento, persuadida ou coagida a praticar
relações sexuais com, ou sem violência física. A violência psicológica ou emocional é tão
prejudicial quanto a física e a sexual. Caraterizada geralmente por discursos humilhantes, gritos,
insultos, desrespeito, discriminação, privação de afeto, de amor, de liberdade, deixando marcas
invisíveis e prejudiciais na saúde das vítimas (Azevedo e Guerra, 2007).
Portanto utilizaremos o grupo de vivências e arteterapia com o fito de contribuir para o
resgate das potencialidades dessas mulheres vítimas desses variados tipos de violência. A
arteterapia, segundo Ginger (1995), é interpretada como um recurso que visa o fortalecimento do
indivíduo em toda sua totalidade, podendo ser aplicada em diferentes circunstâncias e ambientes,
desde consultórios a comunidades. No processo do fazer artístico, segundo o autor, ocorrem
significativas mudanças no desenvolvimento e amadurecimento do senso de identidade das
pessoas envolvidas.

Para Valladares (2004), a arteterapia, assim como outras terapias expressivas, facilitam a
criação de ambientes mais humanizados e integrados, podendo gerar, portanto, nos envolvidos
do grupo uma influência nos processos de aprendizagem e autoconhecimento. Zinker (2007),
afirma que a qualidade do trabalho com a arteterapia pode ser percebida na produção artística
elaborada no aqui e agora, possibilitando um maior envolvimento e propriedade dos integrantes
no processo de criação, potencializando o modo que os mesmos encontram de lidar com
questões internas.
O grupo será caracterizado na perspectiva da Gestalt-terapia temática grupal de curta
duração (Ribeiro, 1999), por incluir procedimentos condizentes com a proposta: homogeneidade
quanto ao tema, visando trabalhar as vivências com foco em questões emocionais. Com o
período uniforme de início no dia 5 de abril de 2023 possibilitando a formação de 4 encontros,
que acontecerão quinzenalmente as quartas-feiras pela manhã das 10h às 11:30h, finalizando dia
17 de março de 2023. Será utilizado um roteiro para nortear o encontro prático e a condução das
técnicas aplicadas em arteterapia. O público-alvo do grupo serão mulheres adultas na faixa etária
de 25 a 40 anos, em estado de codependência emocional, situações de risco e vulnerabilidades
psicossociais abrangendo a prevenção as violências contra o feminino.

Serpa/Telha

As ações na UBS de Serpa iniciaram-se com uma reunião com a enfermeira do local, para
levantamento de necessidades da população. A reunião foi composta da própria profissional e
duas estagiárias da Unifor, na qual destacaram-se as demandas de ansiedade, depressão, suicídio
em jovens e medicalização das pessoas. As estagiárias explicaram, então, a diferenciação do
público atendido no CAPs Geral, CAPs AD e CAPs Infantil e do encaminhamento de
determinados casos para estas localidades, chegou-se à atuação com os adultos cujos nomes
constavam na lista separada pelos profissionais do posto, para posteriormente inclui-los com
prioridade em atividades propostas pelas estagiárias.
Em subsequentes idas à UBS, foi observado que o público principal que busca atendimento
é composto por mulheres. Diante desse contexto, ficou decidido pela realização de salas de
espera.
O território da sala de espera é o lugar onde os clientes aguardam o
atendimento dos profissionais de saúde, comumente em unidades
básicas, mas também existe em outros espaços de atenção em saúde,
como nos hospitais públicos e privados. Percebemos que a sala de
espera é um território dinâmico, onde ocorre mobilização de diferentes
pessoas à espera de um atendimento de saúde (Teixeira; Veloso, 2006).

As temáticas abordadas serão: conceito de saúde mental/Ansiedade/Depressão, de acordo


com as intervenções dos presentes, e a segunda com o tema de Saúde Mental e Mulheres.
Mediante mais duas reuniões realizadas com a enfermeira, estabeleceram-se as salas de espera e,
havendo possibilidade, realização de rodas de conversa focando nos temas de Ansiedade e
Depressão, a convidar as pessoas inicialmente listadas para comparecer.
Chácara da Prainha

Na UBS da Chácara da Prainha, estão planejadas ações voltadas para a população desse
território, levando em consideração suas especificidades e territorialidades. Para esse
planejamento, foram realizados encontros com a equipe profissional da UBS e atendimentos
individuais com os usuários para o devido levantamento das demandas em Saúde Mental para as
necessidades desta população. Essas ações prévias foram fundamentais para chegarmos a um
projeto de grupo socioeducativo que esteja condizente com a realidade da comunidade.
A partir da reunião com a equipe de profissionais da UBS, a demanda levantada foi a
falta de engajamento da população nas ações de saúde. Foi trazida a pauta do hábito adquirido
pelos usuários, mais especificamente os de saúde mental, de apenas renovarem a receita dos
medicamentos sem um real interesse em um cuidado mais integral e contínuo. Segundo a equipe,
há uma tentativa de mudança de pensamento dos pacientes, mas os profissionais enfrentam
resistência. Assim, decidimos iniciar a chamada desses usuários de maneira individualizada para
uma escuta de acolhimento e, a partir daí, entendermos as principais demandas e intervirmos
corretamente de maneira coletiva e comunitária.
Desse modo, a equipe da UBS passou a agendar os usuários para um primeiro
atendimento de acolhimento de demanda individual. Esse momento durou quatro semanas e, a
partir dele, chegamos à ideia de criar um grupo de mulheres que vivem ou viveram momentos de
vulnerabilidade social. Chegamos a essa demanda a partir das escutas individuais cuja maioria
era composta por mulheres passando por diversos contextos de violência, sobretudo das
consequências da violência urbana que levaram seus filhos, netos, maridos, entre outro. É
perceptível na fala dessas mulheres o componente do luto e da violência dentro de seu
sofrimento psíquico.
Além disso, outra demanda trazida pelos próprios profissionais da UBS foi o cuidado em
Saúde Mental deles mesmos. Os trabalhadores da equipe solicitaram a possibilidade de fazermos
algum trabalho que melhore a saúde mental deles no ambiente de trabalho, o que nos levou a
montar um projeto de roda de conversa voltado para esses profissionais com a temática de
autocuidado em Saúde Mental.

Jenipapeiro/Ribeira

Em Jenipapeiro, as ações do estágio na UBS iniciaram com uma reunião com a


enfermeira do posto e o envolvimento das estagiárias no Grupo de Saúde Mental da região. Na
reunião estiveram presentes a própria profissional, duas estagiárias e uma aluna da disciplina de
Psicologia Comunitária, participando apenas para observar o cotidiano dos profissionais e
atividades relacionadas à Psicologia nos postos. O propósito do encontro foi o levantamento de
necessidades da população e possibilidades de atuação para as estagiárias.
Em um segundo momento, houve o matriciamento com as UBS de Jenipapeiro e Ribeira,
na qual estiveram presentes a coordenação do CAPs Geral, CAPs AD, CAPs infantil, as
estagiárias de Psicologia e alunas da disciplina de práticas comunitárias, bem como as equipes
das unidades. Quando às estagiárias e alunas, foram divididas para ter uma reunião que ocorreu
de forma paralela, com uma Agente Comunitária de Saúde e uma pessoa representante da
população, na qual discutiram-se aspectos da região e a história pessoal das duas pessoas que se
disponibilizaram para essa conversa.
Deste matriciamento, o encaminhamento para as ações do CAPs Geral direcionaram-se
para a escuta de adultos e idosos, provenientes de uma proposta de criação de atividades para os
diversos grupos de moradores feitos pelas equipes das UBS. Além disso, os profissionais
pontuarem a necessidade de cuidado consigo mesmos pela natureza do seu trabalho.
Quanto à participação no Grupo de Saúde Mental, salienta-se que este ocorre
mensalmente, na última sexta-feira, e tem como um de seus objetivos a aproximação da
população com os profissionais do posto, além de ser um local de livre expressão de seus
membros, diante da temática ou atividade proposta para o dia. Este grupo já existia previamente
à entrada das estagiárias.
O grupo comunitário, segundo Pinheiro; Cardoso (2019), apresenta-se como um “modelo
diferenciado de cuidado em saúde mental”, no qual as relações tem aspecto horizontalizado e
seus membros são protagonistas dos seus processos de cuidado. Quanto à participação das
estagiárias no grupo, pontuam Prado; Cardoso (2020) que o papel do coordenador no trabalho
grupal refere-se à organização do espaço e dos momentos pertencentes à estrutura do grupo, ao
cuidado e atenção aos participantes e ao processo grupal, bem como fomentar as interações entre
sujeitos e contribuir para a compreensão de si e do outro.
Desse modo, desloca-se do coordenador e dos profissionais presentes o papel central do
cuidado e o estende para todas as pessoas, fortalecendo os laços comunitários.

Tapera
A atuação das estagiárias de Psicologia na UBS da Tapera concerne em uma prática
contextualizada, orientada pelo compromisso ético-político do saber-fazer psicologia na RAPS,
pautada por uma lógica de territorialização da APS. A partir da análise das demandas e das
necessidades que serão identificadas no território, do matriciamento e do acolhimento e da escuta
dos sujeitos, pretende-se um plano de ação e intervenção de estratégias de cuidado à saúde
mental.

Através da compreensão da demanda do usuário do serviço, será possível encaminhá-lo,


direcionando-o ao tratamento/acompanhamento no qual seria melhor beneficiado, seja a
abordagem terapêutica grupal, por meio de grupos socioeducativos, ou a abordagem terapêutica
individual, por meio de momentos de escuta individual, em casos que necessitam desse
acompanhamento, como também por meio de outros modos de intervenção.

Nascimento, Manzini e Bocca (2006) afirmam que é necessário reinventar as práticas


psicológicas, criando um constante estranhamento dos paradigmas e realidades que se
apresentam como prontos, autorizando-nos a inventar, no cotidiano, estratégias que possibilitem
o exercício de autonomia. Nesse sentido, ademais na RAPS, compactua-se com Cintra e
Bernardo (2017), quando afirmam ser imprescindível que a atuação da psicologia no serviço não
se limite a uma prática curativa e individualizante, mas que abranja ações que promovam
autonomia, conscientização e empoderamento, visando a transformação social da comunidade.
Assim, a atuação das estagiárias será pautada pelas necessidades da comunidade, a fim de criar
possibilidades e estratégias de enfrentamento às demandas presentes no território, por isso trata-
se de uma prática contextualizada.

A partir do matriciamento, em reunião com parte da equipe da UBS, a saber a enfermeira


chefe, as médicas e os agentes de saúde, foram inicialmente investigadas as principais demandas
referentes à saúde mental dos usuários do serviço no território e, a partir de um processo de
construção compartilhada com essas profissionais, foram conjecturadas possíveis estratégias de
ação e intervenção que concernem a psicologia para atender essas demandas. A equipe refere
expressiva demanda de transtornos ansiosos e transtornos depressivos leves, além da demanda de
usuários indo à UBS apenas para renovação de receita, e também relata a necessidade de escuta
desses sujeitos, que poderiam ser beneficiados pela atuação de uma equipe de psicologia no
lócus, ressaltando a necessidade e a importância da atuação das estagiárias de psicologia na UBS
de Tapera.

O acolhimento em relação à saúde pode ser percebido como uma diretriz


ética/estética/política que constitui os modos de produção de saúde e ferramenta de intervenção à
qualificação da escuta, construção do vínculo e garantia de acesso com resolutividade nos
serviços. (BRASIL, 2008). Será realizado o acolhimento dos usuários do serviço, uma entrevista
inicial no intuito de compreender a demanda do sujeito, realizar a anamnese, para que seja
possível os encaminhamentos.

O acolhimento é um modo de operar os processos de trabalho em saúde, de maneira que


pretende atender aos usuários, ouvir as suas demandas e necessidades, pedidos e assumir uma
postura capaz de acolher, escutar, e encaminhar ao serviço adequado ao cuidado. O acolhimento
na saúde, deve construir uma nova ética da diversidade e da tolerância aos diferentes, da inclusão
social com esculta clínica solidária, comprometendo-se com a construção da cidadania
(BUENO;MERHY,2002). Baseado nesse conceito, os serviços de base comunitária podem levar
a intervenções precoces e ajudar na diminuição do estigma criado a partir de um diagnostico em
saúde mental.

Diante da demanda surgida na UBS, foram planejadas intervenções que pudessem


atender à população que busca os serviços psicológicos no local. Dentre as intervenções,
elaborou-se uma triagem dessas pessoas que vinham até a UBS ou eram encaminhadas por
médicos. A triagem é um primeiro momento de escuta, no qual buscar-se-á os elementos que
conduzam a uma avaliação se o que a pessoa busca ou espera ela vai poder ter ao ser atendida
neste lugar (RIBEIRO, 2012).

Ribeiro (2012) também atenta para o fato de que a triagem deve ser mais do que apenas
uma coleta de dados para subsidiar a construção de um encaminhamento, isto é, deve ser
entendida como um espaço privilegiado, onde junto com o paciente possa-se avaliar as reais
possibilidades de atendimento no serviço naquele momento e discutir-se alternativas de
atendimentos em outros locais.

3.7. Os CAPS de Aquiraz e o papel do psicólogo

O CAPS Geral de Aquiraz foi fundado em 2002 e trata-se de uma rede de atenção que
oferece serviços de psiquiatria, psicologia, assistência social, terapia ocupacional e enfermagem
contando com uma equipe multiprofissional com 7 psiquiatras, 4 psicólogos, 1 assistente social,
2 recepcionistas, 1 agente administrativo, 1 coordenadora (formada em enfermagem), 2
terapeutas ocupacionais, 1 técnica de enfermagem, 1 cozinheira, 2 auxiliares domésticos e 1
motorista.
O CAPS Geral Aquiraz não é um serviço de urgência e emergência, é um serviço
ambulatorial e conta como rede de apoio às unidades básicas de saúde, tais como os postos de
saúde, CRAS, CREAS, NASF, Hospital Geral do município e farmácia central (distribuição de
medicação psicotrópicos).
No tocante ao papel do psicólogo nessas redes, preocupa-se com a não alienação do
paciente no processo saúde-doença, não o excluindo do seu ambiente social e familiar, dando
importância a vida social no processo de recuperação do sujeito. Desse modo, a psicologia atua
focada na atenção, promoção, e prevenção de saúde, visando a melhoria da qualidade de vida e
não apenas focada na doença ( RODRIGUES, F. B. et al; 2017).
Já o CAPS infantil inclui as seguintes atividades: atendimento individual relacionados a
orientação, atendimento medicamentoso, psicoterápico, entre outros. Atendimento em grupos,
oficinas terapêuticas, visitas e atendimentos domiciliares, atendimento à família, englobando
atividades comunitárias com foco na integração da criança e dos adolescentes na família, na
escola. Cabe ao papel do psicólogo infantil do CAPS elaborar intervenções condizentes com o
contexto sócio-histórico e político-econômico em que se encontram os pacientes que procuram
os serviços do local.

“[...] Parte-se da perspectiva de que quanto mais o profissional


psicólogo estiver consciente de sua condição humana, social e
política, de sua função de trabalhador na tríade Estado, Mercado e
Sociedade, em que pese o sistema político, mais apto estará para
eleger instrumentos de trabalho que visem o resgate dessa mesma
condição de sujeito-cidadão para as crianças e adolescentes com
sofrimento psíquico e transtornos mentais” (RODRIGUES, J. et.
al; 2021).

3.8. O NAME de Aquiraz e o papel do psicólogo

O Núcleo de Atendimento Médico Especializado é um serviço que atende hoje em média 300
pacientes, no qual necessita do laudo médico ou em processo de hipótese diagnóstica,
oferecendo os serviços de psicologia, fonoaudiologia, terapia ocupacional e fisioterapia.
O Psicólogo realiza atendimentos tanto de forma individual com pacientes com níveis de suporte
menores, e na estimulação precoce de forma conjunta com terapeuta ocupacional e
fonoaudiólogo para crianças de até 3 anos, realizando terapias voltada para o desenvolvimento,
sendo utilizadas alguns conceitos da Análise do Comportamento Aplicada (ABA). Como a
estimulação do contato visual, o brincar estruturado, brincar compartilhado, pareamento de cores
e figuras.
O papel do psicólogo é analisar e criar planos de ação para modificar comportamentos
inadequados e substituir por outros considerados aceitáveis.
4. METODOLOGIA DO TRABALHO

O psicólogo no CAPS analisará e discutirá as preocupações do local, a fim de orientar as


suas práticas psicológicas. Considerando esses espaços como porta de entrada para o
conhecimento da população territorial buscaremos levantar os instrumentos e teorias para
atuarmos com as problemáticas que assolam o cotidiano da população. (FREITAS, 1998)

Os usuários dos Centros De Atenção Psicossociais são encaminhados pelo Programa de


Saúde da Família ou por qualquer serviço de saúde daquele território. O paciente ao chegar na
unidade de saúde, preferencialmente, uma que compreenda a região onde mora deve ser acolhida
em seu sofrimento. (BRASIL, 2004). O objetivo desse primeiro contato é compreender a pessoa
dentro da perspectiva da clínica ampliada e iniciar um vínculo terapêutico e de confiança com os
profissionais que trabalham no Projeto Terapêutico Singular (LARA e MONTEIRO, 2014)

O processo de acolhimento é porta de entrada dos pacientes na RAPS. Nesse momento o


paciente é acolhido em seu sofrimento e passa ser conscientizado dos serviços dos serviços do
CAPS. Ainda, nesse momento é importante que as entrevistas de triagem ofereçam aos clientes
uma oportunidade de engajamento em seu próprio atendimento, tornando-os responsáveis por
seus problemas, além de uma simples e rápida coleta de dados. (PERFEITO; MELO, 2004)

Ainda Perfeito e Melo (2004), complementa que durante o processo de acolhimento, é


necessário a efetiva disposição desse profissional em realizar uma escuta diferenciada, sem
julgamento e com vista em receber o sofrimento do cliente. Pois, nesse espaço já proporciona um
alívio ou mesmo uma clareza em relação à situação vivida e podendo operar condições para
enfrentar a situação incômoda e modificá-la. Nessa direção, devemos entender o acolhimento
como uma técnica de conversa, um diálogo que operado por todos os profissionais do serviço,
em qualquer momento de atendimento e nos diferentes encontros. (BALADIN Et.al 2011. pág
5). Assim, é possível o estabelecimento de um vínculo e o cuidado integral para com o outro,
considerando-o como um todo e seus aspectos subjetivos.

Para contribuir ao avanço da Reforma Psiquiátrica Brasileira, uma das estratégias que vêm
sendo direcionadas é a proposição da articulação entre os serviços de atenção básica e os de
saúde mental. (RODRIGUES. MOREIRA. 2012. pág.1). Com isso, através do apoio matricial
visamos promover e problematizar questões em torno da saúde mental e ações em saúde com o
apoio de uma equipe implicada em promover bem-estar. Rodrigues e Moreira (2012) colocam
que as conquistas dessa aproximação podem inferir positivamente na vida da comunidade e
trazer benefícios tanto para a prática dos profissionais quanto para os usuários.
De acordo Lara e Monteiro (2014) a cartilha do Programa Nacional de Humanização, o PTS
é um conjunto de propostas de condutas terapêuticas articuladas, para um sujeito individual ou
coletivo, resultado da discussão coletiva de uma equipe interdisciplinar e praticado em conjunto
com o usuário e familiares. Sinteticamente, como etapas desse projeto, incluem-se: o
diagnóstico, a definição conjunta de metas, a divisão de responsabilidades e a reavaliação.

Teremos dois eixos principais de atuação no CAPS, sendo o primeiro uma abordagem
na perspectiva individual, atendendo a uma grande demanda do CAPS da lista de espera para
atendimentos para adultos, e ainda dentro da abordagem individual faremos triagens. No
segundo eixo teremos uma abordagem grupal, a realização de grupos operativos com os
pacientes que demonstraram ter demandas dentro do contexto de gênero e sexualidade (Projeto
Transparescer); com demandas relativas à necessidade de autochecimento e bem-estar (Projeto
Florescer) e com demandas relativas ao universo feminino (Projeto Girassóis). Iniciaremos a
atuação no estágio levando em conta os estudos e a literatura para a fundamentação teórica,
daí então seguiremos com a atuação prática. Primeiramente fazendo a captação dos
participantes do grupo através de convite pessoal às pessoas atendidas no CAPS Geral, que
tenham interesse nas temáticas a serem trabalhadas através de leitura de prontuário e a
divulgação dos Grupos dentro do próprio Caps Aquiraz, sendo divulgados cartazes na
instituição. Em seguida, realizaremos entrevistas iniciais e de ajuda com os participantes do
grupo, bem como a realização do grupo operativo de modo quinzenal.
Como trata-se de um grupo operativo que tem como objetivo proporcionar aos seus
participantes um espaço propício ao processo de aprendizagem, faz-se necessário uma tarefa
explícita, que no caso seria a aprendizagem; que demonstra o modo como cada integrante do
grupo irá vivenciar o grupo e o seu enquadre, que é composto por: duração das sessões, local,
papel do coordenador, observador, participantes do grupo (BASTOS, 2010). Para a realização do
grupo precisa ocorrer três momentos durante o encontro, sendo eles: a pré-tarefa, tarefa e projeto.
- A pré-tarefa é marcada pela resistência à inicialização da tarefa tendo em vista que é um
processo que pode produzir medos e inseguranças;
- A tarefa é o momento em que o grupo tem a possibilidade de elaborar os medos e
ansiedades que podem ter sido produzidos pelo novo;
- Para ocorrer o projeto, que é o momento destinado ao planejamento e execução dos
objetivos propostos (ZIMERMAN; OSORIO, 1997).

É importante destacar que, a partir das entrevistas e das leituras de prontuários iremos
investigar as temáticas de interesse dos participantes do grupo, construindo o levantamento de
necessidades dos usuários, bem como, construindo com os participantes um lugar de trocas de
experiência. É importante ressaltar que as informações e dados coletados serão divulgados
exclusivamente dentro do contexto acadêmico.

5. CRONOGRAMA DE ATIVIDADES

5.1. CAPS GERAL E TERRITÓRIO

Fevereiro Março Abril Maio Junho

Realização X X X X X
de
supervisões
Realização de X X
levantamento de
necessidades
Realização de X X X X
atendimentos individuais
Realização de Grupos X X X
Formação continuada X X
Reuniões de planejamento X X X X X
das atividades
Elaboração de X X X X X
material
socioeducativo

5.2. NAME

Atividades Feverei Março Abril Maio Junho


ro
Visita domiciliar junto X X X X
com a equipe

Realizar X X
atendimentos de
cunho
socioeducativo
com pacientes
junto a família.
Grupo de cuidadores X X
dentro da UBS
Grupo com profissionais X X
do dispositivo.
Captação de paciente no X X X
hospital
Estudo de caso com a X X
equipe dos pacientes que
estão no dispositivo
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Psicólogo, 2006, p. 371-386.

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